Soltem os prisioneiros...
Como dizia T. Talbot (não sei quem foi este tipo nem se existiu, mas aproxima-se a época das citações e quem sou eu para deixar créditos por mãos alheias?), não há mal que sempre dure nem pior que não nos fure. O Santana femeeiro, apreciador de violino, ex DJ de bares de frequência duvidosa, patrono de túneis inacabados, casinos virtuais, coscuvilheiro, cabelo de incipiente rabo de cavalo, intriguista, mediático e cheio de caspa vai-se embora por indecente e má figura. Com ele, vai Portas, o da cabeleira, o da Vichyssoise, dos ataques destemperados no Independente, o (alegado) gay que escandalizou as mais conscienciosas claques defensoras do direito à diferença e outras virtudes. Por mim, tudo bem. Já vão tarde. Ainda que a sua saída provenha de um parto da mais descarada natureza, de um embuste grosseiro, de uma autêntica fraude e ao arrepio do mais elementar bom senso, foram bem e foram tarde. Estes são co-responsáveis pela lastimosa situação a que chegámos. Tanto como Durão Barroso, aliás. Confesso que, sabendo o que sei hoje, me teria insurgido contra a decisão de Barroso que, na altura, achei normal e até honrosa.
E hoje, inevitavelmente e pela primeira vez, ouvi na TV o que mais receava. Sócrates já admitiu uma possível coligação com o Bloco. Sim, porque lá dizia (deixa lá ver... de quem terá sido a citação??) vale mais um pássaro na mão que a mão na pássara e não vá a vitimização de Santana roubar-lhe a maioria absoluta, nestas coisa nunca se sabe, o povo é estúpido, pensará ele e ainda é capaz de ter pena e votar no homem outra vez...
Temos assim a mais que provável hipótese de sermos comandados por Sócrates, Ana Gomes, Cravinho, M. de Belém, Souto Moura, Serginho (não o da TV, mas também servia...), Benavente. Guilherme Martins, um ou outro das “fronteiras” (quem sabe se um Vaz Guedes) e, cereja no bolo, Louçã e Portas (o outro, o “bom”), com F. Rosas e Fazenda na penumbra a comprar os árbitros. Todos eles juntos, bem agitados, levados a banho-maria e servidos quentes vão ser responsáveis por mais um período muito complicado da nossa periclitante existência e economia, até os “outros” (leia-se PSD) se reorganizarem e venham pôr a casa em ordem, outra vez. Como de costume, afinal.
Até lá, vamos entrar em sezões de estilo barnabético e orgasmos de esquerda evoluída e solidária. Múltiplos, claro.
Sampaio, ruivo e preocupado, com aquele ar “vigilante” que lhe ficou das reuniões no Flórida, vai assistindo e talvez daqui por ano e pouco vote em Cavaco como uma consciente e recatada atitude de verdadeiro sentido de Estado, convencido que contribuiu decisivamente para o fim de nova bandalheira e de novos pântanos. O seu último serviço à Nação!
4 Comments:
(Posso tratar-te por tu? Já há dois dias que nos tratamos com cerimónia? Na net, é um tempão!)
Acho que a tua análise é muito pessimista e sobretudo derrotada.
Eu sinto-me traída por uma esquerda na qual sempre votei, o PS, que se transformou numa organização em quase tudo semelhante ao PSD. Por isso apoiei Manuel Alegre nestas eleições para SG do PS.
Mas não podemos morrer na praia...
temos de imaginar o que por estas bandas se sente politicamente. sugestão de quem tem interesse em moçambique: ouvir pelo menos uma vez o parlamento :)
Madalena
Tuemos, claro, com muito gosto.
O problema da esquerda, para mim, entre outros,é a visão redutora de esquerda e de direita. Há valores e conceitos modernos que contemplam o desenvolvimento e a melhoria das condições sociais que têm mais a ver com competência e eficácia do que com ideologias. Aliás, como se nota em grande parte dos países da UE. Por exemplo... o que é que a esquerda do Labour tem a ver com a nossa? Quanto a M.Alegre, é uma figura referencial mas, introspectivamente, ele teria traquejo para uma carreira no governo?
Comenta sempre :)
Nónio
O novo Butglione... pois, já li o seu post e agradeço a dica que me deu. Só tenho pena porque li hoje a notícia no DN e apeteceu-me escrever sobre aquilo. Mas você já o fez com brilho. Obrigado
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