A esquerda fofinha
Vasco Lourenço ameaçou com "paulada",
Helena Roseta declarou que a violência é "legítima" se for usada
contra este governo. Ou seja, a violência é legítima se for de esquerda. Como
toda a gente sabe, a violência adquire um sabor diferente quando recolhe o tempero
da esquerda. É um sabor divino, um saber gourmet, um sabor que abre as portas
do céu aos portadores do tempero. É uma violência boa, dos puros, daqueles que
estão acima do resto dos morais, sobretudo acima da escumalha da Direita, essa entidade malévola que permite desumanizar
todos os indivíduos que nela encaixem. Ora, a coisa mais curiosa é que esta
gente fofa acaba sempre por cair nos pecados fascistas. Estão sempre com o
"fascismo" naquela santa boca e, depois, acabam precisamente por
entrar numa mundividência que revela impulsos fascistas. É o fascismo do anti-fascismo.
Quando promete correr com estes governantes à paulada, o Marechal
de Campo Herr Lourenço está a entrar num terreno fascista e, diga-se, ilegal
(código penal, artigo 326). O culto da violência higiénica contra um governo
eleito é a primeira marca do fascista. Vem nos livros que o nosso Marechal
manifestamente não leu. E, por falar em livros, a Dra. Roseta não deve ler
livros desde os anos 70, altura em que a tese da violência selectiva estava na
moda. Na época, a esquerda portuguesa via água benta no sangue derramado pela
URSS e aliados. Com a sofisticação do costume, a Dra. Roseta limitou-se a
actualizou esta pulsão arqueológica. Os bons são bons porque dizem que são bons
e, por isso, podem bater nos maus que são maus porque os bons assim o dizem.
Não é linda a verdade circular do fascista fofo?
Mas eu não podia acabar esta
crónica sem deixar um abraço agradecido à Dra. Roseta, ao Vasco Lourenço e aos
demais fofos e fofas que participam nestas actividades de gente boa. É que assim já não preciso da história para explicar a intolerância da nossa esquerdinha. Quando a minha filha me perguntar "pai
lindo, o que é o fascismo?", já terei exemplos práticos para lhe dar.
Obrigado
Henrique Raposo, no Expresso
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Etiquetas: esquerda (s), esquerda iluminada
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