Alma lavada
[1503]
A TVI, pa-
ra mim, era uma coisa com uma existência já difusa. Basicamente, já nem me lembrava que existe e, no meu subconsciente permaneciam, apenas, vestígios residuais de um punhado de programas que fizeram o gáudio de muitos e daquela forma de fazer notícias que eram (ainda são?) um misto de histórias de Frankenstein, Dr. Jeckill and Mr Hyde, versões lusas, adultas e contemporâneas de Jack and Jill, dramas enquadrados por agentes da GNR com bigode e cara de quem toma banho aos Sábados, bebés abandonados em casas em chamas, mulheres grávidas espancadas por proxenetas com tatuagens nos braços e outras pérolas, que eu tenho de ir trabalhar e se começo a escrever mais assuntos à moda da TVI ainda aqui fico para o almoço.
Mas esta manhã foi diferente. Ainda traumatizado pela imagem de ontem de Jorge Sampaio a ralhar comigo, com aqueles olhinhos irrequietos e aquele esgar de quem desgraçadamente pertence a uma país de 10.000.000 de lorpas (ele aqui tem um bocadinho de razão, mas teve 10 anos para amenizar o “quadro”, missão em que, decididamente, falhou…) que não o compreendem e o mento próprio de quem é demasiado MES para se permitir ser um vulgar socialista (esta conversa toda diz bem de quão profundo foi o traumatismo de ontem, se não me ponho a pau, da próxima, ele põe-me de castigo), ainda traumatizado pela imagem de Jorge Sampaio, dizia eu, repetida exaustivamente ontem pela RTP, resolvi pegar no comando e fugir da RTP para ouvir notícias da manhã enquanto tomo o meu pacífico, aromático e sápido café que só não é perfeito porque lhe falta um cigarro a seguir. E… surpresa. Esbarro na TVI a proporcionar-me imagens em tempo real da Marginal, obtidas de helicóptero, dando conta do trânsito. Foi um retempero de alma. A visão é balsâmica, desde o Mirage de Cascais até ao Cais do Sodré, o helicóptero envia imagens (repetidamente, a espaços curtos) duma via que eu faço todos os dias e que é um exemplo acabado de como “Lisboa” nos pode conceder das mais fantásticas imagens que nos reconciliam com o mundo, com o chefe, subordinados, com a mulher, com as gatas, com a empregada doméstica, com o trânsito e, com jeitinho, até suportamos com, algum fair play, as enormidades com que temos de lidar no dia a dia.
Posto isto, estou reconciliado com a TVI. Descobri uma estação de TV que me dá as notícias sem Jorge Sampaio a ralhar, sem entrevistas com “cientistas” estranhos a perorar sobre assuntos estranhos tipo porque é que os orgasmos dos gafanhotos são condicionados por temperaturas abaixo dos 25º, coisas interessantíssimas, como se vê, para quem acabou de acordar e está a tomar o tal café óptimo sem cigarro. Não mais RTP das 7 às 9, não mais injecções de política correcta logo de manhã, não mais imbecilidades em jejum. TVI é que bom. Dá notícias importantes como a meteorologia, o trânsito, coisas ligeiras e aquelas fantásticas imagens da marginal e da A5, a lembrar-me que vivo na mais bela cidade
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2 Comments:
... tomara a muitas almas!
:))
Beijinhos, de BXL,
Sinapse
sinapse
Es um doce. :)
Beijinhos diabeticos :)
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