Editora Espumante
[1198]
“Andava a esgraçadinha no gamanço
A trabalhar p’ro pai estrabeculoso
Inté pareces que és paaaaaaarvo
E a mãe, tinha frúnclos no pescoço.”
Assim cantava a minha desgraçada
Em antes de fugir da minha alçada.
E eu vestia a samarra
Pegava a guitarra
Ia p’rá viela.
Pensava só nela,
Mas ela fugia
E, puta, fingia
Que passava sem ver.
Lá ia ela a correr
P’ra um gajo qualquer
Dormir em pecado
…
E eu, abandonado,
Descia a cidade
Carregando a saudade.
E sem um queixume
Apesar do ciúme
Deixar-me roído,
Desgraçado e traído,
Atirava-me ao Tejo
Ardendo em desejo
Por aquela mulher.
E se alguém quer saber
Destas rimas a razão
É eu não ter que escrever
Mais nada aqui à mão.
E para aproveitar a esgraçadinha gravada nos Estúdios Espumante!
Via Miss Pearls
5 Comments:
Há quantos anos não lia tão belas trovas !
A letra é o máximo e penso que descobriste um arranjo musical á altura.
Muito sofre quem ama !
Para completar o ramalhete não podia faltar o ciúme e a traição, que nunca nos acontece. Só aos outros.
De vez em quando trás-nos mais belas trovas dos "ceguinhos", pois farás sorrir muita gente.
Coisa mai' linda, que inspiração!
Vinha eu aqui só agradecer a informação sobre o telemóvel de diamantes (vê lá se me tocou um desses!) e chamar-te amigo da onça solidário com maridos que pestanejam para louras falsificadas, mas tocou-me tanto este teu fado que não sou capaz. Já tens o teu pobre coração tão maltratadinho que não me atrevo! Até te dou o número da Lili para ires à óptica arranjar um colírio e uns óculos para disfarçares os olhos inchados das lágrimas!
E o autógrafo, os concertos, para quando?
Não te deixo beijinhos, tenho que guardá-los todos para o meu marido, não vá ele ter saudades da Lili...
Esqueci-me: gostei especialmente do nome da banda!
anónimo
O fado não é de ceguinhos, é de esgraçadinhos :)
125_azul
O nome da banda está bem apanhado, sim
:)))
Enviar um comentário
<< Home