terça-feira, agosto 28, 2012

Lá, como cá, presidentezinhos há

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O que choca não é bem o facto de se pedir dinheiro emprestado e cantar de galo. É esta mentalidadezinha provinciana que medra e floresce com particular incidência por esta península encantada. Fica a dúvida se estes valentaços acreditam mesmo no que dizem ou se têm, lá no fundo, a consciência de que estão apenas tentando agradar à clientela que os elege. Por mim é mais por eles próprios. À noite vão para a cama, contentes e com o sentimento de dever cumprido. E a pensar que aqueles gajos não fizeram mais que a sua obrigação. Emprestar-lhes o dinheiro que é deles, helas!

É por estas e por outras que me arrepia de cada vez que se fala em regionalização. Por enquanto a coisa ainda voga por rotundas e chafarizes, umas piscinas e uns túneis. Mas quantos autarcas e putativos presidentes regionais não sonharão com a ideia «virilaça» de exigirem o pagamento de dívidas com o dinheiro que eles acham que é deles?
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3 Comments:

At 10:02 da manhã, Blogger Antonio Almeida Felizes disse...

Má gestão é uma coisa, questões político administrativas são outra coisa. Não vale confundir as coisas.

É curioso como é que há gente que se atira aos autarcas por causa das rotundas e dos chafarizes e perdoam tudo ao Governo Central que por caso gere mais de 85% do dinheiro público e é responsável por cerca de 90% da dívida pública.

Enfim...!

 
At 10:03 da manhã, Blogger Antonio Almeida Felizes disse...

Má gestão é uma coisa, questões político administrativas são outra coisa. Não vale confundir as coisas.

É curioso como é que há gente que se atira aos autarcas por causa das rotundas e dos chafarizes e perdoam tudo ao Governo Central que por caso gere mais de 85% do dinheiro público e é responsável por cerca de 90% da dívida pública.

Enfim...!

 
At 4:22 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Prezado António Felizes

O seu condescendente «enfim» no final do comentário quase me levou a ignorá-lo. Mas depois fui ouvir a sua entrevista (tenho de confessar a minha ignorância sobre a quantidade e possível qualidade de meios ao serviço da regionalização...) e o senhor pareceu-me um homem sério e bem intencionado. E qualquer ideia de um homem que me pareça sério me merece de imediato respeito integral. Só ouvi 12 minutos da entrevista (é muito longa e começou a tornar-se repetitiva e não me trazia nada de novo ao que já li e ouvi sobre a regionalização), mas gostaria de lhe dizer que a sua tese de que «a gente se atirar aos autarcas por causa das rotundas» é muito simplista. Porque em parte alguma do meu pequeno e modesto post eu deixei transparecer tal sentimento. Até porque «atirar a», no que me diz respeito, só mesmo a uma mulher bonita, desde que, naturalmente, eu sinta um mínimo de reciprocidade...). O meu problema com a regionalização é eu temer mais os regionalistas do que a dita... é, no fundo, é isso. Talvez porque tenho um bocado de mundo e aprendi que Portugal é um país fabuloso, os portugueses é que o estragam um bocadinho. Mesmo porque a regionalização decorre de duas vertentes principais. Uma, ideológica e a outra... exactamente, regionalista, bairrista, muito fê-quê-pê, soit disant... Não consigo entender quaisquer dos argumentos usados a favor da regionalização em Portugal. Podem citar-me o exemplo da Suiça (país que, por acaso,entre outros, conheço bem...) mas os pressupostos dessa regionalização radicam em razões bem fortes e bem distintas das nossas. Portugal é um raro exemplo de unidade e afinidade cultural (sei, sei que aqui me dirão que um alentejano é diferente de um transmontano), que muitos regionalistas se esforçam por destruir.

Quanto ao facto que refere do centralismo gerir mais de 85% do dinheiro público e ser responsável por cerca de 90% da dívida pública, parece-me uma coisa simples de explicar. Bastaria reduzir a clientela do Estado, retirando-lhe assim uma parte substancial do dinheiro de que dispõe. Regionalizar, ao contrário, serviria para dar mais dinheiro ao Estado. E, naturalmente, agravar a camisa de onze varas em que estamos metidos. Mas isto digo eu, que não percebo nada de economia nem de finanças, mas percebo alguma coisa de homens «mai-las» suas idiossincrasias. Sobretudo quando eles sentem uma necessidade intestina em se afirmar por diferenças que deveriam servir para fortalecer a unidade em vez de a esboroar. E não acabo com um «enfim» porque você me pareceu um homem sério e bem intencionado. Ainda por cima formado em economia e com um blogue de causas, como disse o seu colega.

Obrigado pelo seu comentário.

Nelson Reprezas

 

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