O Sol Nasce Todos os Dias
Acabei de retirar um post brejeiro a glosar a ajuda da cozinheira do nosso embaixador na Tailândia. Cinco minutos depois de o ter publicado. É que a tragédia realmente foi tão grande que
não dá sequer para brincar com as nossas tradicionais insuficiências de rigor e a nossa proverbial pouca vergonha.. E prefiro manter-me no recolhimento em memória dos infelizes que pereceram nesta tremenda catástrofe. Sobretudo não ceder à tentação de análises capciosas sobre as “nossas” culpas, entenda-se dos ocidentais que, do conforto dos seus sofás e da tecnologia avançada dos teclados dos seus computadores, se lançam agora em considerações filosóficas sobre o assunto e sobre a contumácia das nossas responsabilidades.
E que amanhã o sol nasça de novo, para todos, como na foto acima e que com ele venha a esperança de tempos melhores.
Feliz Ano Novo
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Como já sou grande para pôr o sapatinho na chaminé, costumo transferir os desejos de Natal para alguns votos de melhoria ambiental dos meus pontos de vista pessoal. Assim, aqui listo as coisas que eu gostaria que acontecessem, ou não acontecessem, em 2005. Sem cronologia, prioridades nem ordenamento alfabético, assim "à medida que me for lembrando".
1) Que os meus amigos continuem a merecer-me e eu a merecê-los, na expressão duma amizade sincera e leal, bem como lhes não falte a saúde e melhorem os que dela vão precisando;
2) Que nada nem ninguém ensombre um desenvolvimento normal da vida dos que amo;
3) Que o PS ganhe depressa as eleições, que tenha uma maioria absoluta muito absoluta que lhes permita fazer as asneiras mais depressa, para termos eleições outra vez, preferencialmente após um período de reapetrechamento e reorganização por parte de quem possa conseguir pôr ordem na tal choldra e consiga criar nas pessoas uma consciencialização política mais eficaz e desapaixonada e o sentido cívico que nos falta. E já que estou com a mão na massa…
4) Que a Leonor Coutinho arranje um namorado sem carta;
5) Que alguém explique a João Cravinho esta coisa das SCUT e lhe diga que a política e o interesse dos cidadãos não se compadecem com ressabiamentos nem problemas mal resolvidos de pequenino;
6) Que a Maria de Belém não faça beicinho e lhe arrangem outra vez um Ministério qualquer de Igualdade;
7) Que Sócrates case e tenha um filho… ou dois, que eles se dêem bem com os irmãos e passemos a ter um primeiro ministro com família e isso…
8) Que o Jorge Coelho não vá cantar o Only You outra vez e aprenda a conjugar o verbo Haver;
9) Que não caiam pontes nem viadutos e que desembaralhem de vez aquela alhada que o PS arranjou lá com o metro do Terreiro do Paço;
10) Que os blogues continuem bem de saúde, que eu continue a deliciar-me com alguns deles e consiga gerir (ou aumentar) o meu capital de paciência para outros (eu sei que ninguém me obriga a lê-los, mas eu tenho esta mania idiota de ler o que gosto e o que não gosto, que me lembre só consegui descontinuar a leitura dos artigos de Mário Soares);
11) Que os escritores interventivos e lutadores de causas não sejam extremados quando morrem, cantados à exaustão e considerados irrepetíveis, sobretudo se forem americanos, só porque disseram mal de Bush, acharam que o Iraque e o Afeganistão são atentados às liberdades e são dados à cultura europeia, leram Joyce e Becket e acharam que a sociedade americana é esquizóide e inculta, independentemente da sua qualidade literária;
12) Que o desemprego decresça em Portugal, por acção de políticas económicas e sustentáveis e não através de políticas proteccionistas, demagógigas e fatalmente condenadas a agravar a situação;
13) Que os jornalistas melhorem de nível. Da substãncia da intervenção à expressão oral e escrita;
14) Que, de uma vez por todas, eu deixe de ouvir na rádio ilecóptero, juniores com acentuação fonética no U, consígamos, desde logo, é assim, póssamos e correlativos;
15) Que uma fada qualquer corra com a varinha de condão os caciques profundos, parolos, insuportavelmente incultos e objectivamente responsáveis por muito do atraso que ainda hoje se verifica em Portugal;
16) Que acabem de vez com a treta do túnel do Marquês. Acabem-no ou fechem aquilo;
17) Que Lisboa se dispa de tapumes, gruas, andaimes, montes de areia, carros amontoados, betoneiras e contentores imensos cheios de imenso lixo…já agora, o país inteiro, transformado no maior estaleiro de que tenho memória e sem paralelo em nenhum dos países que conheço;
18) Que o meu país consiga dar um salto de vinte anos na forma e no conteúdo de fazer oposição, sem os tiques terceiro mundistas de uma esquerda obnóxia, obscena e ultrapassada, já sem paralelo na Europa…
19) Que não se arranje tricas com Scolari e o deixem ganharmos o Mundial de 2006… nem que tenhamos de pôr as bandeiras à varanda outra vez;
20) Que os processos do Apito Dourado e da Casa Pia sigam o seu rumo e a gajada seja condenada e que os inocentes saiam em liberdade;
21) Que os restaurantes da Estrela e da Lapa melhorem o sistema de exaustão e não continuem a fazer do Óleo Fula um desodorizante – entranhado na roupa até a mesma ir para a máquina.
22) Que o meu país continue a ter as mulheres mais bonitas do mundo, vestidas com gosto e com aquele não sei quê que só as portuguesas têm… (algumas não têm, mas eu hoje estou assim!)
23) Falando de mulheres… que aquelas com que me cruzo diariamente ao volante não sintam aquela vontade intestina de me provarem que guiam pelo menos tão bem como eu. Eu nem sou machista, até acho que elas guiam bem e não precisam de mo demonstrar;
24) Que o pessoal das comerciais com rede ao meio não faça do seu período de trabalho e do carro que conduzem um objecto diário de masturbação, ziguezagueando por Lisboa e olhando para mim com cara de tira-me essa merda da frente, ó marreco;
25) Que, finalmente, toda a gente de quem gosto e não gosto se reveja em 2005 em mais uma etapa de luta, mas também de reconhecimento pelo seu trabalho e pelo seu esforço.
Dada a acentuada crise criativa que se vai verificando aqui no Espumadamente, nada mais me ocorre a não ser este genuino voto para 2005. Podia fazer votos para a Saúde, Educação, Justiça e o menu do costume. Mas não creio que 2005 traga novidades neste domínio por razões complexas que têm mais a ver com pessoas do que com estratégias ou reformas. Talvez com o tempo…2005 será um ano em que não votarei…não consigo votar em Santa Lopes e rejeito liminarmente votar no PS. O que é que eu faço?
Uma chamada final para os blogues que me habitualmente me lêem. Que me lincaram ou não, mas que me lêem regularmente, o que é gratificante. Um Bom Ano para todos vocês e que mantenham a qualidade e o humor a que me habituaram. Tudo de bom.