Pouco a pouco vou chegando a um ponto de inconseguimento no
que se refere a vários (muitos) programas da SIC Notícias. Acabei finalmente,
de descontinuar o Eixo do Mal (aquilo estava a roçar já a pornografia… mas da
má) e está a desenhar-se, de algum tempo a esta parte, o mesmo sentimento em
relação à Quadratura do Círculo. Sucedem-se as situações inverosímeis, porque
provindas de gente que me tem merecido, pelo menos, o respeito devido àqueles
que considero de craveira intelectual acima da média mas, eis senão quando,
parecem dominados por sentimentos de despeito e ódio que lhe toldam o discernimento
(e a vergonha, diria eu). Agora, «apanhamos» com Jorge Coelho, uma personalidade
de justa adequação à realidade nacional (circunstância de que já me tinha
apercebido desde que o ouvi a cantar o Only You e a dizer que «hadem ver» uma
coisa qualquer que já não me lembro, deu provas daquele populismo barato e
rasteiro que os portugueses criticam mas de que gostam imenso, quando se
demitiu do seu ministério por ter caído uma ponte e foi encarreirado para uma
das mais importantes empresas nacionais, visceralmente entranhada no «poder».
O homem parece ter-se polido um pouco, fala melhor e perdeu
aquela jactância que o caracterizava quando era ministro (quem se mete com o PS,
leva) mas, ao que parece, ganhou em lógica da batata, um daqueles ditados
portugueses que, à semelhança do «tempo da Maria Cachucha» toda a gente entende
mas ninguém sabe verdadeiramente o que é ou o que significa. E é por via da lógica da
batata que Jorge Coelho ontem afirma, com ar sério e doutoral, que todos os
anteriores presidentes da república da democracia foram isentos, presidentes de
todos os portugueses, equidistantes do governo e aquela lengalenga conhecida de
quando se resolve bater em Cavaco. Lobo Xavier esboçou uma resposta tímida
lembrando que Soares foi um dos presidentes mais parciais de que se lembra, fazendo
uma oposição feroz ao governo, Ramalho Eanes, idem, idem, (com a particularidade atenuante de ser uma personalidade honesta que o diferenciava de
Soares), chegando ao ponto de patrocinar e criar um novo Partido e que Jorge
Sampaio estava longe de ser equidistante e isento, tanto que se pode gabar de
ter despedido um primeiro-ministro por razões que, honestamente, me escapam, para
além de que, ao que parece, Santana Lopes gostar de mulheres (um estimável desiderato), não se entender com alguns secretários de Estado, dormir umas
sestas e ter afirmado que se sentia um recém-nascido a quem se dava pontapés.
Mesmo tendo Santana a notável faceta de nada constar em seu desfavor do ponto de vista de
aldrabices e corrupção (coisa que, mais tarde se veio a verificar fazer escola)
não se livrou de ir para o olho da rua pelo equidistante e isento Jorge
Sampaio.
Lobo Xavier terá feito Jorge Coelho ver isto mesmo… Jorge
Coelho, perante esta evidência, limitou-se a responder:- Ah! Mas fizeram eles
muito bem (entenda-se, feroz oposição a Cavaco, criação do PRD e despedimento
de Santana Lopes). Temos, assim, que quando os presidentes fazem eles muito bem,
a parcialidade é aceitável. Se é Cavaco Silva a tentar fazer prevalecer ideias
e conceitos que, na sua (dele) opinião são a melhor via para o desenvolvimento e
estabilidade do país, aqui d’el rei que o presidente está «coligado» com o governo,
mesmo que frequentemente tenha demonstrado a sua isenção através de várias
medidas impopulares para a coligação.
Lobo Xavier esboçou ainda uma contra-resposta mas Pacheco Pereira,
à boa maneira da extrema-esquerda, não deixou. Interrompe, atalha, perora, ri e
adopta aquele ar chocarreiro de quem fala para gente menor que não percebe peva
do que ele está a dizer.
Carlos Andrade, do seu canto, sorri e acha que nessa noite
vai dormir melhor.
*
*
Etiquetas: comunicação social, lógica, O Jorge é que faz falta