Saudade de gente séria
Aníbal Cavaco Silva pode ser feioso, comer bolo-rei com a
boca aberta e meio chato na fonética. Mas tem a grande virtude de ser honesto, ter
um elevado sentido de Estado e não
precisar de se socorrer de ideologias frustes para dizer o que tem a dizer, em
regime factual que só os imbecis ou os mal intencionados poderão rejeitar.
É mais ou menos por isso que se verifica o aparecimento dos
porta-vozes do costume ou a habitual verrina das redes sociais que o melhor que arranjaram para criticar Cavaco foi o
silogismo do uso do verbo piar, durante a sua intervenção na Universidade de
Verão em Portalegre. Em todo o caso uma retórica bem distante e isenta das
javardices em uso e abuso de grande parte dos socialistas, desde o vernáculo de
Sócrates e Ferro Rodrigues ao marialvismo de Jorge Coelho, Guterres, João
Soares e outros que partem as fuças a toda gente oferecem murros e bofetadas ou
à pesporrência do falecido Soares, uma espécie de rei sem coroa que ralhava com
polícias e produzia alarvidades pouco consentâneas com a sua condição de figura
institucional.
É isso. Cavaco falou e disse umas quantas verdades. E a “esquerdofilia”
(perdoe-se-me o palavrão) que sossegue e se contenha de dizer disparates. Mesmo
comendo bolo-rei de boca fechada. Porque o que Cavaco disse é factual, não é
ideológico. E pôs o dedo na ferida. Aliás, em várias feridas. Que nem a loquacidade
e o destempero de Marcelo escaparam.
Tenho saudade de gente séria.
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Etiquetas: cavaco silva, Universidade de Verão da JSD
1 Comments:
Sim, gente séria é uma das básicas qualidades que se procura num candidato quando se trata de eleger alguém que terá poder. Mas a carne é fraca.
A capacidade de nunca se enganar -mesmo em primeira encarnação- é um dado a comprovar. Convém portanto que o sistema político tenha alguns poderosos contra-poderes, democráticos e transparentes.
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