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O «olhos nos olhos» de ontem» (vídeo ainda não disponível) foi um exemplo preciso do arvorado convencimento de muitos dos nossos jornalistas de que têm a fórmula única e indiscutível da via dos acontecimentos. Trate-se de futebol, política, estética da nobreza europeia, ortografia ou regimes de emagrecimento, eles detêm a via única e o esmiuçado conhecimento dos factos. Ontem, no caso de Judite de Sousa e o insuportável Ricardo Costa, um expresso exemplo desta asserção, foi penoso assistir a Medina Carreira «explicar» pacientemente a inutilidade do PEC IV e o impacto que o seu chumbo não teve, face à escalada da despesa pública a partir de 2005.
Medina Carreira explicou tudo isto com clareza e factualmente, mas Ricardo Costa insistia que o chumbo do PEC IV foi determinante na crise em que vivemos, por outras palavras, o cartório da nossa situação deve culpas não só a Sócrates mas também à oposição que, com ligeireza e irresponsabilidade resolveu chumbar o programa. Há uma altura em que Medina Carreira se cansa (é o termo) da insistência de Costa e explica uma vez mais e de forma definitiva a irrelevância do chumbo do tal PEC perante a irresponsabilidade criminosa do anterior governo e é quando Costa admite, relutante, essa verdade. Mas não se conforma, não desiste e afirma que, pelo menos, a aprovação do programa teria proporcionado mais tempo, um ou dois meses, até se pedir ajuda internacional e, pelo menos, ter-se-ia levado até ao fim a estratégia. Não se percebe bem o que se ganharia com isso, mas Costa lá deve saber porquê. Ou não.
Eu sei que é difícil entender este stand by idiota de Costa, ou talvez não. Muitas vezes alguns jornalistas (Costa é um bom exemplo) desprezam a factualidade, em nome das suas teorias, interesses pessoais ou mera vaidade pessoal. Costa, repito, foi ontem um bom exemplo desta afirmação, não se furtando, mesmo, a um sorriso benevolente perante um «velho» a quem era preciso dar algum desconto. Enquanto Judite se ria nervosa e fazia pandam com Costa, atirando com algumas observações a esmo e sem qualquer substância.
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Etiquetas: comunicação social, cretinismo militante