Monovolumosas receitas
Estou descoroçoado. Eu, que em “reflexão profunda” até achava que o princípio de utilizador-pagador era justo e lógico... eu que me habituei a não embarcar em reacções massivas e a pensar por mim... eu que até achei que as SCUTS eram uma fraude burlesca de raiz eleitoralista e uma das mais expressivas manifestações de irresponsabilidade de Cravinho... eu que... por aí fora! Eis senão quando, oiço António Mexia a dar-me uma capciosa explicação sobre as razões e a forma pelas quais os monovolumes vão pagar menos pelas portagens e que os veículos normais, não sei quê... aumentos diluídos em sete anos... aumentos anuais equivalentes a 90% da inflacção anual agora passam a 100%, coisital, breu-béu-béu, peixe é agua e toma lá, comprem um monovolume que a AutoEuropa é que é bom. Por outras palavras, o feliz utilizador dum monovolume (espero que a medida não seja só aplicável ao Sharan e abranja também, a Espace, a Voyager e outras) utiliza e eu, utilizador de um Punto, de um Corsa ou de um Twingo pago pela minha utilização e pela utilização do tal feliz utilizador de um monovolume. Pois... uns são mais utilizadores que outros.
Mas isto nem é o que me arrepia mais. Eu gostava de saber, conhecedor da chicoespertice nacional, que contas foram feitas, como foram feitas e se vai haver proporcionalidade entre o número de monovolumes que pagam menos e o número dos outro veículos que pagam mais. Sabendo como as coisas funcionam e como a impunidade impera, receio o pior. O pior, para mim, claro, que não tenho um monovolume, para a Brisa, será o melhor, com certeza. E esta manobra vai representar, seguramente, um aumento de receita para a Brisa. Ainda que servisse, mas que não nos chamassem parvos e, sobretudo, que se calassem com a treta do utilizador-pagador.
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