Gostar de gostar
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Hoje saí mais tarde do escritório e soube-me bem o frio até chegar ao carro. E gostei do conforto do casaco de pele, dos sapatos grossos, das luzes da Basílica, do ranger do “25 dos Prazeres”, e dos carros salpicados de chuva e dos portões do jardim da Estrela, do avião a passar por cima de todos nós e na linha de aterragem (quando tivermos a Ota já não vemos os aviões a aterrar sobre Lisboa…) e do fumo das castanhas assadas e do bruáá das gentes a dirigirem-se, apressadas aos seus destinos.
Gosto da Estrela, gosto da Lapa, gosto do local onde trabalho. Gosto de sentir que gosto de alguma coisa. E hoje gostei de andar a pé, sozinho e bem agasalhado, entre o escritório e o meu carro estacionado junto ao jardim, mesmo por baixo do zimbório muito iluminado, muito branco. Muito lisboeta.
Um dia terei saudades…
16 Comments:
É sempre bom gostar-se de sentir que se gosta de alguma coisa.
Eu gostei muito deste teu texto, Espumante.
Beijinhos
«Gostar de gostar» é sempre bom! =
Só uma nota: uma das coisas que me faz confusão em Lisboa é essa história dos aviões dentro da cidade, quer como peão (a senti-los passar por cima da cabeça), quer como passageiro (a ver quando é que o avião vai aterrar em cima das casas). Chega a ser aflitivo! - como é que se pode gostar disso?! =)
É um privilégio trabalhar numa zona tão bonita da cidade, e é um dom feliz continuar a apreciar o ambiente, os momentos, ...
Beijinhos, de quem gosta de Lisboa!
Sinapse
Há muitos muitos anos já vivi nessa zona, nas Trinas junto à Rua da Lapa, frequentei muito o jardim da Estrela, visitei muitas vezes a Bazílica.
Gostei, muito de ler a descrição do lugar, sentido por ti, só não bateu a saudade "mais forte" por er estado aí, nesse mesmo lugar a semana passada, à noite e pela manhã, o que me fez recordar tempos que já lá vão.
Quanto aos aviões... eu vou ter muitas saudades, adoro passar sobre o Tejo e sobre Lisboa, é lindo, além de ser muito confortável ficarmos logo dentro da cidade.
maricel
Tenho familiares que vivem nessa zona e portanto passo por lá de quando em vez, embora seja uma tormenta passar pelo Marquês e pelo Rato...
Mas a Basílica e o Jardim são lindos! E o Tejo, o abençoado Tejo ao longe... é sempre muito bom gostar de gostar!
Laura
às vezes dá-me para aqui. Mas passa depressa...
:) Beijinho
Cristina
Isso dos aviões cairem é outro departamento :)
Refiro-me à componente do cenário, um avião a aterrar, sinal de vida, de movimento.
Talvez porque nasci perto doa aviões e levei parte de minha vida dentro de aviões :)
Sinapse
Eu já tinha desconfiado :)))
beijinhos lisboetas
Maricel
Vives fora do País, é isso?
JoãoG
Eu NÃO passo pelo Marquês nem pelo Rato. Subo e desço a Infante Santo...
:))
Abraço
28... vê-se logo que não andas de transportes públicos :)
Ana
O 28 pára na Basílica, desce a Calçada da Estrela, S. Bento, sobe a Calçada do Combro, Chiado, baixa, sobe à Sé, Graça, etc e volta aos Prazeres. O 25 pára na Basílica sobe a João de Deus, vira à rua dos Mavegantes, Buenos Aires desce a S. Domingues à Lapa, Santos depois vai por ali fora paralela à 24 de Julho (não me ocorre agora), Terreiro do Paço etc e volta aos Prazeres.
Ora toma e embrulha. :)
Eu posso não andar de transportes públicos mas sou uma pessoa atenta
:))
Beijinho
Gostar de gostar é muito bom sinal!Eu também gosto de gostar. É a tal emoção mais elaborada que mexe mais com os nossos sentidos!!!
Acho-te um bocadinho nostálgico. Será????
Ou estaremos todos?
Ou é impressão minha?
Mil beijinhos para ti e mais mil para a Passada!
Madalena
A Passada vai embora amanhã...
Não sei se ando nostálgico. Se calhar ando e não quero que se saiba. Ou não ando e pareço... nem sei... mas "isto passa. Ou não. Depende. Ele há dias... mas acho que contigo também deve ser assim, não é? Com toda a gente, aliás. Só não têm dias aqueles que vivem na noite permanente. E desses não tenho pena. Talvez tenha pena de não ter pena, mas pena não tenho :) Também há os que não têm noites. E um bocadinho de noite também sabe bem. Por isso, quem não tem noite vive na ilusória sensação de ser dia todos os dias. E isso é mau, porque quando anoitece eles ficam muito admirados. Porque não estavam preparados. Mas concordo contigo, Há dias em que é mais noite do que dia. Ontem, quando escrevi este post era noite mas tive o gosto do dia, porque me soube bem o escuro, o frio, as castanhas, o avião a aterrar e os pingos de chuva a escorrer dos carros parados na rua cheia de folhas secas. Que aliás estavam todas molhadas. Era secas, de mortas, entenda-se. Uma vantagem ser folha... elas não morrem. secam. Já nós, morremos, muitas vezes sem secarmos tudo o que tínhamos para secar. E a propósito disto lembro-me que a minha ucraniana diz que tenho de comprar um estendal, que a roupa não seca. Feitios... Neste caso, secar já não tem a carga da desgraça, da tragédia de se morrer. Como as folhas dos plátanos que bordejam o hospital militar. Pelo contrário, a roupa quer-se seca, fresca e cheirosa.
É. Tens razão. Estou um bocadinho nostálgico. Mas olha, diverti-me (um bocadinho, nada de muito especial...) em responder-te ao comentário dizendo meia dúzia de disparates. Secos. Mortos. Por isso, desta vez não vais achar graça nenhuma. Para a próxima será! :))
beijinhos
Liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinda esta resposta!!!!! Mil beijinhos de obrigada!!!!
Gostar é saborear e o saborear deixa traços na memória imperdíveis!Saibemos nós encontrar momentos desses nos nossos dias!
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