terça-feira, agosto 28, 2012

Um caso de polícia

[4747]

Miguel Sousa Tavares, um senhor que parece que percebe imenso de roças de cacau e escreve que se farta, disse ontem, preto no branco, que o que o Governo está a fazer à RTP é um caso de polícia. Que pena que Miguel não tenha tido a mesma epifania (só pode ter sido uma epifania…) de cada vez que se meteu a defender Sócrates e Pinto da Costa.

O que me irrita é pagar-se a um cidadão para ir dois minutos para uma televisão dizer este tipo de coisas. Juro que eu também era capaz. Quiçá com mais empenho e sem fazer aquele esgar de quem precisa urgentemente de um antiácido. E, quem sabe, levaria mais barato…
.

Etiquetas: , ,

Sporting 0 Rio Ave 1

[4746]

Começa cedo. Desta vez nem ao Natal chegamos!
.

Etiquetas: ,

Lá, como cá, presidentezinhos há

[4745]

O que choca não é bem o facto de se pedir dinheiro emprestado e cantar de galo. É esta mentalidadezinha provinciana que medra e floresce com particular incidência por esta península encantada. Fica a dúvida se estes valentaços acreditam mesmo no que dizem ou se têm, lá no fundo, a consciência de que estão apenas tentando agradar à clientela que os elege. Por mim é mais por eles próprios. À noite vão para a cama, contentes e com o sentimento de dever cumprido. E a pensar que aqueles gajos não fizeram mais que a sua obrigação. Emprestar-lhes o dinheiro que é deles, helas!

É por estas e por outras que me arrepia de cada vez que se fala em regionalização. Por enquanto a coisa ainda voga por rotundas e chafarizes, umas piscinas e uns túneis. Mas quantos autarcas e putativos presidentes regionais não sonharão com a ideia «virilaça» de exigirem o pagamento de dívidas com o dinheiro que eles acham que é deles?
.

Etiquetas: ,

segunda-feira, agosto 27, 2012

«Prontes»! E é isto!

[4744]

«Prontes»! E é isto! Passa por ser muito inteligente. E altamente qualificado no seu mister, sendo que, neste caso, julgo que a referência será a economia, matéria em que Louçã dá aulas.

Tenho dificuldade em entender como se cria este tipo de dados adquiridos. Por mim, acho que um homem muito inteligente e altamente qualificado terá o discernimento suficiente para pôr de lado a vertente trapaceira e as raivinhas incontidas contra tudo o que mexe e difira do seu pensamento. Um homem inteligente aceita a discussão, debate e privilegia as boas maneiras para fazer prevalecer as suas ideias. Louçã não faz nada disso, Truculento, raivoso e belicoso, nada diz ou faz que não seja através de primária demagogia tal qual se usa para gente idiota, que é o que ele gostaria que os portugueses fossem por muitos anos e bons. Louçã não quer o poder. Muito menos saberia o que fazer com ele. Verdade seja dita que também não sei bem o que ele quer, não sou psicólogo, sociólogo ou antropólogo.

A tragédia decorre do facto de nem ele próprio, provavelmente, saber. A sua grande realização pessoal é acelerar pela via tortuosa da estupidez humana ou das idiossincrasias estranhas que algumas elites portuguesas insistem em demonstrar como tique de bom-tom, quais sejam, por exemplo as de achar que este é um homem muito inteligente e muito, altamente, qualificado. Por mim, continuo sem saber porquê. Sei que incomoda muito e atrapalha ainda mais. E consegue o milagre de ter uma comunicação social pateta e patética que vai a correr atrás dele sempre que ele dá um pum. Coisa que, presumo, lhe aconteça com a mesma inevitabilidade com que acontece às pessoas.
.

Etiquetas: , ,

sábado, agosto 25, 2012

Mexeram na vaca sagrada

[4743]

E de repente fez-se luz. A RTP dá lucros e as explicações de peritos encartados despejam uma catadupa de algarismos que ninguém entende, mas de onde releva a palavra lucro (aparentemente um vocábulo de virtude e geometria variáveis, conforme o contexto) mas se escamoteia uma coisa qualquer que dá pelo nome de dívida acumulada de centenas de milhões de euros, vou repetir, centenas de milhões de euros, decorrente de má administração e créditos avalizados pelo Estado. Há ainda o pormenor do ridículo, o Expresso, por exemplo, ir ao cúmulo de fazer um exercício de antecipação e num anteprojecto tipo 3 x 9 = 27 e vão dois, noves fora nada, concluindo que os privados, contando com a contribuição dos cidadãos vão ter um exercício positivo de € 20 milhões. «Ganda Ricardo Costa». Via Blasfémias.

Paralelamente multiplicam-se abaixo assinados e «likes» da RTP2, uma estação que eu duvido que a maioria dos portugueses se lembra que existe. Mas nós continuamos a ter uma espécie de intelectualidade de mansarda parisiense, que é pequena mas tem a força que falta ao português profundo e que é preciso cultivar e daí à multiplicação à náusea de «likes» à RTP 2 foi um passo. Admira-me só a rara referência ao «Acontece», imagem de marca que, aparentemente, os intelectuais têm indesculpavelmente votado ao ostracismo. «Passou-se-lhes», acontece!

Não tenho uma ideia sólida sobre este cenário que foi passado ao público por António Borges. Tenho uma ideia sólida de que foi uma forma inábil e inaceitável, má, sem jeito, a de usar esta forma de comunicar. Mas, para mim, o fundamental é o «bueiro» de euros em que a RTP se tornou e que todos nós sustentámos, as elites amiguistas e seguidistas geradas e alimentadas a salários e honorários milionários e a medíocre qualidade de uma estação que dispõe de modernos e dispendiosos meios de produção. E fica esta imagem peregrina de se querer passar a imagem que o nosso serviço público é o mais barato da Europa. Primeiro, porque é mentira. Segundo, porque comparar a RTP com a BBC, por exemplo é um exercício de pura fantasia e demagogia.

Assim sendo, acabe-se com o forró. E acabe-se ainda com a vaca sagrada dos trabalhadores que poderão ser dispensados. Se os trabalhadores de uma fábrica de sapatos ou de têxteis podem (e são-no, frequentemente, sem ninguém colocar «likes» no FB) ser despedidos, não percebo esta preocupação com os trabalhadores (milhares…) da RTP.

Nota: No meio desta generalizada incompetência e forma relapsa de tratar dos nossos problemas, lembro-me que conviria que alguém se lembre de preservar o valioso espólio da estação. Parece ser do conhecimento geral que o arquivo tem uma importância histórica muito para além do seu valor intrínseco.
.

Etiquetas: ,

quinta-feira, agosto 23, 2012

8 x 5 quarenta e há quatro, vezes dois... menos, pera lá... e as vírgulas? hummm... 8 x 1 = 8 mais os quatro que iam... é isso

[4742]

Uma gafe é uma gafe. Não fazer a mínima ideia do que se está a dizer é não fazer a mínima ideia do que se está a dizer. É, pelo menos, o que decorre da leitura das parangonas do JN quando uma Bárbara Barroso e uma Ana Pinheiro desatam a fazer contas, calculam 0,8% de uma importância e fazem um título enorme anunciando que o Pingo Doce tem de pagar €1,20 em cada €15 de vendas, por um serviço bancário.

Se eu fosse director do JN fazia assim. Chamava as jornalistas e dava-lhes uma de duas opções. Dedicarem-se à pesca ou ficar de castigo um mês, a fazer contas com casas decimais.

O chato nestas coisas é que um dia destes aparece aí um «O JN errou» qualquer, mas nessa altura já muita gente se arrepiou com os bancos, pelo facto de cobrarem €1,20, em cada €15 de vendas por um serviço prestado. Ou seja, 0,8%, estão a perceber, não é?
.

Etiquetas:

quarta-feira, agosto 22, 2012

Quando os homens são bons

[4741]

Eu não sabia, mas há gente (caçadores?) que dispara sobre águias-reais, cegonhas e outras espécies rigorosamente protegidas.

No caso da águia-real, parece só existirem sessenta casais em toda a Península Ibérica. Pois há dias, um grupo de pessoas transportou uma soberba águia-real ao pico de um morro na região de Mértola e libertou-a, depois de durante três meses a ter tratado a uma fractura de asa provocada pelos chumbos dos valentões que gostam de disparar sobre águias e cegonhas.

A cena foi comovente. A águia ia numa caixa. Abriram a porta, a águia olhou à volta, como que receosa de ver tanta gente. Retiraram então a tampa da caixa e o magnífico animal olhou, intrigado, à sua volta, 360º, e quase que consegui ver nos seus olhos um misto de alívio e de incerteza sobre o que realmente lhe estava a acontecer. E eis que abre as asas e ensaia um pequeno voo de meia dúzia de metros. Pousou numa rocha muito perto. Vira-se para trás e olha para as pessoas que tinham acabado de a libertar. Deve ter percebido então que estava livre. Porque se elevou no espaço azul, adejando as enormes asas e depois pairou durante uns minutos sobre o vale. Uns minutos depois, quem sabe num gesto de agradecimento, passou sobre os seus libertadores como que a despedir-se, comovida e livre. E nunca mais foi vista.

Os homens, mesmo assim não resistiram e colocaram-lhe um pequeno emissor. Durante algum tempo saberemos por onde ela anda. Isto se entretanto, um dos nossos caçadores valentões não lhe der outro tiro.

Nota: A propósito deste feliz acontecimento conheci este blogue. É impressionante a quantidade de animais que são abatidos a tiro, tratados e devolvidos à natureza. O pior e o melhor encerrado em todos nós.

.

Etiquetas: ,

sábado, agosto 18, 2012

Papagaios

[4740]

Eu não sei bem (nem bem nem mal) quem é este Sérgio Lavos. Mas sei que quem titula um post sobre a matança de uns mineiros na África do Sul como «A barbárie capitalista» é porque não tem a mínima ideia do que está a dizer. Diria ainda que não tem a mínima ideia do que é África e a África do Sul. Sérgio fala por clichês e vai folheando a cartilha à medida que os acontecimentos se mostram de feição. Ou então… conhece e sabe e, nessa altura, o post dele é um exemplo pestilento de desonestidade.

Alguém que lhe explique, se for o primeiro caso.

Nota: Também tropecei, numa notícia do CM, segundo a qual teria havido um recontro entre a polícia e mineiros, a relembrar o massacre do Soweto, nos tempos do apartheid. Por acaso eu estava lá, foi em 1976. Nisto de massacres, é trágico andar a ver quem ganha a quem, mas convinha recordar ao jornalista do CM que o massacre do Soweto resultou na morte de quatro jovens atropelados por uma multidão de cerca de dez mil pessoas fugindo dos tiros da polícia. No caso dos mineiros, eram cerca de cem e mataram trinta e quatro. A tiro.
.

Etiquetas: , ,

Os actos políticos

[4739]

Valha-nos a Helena Matos com a sua habitual minúcia e presteza em desengavetar tralhas antigas e pôr a ridículo as tralhas modernas. Ou de como há galinheiros maus e colmeias boas.

Houve uma altura em que joguei râguebi na Académica. Ao tempo do professor Bruno como treinador. Lembro-me que no fim dos treinos (no estádio universitário, o do Calhabé era para o futebol) havia sempre um ou dois líderes estudantis que nos substituíam de imediato as estratégias de jogo do professor Bruno por uma autêntica barrela ao cérebro através da retórica inflamada anti-salazarista habitual. Eu não sabia bem porquê, era um jovem inexperiente, mas sabia que Salazar, entre outras malfeitorias, era um ditador, um provinciano, um fascista e um asceta deplorável que nos queria a todos pobrezinhos e que para nos dar o exemplo criava galinhas em casa. Tudo isto se me chocalhava na cabeça, como, de resto, à maioria dos meus colegas, mas se aqueles líderes o diziam, mais velhos, mais adiantados e com muito mais experiência que nós é porque devia estar certo. Também devíamos partir montras e bater em polícias. Frequentemente me perguntavam se eu alguma vez tinha batido num polícia e quando eu dizia que não, de imediato se instalava em mim um sentimento de culpa muito grande. Também me questionavam se alguma vez algum polícia me batera. Era urgente a absolutamente necessário que um polícia me batesse, ou que eu batesse num polícia, sob pena de eu não ser um entre iguais. Apesar de muitos como eu nunca terem sido brutalizados pela polícia. Lembro-me de um dia um de nós dizer que o facto de Salazar criar galinhas em casa era um acto político. O líder retrucou que o «cagar é um acto político». Lembro-me como se fosse hoje. Fiquei pensando na relação política entre o cagar e criar galinhas e não consegui chegar a nenhuma conclusão. Mas devia haver alguma porque o tal líder falava e falava e falava e embora não falasse em galinhas nem em merda, parecia haver ali um fio condutor qualquer.

Porque é que isto me veio à ideia? Nem sei bem. Talvez porque ser do reviralho era um estado de alma e hoje quando oiço muitos políticos no activo apresentarem como currículo o facto de terem sido anti-salazaristas na Academia, eu lembro-me bem das minhas angústias por nunca ter sido sovado por um polícia, ou da filosófica interpretação de alguns líderes estudantis sobre o cagar, como acto político. E percebo hoje como muito do que parecia ser ridículo e condenável, como um primeiro-ministro a criar galinhas, acaba por se tornar num exemplo feliz de boas práticas, quando se trata de personagens politicamente correctas. E de como os idiotas úteis não estão realmente em perigo de extinção.
.

Etiquetas: ,

Manhood

[4738]

Uma persistente e incómoda dor na zona lombar fez-me trocar hoje a minha actual caminhada por uma pedalada. E lá fui eu, ciclovia fora, a caminho do Guincho, com temperatura idílica e um nevoeiro delicioso, daqueles que não nos deixam ver a mais de cinquenta metros mas que nos permitem sentir o sol mesmo em cima a querer romper.

Há uma etapa na «pedalada» em que atinjo uma casal, pedalando também, na casa dos cinquenta que… o melhor é tentar transcrever:

Ele - Pedala mais certo, mulher.

Ela - Mas eu estou a pedalar bem, caramba, então tu …

Ele – Tás nada… olha para isso, tens de manter a pedalada bem regular. E olha, põe só a ponta do pé nos pedais, estás com o pedal a meio, depois queixa-te que tens varizes.

Ela: - Mas quais varizes, lá tas tu, nem que as varizes tenham alguma coisa a ver. Mas tá bem, olha, está bem assim?

Ele – Está melhor, mas agora mantém assim. Olha e chega os ombros para trás, estás toda curvada p’rá frente, valha-te Deus…

Ela – Não dá, Zé (o homem, aparentemente, chamava-se José), como é que chego para trás? Só se tirar as mãos do guiador.

Ele – Mas tu não regulaste o selim, caraças, eu acho que o selim está muito alto, já te disse que andes de montares tens de ver essas coisas. Tu és rodas baixas mas que mania de trazeres o selim mais alto, e por isso é que vais curvada…

Ela – Cala-te, homem. Não vou nada, tou muito bem assim.

Ele – Estás na 4?

Ela – Estou na 6 (Precisei de um par de segundos para perceber que estavam a falar das mudanças da bicicleta).

Ele – Põe na 4, não vês que daqui até à Guia é um bocadinho a subir?

Ela – Estou bem na 6…

Ele – Põe na 4, mulher, já te disse.

Nesta altura pus eu na 4 e ultrapassei o casal. Gorducho e claramente de aderência recente às pedaladas na ciclovia da Guia. Acelerei um pouco e deixei o casal que continuou num exercício claro de machismo à boa maneira lusitana, em que o homem explica permanentemente à mulher tudo o que e como ela deve fazer. Até a mudança da bicicleta. Quem sabe, é o resultado dele ser toda a semana amachucado pelo chefe no trabalho e precisar de descarregar na mulher. Quem sabe, é mesmo assim porque muitos homens (a maioria?) acumulam testosterona nos neurónios e depois dá nisto. O que me pareceu grave é que a mulher aceitava o diálogo com resignação e bonomia. E mais. Parecia gostar ou, quase que juraria, parecia ser-lhe essencial. Sem o marido, e no seu entendimento, ela não saberia como colocar os pés no pedal ou que mudança deveria engatar…
.

Etiquetas:

sexta-feira, agosto 17, 2012

Socooooorro

[4737]

Juro, não estou a exagerar… acordei e o televisor estava ligado. Nas brumas do subconsciente ainda entorpecido pelo sono, as palavras da apresentadora do «Bom dia Portugal» começaram a ocupar o lugar dos sonhos, varrendo-os para a luz do novo dia que começava, as palavras dela iam-se ligando, até que percebo que se fala de medicamentos, de falta de medicamentos, de Infarmed, medicamentos, faltam medicamentos no mercado. E eis que vem o inevitável repórter de rua fazer umas perguntas a um par de farmácias, não sem antes anunciar que o problema da falta de medicamentos era um triângulo de três, três, imagine-se, vértices. Antes que o moço me dissesse quantas hipotenusas e catetos tinha a falta de medicamentos, que Pitágoras é que tinha a culpa, que a pitagórica situação era culpa da Troika ou, no extremo, me explicasse que o problema era escaleno, equilátero ou, mais grave, isósceles, levantei-me. E, geometricamente, atirei-me para o duche.
.

Etiquetas: ,

quinta-feira, agosto 16, 2012

A culpa é da polícia, do governo, dos políticos, do berbigão, do Passos, das marés, da Transtejo, da senhora Merkel...

[4736]

Morre um pescador de amêijoas clandestino, perto de Alcochete. O homem era advogado e representava centenas de pescadores o que, à partida, lhe valoriza o currículo de boas práticas. Estas centenas, repito, centenas de pescadores ocupam-se na apanha destes bivalves, apesar de tal ser proibido, aparentemente por razões bem fortes e consistentes. Os familiares vêm para a televisão e zangam-se imenso com a polícia que teve culpa da morte do homem porque anda a fazer fiscalizações. Insurge-se contra a autoridade porque os homens andam apenas a ganhar o sustento para dar de comer à família, porque já não têm dinheiro para a renda de casa. Tudo aos berros. A lei diz que é proibido comercializar amêijoa apanhada no estuário do Tejo, mas os pescadores apanham centenas de quilos porque dizem que é para consumo próprio e isso não é proibido. O que é proibido é comercializar (assim um bocadinho como algumas drogas, podem ser consumidas mas não transaccionadas). A família continua a berrar nas televisões porque o homem ainda não apareceu derivado às brigadas de socorro que não deixaram os populares colaborar na pesquisa do corpo, que deve estar enterrado no lodo, coitadinho. Acusam ainda a polícia de ser culpada pela morte porque andava fazer fiscalização. Um chefe de polícia explica na televisão, com ar apologético, que não senhor, não andavam a fazer fiscalização coisa nenhuma, apenas passou um barco antes do acidente para ir a Alcochete perguntar de quem eram uns barcos que estavam ali acostados. A SIC ainda não pediu a opinião nem a Louçã nem a Jerónimo de Sousa, nem a Alfredo Barroso, Maria de Belém, Helena Roseta, Ruben de Carvalho nem Mário Soares ou Manuel Alegre. Mas não deve tardar. E o Tomás Vasques e a Ana Cristina Leonardo ainda não fizeram um postesinho sobre o assunto. Quiçá um postesão.

Como é complicado ser prior nesta freguesia. Alguém se entende nesta choldra?
.

Etiquetas: ,

segunda-feira, agosto 13, 2012

Respigado do fim-de-semana

[4735]

Submarinos. - Anda toda a gente excitada com as fotocópias de Paulo Portas e com os «papéis» que parecem ter desaparecido do dossiê dos submarinos. Ninguém tratou de saber desde quando. Tratou-se de vociferar contra este governo, ministro da defesa e foi-se até Paulo Portas, no rasto dos misteriosos papéis desaparecidos. Ninguém se preocupou em saber desde quando. E quem se devia preocupar anda calado. Os preocupados são a D. Constança do costume que não falta à festança… e se lhe perguntassem (à D. Constança) onde se meteram o raio dos papéis?

Salazar e a casa portuguesa com certeza. - A 4 de Julho de 1937 já havia anúncios deste género na imprensa portuguesa. Muito, mas muito antes da longa noite fascista. Antes dela, ao que parece, já a nação fazia uma prece que colocasse Salazar a salvo das malfeitorias e ciladas do mundo, concedendo-lhes mesmo uma indulgência de 50 dias. A prece deve ter funcionado porque o homem aguentou-se cerca de 40 anos. Mas afinal «isto» era culpa de Salazar? Ou somos nós já que já na altura tínhamos nascido assim ou, no mínimo, tínhamos sido operados? (ver no Malomil). Aliás, a não perder a série completa da Silly Season, naquele blogue. Quanto mais não seja para ver Mao Zedong a boiar de costas e a expressão angelical de Fidel Castro em pequenino.

Xixi na piscina. - O que foi por aí por causa das micções piscinais de Phelps. Por mim, de há muito que tinha feito os meus juízos que me afastaram da piscina. E só uma vez é que vi alguém ser preso. Um «fabiano» a ser levado pela GNR, um «utente» pergunta à GNR se fazer xixi na piscina dá prisão e o GNR responde que não porque não se pode provar. Já fazer xixi da prancha cá para baixo…

Utentes. - Uma vez mais temos utentes (ainda não se percebeu que comissões de utentes são uma reminiscência de um passado recente de que não nos devíamos orgulhar por aí além e que nos projectam para um estatuto menor de desenvolvimento e cidadania) a fazer tropelias, sem o mais elementar respeito porque quem está. E quem está (de férias) são, entre outros, o presidente da república e o primeiro-ministro. E lá foram eles no seu «corinho» afinado e felizes por terem nascido. Desta vez eram sete. E comandados pelo utente do costume, que parece ter o dom da ubiquidade.

Luisão. - Luísão é um brasileiro alto e peitudo, lento e meio tosco, atributos certamente definidos pela minha ignorância futebolística, que deu uma «peitada» num árbitro alemão. O homem caiu, parece que fez uma grande fita e fingiu ter desmaiado, levantou-se e deixou os jogadores a jogar sozinhos. Eu, provavelmente, teria feito o mesmo. Ainda não percebi bem o estatuto de que gozam alguns futebolistas e que lhes permite dar «peitadas» nos árbitros. No fim, vi treinador e jogadores rindo, o árbitro parece que já fez o relatório e o Benfica vai ter que devolver €200.000. Para não falar do castigo ao peitudo Luisão.

Vicente de Moura. – Um fidalgo do desporto nacional. Há mais de vinte anos que comanda os destinos olímpicos da paróquia e agora tratou de papaguear umas patetices sobre a desgraça do desporto nacional e de uns super deputados e super deputadas que o ofuscam (palavras do próprio). Só foi pena ter tido vinte anos para fazer (ou, pelo menos, dizer) qualquer coisa mas a última vez que dei por ele foi para dizer, há quatro anos atrás, que se recandidatava à presidência do Comité.

Zita Seabra. - Que não tem provas. Que é uma ressabiada. Uma mentirosa. Um ser menor. Uma desacreditada. A propósito de ter afirmado que alguns aparelhos de ar condicionado da FNAC eram usados para espiar pessoas ligadas ao governo. Se Zita está a mentir, não sei. Que me espanta o espanto dos espantados e despeitados por tão despeitadas afirmações é que me despeita e espanta. Porque me parece idiota pretender que os comunistas hesitassem um segundo sequer, se fosse preciso colocar um microfone ou uma câmara num aparelho de ar condicionado. Por mim, soube, li, vi e percebi, sem precisar de explicador ou que alguém mo dissesse, como é que as coisas funcionavam na altura das liberdades, garantias, solidariedades, internacionalismos e vigilâncias contra os maus. De um infeliz lembro-me eu de ter sido executado por ter uma nota de vinte dólares no bolso naquilo que foi considerado sabotagem económica. E no carnaval do dia seguinte, com as respectivas parangonas nos jornais. É preciso que as pessoas percebam que se os comunistas de agora não executam, não espiam e não nos escamoteiam o bem mais precioso do homem, a liberdade, é porque não podem e porque têm de fazer o jogo parlamentar para a sua própria sobrevivência política. Cabe-lhes a eles, aos comunistas, convencerem-nos do contrário. O que, diga-se a verdade, não lhes tem merecido um esforço por aí além. Já agora, ler isto. Talvez o preclaro e pressuroso Barroso (o Alfredo) pudesse adiantar qualquer coisa.
.

Etiquetas:

sábado, agosto 11, 2012

Snow flakes keep falling on my head…

[4734]

O aquecimento global meteu férias. Na África do Sul é comum nevar no maciço de Drakensberg, Reino do Lesotho e no maciço rochoso entre Ceres e Capetown. Mas este ano, os nevões cobrem uma extensa área da República e chegam a áreas pouco habituais.


Esta foto, por exemplo, é de ontem e foi tirada na N3 (entre Johannesburg e Durban) a cerca de 1 km do turn off para Nottingham Road.

Já este leão, de pose soberba, no jardim zoológico de Johannesburg deve estar reflectindo sobre que diabo querem those stupid white flakes that he’s never seen before nas savanas do Kruger. E mesmo que tenha nascido já no zoo, na última vez que nevou em Johannesburg ele não deveria sequer ter nascido.


Este cenário não tem nada a ver com Aspen, Zermatt ou Iceland. É nas Maluti Mountains (também soletradas Maloti), vistas de KZN.


Aqui, uma foto das mesmas Maluti, no Golden Gate National Park, em pleno Verão.

Este post está um pouquinho piegas, eu sei. É que gosto (e conheço bem) deste país, a que devo muito.
.

Etiquetas: ,

sexta-feira, agosto 10, 2012

Idem, idem, aspas, aspas


[4733]

Carolina Reis, uma «jornalista» do «jornal» O Expresso, que faz «notícias» e «crónicas» de vez em quando, noticia os roubos e os assaltos que alguns sindicalistas espanhóis vão fazendo em Espanha, nomeadamente em Sevilha, à boa maneira comunista. E jornalista de causas que se preze não pode dispensar as aspas diferenciadoras, não vá o povo não entender a bondade destas acções. Mais ou menos como quando por cá se assaltavam bancos e os assaltantes eram glorificados.

Esta gente (socialistas, sindicalistas, comunistas e outros agentes criptogâmicos da democracia) tem a virtude de nos ir recordando como eles funcionam em matéria de liberdades, direitos e garantias, enquanto alguns dos nossos jornalistas continuam a vestir a farpela das aspas sempre que acham que há roubos que são causas que urge defender e há os outros, os roubos, roubos. Normalmente feitos por patrões, empresários e outros poderosos avulso.

Esta «jornalista» deve dormir a pensar em que causa vai colocar aspas no dia seguinte. Por mim, revela-se, como muitos outros, uma pateta. Um Sancho Pança empertigado, de fidelidade canina ao Quixotismo moderno, mentalmente superior e moralmente asséptico em uso nesta repartição. Sem aspas nenhumas.

Leitura relacionada: A luta continua


Via O Insurgente

.

Etiquetas: , ,

E um dia acontece


[4732]

Ontem tive um almoço agradável. Dois bons amigos, colegas, mocetões escovados e bem parecidos, um mais extrovertido, outro mais metido nos seus botões.

A conversa fluiu agradável e (vá lá saber-se porquê…) pairou um pouco e acabou por fixar-se em mulheres. As mulheres, aqui e sempre como peça fulcral do pensamento e comportamento do androceu. Umas vezes porque são coisa boa de recordar, fantasiar e desejar, outras como factor incontornável de medo. Medo de tudo quanto a vida de hoje, rápida e voraz, nos demonstra que a mulher pode trazer ou causar ao homem. Mas… como evitá-las? Esta a grande a questão de um dos meus interlocutores, pessoa dada a amores e desamores e que «não pára quieto», de cada vez que elas lhe tolhem o passo, frequentemente estugado por um estranho e irreprimível desejo de as ver e com elas interagir, seja na placidez de uma refeição suave e romântica, seja no epílogo frenético a que uma refeição plácida e romântica pode conduzir. Mas ele tem medo. Ele adora o sexo oposto. Ele vibra à ideia, mesmo fugaz, de um encontro de fim-de-semana, do fascínio da sedução e à suprema vibração de uma noite de amor. Mas tem medo. Ele não quer prender-se… ou quer, mas tem medo. Ele acha que, de repente, pode ver-se emaranhado na confusão de um novelo de afectos, «obrigações», peado no caos de várias linhas de pesca ensarilhadas e querer sair do novelo e não conseguir. E não conseguir sair pode, dramaticamente, significar a perda (a perca, por falar em peixes, e como diria uma grande parte dos nossos jovens da comunicação social) de um mundo de prerrogativas a que qualquer homem se julga inabalavelmente com direito.

O interessante da conversa foi eu verificar que estes temores se antagonizavam, o meu companheiro de refeição manifestava uma total subordinação à suprema virtude do individualismo ao mesmo tempo que, parecia-me, se entristecia porque, na defesa intransigente desse desiderato, ele sentia que, por vezes, alguma coisa lhe passava ao lado e lhe fazia falta.

Descansei-o. Disse-lhe que com toda a certeza, alguém, em alguma parte, em tempo incerto, lhe varreria completamente os receios de que ele ora se sente possuído. Porque, como num passe de magia que hoje ainda ninguém sabe explicar, um dia chega o momento em que o individualismo se torna relativo, a liberdade submete-se docilmente ao campo da subjectividade e tudo se torna simples, lógico (tipo, não poderia ser de outra maneira…) e surpreendentemente delicioso. Esse estádio inevitável a que o homem um dia chega chama-se paixão. Pena que algumas mulheres o percebam e exorbitem. Está-lhes nas tripas! Mas os homens mantêm uma vitalidade extraordinária que lhes permite flexibilizar e ajustar os estados de alma e apaixonarem-se… de vez em quando. Espero que «isto» sossegue um pouco um dos meus companheiros de almoço de ontem.
.

Etiquetas: , , ,

quarta-feira, agosto 08, 2012

Nos tempos em que não era necessário ser comunista, bastava falar como eles, dizer o que eles diziam…

.
Logo da FNAC. Reparar na «ternurinha» da estrela. Se fosse hoje era capaz de levar uma rosa ou um magalhães. O homem sabe da poda!

[4731]

… e era fácil ser empresário. Desde que se abrisse a cartilha e, em casos extremos, uns pay-offs a ajudar. Assim se fez, a seu tempo, história em Angola e em Moçambique. Lembro-me das excitações causadas pela FNAC, uns aparelhos de ar condicionado com a suprema virtude de serem feitos a partir de tecnologia alemã do Leste, um 2 x 1 consubstanciado no facto de ser um país comunista e, not the least, comunista MAS com uma tecnologia superior à tecnologia dos outros países do Leste Europeu (lá estavam uns inenarráveis IFA’s a atestá-lo, uma espécie de camiões exportados aos milhares para os países africanos de trato socialista, internacionalista e solidário).

Alexandre Alves era o rosto desta fantástica aventura e mesmo quando vendia alimentos fora de prazo a sua reputação de empresário moderno e progressista (era conotado com o PC e com o Benfica, coitados dos lampiões, que não eram tidos nem achados na contenda, mas vinham à baila, sempre que Alexandre se queria mostrar como um «homem de massas»). Conheci circunstancialmente a criatura, em ocasiões sociais em Moçambique e depressa e facilmente lhe tirei a fotografia. Fotografia que, de resto, se tornou bem nítida com o que inevitavelmente acontecia às empresas em que se envolvia. Falências, aldrabices, processos, dinheiros a pagar e a receber, trapalhadas, mas o homem era um homem de massas, das massas do Benfica e das massas populares e a tudo resistia com o encanto da sua retórica, de mote passado pelos amigos que havia em cada esquina, anunciando amanhãs cantantes.

Parece que de outras massas ele se tornou igualmente exímio. Para isso basta-lhe apregoar empregos aos milhares (só engenheiros eram umas centenas) e pegar em indústrias queridas aos socialistas no poder. Podem ser painéis solares, como fábricas de água a ferver, tudo serve desde que se insira na retórica socialista. Sobretudo daquela que, sem pudor, anuncia milhares de postos de trabalho nas campanhas eleitorais, como se os postos de trabalho fossem criados por decreto e o socialismo o criador. E isto foi o que aconteceu uma vez mais. Alexandre descobriu Sócrates. Encontrou o testo para a panela e fez o que quis. Que gente impreparada vá na conversa fiada de Alexandre não me surpreende. Que Sócrates, de infeliz memória, se deixasse (deixasse? Quisesse?) arrastar por esta conversa de um, dois, três de Oliveira Quatro é que é condenável. Sócrates era primeiro-ministro, não era um empresário de vão de escada. E tinha a obrigação de saber disto. E desta vez, as massas não eram benfiquistas, nem populares. Seriam massas nossas, dos portugueses pagantes que Sócrates nunca hesitou em usar em proveito da sua insaciável sofreguidão, no maior desrespeito pelas finanças dos seus eleitores. E dos outros, porque quando toca a pagar, é tudo do PP, Partido dos Pagantes.

Eu não sei o que vai sair desta história. Nem estou verdadeiramente interessado em pormenores, tipo quanto é que Alexandre recebeu, se não recebeu. O que me afronta e abana é ver como estas coisas vão aparecendo e mais - a forma como alguma comunicação social reporta estas tropelias. Ou com uma extraordinária benevolência em relação a Sócrates e ao seu governo ou com uma aflitiva pacatez bovina. Já o mesmo aconteceu com os Magalhães. Alguém sabe verdadeiramente o que se passou?

E aqui está como um acesso de fúria me faz sair, por uns minutos, do meu desejável descanso do blogue.

Ler aqui; E aqui. E ainda aqui; E se não for muita maçada, aqui. Oops... e aqui também. Pronto, só mais esta.
.

Etiquetas: ,

domingo, agosto 05, 2012

Encerrado para descanso do pessoal

.
[4730)

Porque também sou filho de Deus!
.

Etiquetas:

quarta-feira, agosto 01, 2012

A lamúria do costume


[4729]

Começa a lamúria do costume. Num país onde NADA se faz ao nível do desporto escolar, onde não se inculca na juventude qualquer espírito de competição, solidariedade desportiva, espírito de equipa, fairplay (sem ser esse que anda por aí formatado nos estádios de futebol), em que não existe qualquer tipo de competição interescolar, pelo menos que eu dê por isso, onde o recurso à lembrança de um par de glórias nacionais se converteu já no faducho com letra do meu marido, música do gajo que vive comigo e dedicado ao gajo da mesa do canto, de que nos admiramos de nós? Onde as tricas do Comité Olímpico (sempre me fascinou como é que se chega a este tipo de lugares, presidentes de federações e comités, tipo lugares vitalícios como os sindicalistas), mais a menina que não lhe apeteceu ir a uma regata qualquer ou um atleta que faltou a uma prova porque se deixou dormir…são a verdadeira génese da nossa pindérica e repetitiva presença nos jogos olímpicos, estaríamos à espera de quê? Alguém com responsabilidades na Educação se preocupou alguma vez em ver como se faz lá fora para pôr os miúdos a nadar, a correr, a saltar, a jogar várias modalidades pelas escolas fora (se quiserem posso dar umas dicas de como era com os meus, que tiveram a fortuna de estudar lá fora e perceber e amar o fenómeno desportivo). Os próprios professores dão algum contributo nesse sentido, nos intervalos das manifestações do Mário Nogueira?

Hoje de manhã fixei-me na expressão feliz e sadia de Phelps, acabadinho de ganhar uma medalha e tornando-se o mais medalhado atleta de sempre. E na expressão e estampa física daquele jovem vi todo um mundo de diferença que nos separa ainda de uma presença minimamente aceitável nos jogos Olímpicos.
.

Etiquetas:

Blackin


[4728]

É como se sessenta «Portugais» ficassem às escuras. Na Índia, a produção e abastecimento de energia eléctrica estão entregues ao Estado. O que admira, porque em muitos campos de actividade industrial a Índia é um caso de reconhecido sucesso. Mas lá, como cá, os pruridos existem em se tratando de matérias estratégicas e de interesse nacional.

Por cá ainda não ouvi os suspeitos do costume manifestarem-se sobre uma situação que, para além da enormidade do apagão, é conhecida pelos frequentes cortes de energia, manifestamente devidos a um consumo colossal e à inoperância do Estado em lidar com o problema.
.

Etiquetas: ,