segunda-feira, novembro 11, 2013

«Avante camarada», diz-me a SIC Notícias às seis da manhã


A candura de Cunhal

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Acordei às seis da manhã com a SIC Notícias a mandar avançar os camaradas, Avante, avante! Porque Cunhal faria cem anos e isso tem dado lugar ao registo hagiológico do costume a figuras de relevo na luta contra o «fassismo». No caso de Álvaro Cunhal a coisa teria de assumir dimensão para além do suportável e inclui a profusa disponibilização de títulos nas livrarias e uma torrente de comentários radiofónicos e televisivos.

Tenho para mim que a fatia quantitativa de comunistas de cada país reflecte o atraso de cada qual, já que não entendo outra forma de analisar a situação que não seja os comunistas estarem mal informados sobre o comunismo ou, apenas, não informados. Não vejo outra explicação. E dispenso-me do rosário de malfeitorias de um sistema que matou milhões, atirou com outros milhões para a miséria e para a indigência mental e cultural e sobrevive apenas graças à liberdade que lhe é concedida pelos países democráticos. Coisa que um regime comunista jamais acomodaria.

Depois há a esquerda folclórica, intelectual e intelectualmente superior. Acompanham a procissão comunista, sem se benzer mas achando muito bem, e derramando a sua superior complacência através de escritos, palestras e abundantes referências no facebook, twitter e correlativos. Porque sabe que que isso lhe traz dividendos. Enfim, um trágico desiderato que acaba por constituir adequado panegírico a uma figura, Cunhal, que viveu em regime de ódio permanente contra quem quer que fosse que não concordasse com ele e que validou o, provavelmente, mais sanguinário regime político de que há memória. E só o lamentável atraso em que os portugueses insistem em medrar poderá explicar as (ímpias) hosanas que por aí ressoam.

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