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Confesso que não fixei a estação. Enquanto deambulava pela casa na execução do rol de procedimentos necessários à chegada do trabalho, fui ouvindo, ontem, a ministra da saúde. Falava ela, num tom que soava a irado, sobre a assistência médica pública e privada. E avançava uma série de afirmações em tom de comício na festa do Avante. Coisas como, e cito de cor; "é no serviço público que estão os melhores médicos, os melhores serviços. Os melhores equipamentos". Ela, ministra, disse e ouvi em directo, "numa emergência, nunca (este "nunca" foi dito" num ar de "a reacção não passará") usaria o serviço privado mas sempre o serviço público".
Sendo claro que é consensual que os hospitais públicos portugueses têm melhores equipamentos que os privados, o que verdadeiramente me impressionou foi a sanha com que esta gente fala dos investimentos privados. Na saúde ou noutros sectores. Não percebo porquê, a não ser um posicionamento doutrinário que se aprende numa cartilha já puída pelo tempo e pela história e que defende e emula o sector público. Bom seria que pessoas com as responsabilidades que se exigiriam de um ministro do Estado tivessem opiniões mais sólidas e consubstanciadas em argumentos válidos, em vez deste blá blá blá blá do costume.
E já agora, senhora ministra, também seria bom que se informasse (ou, sabendo, o admitisse com a modéstia desejável nas pessoas de boa formação) da importância das empresas privadas na pesquisa e desenvolvimento da ciência médica. Para não falar na formação e actualização de milhares de médicos sobre o desenvolvimento da medicina, das práticas médicas, do aparecimento de novas moléculas, etc.. Com honrosas excepções ou alguns subsídios aqui e ali, gostava que a senhora ministra dissesse, por exemplo, o que é o sector público tem feito neste aspecto.
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Etiquetas: assistência médica, socialismo