quarta-feira, janeiro 17, 2007

Maria José Morgado, o aborto, as slot-machines e a confusão que vai naquela cabeça


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Quando Maria José Morgado se referiu ao facto de
haver em Portugal clínicas a fazer abortos que até pareciam as slot machines dos casinos, houve algumas reacções na blogosfera (justíssimas) que apontavam no sentido de que se a procuradora-geral adjunta sabia que havia dinheiro sujo e não tributado decorrente das tais clínicas/slot machines ela teria a obrigação de fazer o seu trabalho – leia-se fechar as clínicas.

Eu tenho ainda outra leitura. A de que, tal como sempre receei, o debate (???) sobre o aborto se tem feito não só ao sabor das emoções, como ainda reflectindo questões ideológicas que têm a ver com tudo menos com o aborto. A Maria José Morgado, por exemplo, pareceu-me que o que a repugna não é verdadeiramente as injustiças e os perigos subjacentes à prática ilegal do aborto mas mais o conceito do lucro, dos casinos, das slots machines, como peças componentes de um desiderato político que ela abomina desde pequenina, ou assim parece. Isso é verdadeiramente o que a preocupa. E isso parece-me mau. A senhora é procuradora-geral adjunta, não é uma rata de igreja a apregoar o “não” pela aparição de Nossa Senhora de Fátima nem uma jornalista modernaça de causas, a berrar pelo "sim". Ou não deveria ser. E, todavia, parece. E isso é que está mal.