Há um par de coisas na vida onde a democracia não cabe – a
tropa e os clubes de futebol. Casos onde, de resto, a nossa proverbial
tendência para o disparate, se entretém a desdizer. Na tropa, é o que se sabe.
Nos clubes de futebol, temos o Sporting, um clube à beira do inferno e por culpa
própria. À partida, porque está infectado com um vírus complicado, qual seja o de
ter uma miríade de órgãos consultivos, executivos, conselhos disto, comités daquilo
e, ainda por cima, fazendo gala de terem responsáveis de várias tendências
(!!!!). Claro que disto só podia sair uma salada mista em que os ingredientes
colam mal. A agravar a salada, temos que as tendências várias são normalmente
encabeçadas por gente com uma ânsia imensa de protagonismo, um ego do tamanho do
mundo e uma iluminação de uma elevada superioridade moral, ou não fossem eles,
na sua maioria, republicanos, laicos e socialistas. Ninguém se entende, como se
espera. Se a isto juntarmos o facto de alguns destes dirigentes comentarem em
programas desportivos – confrange a debilidade argumentativa de Dias Ferreira e
assusta ver Eduardo Barroso inchar como o sapo da fábula, que rebentou, estamos
sempre à espera que o homem rebente e encha o estúdio da TVI do muco viscoso
que um batráquio que se preza contém – temos a situação já bem perto da desgraça.
Se a isto juntarmos ainda o que eu chamaria de uma versão revista e alfacinha
do estilo Pinto da Costa que tolhe o discernimento de qualquer dirigente
sportinguista que lhe coloquem um microfone ou uma câmara à frente, temos o
caldo entornado de vez. Irremediavelmente.
O Sporting regurgita Barrosos, Dias Ferreiras e um número extenso
de dirigentes mais ou menos pacóvios que não resistem a um microfone. E que
dizem o que lhes vem à cabeça. A reacção recente e idiota de um dirigente excitado
e mandão que disse que o Sporting não compareceria ao jogo com o Benfica, logo
desmentido, inapelavelmente, por outro dirigente e a entrevista patética de Godinho
Lopes tipo não tem prazer em falar com o presidente do Benfica mas tentou falar
e mais uma série de inanidades que só envergonham os «lagartos» como eu, são
disso prova insofismável.
Por último, repugna o contínuo lava-pés ao F. C. Porto, sem
que se saiba bem porquê, desde que isso signifique atacar o Benfica. Ser do Sporting,
hoje, é difícil. Um clube falido, sem equipa de futebol, de dirigentes balofos
e já sem ninguém, que se saiba, legitimado guardião do esforço, dedicação e
glória que deviam enformar o clube, no respeito da memória pelo seu passado.
.
Etiquetas: Sporting