Um "Ernesto" justo e correcto
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Vai-te embora, "Ernesto". Segue o teu caminho. Segue porque aqui não te safas. Isto é Cuba e temos estado à tua espera. Isto é Cuba e daí que tenhamos tomado todas as medidas necessárias para que não nos causes danos. Porque aqui preocupamo-nos com as minorias que mesmo que por cá sejam maiorias não deixam de nos suscitar os maiores cuidados na emulação da justiça meteorológica como um agente efectivo do exemplo de como se deve prevenir os efeitos de um furacão. Segue, Ernesto. Segue para Nova Orleães, por exemplo, onde o Katrina teve muito êxito e onde morrem mais pretos que brancos, onde o mayor é preto, mas está de moscambilha com o venal Bush que não quis saber das minorias para nada, que por acaso lá também são maioria, se atrasou nos planos de emergência, desviou fundos e perde o tempo a ler Camus no rancho sempre que pode, sem se interessar para nada com os Ernestos deste mundo e com o bem estar dos seus cidadãos. Aqui é Cuba, a luta continua, independência ou muerte, el furacón non passará.
Deve ter sido um diálogo deste género o que aconteceu. Pelo menos a avaliar pela insistência, o tom épico, vitorioso e pedagógico com que a RTP tem visto a anunciar em regime de “martelada”, que o Ernesto perdeu intensidade e seguiu o seu caminho sem causar prejuízos de monta na ilha. Seguiu o seu caminho para outras paragens de injustiça e onde o sonho americano afinal não é bem o que se diz, com direito a “tema” de duas páginas e um editorial (de veludo, como de costume) no Diário de Notícias de ontem, mas desta questão já o Basfémias tratou oportunamente. O facto de toda a gente querer continuar a ir viver para lá deve ser por força de alguma publicidade encapotada e enganosa dos americanos que estão ansiosos por encher o país de mexicanos, guatemaltecos, dominicanos, cubanos (só os devassos, claro) e até Birmaneses foram agora aliciar.
Começa a ser demais. Overdose. Patológico…