sábado, agosto 26, 2006

Não é fácil...


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Falar mal não é tão fácil como se possa pensar. Por outras palavras, acho que há pessoas que são muito boas a falar mal. Ou falam muito bem a falar mal.

Não se trata dos erros mais comuns da língua portuguesa, como “as gramas”, os jú-ni-o-res, o “consígamos”ou “a gente vamos”. Mas, outrossim, da sintaxe muito nossa, muito tuga e muito, mas muito difícil de aplicar a preceito. Não creio que muitos povos consigam, como nós, ser tão bons a falar mal. Porque, do meu ponto de vista, nós falamos como somos, nós falamos na obediência estrita ao nosso espírito complicadinho e enviesado e à mais gritante falta de rigor que “póssamos” imaginar. Eu diria, que frequentemente falamos com a mesma displicência como arrumamos um carro por cima dos traços brancos de um parqueamento e atravessamos o carro a ocupar dois ou três lugares. Não é por mal. É porque somos assim. Desleixados, tudo assim pela rama, sem rigor e sobretudo sem respeito pelos outros ou por nós próprios.

É que eu não consigo encontrar outra argumentação que justifique um homem como Jesualdo Ferreira dizer no fim do jogo do Porto com o Leiria que para a equipa não foi fácil passar as duas últimas semanas difíceis.

Já tentei falar assim, comigo próprio, a título de experiência. Com esta ligeireza. Não sou capaz. É preciso sermos muito peculiares para dizermos que não foi fácil passarmos as duas últimas semanas difíceis!...