segunda-feira, dezembro 31, 2012

Figura portuguesa do ano


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É minha profunda convicção de que um dia este homem será recordado pela sua extraordinária competência e seriedade que colocou ao serviço do interesse nacional, para resgatar o país do pântano trágico em que os suspeitos do costume o colocaram. Além disso, tem demonstrado uma notável elevação pela forma como lida com uma oposição medíocre, trauliteira e incompetente.

Quando a história fizer justiça a este homem, o patético cortejo de críticos que se entretêm a zurzi-lo em jeito de desporto nacional cobrir-se-á de um imenso ridículo. Mas a memória é curta, a estirpe desta gente é dúplice e nessa altura já descobriram mais alguém como fonte inspiracional do seu desatino e toleima.

Não sendo meu hábito fazer referências nem panegíricos, não reprimi o impulso de considerar este homem como a figura nacional em 2012.
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sábado, dezembro 29, 2012

Começa a ser penoso...



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...ver os jogos do Sporting!
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quinta-feira, dezembro 27, 2012

Especular



Uma dupla de expresso sucesso

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Não é novidade para mim. Conheci suficientes comunistas, socialistas, internacionalistas e correlativos para me espantar com o que quer que seja em matéria de estratégias. Mas ouvir ontem  o deputado Bernardino, no «debate» (??) do Mário Crespo, emular a patranha, a vigarice, a aldrabice do já célebre Artur Baptista da Silva, roça o patético e, do meu ponto de vista, coloca Bernardino exactamente ao nível do entrevistado.

Por estas e por outras às vezes dou comigo a pensar que tanto Ricardo Costa como Nicolau sabiam do embuste. Mas, depois de uma cuidadosa gestão de danos, optaram por trazer o homem ao Expresso da Meia Noite. Sempre punham o «trambiqueiro» a falar contra a política económica do governo e depois… logo se via. Descobria-se a coisa, sim senhor, mas pediam desculpa, etc., nada que verdadeiramente ofuscasse o tempo de antena dado ao Baptista, em conformidade com os interesses do Ricardo e do Nicolau e até da própria SIC. Mas isto sou eu já a fazer filmes!
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segunda-feira, dezembro 24, 2012

Jingle bells



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É dia de presentes, abraços, beijinhos, bacalhau, peru, rabanadas, sonhos, filhós, cuscolhinhos e coscorões (sem brincadeira, é mesmo assim). Uma vez mais vamos todos gostar muito uns dos outros, a família, os amigos, numa trégua tradicional e cúmplice.

Fica o amor. O genuíno, verdadeiro e bom de se ter. E esse resiste a todas as caneladas e é intemporal. E a haver um tempo para celebrá-lo, porque não o Natal?

E aproveito para deixar aqui o meu desejo de uma Natal Feliz e um Novo Ano com muito sucesso, conforto e saúde e um obrigado sincero aos que me privilegiam com a presença assídua neste blogue que já fez oito anos e que, lá diria La Palisse, vai no seu nono ano de existência. Bom Natal para todos.
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E quem não salta...



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Sobre o Artur Baptista da Silva e o orgasmo canhoto decorrente das suas declarações no Expresso da Meia-Noite já toda a gente disse tudo. Menos aqueles que descobriram a via do Nirvana com o homem e ainda não se retrataram, e aqui cabem nomes como o omnisciente Ricardo, director do Expresso, o conspícuo Nicolau Santos (num intervalo de uma qualquer crónica sobre a mãe que teve de retirar artigos de compras num supermercado porque não tinha dinheiro) ou o solene Medeiros Ferreira. O que me parece faltou dizer foi a certeza de que se o homem explanasse ideias ou teorias contrárias ao mainstream do momento, não teria, seguramente, a cobertura mediática que teve. Assim, dizendo aquilo que os jornalistas gostam de ouvir, certos de que o que eles gostam de ouvir é o que os portugueses gostam de ouvir e é o que, em definitivo, os portugueses têm de gostar de ouvir, foi o que se viu. O Baptista como um úbere farto da verdade e as suas afirmações o manancial que nos há-de livrar da secura da nossa ignorância.

Daqui a uns dias já ninguém se lembra do Baptista, o Ricardo continuará a dirigir o Expresso, o Nicolau não deixará de fazer Expressos da Meia-Noite e andar atrás das mães sem dinheiro e os jornalistas e comentadores continuarão a escrever e a comentar uns com os outros e uns para os outros (lá, entre eles). E a falar imenso da Isabel Jonet. Para o público, aquele que compra jornais e consome televisão é que já não dizem coisa com coisa. E mais grave. Perderam, de há muito, a credibilidade.
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sexta-feira, dezembro 21, 2012

Fim do mundo?



clicar na foto

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O dia hoje foi prazenteiro e do tipo de nos pôr bem com a vida. Pus uns assuntos em dia, no computador, após o que rumei ao centro da vila e caminhei uns minutos respirando um ar muito puro e deliciosamente frio e franzindo um pouco os olhos por força do brilho intenso de um sol que nem os RayBan conseguiam atenuar. As pessoas deslocavam-se, sem pressa, ao longo da calçada ajardinada que leva à Praia dos Pescadores e até o trânsito estava pacífico e quase silencioso.

No largo Camões, sentei para me irritar um pouquinho com o Público mas a militância do costume não conseguiu mais que arrancar-me um sorriso condescendente. Entretanto, chegaram uns salmonetes que me recordaram como a qualidade da nossa comida é inultrapassável, sobretudo se desfrutados numa daquelas esplanadas. O celular também zumbiu, trazendo um par de mensagens que, apesar da rotina, são sempre novas e gratificantes.

No fim da refeição ao sol quente/frio do Inverno lembrei-me que era hoje que o mundo acabava. Pensei então que deveria ir ao moinho da Azóia, hoje por hoje um dos lugares mais belos do mundo, pelo menos do mundo que conheço, e conheço alguns. E achei que se o mundo ia acabar não queria que isso acontecesse sem eu revisitar aquele lugar de eleição e de me posicionar no ponto mais ocidental de Portugal. Por razões muito minhas.

Quando lá cheguei, olhei em volta e gratifiquei a retina com o deslumbrante espectáculo da foto. E achei que se Deus alguma vez acabar com o mundo é porque terá tido um acesso de bílis por força de uma discinésia mal tratada pelos arcanjos do paraíso. Ou por uma aguda irritação com a estupidez dos homens. Mas depois lembrei-me que o Divino não deve ter vesícula ou então a Bíblia é uma história mal contada. E que o fim do mundo é ciclicamente inventado pelos homens que gostam imenso de catástrofes, energias, forças esotéricas, luzes interiores, telepatia e correlativos.

Mais descansado, meti-me no carro e voltei para casa. Com o olho cheio e a alma regalada. Entretanto o celular trouxe mais um par de mensagens. Já é noite e o mundo não acabou coisa nenhuma. Um mundo com um cenário como o do moinho da Azóia e com salmonetes como os nossos não poderá, jamais, acabar.
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Porque é que as coisas simples são tão difíceis de ser entendidas?


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«…Como toda a gente sabe, a Constituição da República Portuguesa foi feita num clima de pré-guerra civil, que não permitia uma discussão sensata e moderada sobre o que ela devia ser para servir e não ofender o país. Pior do que isso: a Constituição foi feita sob a pressão do MFA, do PCP e de várias facções de revolucionários, que chegaram a acercar a Assembleia e agredir uns tantos deputados. E, como se isto não chegasse, tirando a esquerda e uma pequena parte do PS, foi feita com os votos de gente sem a mais vaga experiência política, que o conformismo indígena levou a concordar com tudo, ou quase tudo, que o Dr. Cunhal e os comunistas lhe resolviam apresentar. Progressivamente, as revisões de 1982 e 1989 removeram uma dúzia de aberrações, com as quais, nem o Estado, nem a economia podiam funcionar…»

O resto deste artigo de VPV pode ser lido na edição papel no Público de hoje.
Fica a esperança de que a outra dúzia de aberrações seja removida ainda a tempo de as gerações actuais começarem a achar que «é assim» e que não há nada a fazer. E, entretanto, pode ser que o PS deixe de cavalgar esta forma de protagonizar a oposição, ponha a mão na testa e perceba que os socialistas seriam muito mais considerados e respeitados se se dispusessem a corrigir uma Constituição que continua a ser um considerável empecilho ao nosso progresso, bem-estar e justiça social.
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Títulos


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Um dos títulos do Público de hoje era este: Governo tentou até ao último minuto um acordo para vender TAP a Efromovich.

Este Público é impagável. Já vai dando mesmo só para sorrir. Tal o arreganho, a sanha daquela rapaziada em manipular a opinião pública. Para o jeito deles, claro. O problema é que, depois, a gente vai lendo a notícia e percebe que aquilo assenta tudo em jargões de ocasião e no voluntarismo de uma jovem bonitinha que deve ter estudado imenso na universidade sobre técnicas jornalísticas. Provavelmente mais do que a substância das notícias sobre que escreve.

Porque se a ideia era sugerir que o governo estava doidinho por entregar a TAP ao polaco judeu brasileiro colombiano por razões obscuras, a ideia não colou. Já que, aparentemente, existe um módico de seriedade neste governo que, ainda que inábil, não tem nada a ver com os «trambiques» dos que o antecederam.

Mas o Público gosta e a jornalista de hoje já deve ter mandado imensas sms aos amigos a perguntar se já viram o título da notícia dela.
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quinta-feira, dezembro 20, 2012

Welcome home


[4823]

Em relação ao meu post anterior, tenho de referir que a TAP funcionou sempre, para mim, como um autêntico refrigério da alma, nos momentos mais «quentes» da minha vida e, ao mesmo tempo, um porto de abrigo e conforto nas muitas (incontáveis…) viagens que fiz na nossa companhia aérea. Quem me conhece sabe que sempre a ela me referi como um modelo de segurança, conforto, eficiência e simpatia. Descontados episódios pontuais, como é bom de entender. Tanto no médio curso, como no longo curso. As próprias ementas a bordo eram geralmente superiores em qualidade às de outras companhias aéreas (e viajei em muitas também) e na antiga «Navigator» era bem conhecida a tábua de queijos e o pormenor dos pastéis de nata. Entrar num avião da TAP em locais remotos e desconfortáveis provocava uma sensação de prazer, segurança e conforto e, mais, um estranho sentimento de regressar a casa.

Sem embargo do que digo em cima, não podemos esquecer que a TAP era em 1975 uma empresa de capitais mistos, em que os interesses do Estado eram minoritários. E com resultados positivos o que, em bom português, significa dava lucros. A história conhecida e a criminosa aventura socialista com as nacionalizações encarregou-se de colocar a TAP numa lista infindável de companhias deficitárias e que se tornaram autênticos sorvedouros dos recursos nacionais. Está aqui um resumo a propósito.

Havia que explicar aos «senhores Teives» isto mesmo e que, portanto, a situação em que a empresa se encontra é insustentável. O resto é retórica patética para a qual já não há paciência.


Agora se a TAP não devia ser vendida ao senhor brasileiro, polaco, colombiano e se ele é amigo do amigo do senhor Dirceu com quem o senhor Lula não tem nada a ver é que é outra conversa. Não tenho dados para avaliar. Mas acho que quem tem o poder de decisão há-de saber o que está a fazer. Continuar a pagar milhões é que não. Tal como pagar ordenados a quem acha que pode driblar a União Europeia e que o Estado deve continuar a sustentar a TAP.
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A teoria do senhor Teives



Manifestação de trabalhadores da TAP. Por uma questão de rigor, diga-se que parecem muitos mas as televisões referem algumas dezenas

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Esta notícia não diz, mas eu ouvi na RTP o senhor André Teives, que aparentemente percebe imenso de aviões, aviação, economia e maneiras de tornear as regras da União Europeia, afirmar que a TAP não é só a TAP aviões, é um grupo de oito companhias e que a EU só proíbe que os Governos dêem dinheiro às companhias aéreas.

Pensei uns segundos mas nada me ocorre que não seja de que o entendimento do senhor Teives, porta-voz dos sindicatos da TAP, é de que se o governo não pode dar dinheiro à TAP pode muito bem (e, provavelmente, deve, no seu douto entender) dar dinheiro a uma das oito companhias do grupo.

Eu não sei se o senhor Teives tem procuração com plenos poderes para decidir sobre o dinheiro dos contribuintes mas sobre o meu, as little as it may be, não tem com certeza. Era melhor que se calasse e se limitasse a votar em que lhe aprouver para escolher governos. Há sempre um ou outro que acha que pode dar dinheiro à TAP, para pagar o ordenado do senhor Teives. Que é deles, mas paga por toda a gente, á boa maneira dos socialistas.
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Há-de chegar



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Já não há general Garcia nem soldado Rowan. Nem Cuba está em guerrilha contra Espanha. Mas há sempre uma bolsa impermeável que transforma os montes, vales, selvas e praias, numa adequada metáfora que conduzirá este arranjo de Natal ao destino.
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sexta-feira, dezembro 14, 2012

A senhora tem de ter cuidado com o que diz


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Que a esquerda convive mal com a liberdade (designadamente a liberdade de expressão) qualquer bem-intencionado distraído percebe. Que o «mainstream» da época conduza a impulsos irreprimíveis de se manipular esse desiderato para um evidente estrangulamento da opinião das pessoas e que se adquira uma atitude cosmética sobre a semântica de Isabel Jonet é que se torna absolutamente repulsivo e até anedótico. Foi o que aconteceu ontem na Quadratura do Círculo, no qual Pacheco Pereira e António Costa (António Costa tipo granada que rebenta por simpatia) se arrogaram o direito de «achar» o que Isabel Jonet deve pensar ou a forma como a mesma deve separar as águas entre a «caridadezinha» e a solidariedade institucional dos Estados. Tudo isto através de um pretensioso palco académico perante o qual Lobo Xavier se viu em palpos de aranha para tentar explicar que a senhora era livre de pensar o que lhe apetecesse e que, certamente, não era uma politóloga e dizia o que a sensibilidade lhe mandava. Ainda que isso favoreça ou deixe de favorecer o governo.

Uma quadratura muito difícil para qualquer círculo se quadratar. Ontem.
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quinta-feira, dezembro 13, 2012

Perdas


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Perdida a paciência com a rapaziada da nossa comunicação social, perdido o respeito por grande parte desta gente que assume o comando dos nossos destinos enquanto país, os serviços noticiosos das nossas televisões tornaram-se um exercício estranho de masoquismo degenerativo num estádio final de indiferença e abulia.


Começa a fazer sentido que as notícias me passem ao lado e me vá mantendo a par da actualidade por via de alguns blogues e comunicação social do exterior. Porque mantenho o hábito de ligar o televisor logo pela manhã, os serviços noticiosos matinais representam agora, na minha rotina do início de mais um dia, um matraquear difuso, uma manifestação ruidosa que nenhum psitacídeo desdenharia e certamente interpretaria com mais sonoridade e sem tantos erros de português.
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quarta-feira, dezembro 12, 2012

Ouviste?



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O casal idoso sentou-se na mesa ao lado. Ele, de calça escura e casaco amarelado, camisa apertada sob uma gravata de traça antiga, cabelos brancos penteados de forma impecável bem para trás. Ela, baixa e pequenina, maquilhada e «emperiquitada», vestido justo a realçar-lhe carnes abundantes na cintura e nas ancas. E uma camisola de generoso abafo que lhe escondia parte de um pescoço envelhecido. Cabelos grisalhos, curtos e encaracolados pela plissagem detalhada e recente de um qualquer salão de cabeleireiro. Olhos pequeninos e muito vivos, por detrás de uns óculos denunciando um avançado astigmatismo.

Pediram o prato do dia – cozido à portuguesa, após o que, sem escapatória nem remissão, ouvi este diálogo que vou tentar reproduzir em discurso directo:

Ela: Uma dose dá para os dois, né? Além de que não podemos esquecer o teu colesterol e a diabetes, ouviste? Comes só um bocadinho dos enchidos, ouviste? Comes as couvinhas, não faz mal e alimenta, ouviste? Sobremesas é que não. Tens diabetes, ouviste?

Ele: Mmmmmm!...

Ela (Chegando-se à frente e cruzando as mãos e olhando para ele como quem olha para o periquito que deixou de comer há três dias e por quem ela estremece de preocupação): Também não comas chispe nem orelha… tens diabetes e colesterol, ouviste? Comes as couvinhas que não fazem mal e alimentam. E a batatinha cozida também. O arroz, primeiro temos de ver se é cozido na água do chouriço de sangue. Ah! Os enchidos nem pensar, ouviste? Morcela e chouriço de sangue então nem pensar, ouviste? Têm sangue  e eu sempre ouvi dizer que o que tem sangue faz sempre mal ao colesterol. Por isso é que eu te digo que não podes comer cabidela, ouviste? Eu sei que gostas, mas faz-te mal, ouviste?

Ele: Mmmmmm!...

Cerca de dez minutos e mil «ouviste» depois, chega a travessa do cozido.

Ela: Ah! Ponha aqui (o empregado pôs, e ela de imediato iniciou uma prática exploratória da travessa).

Ela (para ele): Olha aqui, Fernando (levantava as hortaliças com o garfo e mostrava o arroz escuro). Este arroz é feito com a água dos enchidos, ouviste? Não podes comer, ouviste? Olha, tens aqui… nabo, o nabinho faz bem. Uma couvinha (continuava remexendo irritantemente a travessa), cenoura, podes comer cenourinha, ouviste? Mas isto não tem frango… só tem … eia, tanto chispe, não podes comer chispe, ouviste? Nem orelha. Uma fatiazinha de carne. Esta carninha é de vaca, não faz mal, ouviste? E remexia, remexia e remexia a travessa. Aqui e ali, ia-se servindo ela própria de chouriço, morcela, chouriço de sangue, farinheira, chispe e orelha… deixa escorrer bem as couves - esta água do cozido também não faz nada bem, ouviste?

Ele: Mmmmmm!

Ela (cortando cerca de um quarto duma rodela de  chouriço de carne): Pronto, Podes comer este bocadinho. Mas mais não, ouviste? Só para te tirar a água da boca, ouviste? Mas só esta, ouviste?

Ele: OUVIIII! Cala a boca, poooorra.

Este post podia ter o triplo do tamanho. Mas não quero abusar da paciência de ninguém. Quero apenas afirmar que este episódio é rigorosamente verdadeiro e o «porra» foi lançado uns bons decibéis acima do expectável numa criatura de aparente debilidade física. Ainda olhei de novo só para ver se a seguir ao «porra» ela ainda apanhava com uma rodela de morcela num olho, mas o homem conteve-se.

Quando eu for grande e velhinho, quero uma mulher que não goste de cozido à portuguesa. Sobretudo, jamais lhe mostrarei as minhas análises… era o que faltava, ela saber se tenho colesterol ou diabetes, ouviram?
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segunda-feira, dezembro 10, 2012

Futebóis



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Há um par de coisas na vida onde a democracia não cabe – a tropa e os clubes de futebol. Casos onde, de resto, a nossa proverbial tendência para o disparate, se entretém a desdizer. Na tropa, é o que se sabe. Nos clubes de futebol, temos o Sporting, um clube à beira do inferno e por culpa própria. À partida, porque está infectado com um vírus complicado, qual seja o de ter uma miríade de órgãos consultivos, executivos, conselhos disto, comités daquilo e, ainda por cima, fazendo gala de terem responsáveis de várias tendências (!!!!). Claro que disto só podia sair uma salada mista em que os ingredientes colam mal. A agravar a salada, temos que as tendências várias são normalmente encabeçadas por gente com uma ânsia imensa de protagonismo, um ego do tamanho do mundo e uma iluminação de uma elevada superioridade moral, ou não fossem eles, na sua maioria, republicanos, laicos e socialistas. Ninguém se entende, como se espera. Se a isto juntarmos o facto de alguns destes dirigentes comentarem em programas desportivos – confrange a debilidade argumentativa de Dias Ferreira e assusta ver Eduardo Barroso inchar como o sapo da fábula, que rebentou, estamos sempre à espera que o homem rebente e encha o estúdio da TVI do muco viscoso que um batráquio que se preza contém – temos a situação já bem perto da desgraça. Se a isto juntarmos ainda o que eu chamaria de uma versão revista e alfacinha do estilo Pinto da Costa que tolhe o discernimento de qualquer dirigente sportinguista que lhe coloquem um microfone ou uma câmara à frente, temos o caldo entornado de vez. Irremediavelmente.

O Sporting regurgita Barrosos, Dias Ferreiras e um número extenso de dirigentes mais ou menos pacóvios que não resistem a um microfone. E que dizem o que lhes vem à cabeça. A reacção recente e idiota de um dirigente excitado e mandão que disse que o Sporting não compareceria ao jogo com o Benfica, logo desmentido, inapelavelmente, por outro dirigente e a entrevista patética de Godinho Lopes tipo não tem prazer em falar com o presidente do Benfica mas tentou falar e mais uma série de inanidades que só envergonham os «lagartos» como eu, são disso prova insofismável.

Por último, repugna o contínuo lava-pés ao F. C. Porto, sem que se saiba bem porquê, desde que isso signifique atacar o Benfica. Ser do Sporting, hoje, é difícil. Um clube falido, sem equipa de futebol, de dirigentes balofos e já sem ninguém, que se saiba, legitimado guardião do esforço, dedicação e glória que deviam enformar o clube, no respeito da memória pelo seu passado.
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quinta-feira, dezembro 06, 2012

Brreu beu beu, touche touche, peixe e água e a culpa é do Relvas, do Passos e do da Ponte


[4816]

Este é um país extraordinário. Ouvi uma parte das explicações de Nuno Santos às perguntas de um grupo de deputados sobre o visionamento das imagens da carga policial em S. Bento e fiquei a saber que:

- Nuno Santos disse que sim, mas não sabia bem, disse que não, julgava que, pensou que, não fazia ideia que não sei quê e que a sua saída foi um saneamento político;

- Solicitado para especificar melhor o que afirmara, disse que a decisão adrede de o mandar embora já existia e que para pedir dinheiro para despesas tinha de o fazer com 72 horas de antecedência;

- Depois ouvi um relambório interminável de queixas e acusações de uma série de deputados sobre a manipulação da RTP (gostei particularmente do verbo entaramelado da Medeiros), da interferência do Estado na RTP, das malfeitorias de Relvas e Passos na RTP, pelo que me desliguei da pantomina. Receei que dali saltassem para a licenciatura de Relvas, as empresas de Passos e só parassem na casa da Coelha ou, quem sabe, achar que os distúrbios e a carga da polícia foram minuciosamente estudados para pôr o Nuno Santos na rua;

- Quem visualizou as imagens, quando, como e porquê é que não me foi dado perceber. Mas também o que é que isso interessava se a culpa daquilo tudo era de Relvas, Passos e da Ponte e se queriam sanear o Nuno Santos?
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quarta-feira, dezembro 05, 2012

Gato por lebre...estou a precisar de mais férias!




Restaurante Galeria - Rua Afonso Sanches (rua da PSP) Cascais 

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Como frequentemente num restaurante aqui em Cascais, com o improvável nome de Galeria, posto que nem lá dentro nem cá fora vejo galeria alguma. Cá fora há um cavalete em ardósia com a indicação do prato do dia, há um lugar de fruta, uns metros abaixo a PSP e, quase em frente, a Segurança Social. Lá dentro há uma dúzia de mesas frugais, um jovem louro a servir e que é filho do senhor Gato, o dono, marido de uma senhora que, na cozinha, faz verdadeiros milagres que nos mimam o palato com os pratos do dia.

O senhor Gato é um homem curto, rápido e de poucas falas e nunca o vi sorrir uma vez que fosse, enquanto atende eficientemente as mesas. Por razões que não descortino, mesmo sem rir acaba por se tornar simpático, aquele tipo de pessoa que a gente gosta não sabe bem porquê e que acaba por fazer parte do inventário, sem esforço nem cunha.

Ontem entrei, sentei-me, vi apenas o jovem servindo. Do senhor Gato, nada. Estranhei. Pela primeira vez ele não estava presente. Deve estar doente, pensei eu. Morreu. Teve de ir às Finanças. Fugiu com uma ucraniana… enfim, coloquei-me mentalmente uma série de hipóteses até que o moço chegou ao pé de mim para me perguntar o que é que eu queria comer. Antes de escolher, perguntei:

- Onde pára o senhor Gato?

Nesse preciso momento, a cozinheira entrou na sala com uma travessa na mão que colocou na mesa de um cavalheiro ao lado da minha, cumprimentou e perguntou-me se eu queria o prato do dia.

- E o que é? Perguntei eu:

- Coelho assado no forno. E apontou para a travessa que acabara de trazer.

Olhei, mirei bem o leporídeo, assado entre batatinhas e diabos me levem se não vi ali mesmo o senhor Gato, esturricado, lançando-me um olhar lancinante. Engoli em seco e pedi uma posta de peixe-espada grelhada. Devo andar a ver muitos filmes de terror!
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terça-feira, dezembro 04, 2012

Patético


[4814]

Mário Soares continua a disparar por via de qualquer meio de comunicação social que, babando-se, lhe continua a oferecer protagonismo.

Esta criatura começa a tornar-se já repulsiva de cada vez que usa este tipo de discurso. Porque criou um palco privado para o seu enorme ego, o que não teria importância por aí além se não incorporasse, em si, um rosário de desgraças pelas quais, de resto, parecemos todos estar muito agradecidos. Desde a sua «exemplar descolonização», a uma governação desastrosa (para o que ele próprio reconhecia não ter muito jeito, razão por que lá ia metendo o socialismo na gaveta, quando era preciso) e a uma forma de estar pontilhada por lamentáveis episódios, vai entrando agora num período de penosa actuação, em que demonstra bem como lhe falta, afinal, uma ideia clara do conceito de liberdade e das regras da democracia, ao mesmo tempo que não resiste à vanidade que o enforma e o convence que veio ao mundo para nos explicar porque é que todos devemos pensar como ele. Posição, de resto, bem socialista.

Só me irrita a frequência com que continuam a pôr-lhe um gravador à frente…

Foto via Blasfémias
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domingo, dezembro 02, 2012

É pá, mas tu viste bem como ele ficou à rasca? Cool, meu. Cool!


[4813]

Passos Coelho levou uma importante força política, económica e diplomática a Cabo Verde. Certamente com importantes temas agendados, mormente no que se refere à mutualização de interesses na África Ocidental.

Vi e ouvi na SIC Notícias e, como se calcula, os seus repórteres preocuparam-se sempre e mais com perguntas (insistentes, repetidas e grosseiras) feitas a Passos Coelho sobre porque é que ele não caminha pelas ruas em Portugal, ou se não tinha saudades de quando ele passeava livremente pelas ruas portuguesas comunicando com o povo, ao contrário do que estava fazendo ali, contactando com os inúmeros populares que o saudavam. Passos Coelho ia respondendo evasivamente. Na parte que me toca, não sei se alguma vez eu conseguiria suportar este manifestação de indigência mental e ausência de ossatura de carácter demonstradas pelos repórteres da SIC. Muito provavelmente, não. Seria eu próprio mais grosseiro que eles. Não sei se levavam o sermão encomendado de Lisboa ou se lhes saiu espontaneamente. Sei que quem estava a ver a SIC naquele momento ficou a zero sobre os motivos que levaram Passos Coelho a Cabo Verde. Em contrapartida, os repórteres (???) regozijaram-se imenso em ter embaraçado o primeiro-ministro.

Episódios destes fazem me corar de vergonha, sobretudo quando acontecem além fronteiras. Chego a questionar, até, se alguma daquela rapaziada, cheia de azougue e de comunicabilidade social teria a mínima ideia do que é que uma delegação composta pelo primeiro-ministro, ministro da defesa, ministro da administração interna, ministro da economia e ministro dos negócios estrangeiros e mais uns quantos secretários de estado foram fazer a Cabo Verde. Se calhar não tinham e, provavelmente, isso será matéria despicienda para esta maralha repórter que a esta hora se deve ufanar pela proeza das sua perguntas e de como Passos Coelho ficou à rasca. Agora, o que é que ele lá foi fazer, isso são «outros quinhentos» que não vêm ao caso.
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sábado, dezembro 01, 2012

Azedas

[4812]

Elas aí estão, de novo. Cumpridoras, regulares, certinhas, pontuais, lúdicas, diuréticas e, sobretudo, amarelas. Fazem a delícia de muita gente. Mas este ano parecem ter chegado mais azedas que o costume!
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