domingo, janeiro 18, 2015

Quem se mete com a mãe de Sua Santidade, leva


[5220]

Eu sei que o Papa, organicamente, é um homem como os outros, deve ter dores de cabeça, gastroenterites e mesmo, aqui e ali, encrava uma unha. Mas é o chefe da Igreja Católica, tem a força e o pendor natural das santidades, um dia poderá mesmo vir a ser santo e sabe ou deveria saber que a sua palavra é a palavra de Deus, junto dos católicos.

Logo, se o Papa diz que se chamarem um nome à mãe ele resolve a coisa a murro ele revela uma forma estimável de amor filial, mas não percebe que está automaticamente a patrocinar, defender, desculpar e legitimar, os assassinos que resolveram matar uns quantos caricaturistas por terem desenhado o profeta, ainda que com evidente mau-gosto.

Essa é, para mim, a parte grave da questão. Um Papa não pode deixar esta ideia junto dos seus acólitos nem, muito menos, junto dessa fauna sub-humana que anda por aí a cortar cabeças, lapidar mulheres adúlteras, chicotear blogueiros e a atirar gays dos parapeitos dos prédios mais altos de Mossul e outras cidades, só porque são gays. O Papa devia ter tento na língua e perceber que a simpatia da sua figura se formou à custa de alguns episódios mais ou menos populistas e, exactamente por isso, sentir os limites do seu populismo. A menos que ele pense isso mesmo, que quem chamar nomes à mãe deve levar um soco e, outrossim, os ofendidos pelos desenhos do profeta tenham legitimidade para andar para aí aos tiros, a matar quem está. E, a ser o caso, acho que ele deveria ter rezado essa noite um acto de contrição e pedir a Deus que o ilumine.

*
*

Etiquetas: ,