sexta-feira, abril 25, 2014

Eu não disse?





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No post anterior eu especulava sobre a actividade febril que iria nas televisões noticiosas sobre as comemorações paralelas. Cedi à tentação e liguei para a SIC-N. No preciso momento em que Ricardo Costa (esse, o do Expresso) debitava umas preciosidades sobre as comemorações paralelas que, confesso, já não consigo reproduzir com exactidão. Mas consigo, sem dificuldade, referir a legenda permanente onde, com descaramento, a estação anunciava «comemorações paralelas da Associação 25 de Abril, no Largo do Carmo, a escassas dezenas de metros da Assembleia da República» (meu negrito).

Qual o verdadeiro significado de tanta idiotia?


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quarta-feira, agosto 07, 2013

Aldrabices do costume, pelos suspeitos do costume


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Corre por aí uma noticiazinha, meio a medo, de que afinal as inconsistências de que Pedro Lomba falava sobre os swaps e que prometera esclarecer até ao fim do dia de ontem assentavam na constatação de que a comunicação social forjou (ou deu guarida a) documentos na tentativa de incriminar o secretário de estado, fazendo dele um vulgar pilha-galinhas, ainda que à escala de assuntos de Estado (entenda-se galinhas gordas e muitas).

Receio que esta manipulação grosseira do documento (de resto, nada de muito estranho ou inusual por parte de quem se tornou especialista em aldrabar, manipular e atirar com este país para a fossa) passe rapidamente à história. De tal maneira que «os suspeitos do costume» arranjaram já outro boneco para atirar as bolas, Gonçalo Barata, administrador da Águas de Portugal.

Não percebo muito (acho que nem pouco) dos padrões de ética da comunicação social, da deontologia profissional, do dever de revelar fontes ou a prerrogativa de não as divulgar, mas parece-me esquisito que jornais de referência e televisões (como, neste caso, a SIC) não sejam obrigados a explicar, bem explicadinho, como é que dão à estampa documentos forjados sem curar de saber da sua autenticidade.

Patético foi ver no FB o batalhão da infantaria socialista excitadíssima, fumando cigarros e tomando baldes de café, esperando que Godot saísse da sua conhecida estagnação por via da meia-noite do Pedro Lomba, que ia pôr tudo em pratos limpos. Afinal os pratos parecem ter aparecido limpos, mas não era aquela a limpeza que eles queriam.

De imediato já apareceu na TV o porta-voz do PS,  João Ribeiro, depois de se ter anunciado a manipulação do documento, a perorar sobre a credibilidade do Governo que, com toda esta polémica dos swaps, atingiu o grau zero.

«…podes dizer-me, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir – respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir – disse Alice.
Nesse caso pouco importa o caminho que sigas – replicou o gato…»

Lewis Carroll

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quarta-feira, julho 31, 2013

Uma questão de viés


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A propósito da corrente novela dos swaps, ocorre-me uma reflexão simples mas, todavia, oportuna. Vistas bem as coisas, a eventual parcialidade da Benfica TV, ultimamente tão demonizada por causa dos cameramen e dos sumaríssimos e mais não sei quê, é mais ética e saudável que a SIC Notícias.

A Benfica TV não engana ninguém. É do Benfica e fará o seu papel de instituição «adepta», se é que isto faz algum sentido. Mas tem a grande virtude de não enganar ninguém. Quem assinar e vir a estação sabe ao que vai e não tem que se surpreender. Diferente é a SIC Notícias. Dificilmente conhecerei instituição com uma atitude mais manipuladora, inverdadeira (como agora se diz), destorcedora de factos, casuística e enviesada. De que Ana Lourenço é, provavelmente, a detentora do viés mais pronunciado.
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domingo, março 24, 2013

E ninguém se lembrou de dizer às criancinhas que se lhes saisse o jackpot também poderiam e deveriam ir ao cinema e jantar fora. Depois de pagar os impostos do papá, claro



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A SIC Notícias mantém a sua continuada acção de deprimir as pessoas através de um enquadramento de notícias ou factos que nos fazem suspirar de alívio no fim de cada um dos serviços informativos. Raia o absurdo a forma grotesca como esta estação aproveita qualquer circunstância para manter bem viva a instilação do desânimo, a cultura da depressão, do pavor, do desalento e, pior ainda, convencer-nos que esta desgraçada crise que atravessamos tem a ver com o desgraçado governo que temos.

Ocorreu-me esta reflexão na sequência do cinzentismo acentuado deste últimos dois dias, logo que soube que o inenarrável estava aí, comentando na RTP, e logo que começaram a surgir os seus prosélitos a botar «faladura», sobretudo Jorge Coelho que reiniciou aquele seu estilo de descompostura paternalista para nos fazer ver que há-dem ver como ele tem razão e que não nos metamos com ele (mêtamos?) senão levamos.

Pois a SIC Notícias deu há um par de dias uma reportagem sobre o Jackpot do euromilhões, 100 milhões. E qual a maneira mais inteligente de o fazer? Pois, juntar uma dúzia de crianças de sete ou oito anos e começar a perguntar-lhes o que fariam com cem milhões de euros. Claro que as criancinhas responderam de forma adequada, uma dizia que ia ajudar o pai a pagar a renda de casa, outra que ia ajudar a pagar os medicamentos do avô, que estão muito caros, outro ainda que ia ajudar na comida, mais um que era para pagar os impostos do pai (esta é superlativa…) e ainda outro que ia ajudar o pai que estava desempregado.

Arranjar um conjunto de crianças amestradas e explicar-lhes o que devem dizer perante perguntas de uma televisão já é notoriamente condenável. Pôr nas crianças este tipo de respostas no sentido óbvio de fazer «negrito» na crise já me parece obsceno e indigno. Não que isso me surpreenda muito em face do mais ou menos recente alinhamento da SIC. Mas, infelizmente, não há como calar este tipo de estratégias e apetece dizer à SIC Notícias que vá fazer reportagens sobre o euromilhões para um sítio que não digo, que este blog não tem bolinha vermelha e ainda são quatro da tarde.
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sábado, maio 26, 2012

Mas será que ninguém repara?

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Foi o tempo do «picareta falante». Hoje a água mole vai furando a pedra cada vez menos dura, através de meios mais sofisticados e reconhecidamente mais eficazes.


É extraordinário como uma criatura (alegadamente) pouco recomendável como Pinto da Costa conseguiu fazer com que eu não gostasse do «FêQuêPê». Agora é a SIC Notícias que está quase a conseguir que eu goste de Miguel Relvas. Pelo menos com a cadência, parcialidade e activismo com que fala no homem, está prestes a consegui-lo.
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terça-feira, maio 22, 2012

SICespertices

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A SIC continua a esforçar-se imenso para nos convencer que somos um país de esquerda. Não somos, é que não somos mesmo, mas a SIC insiste. Multiplicam-se os programas plasmados na esquerda inteligente e suportados pela habitual legião de idiotas úteis. Confrangedor mesmo é o ar com que alguns apresentadores da televisão se prestam a certas perguntas a certos convidados, bem assim como àquilo que, por uma vez, alguém classificou argutamente de jornalismo interpretativo.

Ainda há pouco liguei, com displicência, a SIC Notícias e lá estava uma gentil apresentadora entrevistando José Jorge Letria. E quando eu julgava que a conversa teria a ver com a Sociedade Portuguesa de Autores e assim, eis que as perguntas versavam a troika, os efeitos da troika, a política económica do governo, o facto de Portugal ser o segundo país da Europa onde o IVA mais subiu, o facto de isso afectar o consumo (ainda não percebi bem se a esquerda enaltece ou condena o consumismo – esta é a parte em que alguém me explicaria as diferenças entre consumo e consumismo…) e provocar desemprego nos restaurantes. A estas questões, colocadas com uma excitação quase juvenil pela apresentadora, respondia com denodo José Jorge Letria, numa linha que me dispenso de comentar por se adivinhar facilmente o que poderia sair do poeta, politico, jornalista e membro dos Corpos Sociais da Fundação Paula Rego. Um currículo adequado, como se percebe. José Jorge respondia com o ar didáctico reservado aos bem pensantes e claramente não desperdiçou a oportunidade de nos ensinar que a democracia não se esgota no voto. Mas antes se complementa noutras formas de participação, como as acções de rua, por exemplo. Um modelo de liberdade, esta esquerda. Desde que pensemos e ajamos como ela.

Nota: Por uma questão de rigor e justiça tenho de referir que por entre as acirradas críticas ao nosso modelo económico, José Jorge balbuciou qualquer coisa a propósito da morte recente de Robin Gibb.
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