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Um artigo estranho de João Pedro Henriques (que eu suponho ser o João Pedro Henriques, mas posso supor mal...), no DN de hoje e no contexto de uma notícia sobre o programa de combate à corrupção, fez-me saber que João Cravinho era :
- impoluto;
- filho de pai branco, mãe mulata e avó negra;
- incapaz de receber uma prenda;
- todas as prendas recebidas no gabinete, quando era ministro, eram distribuidas pelos funcionários;
- uma vez, um funcionário fez-lhe uma partida e ofereceu-lhe um presunto. À socapa. De Chaves. Ele, Cravinho, apesar de dado a comezainas, conseguiu resistir e devolver o presunto. Não comeu o presunto e entregou o presunto a uma funcionária do ministério.
JPH acha:
- Que um homem assim é raro na política nacional, pelo que presumo que os políticos nacionais são, geralmente, venais, recebem prendas, comem os presuntos de Chaves que lhes oferecem, têm pai branco, mãe branca e avó branca.
JPH diz que:
- Cravinho tinha o general Garcia dos Santos em elevada consideração mas hoje quando passa por ele não o conhece – daqui infiro que Garcia dos Santos não é um homem sério, flor que se cheire, e não merece os favores de João Cravinho. Tudo porque, e cito, no princípio de 97, era Cravinho ministro do planeamento.... Garcia dos Santos presidia à JAE... pediu a Cravinho para demitir não sei quem... Cravinho disse que sim, mas recuou... Maranha das Neves não sei quê... Garcia dos Santos não sei quantos... inquérito e desmantelamento da JAE... Garcia dos Santos explodiu e disse que havia dinheiros da JAE que serviam para financiar partidos politicos...
- JPH continua a caldeirada (neste último parágrafo não percebi bulufas, só sei que a JAE desapareceu por força do carácter impoluto de João Cravinho, que pulverizou a gestão das estradas, inventou as Scut entre um acordar patriótico e dois bocejos carregados de ideologia, ressacando de um sonho de duas fatias de presunto de Chaves que não comeu, arranjou um trinta e um que acabou por servir para o Partido Socialista dizer que as Scut eram um desígnio nacional, que a desertificação do interior bla bla bla, ganhar eleições e, agora, achar que o melhor mesmo era aplicar portagens nas Scut.
No fim do artigo/crónica olhei para o título, para o espaço a cinco colunas (três só para a foto, João Cravinho muito impoluto, muito frontal e com uma expressão verdadeiramente superlativa da ética do serviço público, à mistura com ar maroto de quem nao resiste a uma boa comezaina, excepto quando se trata de presunto de Chaves oferecido). Olhei, tentei perceber o sentido da coisa, mas nao percebi. Mesmo dando de barato que o objectivo da crónica fosse nada mais que isso mesmo, o que se lá diz, dá-me vontade de perguntar: - O homem é sério, gosta de comezainas, devolveu um presunto e é filho de mãe mulata, so what? O que é que eu tenho a ver com isso? E porque carga de água é que se escreve artigos deste género? Ah! E vai para o BERD, mas isso agora vem a propósito de coisa nenhuma.
Expliquem-me como se eu fosse... jornalista, vale?
Nota: Em itálico, palavras e expressões de JPH.
7 Comments:
O DN está a ficar um pasquim de vomitar. Não há explicação a não ser o facto de o Oliveirinha querer transformar um jornal que se dizia (e era) sério e de referência no orgão oficial da propaganda do PS. E está a conseguir.
Isto não é um comentário a este post.
Feito o aviso, aí vai:
Não sei como pedir-te isto: "puxa para primeira página" aquele teu comentário resposta! É tão bonito enquanto texto/reflexão sobre a vida das folhas que secam, ao lado das teorias domésticas do estendal e ao lado da vida dos homens como nós (Salvo seja! tem de ser dito assim!) que não seca...
Mil beijinhos!!!
maricel responde
Já vivi lá fora, na África do Sul, onde me parece tens famíliares, mas regrecei para este cantinho, lá faltava-me o mar, e vou lá de quando em vez, matar saudades.
bekx
... e condiganmente representado aqui na blogoesfera :)
madalena
Pedido satisfeito. Um beijinho pela gentileza :)
Maricel
Sim, tenho e também lá vivi. Conheço bem todo o país e também lá costumo ir :)
Não vejo ninguém a comprar o DN, mesmo quando o Publico está esgotado o que acontece invariavelmente a partir do meio dia. Por algum motivo há-de acontecer isto, e julgo que muita gente tem a mesma repugnância que eu em ler propaganda mascarada de notícia.
Gostei do seu post sobre o Cravinho. Fiquei a saber que para o autor do panegírico, se um político é sério (i.e. não rouba nem presuntos de Chaves), pode ser incompetente à vontade. Cravinho é manifestamente um incompetente. No BERD, que era há poucos anos um antro de corruptos, como se irá comportar?
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