Vítimas mais vítimas
Who is this man?
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Se eu fosse jornalista procuraria manter bem vivo o propósito de desfazer a ideia geral de que os jornalistas portugueses são maus jornalistas. Explicando melhor, amadurece nas pessoas a ideia de que são venais, mentirosos, capciosos, sectários, mal informados, politicamente desonestos, agarotados, insuportavelmente arrogantes, incultos e suficientemente desonestos para colocarem quaisquer meios ao dispor dos seus frequentemente inconfessáveis fins.
Não todos, como é evidente, há um punhado de gente decente e com formação adequada ao exigente mister do jornalismo e esses merecem o respeito generalizado do cidadão interessado no mundo.
Mas a generalidade, Senhor, porque os fizestes assim? Porque nos dais tanta dor?
Estas duas fotos publicadas no Causa Nossa por Vital Moreira despertaram em mim este pensamento. É que enquanto há o cuidado evidente e cirúrgico de lamentar perdas civis tanto do lado israelita como do libanês, verifico que tem de haver (só pode) uma razão bem desenhada a régua e esquadro para as vítimas israelitas aparecerem sempre limpinhas, aprumadas, escovadas, bem vestidinhas, em cenários quase assépticos enquanto os xiitas escorrem sangue por entre escombros de bombardeamentos, apresentam membros arrancados, verdadeiras cenas de apocalipse em fotos que parecem querer conduzir os incautos ao conceito de vítimas boas e vítimas más ou que há vítimas mais vítimas que as outras.
Pode ser só impressão minha. Mas mesmo assim, aconselho uma visita aqui para que se perceba melhor a situação. Um ror de fotos (algumas das quais aproveitadas inocentemente por bloggers naturalmente revoltados) e um texto que nos explica bem com que tipo de gente estamos a lidar. E este "estamos" não é distracção. É mesmo o que penso.
Eu referendum via O Insurgente
Se eu fosse jornalista procuraria manter bem vivo o propósito de desfazer a ideia geral de que os jornalistas portugueses são maus jornalistas. Explicando melhor, amadurece nas pessoas a ideia de que são venais, mentirosos, capciosos, sectários, mal informados, politicamente desonestos, agarotados, insuportavelmente arrogantes, incultos e suficientemente desonestos para colocarem quaisquer meios ao dispor dos seus frequentemente inconfessáveis fins.
Não todos, como é evidente, há um punhado de gente decente e com formação adequada ao exigente mister do jornalismo e esses merecem o respeito generalizado do cidadão interessado no mundo.
Mas a generalidade, Senhor, porque os fizestes assim? Porque nos dais tanta dor?
Estas duas fotos publicadas no Causa Nossa por Vital Moreira despertaram em mim este pensamento. É que enquanto há o cuidado evidente e cirúrgico de lamentar perdas civis tanto do lado israelita como do libanês, verifico que tem de haver (só pode) uma razão bem desenhada a régua e esquadro para as vítimas israelitas aparecerem sempre limpinhas, aprumadas, escovadas, bem vestidinhas, em cenários quase assépticos enquanto os xiitas escorrem sangue por entre escombros de bombardeamentos, apresentam membros arrancados, verdadeiras cenas de apocalipse em fotos que parecem querer conduzir os incautos ao conceito de vítimas boas e vítimas más ou que há vítimas mais vítimas que as outras.
Pode ser só impressão minha. Mas mesmo assim, aconselho uma visita aqui para que se perceba melhor a situação. Um ror de fotos (algumas das quais aproveitadas inocentemente por bloggers naturalmente revoltados) e um texto que nos explica bem com que tipo de gente estamos a lidar. E este "estamos" não é distracção. É mesmo o que penso.
Eu referendum via O Insurgente
3 Comments:
As pessoas, às vezes, conseguem ser nojentas! E este tema é tão doloroso quanto delicado, mas é preciso vender jornalinhos e tal!
Quando eu era criança, os judeus eram o povo perseguido da História, vítimas do holocauto, sem Pátria, atirados para o meio de um deserto que ninguém queria. Agora, são um povo próspero, organizado, culto, com sólidos valores...vá de voltarmos aos tempos da perseguição. Há vítimas de ambos os lados, mas como dizes, parece que uns são mais vítimas que outros!
A informação consegue ser tão terrorista como os próprios, com a diferença que os senhores jornalistas nunca dão em homens-bomba!
Beijimho
125_azul
Chegaste a ir ao link que indico?
não há vítimas boas nem vítimas más. estamos a falar de pessoas que tinham uma vida, os seus sonhos, aspirações, desejos e projectos. e que pagaram com a sua própria vida os desastres provocados por um conflicto.
mas também não há uma verdade. não existe uma versão dos acontecimentos e todas as narrações (através de imagens, textos, relatos) são sempre um lado de uma mesma história, tão intrincada e complexa que se torna incompreensível e impossível de captar de um só ponto de vista. daí as versões parciais, que acabam (inconscientemente ou não tanto...) por revelar uma tomada de posição, uma opinião sobre aquilo que se está a passar. Se eu fosse jornalista também não conseguiria ser isenta (aliás porque, repito, não acredito na existencia de visoes isentas). Daí compreender estas imagens, textos e notícias. O que, contudo, náo posso admitir é o aproveitamento jornalístico que imagens tão perturbadoras que atentam contra a dignidade humana e que generalizam momentos verdadeiramente dramáticos da nossa existência.
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