Um cartaz em que fingimos estar a perceber o que há para o almoço... e acabamos a comer spaguetti bolognese. Porque será?
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Verão – Entre 22 e 25 graus. Todos os dias
.
País – Bonito, mesmo não tendo vislumbrado uma montanha, um
morro… um simples aterro. Tudo certo, calculado e vivido ao milímetro, a pé, de
bicicleta ou de carro. Cada qual com a sua estrita faixa de circulação
Gente – Muito educada, muito cooperante mas claramente desconhecedora
de certas idiossincrasias de outros povos, como os latinos, por exemplo. Não
acham graça a uma graça, mesmo dita por gente que acha que tem graça e tenta
dizer uma graça. Uma desgraça. Não se visitam. Como os prédios não tem campainha
nem intercomunicadores, todas as visitas se consumam por actos anunciados com
um telefonema ou mensagem. Exemplos opostos:
- Alugo um carro na Avis e quando percebo que a minha filha
não me pode ir buscar ao aeroporto, pergunto à menina da Avis que talvez eu precisasse
de alugar um carro mais apetrechado (era um Skoda não sei quê) porque não
conhecia a cidade, precisava de um GPS. E ela diz, de imediato. No need for
that sir… arranjo-lhe um GPS extra. E em dois minutos aparece com um GPS,
pergunta em que língua quero, incluindo o português, explica-me a geringonça
(é…o sorridente Costa até a falar de GPS me faz lembrar dele, mesmo sem querer)
e quando lhe pergunto quanto era o extra, ela diz-me, com um sorriso perfeito
que não havia extra, era complimentary…
- No lado oposto, vou a
um restaurante, eu, uma filha e uma neta para almoçarmos buffet. No pagamento
antecipado, a senhora do caixa pergunta à minha neta que idade ela tinha: - Onze,
diz ela. Ok, então pagas half price, e deu-lhe uma senha de €8,50. Depois
virou-se para mim e perguntou que idade eu tinha. E eu, como vou mantendo a
mania que aqui e ali tenho graça, respondi; - Eu não, já não tenho onze, que
idade me dá? E devo ter feito um sorriso idiota. A senhora não se ri e responde-me,
sem hostilidade, mas com cara de quem está “doing her job”: - Sir, eu não estou
aqui para fazer adivinhação da idade das pessoas, apenas lhe perguntei a
idade…aí eu percebi que esta gente tem uma noção do humor algo desencontrada da nossa… e enquanto eu fazia contas de cabeça ela pergunta-me, condescendente: -
Tem mais de 65? Yes, I am, disse eu, com o ar mais sério que pude arranjar. E
ela dá-me uma senha de €8,50. Uma coisa que me fez pensar que ou estou a regredir
para uma fase de senilidade infantil, ou estou mesmo velho ou, realmente, não
tenho qualquer espécie de graça.
Custo de vida – Como a maioria das pessoas, fui preparado
para gastar um saco de dinheiro e esgotar os cartões de crédito, dada a
tradicional ideia de que a vida lá é caríssima. Mas eis que dou com gasolina
mais barata dois cêntimos, contas de luz entre 15 a 20 euros mensais, e
refeições frugais entre 13 e 15 euros. De muitas defesas para os consumidores.
Inúmeras lojas de roupa, por exemplo, de artigos com defeito, permitem comprar
botas a 5 euros ou peças de vestuário a dois e três euros. Quem quiser Louis
Vuitton e correlativos vai ao centro e visitas muitas dezenas de lojas de marca
e paga fortunas. Caminhando nos passeios
aquecidos (juro) para a neve não se acumular no Inverno.
Romance – Perguntei a uma amiga da minha filha, uma moça de
37 anos bonita, portuguesa e divorciada, com duas crianças, como era possível
uma mulher bonita e jovem como ela viver sozinha. E ela responde-me que na
Finlândia era complicado (!!!!!). Porque os homens lá, não dão um passo, não
fazem um avanço, não tomam uma iniciativa em direcção a uma mulher. Não por
machismo… mas por questão de mentalidade e uma matriz cultural que classifica o
avanço do homem em relação a uma mulher como um acto, digamos, grosseiro. Daí
que qualquer avanço ou sinal deva pertencer às mulheres, ao que o homem, após
receber o sinal de que uma mulher está interessada, faz então a sua aproximação.
E pode então explanar as suas potencialidades de macho porque obteve como que
uma espécie de salvo-conduto de que não estaria a ser inoportuno. Esquisito,
não? Mas é assim. Acho que os pinguins têm um comportamento semelhante… mas os
pinguins pertencem ao Sul. Sei lá… qualquer gene arrastado pelas marés poderá
ter determinado o sistema.
No que se refere à minha baralhada pessoa, ao fim de cinco
dias vim-me embora. Nenhuma mulher avançou fosse o que fosse comigo, se armou
em pinguim. É a constatação sinistra de que estou a tornar-me dolorosamente desinteressante…
vim, compreensivelmente, embora. Com a estima em baixo, acabrunhado e a
embirrar com os pinguins.
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Etiquetas: coisas.interessantes, Finlândia