ESPUMADAMENTE
puro auto-entretenimento
quarta-feira, maio 31, 2006
Blogoesfera
[1034]
«Num país com ensino obrigatório e gratuito, assistência social pública, inspecção do trabalho, salário mínimo, rendimento de inserção social, abono de família, serviços de apoio social escolar, comissões de protecção de menores, serviços municipais de apoio social, Ministério da Administração Interna, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, Ministério da Educação, uma despesa pública que é metade do PIB e um défice de 6% a responsabilidade pela existência de trabalho infantil só pode ser do neo-liberalismo.»
João Miranda, in Blasfémias
«Num país com ensino obrigatório e gratuito, assistência social pública, inspecção do trabalho, salário mínimo, rendimento de inserção social, abono de família, serviços de apoio social escolar, comissões de protecção de menores, serviços municipais de apoio social, Ministério da Administração Interna, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, Ministério da Educação, uma despesa pública que é metade do PIB e um défice de 6% a responsabilidade pela existência de trabalho infantil só pode ser do neo-liberalismo.»
João Miranda, in Blasfémias
Calor, maminhas e leis laborais
[1033]
Do milhão de carnes diferentes servidas nos restaurantes de rodízio, devo comer duas ou três, sendo que uma são aqueles pedacinhos de peru (julgo) embrulhados em bacon. Mais uma colher de feijão e outra de arroz, está feita a festa. Rejeito o fiambre grelhado, as maminhas (nunca pensei… mas rejeito) e as batatas fritas. Do buffet de sobremesas vou buscar um pedacinho tremelicante de gelatina só para tirar o gosto à picanha e está a refeição feita.
É necessário referir que eu só vou a estes restaurantes quando tem de ser. E, às vezes, o "tem de ser" é forte, como ontem, despedida de uma colega da empresa que fez umas contas e achou que se for para o desemprego, mais a indemnização que estava a receber do último emprego, mais os anos que não sei quê e o tempo acumulado que não sei quantos juntamente com a reforma antecipada, mesmo descontando não sei quê porque ela ainda não tem idade, permite-lhe ir para casa uns tempos receber daqui e dali e ficar a perceber uma remuneração superior mais elevada do que a que ela percebe agora, trabalhando.
A senhora é óptima, nada contra, eu faria provavelmente o mesmo, mas dá-me que pensar este intrincado sistema nacional de leis de trabalho que tão depressa atiram com um desgraçado para a miséria com uns cobres de subsistência tipo se compro medicamentos não como, se como, fico à beira de um ACV, como, dentro da mais perfeita legalidade, proporcionam situações de uma inextricabilidade absoluta para quem não percebe nada destas "nuances" (o meu caso) mas que, na prática se traduzem numa remuneração elevada.
Segredos complexos das nossas leis de trabalho. Mas quando descobrimos que um carro produzido na Azambuja custa mais €500 que numa congénere situada noutros países da Europa, aqui d’El Rei que as deslocalizações não sei quê e a globalização não sei quantos.
Mas isto, na verdade, vinha era a propósito do restaurante. Duas ou três peças de carne (sem maminhas, repito…) e uma conta daquelas de fazer corar um banqueiro. Ainda não percebi o fascínio que este tipo de restaurantes exerce nos portugueses, sobretudo pelo que se come e pelo que se paga. No caso de ontem, a tragédia foi agravada porque havia doze (doze…) aparelhos de ar condicionado e, por isto ou por aquilo, não funcionavam. Ao fim de meia hora eu acho que tinha tanta gordura na testa como nas maminhas servidas, a atmosfera estava um pesadelo e, mistério insondável, ninguém parecia estar incomodado. O que me leva a pensar que o defeito é meu, só pode. Valeu a boa disposição, gente bem disposta, de maminhas no prato (toda a gente gosta…), e um par de anedotas temperadas pelo suor que me escorria da testa.
Do milhão de carnes diferentes servidas nos restaurantes de rodízio, devo comer duas ou três, sendo que uma são aqueles pedacinhos de peru (julgo) embrulhados em bacon. Mais uma colher de feijão e outra de arroz, está feita a festa. Rejeito o fiambre grelhado, as maminhas (nunca pensei… mas rejeito) e as batatas fritas. Do buffet de sobremesas vou buscar um pedacinho tremelicante de gelatina só para tirar o gosto à picanha e está a refeição feita.
É necessário referir que eu só vou a estes restaurantes quando tem de ser. E, às vezes, o "tem de ser" é forte, como ontem, despedida de uma colega da empresa que fez umas contas e achou que se for para o desemprego, mais a indemnização que estava a receber do último emprego, mais os anos que não sei quê e o tempo acumulado que não sei quantos juntamente com a reforma antecipada, mesmo descontando não sei quê porque ela ainda não tem idade, permite-lhe ir para casa uns tempos receber daqui e dali e ficar a perceber uma remuneração superior mais elevada do que a que ela percebe agora, trabalhando.
A senhora é óptima, nada contra, eu faria provavelmente o mesmo, mas dá-me que pensar este intrincado sistema nacional de leis de trabalho que tão depressa atiram com um desgraçado para a miséria com uns cobres de subsistência tipo se compro medicamentos não como, se como, fico à beira de um ACV, como, dentro da mais perfeita legalidade, proporcionam situações de uma inextricabilidade absoluta para quem não percebe nada destas "nuances" (o meu caso) mas que, na prática se traduzem numa remuneração elevada.
Segredos complexos das nossas leis de trabalho. Mas quando descobrimos que um carro produzido na Azambuja custa mais €500 que numa congénere situada noutros países da Europa, aqui d’El Rei que as deslocalizações não sei quê e a globalização não sei quantos.
Mas isto, na verdade, vinha era a propósito do restaurante. Duas ou três peças de carne (sem maminhas, repito…) e uma conta daquelas de fazer corar um banqueiro. Ainda não percebi o fascínio que este tipo de restaurantes exerce nos portugueses, sobretudo pelo que se come e pelo que se paga. No caso de ontem, a tragédia foi agravada porque havia doze (doze…) aparelhos de ar condicionado e, por isto ou por aquilo, não funcionavam. Ao fim de meia hora eu acho que tinha tanta gordura na testa como nas maminhas servidas, a atmosfera estava um pesadelo e, mistério insondável, ninguém parecia estar incomodado. O que me leva a pensar que o defeito é meu, só pode. Valeu a boa disposição, gente bem disposta, de maminhas no prato (toda a gente gosta…), e um par de anedotas temperadas pelo suor que me escorria da testa.
terça-feira, maio 30, 2006
Só uma hora?
[1032]
O dia hoje começou com uma enchente sobre as declarações da ministra de educação, o pensamento da ministra, o mau feitio da ministra, ele é ministra na rádio, ele é ministra na TV, ele é dose de ministra.
Quero deixar aqui uma brilhante asserção que o Out of time me deixou na caixa de comentários, quando diz que este governo funciona absolutamente em sistema de palpação de êxitos, como nas novelas, de que o mais recente exemplo é o beijo gay que vai ser transmitido por um dia destes. Eu só acrescentaria que para além da palpação de êxitos, há também uma forte componente de diversão. Diversão total – seja fazer os cidadãos divergir dos verdadeiros problemas, seja a diversão dura e pura, pois não é todos os dias que me ajudam a criar a imagem da ministra de educação a apalpar os professores. Apalpadora e apalpados oferecem-me, naturalmente, uma saudável fonte de diversão.
Em todo o caso, há um ouvinte do norte, pai e encarregado de educação que prestou um inestimável tributo aos professores, fazendo as seguintes declarações ao Forum da TSF, mais palavra menos palavra, que eu não sou jornalista, não ando de gravador em punho, vou ouvindo as coisas, e então o homem dizia assim:
"Ó Dr. Manuel Acácio, isto está mal, não concordo com a ministra, então a gente bámos às runiões tamos lá uma horita ou coisa e cumo é que se abalia um professor numa hora? Está mal. A escola debe de estar centrada nos alunos e não nos professores (o homem aqui tem razão, porque há uma geração de professores que lhe andou a dizer isto mesmo há, pelo menos "bintános", lá disse a Maria Filomena Mónica na Casa de Fernando Pessoa) e não é cumo fazem agora se um aluno tem um problema, o professor em bez de chamar um psicólogo e prontos, bê-se ali o problema, não é mandar o aluno expulso para casa por uns dias, só porque ele bateu na professora ou bulhou no interbalo…"
Repito que esta não é uma transcrição, mas tentei ser fiel na substância e na fonética e fico por aqui porque o homem falou, falou, falou, sobretudo na escola centrada nos alunos ("ficou-se-lhe").
Eu sei que os pais não são todos assim, mas sei que há muitos assim. Se eu fosse professor sentir-me-ia enxovalhado, amarrotado só pela ideia de me sentir escrutinado nestes moldes. Além de que estas medidas transportam-me para tempos não muito distantes em que toda a gente vigiava toda a gente. E "os bons" recebiam uma coisa chamada "emulação socialista", que era assim uma cena semelhante a quando se dava um santinho a um aluno da catequese. Não foi assim há tanto tempo.
Uma última reflexão me assalta o espírito qual seja a de me interrogar porque não terei eu a prerrogativa de avaliar juízes (como pai possível de um ladrão ou vigarista), médicos (como pai de potenciais doentes) ou até compadres (como pai de filhas casadoiras).
Este país está a tornar-se redondo, i.e. sem ponta por onde se lhe pegue ou então o Out of time tem razão e tudo isto é planeado ao milímetro.
O dia hoje começou com uma enchente sobre as declarações da ministra de educação, o pensamento da ministra, o mau feitio da ministra, ele é ministra na rádio, ele é ministra na TV, ele é dose de ministra.
Quero deixar aqui uma brilhante asserção que o Out of time me deixou na caixa de comentários, quando diz que este governo funciona absolutamente em sistema de palpação de êxitos, como nas novelas, de que o mais recente exemplo é o beijo gay que vai ser transmitido por um dia destes. Eu só acrescentaria que para além da palpação de êxitos, há também uma forte componente de diversão. Diversão total – seja fazer os cidadãos divergir dos verdadeiros problemas, seja a diversão dura e pura, pois não é todos os dias que me ajudam a criar a imagem da ministra de educação a apalpar os professores. Apalpadora e apalpados oferecem-me, naturalmente, uma saudável fonte de diversão.
Em todo o caso, há um ouvinte do norte, pai e encarregado de educação que prestou um inestimável tributo aos professores, fazendo as seguintes declarações ao Forum da TSF, mais palavra menos palavra, que eu não sou jornalista, não ando de gravador em punho, vou ouvindo as coisas, e então o homem dizia assim:
"Ó Dr. Manuel Acácio, isto está mal, não concordo com a ministra, então a gente bámos às runiões tamos lá uma horita ou coisa e cumo é que se abalia um professor numa hora? Está mal. A escola debe de estar centrada nos alunos e não nos professores (o homem aqui tem razão, porque há uma geração de professores que lhe andou a dizer isto mesmo há, pelo menos "bintános", lá disse a Maria Filomena Mónica na Casa de Fernando Pessoa) e não é cumo fazem agora se um aluno tem um problema, o professor em bez de chamar um psicólogo e prontos, bê-se ali o problema, não é mandar o aluno expulso para casa por uns dias, só porque ele bateu na professora ou bulhou no interbalo…"
Repito que esta não é uma transcrição, mas tentei ser fiel na substância e na fonética e fico por aqui porque o homem falou, falou, falou, sobretudo na escola centrada nos alunos ("ficou-se-lhe").
Eu sei que os pais não são todos assim, mas sei que há muitos assim. Se eu fosse professor sentir-me-ia enxovalhado, amarrotado só pela ideia de me sentir escrutinado nestes moldes. Além de que estas medidas transportam-me para tempos não muito distantes em que toda a gente vigiava toda a gente. E "os bons" recebiam uma coisa chamada "emulação socialista", que era assim uma cena semelhante a quando se dava um santinho a um aluno da catequese. Não foi assim há tanto tempo.
Uma última reflexão me assalta o espírito qual seja a de me interrogar porque não terei eu a prerrogativa de avaliar juízes (como pai possível de um ladrão ou vigarista), médicos (como pai de potenciais doentes) ou até compadres (como pai de filhas casadoiras).
Este país está a tornar-se redondo, i.e. sem ponta por onde se lhe pegue ou então o Out of time tem razão e tudo isto é planeado ao milímetro.
segunda-feira, maio 29, 2006
Avaliações
[1031]
A Ministra de Educação é uma mulher que soube despertar em mim a admiração de ver nela uma pessoa determinada e sensata em várias medidas que tomou, desde que assumiu a pasta. E sou insuspeito, porque nunca votei no partido do governo.
De repente, a senhora ministra decide pensar se os professores não deverão ser avaliados também pelos pais e encarregados de educação. Pensar. Porque, diz ela, ainda não está decidido.
Ora eu penso (também penso) que este absurdo não deveria sequer ser equacionado. Não sou professor, sou pai, mas penso (lá estou eu a pensar outra vez…) no que seria muitos pais e encarregados de educação que conheci e conheço a decidirem sobre os méritos dos professores.
Chego a duvidar se terei entendido bem a notícia. Mas eu ouvi na rádio. Várias vezes.
Ocorre-me perguntar (pensando, de novo): E quem é que deveria avaliar muitos dos pais e encarregados de educação que conheço?
A Ministra de Educação é uma mulher que soube despertar em mim a admiração de ver nela uma pessoa determinada e sensata em várias medidas que tomou, desde que assumiu a pasta. E sou insuspeito, porque nunca votei no partido do governo.
De repente, a senhora ministra decide pensar se os professores não deverão ser avaliados também pelos pais e encarregados de educação. Pensar. Porque, diz ela, ainda não está decidido.
Ora eu penso (também penso) que este absurdo não deveria sequer ser equacionado. Não sou professor, sou pai, mas penso (lá estou eu a pensar outra vez…) no que seria muitos pais e encarregados de educação que conheci e conheço a decidirem sobre os méritos dos professores.
Chego a duvidar se terei entendido bem a notícia. Mas eu ouvi na rádio. Várias vezes.
Ocorre-me perguntar (pensando, de novo): E quem é que deveria avaliar muitos dos pais e encarregados de educação que conheço?
Mais um
[1030]
Esta menina faz hoje anos outra vez. 87. Ganhou o hábito de fazer anos todos os anos e apostou em fazer inveja a toda a gente. Come tudo, dorme bem, movimenta-se por todo o lado, lê quase um livro por dia, vê televisão, dá-se ao luxo de ser gulosa sem pensar em calorias e só não fuma porque acha que o cigarro sabe a horrores.
Este ano não tem andado de mota porque… adivinhem, nada por causa dela, mas por causa do meu irmão que tem uma hérnia discal, ciática e mais umas obscenidades de que esta menina ouve remotamente falar e que sabe que dão às pessoas.
Este ano não há festa. Mas há o beijinho que lhe vou dar. Juntamente com os outros três que ela vai receber dos outros três filhos, vai-se sentir a mais feliz das mulheres. Mesmo não podendo andar de mota por causa da hérnia discal de um dos filhos.
Parabéns!
Esta menina faz hoje anos outra vez. 87. Ganhou o hábito de fazer anos todos os anos e apostou em fazer inveja a toda a gente. Come tudo, dorme bem, movimenta-se por todo o lado, lê quase um livro por dia, vê televisão, dá-se ao luxo de ser gulosa sem pensar em calorias e só não fuma porque acha que o cigarro sabe a horrores.
Este ano não tem andado de mota porque… adivinhem, nada por causa dela, mas por causa do meu irmão que tem uma hérnia discal, ciática e mais umas obscenidades de que esta menina ouve remotamente falar e que sabe que dão às pessoas.
Este ano não há festa. Mas há o beijinho que lhe vou dar. Juntamente com os outros três que ela vai receber dos outros três filhos, vai-se sentir a mais feliz das mulheres. Mesmo não podendo andar de mota por causa da hérnia discal de um dos filhos.
Parabéns!
As grandes mulheres
[1029]
A mulher de Xanana, Kirsty Sword, desdobra-se em entrevistas. Nós dissemos isto, nós fizemos aquilo, nós já nos reunimos com, nós agora vamos comunicar a, nós, nós, nós e nós.
Eu conheço a máxima de que por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher mas no caso vertente acho que a senhora está claramente à frente, bem à frente!
Por mim, nada contra. Há mais mulheres presidentes, a diferença é que foram eleitas. Agora, ser presidente por via de alcova é que não sabia ser possível. Pelo menos com esta abertura.
A mulher de Xanana, Kirsty Sword, desdobra-se em entrevistas. Nós dissemos isto, nós fizemos aquilo, nós já nos reunimos com, nós agora vamos comunicar a, nós, nós, nós e nós.
Eu conheço a máxima de que por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher mas no caso vertente acho que a senhora está claramente à frente, bem à frente!
Por mim, nada contra. Há mais mulheres presidentes, a diferença é que foram eleitas. Agora, ser presidente por via de alcova é que não sabia ser possível. Pelo menos com esta abertura.
domingo, maio 28, 2006
E agora?
[1028]
Ora aqui está um tema candente. Não será propriamente “fracturante” mas rende imensos comentários na blogoesfera tipo “mas onde é que está o problema?” e eu confesso a minha surpresa. Não sabia, de todo, que éramos virgens em beijos entre homens na televisão, em sinal aberto (a televisão, claro).
Fico é na dúvida se isto é a sério ou se é apenas para promover a novela, ou série, seja lá o que for…
Ora aqui está um tema candente. Não será propriamente “fracturante” mas rende imensos comentários na blogoesfera tipo “mas onde é que está o problema?” e eu confesso a minha surpresa. Não sabia, de todo, que éramos virgens em beijos entre homens na televisão, em sinal aberto (a televisão, claro).
Fico é na dúvida se isto é a sério ou se é apenas para promover a novela, ou série, seja lá o que for…
Diálogos de vagina
[1027]
- Not only you show up with flowers which, by the way, are the plants reproductive organ slash vaginas, as you still expect me to like it slash show my gratitude.
- Carol, I’m not interested in your god damned vagina. The only thing I want is to marry you.
Excerto de diálogo de uma modesta e razoavelmente divertida comédia americana, de 1999 e com críticas muito ácidas na altura, com a Renée Zelwegger, esta tarde, em casa (o filme, não a Renée).
- Not only you show up with flowers which, by the way, are the plants reproductive organ slash vaginas, as you still expect me to like it slash show my gratitude.
- Carol, I’m not interested in your god damned vagina. The only thing I want is to marry you.
Excerto de diálogo de uma modesta e razoavelmente divertida comédia americana, de 1999 e com críticas muito ácidas na altura, com a Renée Zelwegger, esta tarde, em casa (o filme, não a Renée).
De loucos...
[1026]
Acordar com espírito de contradição é apetecer fumar um cigarro na penumbra fresca da sala e achar que quem inventou andar de bicicleta com 35º deve ter sido alguém que só começou a masturbar-se aos 20 anos (if ever…), cheio de problemas de auto-estima e com um espelho de feira lá em casa!
Mas como eu hoje estou claramente para contrariar, vou dizer não ao espírito e vou mesmo para o suplício. Não fumo e vou dar corda às sudoríparas. Wish me luck…
NOTA Á MARGEM DO CALOR
Quando eu era miúdo, aprendi a dizer sudoríparas, como, espero, a maior parte das crianças da minha idade. Por qualquer razão que me escapa, eu associava a palavra sudoríparas à parteira que me trouxe ao mundo, Florípedes, de seu nome, numa tarde quente e sudorípara de Julho ali para os lados dos Olivais, quando ainda não havia Olivais, quer dizer, havia, mas era olivais mesmo, com oliveiras e tudo, no meio das quais havia um bairro da Encarnação. Encarnação estava muito em voga, era um misto de tragédia, de oculto e de fé nos pastorinhos de Fátima e os portugueses eram muito dados a essas coisas, quando eu nasci. Havia imensas Encarnações, o meu bairro, a freguesia em Lisboa e até uma terra perto de Peniche. Mas, a propósito da Florípedes, eu ia crescendo e conhecendo a senhora - que ela de vez em quando ia lá a casa, ou não tivesse a minha mãe tido mais três filhos assistidos por ela, em casa está bem de ver, para não falar numa 4ª filha nascida no Niassa longínquo e assistida por um veterinário (nem sei mesmo se ela não deveria ter acrescentado às vacinas normais de bebé, uma contra a brucelose…).
Na verdade não sei bem as razões, mas a verdade é que sempre que falo em sudoríparas (que foi manifestamente o caso neste post) me lembro da Florípedes. Verdadeiramente porquê não sei, mas tenho uma vaga ideia de que a D. Florípedes era uma mulheraça e eu suava muito quando a via. Ou seria apenas a proximidade fonética?
E depois deste elevadíssimo naco de prosa em que misturei função sudorípara com Florípedes, olivais e vacina contra a brucelose, (já se percebeu que não estou com vontade nenhuma de sair daqui para saltar para cima de uma bicicleta…), lá vou eu dar ao pedal.
Bom domingo para todos.
Acordar com espírito de contradição é apetecer fumar um cigarro na penumbra fresca da sala e achar que quem inventou andar de bicicleta com 35º deve ter sido alguém que só começou a masturbar-se aos 20 anos (if ever…), cheio de problemas de auto-estima e com um espelho de feira lá em casa!
Mas como eu hoje estou claramente para contrariar, vou dizer não ao espírito e vou mesmo para o suplício. Não fumo e vou dar corda às sudoríparas. Wish me luck…
NOTA Á MARGEM DO CALOR
Quando eu era miúdo, aprendi a dizer sudoríparas, como, espero, a maior parte das crianças da minha idade. Por qualquer razão que me escapa, eu associava a palavra sudoríparas à parteira que me trouxe ao mundo, Florípedes, de seu nome, numa tarde quente e sudorípara de Julho ali para os lados dos Olivais, quando ainda não havia Olivais, quer dizer, havia, mas era olivais mesmo, com oliveiras e tudo, no meio das quais havia um bairro da Encarnação. Encarnação estava muito em voga, era um misto de tragédia, de oculto e de fé nos pastorinhos de Fátima e os portugueses eram muito dados a essas coisas, quando eu nasci. Havia imensas Encarnações, o meu bairro, a freguesia em Lisboa e até uma terra perto de Peniche. Mas, a propósito da Florípedes, eu ia crescendo e conhecendo a senhora - que ela de vez em quando ia lá a casa, ou não tivesse a minha mãe tido mais três filhos assistidos por ela, em casa está bem de ver, para não falar numa 4ª filha nascida no Niassa longínquo e assistida por um veterinário (nem sei mesmo se ela não deveria ter acrescentado às vacinas normais de bebé, uma contra a brucelose…).
Na verdade não sei bem as razões, mas a verdade é que sempre que falo em sudoríparas (que foi manifestamente o caso neste post) me lembro da Florípedes. Verdadeiramente porquê não sei, mas tenho uma vaga ideia de que a D. Florípedes era uma mulheraça e eu suava muito quando a via. Ou seria apenas a proximidade fonética?
E depois deste elevadíssimo naco de prosa em que misturei função sudorípara com Florípedes, olivais e vacina contra a brucelose, (já se percebeu que não estou com vontade nenhuma de sair daqui para saltar para cima de uma bicicleta…), lá vou eu dar ao pedal.
Bom domingo para todos.
Arrivistas
[1024]
Há um jovem chamado Gonçalo Cadilhe que tem corrido o mundo fazendo reportagens para o Expresso.
Devo reconhecer que sempre li as suas reportagens com agrado e com interesse.
Desta vez o Gonçalo foi a África, começou pela África do Sul, teve o cuidado de dizer que era a primeira vez que visitava este continente mas começou muito mal. Referindo-se à África do Sul, terá conhecido um Eddie Silva, filho de um antigo “entertainer” de hotéis, Eduardo Jaime, e diz o seguinte, que cito: “... a sua ascendência portuguesa, na altura das apresentações, não me deixou curioso nem emocionado. Há muitos portugueses na África do Sul e poucos que valha a pena conhecer. Geralmente são ricos, racistas, arrivistas e iletrados...”. E mais à frente: “… o grosso da imigração portuguesa para a África do Sul ocorreu entre meados dos anos 70 e finais dos anos oitenta, incentivada por uma estratégia do Partido Nacional – o mesmo que manteve o país sob a ditadura do «apartheid» - de aumentar a população branca e por arrastamento o próprio eleitorado (...)na altura, o Partido Nacional estava a perder votos e esta onda de imigrantes chegava com a condição tácita de votar PN em troca de um pedaço de terra prometida…”.
O cortejo de mentiras, imprecisões e total ausência de conhecimento da realidade dos factos continua (quase metade é neste registo) pela reportagem adiante.
Este jovem Gonçalo Cadilhe demonstra duas coisas. Uma será uma notável ignorância do que se passou na África do Sul até aos finais dos anos oitenta. Outra, uma grande desonestidade em discorrer sobre factos sobre os quais demonstra uma arrepiante impreparação e um condenável aproveitamento em favor de…uma série de coisas que lhe devem ter metido na cabeça e que ele deve ter aprendido nas cartilhas do costume.
Finalmente, o Expresso, com a responsabilidade inerente a um jornal da sua importância, mostra uma lamentável falta de respeito pelos leitores, pelos “porras” (portugueses imigrados na África do Sul) e por um país que fez pelos portugueses aquilo que Portugal devia ter feito e não fez - recebê-los em condições mínimas em campos apropriados e enviá-los para Portugal. Aos milhares que “não quiseram um pedaço de terra prometida em troco de um voto no PN”.
É vergonhoso, é triste, mas surpresa, já nem tanto..
Há um jovem chamado Gonçalo Cadilhe que tem corrido o mundo fazendo reportagens para o Expresso.
Devo reconhecer que sempre li as suas reportagens com agrado e com interesse.
Desta vez o Gonçalo foi a África, começou pela África do Sul, teve o cuidado de dizer que era a primeira vez que visitava este continente mas começou muito mal. Referindo-se à África do Sul, terá conhecido um Eddie Silva, filho de um antigo “entertainer” de hotéis, Eduardo Jaime, e diz o seguinte, que cito: “... a sua ascendência portuguesa, na altura das apresentações, não me deixou curioso nem emocionado. Há muitos portugueses na África do Sul e poucos que valha a pena conhecer. Geralmente são ricos, racistas, arrivistas e iletrados...”. E mais à frente: “… o grosso da imigração portuguesa para a África do Sul ocorreu entre meados dos anos 70 e finais dos anos oitenta, incentivada por uma estratégia do Partido Nacional – o mesmo que manteve o país sob a ditadura do «apartheid» - de aumentar a população branca e por arrastamento o próprio eleitorado (...)na altura, o Partido Nacional estava a perder votos e esta onda de imigrantes chegava com a condição tácita de votar PN em troca de um pedaço de terra prometida…”.
O cortejo de mentiras, imprecisões e total ausência de conhecimento da realidade dos factos continua (quase metade é neste registo) pela reportagem adiante.
Este jovem Gonçalo Cadilhe demonstra duas coisas. Uma será uma notável ignorância do que se passou na África do Sul até aos finais dos anos oitenta. Outra, uma grande desonestidade em discorrer sobre factos sobre os quais demonstra uma arrepiante impreparação e um condenável aproveitamento em favor de…uma série de coisas que lhe devem ter metido na cabeça e que ele deve ter aprendido nas cartilhas do costume.
Finalmente, o Expresso, com a responsabilidade inerente a um jornal da sua importância, mostra uma lamentável falta de respeito pelos leitores, pelos “porras” (portugueses imigrados na África do Sul) e por um país que fez pelos portugueses aquilo que Portugal devia ter feito e não fez - recebê-los em condições mínimas em campos apropriados e enviá-los para Portugal. Aos milhares que “não quiseram um pedaço de terra prometida em troco de um voto no PN”.
É vergonhoso, é triste, mas surpresa, já nem tanto..
sábado, maio 27, 2006
Preposterous
[1023]
"In an interview with GQ magazine, the reporter asked him: "Would the assassination of, say, Tony Blair by a suicide bomber - if there were no other casualties - be justified as revenge for the war on Iraq?"
Mr Galloway replied: "Yes, it would be morally justified. I am not calling for it - but if it happened it would be of a wholly different moral order to the events of 7/7. It would be entirely logical and explicable. And morally equivalent to ordering the deaths of thousands of innocent people in Iraq - as Blair did."
É esta superioridade moral da esquerda, neste caso presente a legitimação do terror como veículo de correntes doutrinárias de pensamento que torna a esquerda (!...) insuportável e muita da classe política europeia à beira da desqualificação final para muitos dos europeus onde reside ainda um mínimo de decência e razoabilidade. É natural que se duvide se esta gente acredita, realmente, no que diz.
It’s preposterous, Mr. Galloway.
"In an interview with GQ magazine, the reporter asked him: "Would the assassination of, say, Tony Blair by a suicide bomber - if there were no other casualties - be justified as revenge for the war on Iraq?"
Mr Galloway replied: "Yes, it would be morally justified. I am not calling for it - but if it happened it would be of a wholly different moral order to the events of 7/7. It would be entirely logical and explicable. And morally equivalent to ordering the deaths of thousands of innocent people in Iraq - as Blair did."
É esta superioridade moral da esquerda, neste caso presente a legitimação do terror como veículo de correntes doutrinárias de pensamento que torna a esquerda (!...) insuportável e muita da classe política europeia à beira da desqualificação final para muitos dos europeus onde reside ainda um mínimo de decência e razoabilidade. É natural que se duvide se esta gente acredita, realmente, no que diz.
It’s preposterous, Mr. Galloway.
sexta-feira, maio 26, 2006
Ai, Timor...
Dili - Bar da Praia de Sagres
[1022]
O drama que se vive hoje em Timor Leste ilustra bem como continuamos a ser um povo de causas e desígnios, mas sem a mais remota ideia das realidades geo-políticas de Timor ou seja do que for…
Embarcamos facilmente na buzina, na bandeira, camisas brancas por Timor e numas cantiguinhas de treta do Luís Represas. Escrevemos loas inflamadas sobre solidariedade, irmandade, liberdade, libertação, justiça e outros ademanes politicamente correctos, galvanizados por uma dinâmica muito própria, muito nossa, em tudo igual àquilo que já o Estado Novo fazia, sempre que era preciso apelar para as reacções colectivas do Zé. A favor de libertação da Timor ou da beatificação dos pastorinhos de Fátima.
Timor Leste está aos tiros e eu apostava que muita pouca gente fará uma remota ideia das razões para isso. Em último recurso, deitar-se-á mão da globalização, do capitalismo selvagem, do petróleo e, porque não, dos americanos.
Foi sempre assim. Porque é que com Timor Leste havia de ser diferente?
Vejo é poucos posts sobre o assunto. Porque agora já não se trata bem de dizer que a canção do Luís Represas é linda…
O drama que se vive hoje em Timor Leste ilustra bem como continuamos a ser um povo de causas e desígnios, mas sem a mais remota ideia das realidades geo-políticas de Timor ou seja do que for…
Embarcamos facilmente na buzina, na bandeira, camisas brancas por Timor e numas cantiguinhas de treta do Luís Represas. Escrevemos loas inflamadas sobre solidariedade, irmandade, liberdade, libertação, justiça e outros ademanes politicamente correctos, galvanizados por uma dinâmica muito própria, muito nossa, em tudo igual àquilo que já o Estado Novo fazia, sempre que era preciso apelar para as reacções colectivas do Zé. A favor de libertação da Timor ou da beatificação dos pastorinhos de Fátima.
Timor Leste está aos tiros e eu apostava que muita pouca gente fará uma remota ideia das razões para isso. Em último recurso, deitar-se-á mão da globalização, do capitalismo selvagem, do petróleo e, porque não, dos americanos.
Foi sempre assim. Porque é que com Timor Leste havia de ser diferente?
Vejo é poucos posts sobre o assunto. Porque agora já não se trata bem de dizer que a canção do Luís Represas é linda…
Diga 33
[1021]
Porque é a tempera-
tura que Lisboa hoje vai atingir.
Entramos finamente na época do espapassamento das meninges. Do ar irrespirável, para além da atmosfera do escritório e do carro e das queixas nos restaurantes das senhoras e dos cavalheiros que acham que o ar condicionado está muito forte, muito apontado para eles e a lançar imensos ácaros assassinos para cima das patasniscas.
Resta a consolação de que muita gente passará a beneficiar o cenário, de cada vez que se puserem ao sol, como mostra a foto.
Há que sermos fortes e estarmos preparados para tudo.
Porque é a tempera-
tura que Lisboa hoje vai atingir.
Entramos finamente na época do espapassamento das meninges. Do ar irrespirável, para além da atmosfera do escritório e do carro e das queixas nos restaurantes das senhoras e dos cavalheiros que acham que o ar condicionado está muito forte, muito apontado para eles e a lançar imensos ácaros assassinos para cima das patasniscas.
Resta a consolação de que muita gente passará a beneficiar o cenário, de cada vez que se puserem ao sol, como mostra a foto.
Há que sermos fortes e estarmos preparados para tudo.
quinta-feira, maio 25, 2006
Dias agitados
[1019]
Ele há dias assim. Umas vezes aparecem a correr, como ontem. Outros, mantêm o passo de corrida e ainda exigem pressas, deslocações e, sobretudo, muito, mas muito pragmatismo. E até eu, que se fosse Oceano me chamaria Pacífico, apetece-me, nestas alturas, acordar o carroceiro que vive reprimido dentro de mim, sacudi-lo e dar-lhe plena liberdade para berrar, ser ordinário e bater em toda a gente.
Se este sentimento é, por si, um sinal de vitalidade, por outro mostra-me como, infelizmente, o diálogo nem sempre tem força. É preciso ser arguto, hábil, sinuoso e, imagine-se, sacana, para se poder sobreviver nesta selva. Tudo, enfim, características que não fazem bem o meu estilo. Sou um tosco a ser sacana! Mesmo que só por arrastão.
Um bom dia de trabalho para todos, que eu estou a correr. Vou ser sacana por aí. Logo à noite devo estar mais bem disposto, menos sacana e capaz de escrever qualquer coisa.
Ele há dias assim. Umas vezes aparecem a correr, como ontem. Outros, mantêm o passo de corrida e ainda exigem pressas, deslocações e, sobretudo, muito, mas muito pragmatismo. E até eu, que se fosse Oceano me chamaria Pacífico, apetece-me, nestas alturas, acordar o carroceiro que vive reprimido dentro de mim, sacudi-lo e dar-lhe plena liberdade para berrar, ser ordinário e bater em toda a gente.
Se este sentimento é, por si, um sinal de vitalidade, por outro mostra-me como, infelizmente, o diálogo nem sempre tem força. É preciso ser arguto, hábil, sinuoso e, imagine-se, sacana, para se poder sobreviver nesta selva. Tudo, enfim, características que não fazem bem o meu estilo. Sou um tosco a ser sacana! Mesmo que só por arrastão.
Um bom dia de trabalho para todos, que eu estou a correr. Vou ser sacana por aí. Logo à noite devo estar mais bem disposto, menos sacana e capaz de escrever qualquer coisa.
quarta-feira, maio 24, 2006
terça-feira, maio 23, 2006
A substantivação do verbo, ou a estupidez no infinito
[1017]
"O evoluir da situação faz-nos pensar que o correr de manhã é óptimo para o purificar dos pulmões e o exercitar dos músculos. Por outro lado, o almoçar a tempo e horas funciona também como o ajudar de uma digestão bem feita. O ignorar estas normas de saúde leva-nos, com certeza, ao envelhecer da pele e ao enfraquecer do corpo, em geral.
O continuar a ouvir e a ler português assim é o reflectir cabal do nosso nível cultural e da nossa originalidade como povo, nação e cultura".
Não se riam que já não deve faltar muito para que falemos assim. Basta ouvir notícias na rádio e na TV. É a originalidade genuina que nem precisamos sequer de preservar, porque me parece ninguém estará disposto a no-la roubar. É, ainda a autêntica arte em falar mal. Qualquer pessoa que exercite minimamente uma sintaxe correcta, use a fonética apropriada e respeite a morfologia ver-se-á em palpos de aranha para conseguir falar tão mal como se fala na comunicação social. Não é fácil…
"O evoluir da situação faz-nos pensar que o correr de manhã é óptimo para o purificar dos pulmões e o exercitar dos músculos. Por outro lado, o almoçar a tempo e horas funciona também como o ajudar de uma digestão bem feita. O ignorar estas normas de saúde leva-nos, com certeza, ao envelhecer da pele e ao enfraquecer do corpo, em geral.
O continuar a ouvir e a ler português assim é o reflectir cabal do nosso nível cultural e da nossa originalidade como povo, nação e cultura".
Não se riam que já não deve faltar muito para que falemos assim. Basta ouvir notícias na rádio e na TV. É a originalidade genuina que nem precisamos sequer de preservar, porque me parece ninguém estará disposto a no-la roubar. É, ainda a autêntica arte em falar mal. Qualquer pessoa que exercite minimamente uma sintaxe correcta, use a fonética apropriada e respeite a morfologia ver-se-á em palpos de aranha para conseguir falar tão mal como se fala na comunicação social. Não é fácil…
Blacklisted jobs
[1016]
Já havia duas profissões que eu jamais exerceria por salário algum: Árbitro de futebol e testador de termómetros rectais da Johnson&Johnson.
A estas junto agora a de director de informação da SIC-N. Como é que eu fazia para ouvir M.M. Carrilho dizer que eu era o rosto da vergonha, sem lhe atirar com o microfone à cara?
Já havia duas profissões que eu jamais exerceria por salário algum: Árbitro de futebol e testador de termómetros rectais da Johnson&Johnson.
A estas junto agora a de director de informação da SIC-N. Como é que eu fazia para ouvir M.M. Carrilho dizer que eu era o rosto da vergonha, sem lhe atirar com o microfone à cara?
segunda-feira, maio 22, 2006
A surpresa é Rangel...
[1013]
Ao primeiro intervalo, as impressões que colho do debate são:
- M. M. Carrilho tem um mau perder que faz Pinto da Costa parecer um menino de coro;
- Ninguém deixa Pacheco Pereira explanar a sua tese de destrinça entre a teoria da conspiração e o mau desempenho dos jornalistas. Também ninguém parece percebê-lo;
- Emídio Rangel não faz a mínima ideia do que se está a passar. Mistura tudo e é de uma perfeita ingenuidade. Nunca eu sonharia que um homem assim pudesse ter sido director da SIC durante tantos anos. Está totalmente descontextualizado e não dá, sequer, por isso.
Vamos lá ver o resto…
Ao primeiro intervalo, as impressões que colho do debate são:
- M. M. Carrilho tem um mau perder que faz Pinto da Costa parecer um menino de coro;
- Ninguém deixa Pacheco Pereira explanar a sua tese de destrinça entre a teoria da conspiração e o mau desempenho dos jornalistas. Também ninguém parece percebê-lo;
- Emídio Rangel não faz a mínima ideia do que se está a passar. Mistura tudo e é de uma perfeita ingenuidade. Nunca eu sonharia que um homem assim pudesse ter sido director da SIC durante tantos anos. Está totalmente descontextualizado e não dá, sequer, por isso.
Vamos lá ver o resto…
ADENDA:
Insisto na verdadeira surpresa que foi, para mim, a revelação de E. Rangel como uma pessoa que fala mal e atabalhoadamente, em permanente deriva sobre os temas que se iam sucedendo no debate e, também, o descaramento sem tamanho que mostou, ao assumir a expressão angélica da moralidade num campo em que, tal como lhe disse JPP, ele teria forçosamente que se sentir à vontade ao longo dos anos em comandou a SIC.
O resto não constituiu para mim grande surpresa. Este conúbio políticos/jornalistas foi ali amplamente dissecado e M.M. Carrilho faria melhor em estar quieto e calado, abrigado no vidro do seu próprio telhado.
Sem ter lido o livro, são suficientes os excertos citados por JPP para se perceber o estilo intimidatório e habilidoso do seu conteúdo. Aquela expressão que JPP referiu mas que uma vez "Marcelo Rebelo de Sousa, certamente depois de ter falado com Marques Mendes" é bem revelador do carácter de M.M. Carrilho. Ninguém no debate pareceu perceber esta nuance, nem Ricardo Costa, apesar de se ter de levar em conta que para se manter a calma perante a truculência, desfaçatez e má educação de M. M. Carrilho perde-se, forçosamente, em discernimento.
Unidos venceremos
[1012]
Por vezes, até começo a ler. Cheio de boa intenção e não pior vontade. No fundo, no fundo, com a secreta esperança que aquilo desague em qualquer coisa interessante, desconhecida, que sei eu! Lá vou lendo que a nossa selecção já está no Alentejo, os jogadores estão de saúde e recomendam-se, todos motivados e unidos, balneário perfeito e até Scolari, apesar de ser burro, estrangeiro e ainda por cima brasileiro e achar que o Pinto da Costa é um idiota, lá vai dando conta do recado. Portanto, apesar de o Quaresma não ter sido chamado, temos mais é que estar com a selecção, unidos, orgulhosos, cheios de fé e de desígnio nacional, para cilindrarmos os bárbaros em compita e esperar que N. Srª de Fátima, inclusivamente, nos dê o título.
E é mais ou menos isto que eu leio. Mas quando chega aqui, à conquista do título, não há mais nada. Nada de novo. Ficamos por aqui. Ou seja, há um enorme punhado de jornalistas, cronistas, comentadores, bloggers, repórteres, críticos (cinema, futebol e literários) a dizer… a mesma coisa, fazendo imensas crónicas sobre o assunto. Mais vírgula menos travessão, exactamente aquilo que escrevi lá em cima. E depois, não há mais nada, é mesmo só aquilo, acaba ali, na conquista do título.
É aqui que eu duvido do equilíbrio estático da plataforma vital que a Natureza me destinou e dou comigo a pensar, a pensar, a pensar, a pensar até, lamentavelmente, desistir!
Por vezes, até começo a ler. Cheio de boa intenção e não pior vontade. No fundo, no fundo, com a secreta esperança que aquilo desague em qualquer coisa interessante, desconhecida, que sei eu! Lá vou lendo que a nossa selecção já está no Alentejo, os jogadores estão de saúde e recomendam-se, todos motivados e unidos, balneário perfeito e até Scolari, apesar de ser burro, estrangeiro e ainda por cima brasileiro e achar que o Pinto da Costa é um idiota, lá vai dando conta do recado. Portanto, apesar de o Quaresma não ter sido chamado, temos mais é que estar com a selecção, unidos, orgulhosos, cheios de fé e de desígnio nacional, para cilindrarmos os bárbaros em compita e esperar que N. Srª de Fátima, inclusivamente, nos dê o título.
E é mais ou menos isto que eu leio. Mas quando chega aqui, à conquista do título, não há mais nada. Nada de novo. Ficamos por aqui. Ou seja, há um enorme punhado de jornalistas, cronistas, comentadores, bloggers, repórteres, críticos (cinema, futebol e literários) a dizer… a mesma coisa, fazendo imensas crónicas sobre o assunto. Mais vírgula menos travessão, exactamente aquilo que escrevi lá em cima. E depois, não há mais nada, é mesmo só aquilo, acaba ali, na conquista do título.
É aqui que eu duvido do equilíbrio estático da plataforma vital que a Natureza me destinou e dou comigo a pensar, a pensar, a pensar, a pensar até, lamentavelmente, desistir!
Haja esperança
[1010]
O mundo dos petróleos anda calmo e os preços baixaram lamentavelmente para a casa dos $68/barril, ouvi agora "fresquinho" nas notícias, disse-mo o apresentador da TV com um ar amargurado. Haja esperança para os profetas da desgraça que, nunca se sabe, mas um dia destes Bush não muda de meias de um dia para o outro e um repórter descobre, a Condoleeza arranja um namorado 10 anos mais novo (male caucasian, espera-se), o presidente (?) do Irão apanha uma colite provocada por uma garrafa de água mineral americana que ele recebeu de um candongueiro de Bagdad, o presidente da A. da Palestina acorda com torcicolo ou Blair faz um discurso homofóbico. E o petróleo salta para os $75 outra vez.
Instala-se, de novo, a situação de crise e todos vivemos felizes por mais umas semanas a falar de energias alternativas, da globalização, das diferenças entre pobres e ricos. Com sorte, Portugal não chega à fase final do Campeonato do Mundo e aí, até o desemprego baixa e a “retoma” desenhar-se-á com nitidez. Venda de depressivos, de jornais, aumento de publicidade nas TV’s com audiências a disparar e o Tony Carreira gravará um disco. Haja esperança.
O mundo dos petróleos anda calmo e os preços baixaram lamentavelmente para a casa dos $68/barril, ouvi agora "fresquinho" nas notícias, disse-mo o apresentador da TV com um ar amargurado. Haja esperança para os profetas da desgraça que, nunca se sabe, mas um dia destes Bush não muda de meias de um dia para o outro e um repórter descobre, a Condoleeza arranja um namorado 10 anos mais novo (male caucasian, espera-se), o presidente (?) do Irão apanha uma colite provocada por uma garrafa de água mineral americana que ele recebeu de um candongueiro de Bagdad, o presidente da A. da Palestina acorda com torcicolo ou Blair faz um discurso homofóbico. E o petróleo salta para os $75 outra vez.
Instala-se, de novo, a situação de crise e todos vivemos felizes por mais umas semanas a falar de energias alternativas, da globalização, das diferenças entre pobres e ricos. Com sorte, Portugal não chega à fase final do Campeonato do Mundo e aí, até o desemprego baixa e a “retoma” desenhar-se-á com nitidez. Venda de depressivos, de jornais, aumento de publicidade nas TV’s com audiências a disparar e o Tony Carreira gravará um disco. Haja esperança.
domingo, maio 21, 2006
Nham-Nham
[1009]
“…É por isso que gostamos de homens, para que não nos inchemos de silicone e extensões loiras. Mas há dias de tremendo fufedo, dias em que me aparecem à frente gajas a quem apalparia com fartura, gajas que me tiram do sério por giras, boas, todas elas curvas, mamas e pernas infinitas. Nham-nham. Não sobram, mas as que há, uf, nem sei o que te diga. Ai…”
Aquele primeiro período do texto no Rititi passa-me, naturalmente, ao lado. Já quanto ao resto, registo uma harmoniosa identificação do verbo com o pensamento generalizado de muitos homens, nos quais humilde e confessadamente me revejo…
“…É por isso que gostamos de homens, para que não nos inchemos de silicone e extensões loiras. Mas há dias de tremendo fufedo, dias em que me aparecem à frente gajas a quem apalparia com fartura, gajas que me tiram do sério por giras, boas, todas elas curvas, mamas e pernas infinitas. Nham-nham. Não sobram, mas as que há, uf, nem sei o que te diga. Ai…”
Aquele primeiro período do texto no Rititi passa-me, naturalmente, ao lado. Já quanto ao resto, registo uma harmoniosa identificação do verbo com o pensamento generalizado de muitos homens, nos quais humilde e confessadamente me revejo…
sábado, maio 20, 2006
Ganda nóia
[1008]
Vai por aí o Congresso do PSD. Tenho que humildemente admitir que a coisa está pífia.
Cada vez me convenço mais que, na actual conjuntura, a ressurreição do PSD passará sempre e só por duas pessoas. Rebelo de Sousa para os florilégios e Manuela Ferreira Leite para primeira ministra. Tudo o mais é paisagem…
O'Neill sempre
[1007]
A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer
A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.
...
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.
Bom fim de semana para todos
Despir a blusa. Já...
Foi a única blusa verde de alças que consegui encontrar no Google. Não tem é bolinhas. Mas compensa-se a falta com um modelo interessante, embora não escreva para o Expresso. Mas... who cares?
[1006]
Há uma coisa que se vai tornando nítida. Por isto ou por aquilo, cada vez leio o “Expresso” mais depressa. Hoje, então, depois de uma leitura em que “saltei” positivamente uns quantos artigos, a única coisa que me ficou na memória, leitura feita, foi que a Clara Ferreira Alves comprou uma blusa verde com bolinhas e alcinhas na Zara, por €7 e, a partir daí, fez um arrazoado insípido e trapalhão sobre coisas que estamos fartos de saber. Ainda pensei que ela passaria a andar sem blusa mas não, parece que a solução é comprar roupa de marca. Qualquer coisa por aí e desviarmo-nos da pobreza dos operários que possibilitam que a Zara venda blusas verdes às bolinhas e fitinhas de seda ao preço ridículo de €7.
Li qualquer coisa também sobre a deputada holandesa Ayannan Ali pelo Daniel Oliveira e pelo Pereira Coutinho. Se Daniel Oliveira acreditasse realmente no que escreve eu diria que estaríamos face ao ponto de partida para um interessante debate. Como ele não acredita e se aproxima, cada vez mais, do nível zero da decência (coisa que, aparentemente, rende cá na terra), não vale a pena sequer perder tempo com o assunto. Apenas registar que, como se esperaria, acaba tudo nos sacanas dos americanos que vão buscar a deputada holandesa lá para os States. Para propaganda, claro. De caminho fala-se no “muro de Bush” (não vá os americanos fugirem para o México…), ignorando o muro espanhol e o drama permanente das Canárias. Pelo menos ainda não ouvi falar em muros Zapatero…
Venha de lá o “Sol” depressa que o Expresso está cada mais cinzento!
Há uma coisa que se vai tornando nítida. Por isto ou por aquilo, cada vez leio o “Expresso” mais depressa. Hoje, então, depois de uma leitura em que “saltei” positivamente uns quantos artigos, a única coisa que me ficou na memória, leitura feita, foi que a Clara Ferreira Alves comprou uma blusa verde com bolinhas e alcinhas na Zara, por €7 e, a partir daí, fez um arrazoado insípido e trapalhão sobre coisas que estamos fartos de saber. Ainda pensei que ela passaria a andar sem blusa mas não, parece que a solução é comprar roupa de marca. Qualquer coisa por aí e desviarmo-nos da pobreza dos operários que possibilitam que a Zara venda blusas verdes às bolinhas e fitinhas de seda ao preço ridículo de €7.
Li qualquer coisa também sobre a deputada holandesa Ayannan Ali pelo Daniel Oliveira e pelo Pereira Coutinho. Se Daniel Oliveira acreditasse realmente no que escreve eu diria que estaríamos face ao ponto de partida para um interessante debate. Como ele não acredita e se aproxima, cada vez mais, do nível zero da decência (coisa que, aparentemente, rende cá na terra), não vale a pena sequer perder tempo com o assunto. Apenas registar que, como se esperaria, acaba tudo nos sacanas dos americanos que vão buscar a deputada holandesa lá para os States. Para propaganda, claro. De caminho fala-se no “muro de Bush” (não vá os americanos fugirem para o México…), ignorando o muro espanhol e o drama permanente das Canárias. Pelo menos ainda não ouvi falar em muros Zapatero…
Venha de lá o “Sol” depressa que o Expresso está cada mais cinzento!
sexta-feira, maio 19, 2006
Volto já
[1005]
Afazeres levam-me a Coimbra. Estou a sair agora e já venho. Se se proporcionar, o almoço obrigará a uma saltadinha à Mealhada para trincar uma refeição já do tempo das invasões romanas mas absolutamente pecaminosa. Lá terei que acrescentar cinco quilómetros extra na “bicicletagem” do fim de semana…
Ahhh… e já é tarde para o Alfa. Vou de carro mesmo.
Nota: Acho que nunca escrevi um post tão idiota. Vendo bem as coisas, o que é que interessará a alguém o facto de eu ter de ir a Coimbra ou não?
Afazeres levam-me a Coimbra. Estou a sair agora e já venho. Se se proporcionar, o almoço obrigará a uma saltadinha à Mealhada para trincar uma refeição já do tempo das invasões romanas mas absolutamente pecaminosa. Lá terei que acrescentar cinco quilómetros extra na “bicicletagem” do fim de semana…
Ahhh… e já é tarde para o Alfa. Vou de carro mesmo.
Nota: Acho que nunca escrevi um post tão idiota. Vendo bem as coisas, o que é que interessará a alguém o facto de eu ter de ir a Coimbra ou não?
quinta-feira, maio 18, 2006
Darwin em fascículos...ou a "prática" da evolução
[1004]
É claro que isto foi antes de se ter inventado as ovelhas e os australianos. E na Serra da Estrela só mesmo Viriato tinha corrida para a cabra-montês...
Anedota corrente em Brisbane, Australia:
Hei "Jaimy" you know why Aussies dont marry sheep?
'Cause sheep "caint" cook!
É claro que isto foi antes de se ter inventado as ovelhas e os australianos. E na Serra da Estrela só mesmo Viriato tinha corrida para a cabra-montês...
Anedota corrente em Brisbane, Australia:
Hei "Jaimy" you know why Aussies dont marry sheep?
'Cause sheep "caint" cook!
O labrego nacional
[1003]
O labrego nacional tem entre quarenta a cinquenta anos, é obeso, tem bigode, transpira da testa e tem barba de anteontem. O labrego nacional é chefe de uma oficina de reparação de automóveis de marca conhecida e intuiu a gloriosa missão que tem em mãos, depois de empacotar um vocabulário muito específico que inclui embaladeiras, grelhas, painel e chapa vincada. Olha, com um misto de desdém e de especialista em ver se os melões estão maduros quando vai ao Continente, para os miserandos ignorantes da coisa automóvel e o seu bigode eriça-se quando o ignorante é uma mulher. Porque as mulheres guiam mal e não fazem a mínima ideia do que têm em mãos quando seguram entre os dedos um guiador automóvel.
Como o labrego nacional não gosta de paneleiros, olha para a mulher/cliente com um ar intermédio de indiferença de quem papa uma gaja todos os dias e, glória suprema, as “despacha” entre três ou quatro minutos sem precisar das paneleirices dos preliminares e um olhito guloso, porque uma pita é uma pita e nunca se sabe quando uma queca lhe cai no prato da sopa. O labrego nacional acha que quem quer que precise de se deslocar á oficina de reparações onde ele é chefe tem a obrigação estrita de o ouvir e não deve, não pode, saber mais do que ele. Muito menos, sugerir que percebe minimamente o que ele lhe diz. A mulher cliente deverá mesmo esboçar um ar de admiração por aquele ser dotado que percebe de embaladeiras, “aparelho” e substituição à razão de €35/hora. O labrego nacional recebe, displicente, o relatório da companhia de seguros que fez a peritagem de um pequeno acidente, agita o relatório numa das mãos, sem ler, e vai ditando umas ordens para o séquito de operários a quem ele há-de ministrar doutos ensinamentos sobre a melhor forma de desvincar um chapa. O labrego nacional lê o relatório da companhia de seguros quando bem lhe apraz e depois de atingir um orgasmo mental (ia a dizer intelectual mas isso seria um total disparate…) por ter feito esperar a cliente uns bons cinco minutos antes de se dignar olhar para o relatório, para, finalmente, lhe dizer, com um ar de quem acabou uma tese de doutoramento em embaladeiras: - “Estes gajos não percebem nada, isto está tudo mal, menina, olhe táver, a grelha tem o suporte partido e eles não puseram a grelha na requisição, aqueles gajos olham para o carro e vêem o que está partido e mainada. Farol e tá andar. É preciso abrir o capô e ver os pormenores derivado à pancada, táver? Como é que vou fazer um trabalho assim? E depois quem é que me paga?”
Se esta gente não tivesse direito a subsídio de desemprego era bem feito que fossem para casa arranjar as embaladeiras da carrinha dos biscates e meterem imigrantes a trabalhar. Podem não perceber tanto de embaladeiras mas são, frequentemente, mais bem educados. E não são labregos.
O labrego nacional tem entre quarenta a cinquenta anos, é obeso, tem bigode, transpira da testa e tem barba de anteontem. O labrego nacional é chefe de uma oficina de reparação de automóveis de marca conhecida e intuiu a gloriosa missão que tem em mãos, depois de empacotar um vocabulário muito específico que inclui embaladeiras, grelhas, painel e chapa vincada. Olha, com um misto de desdém e de especialista em ver se os melões estão maduros quando vai ao Continente, para os miserandos ignorantes da coisa automóvel e o seu bigode eriça-se quando o ignorante é uma mulher. Porque as mulheres guiam mal e não fazem a mínima ideia do que têm em mãos quando seguram entre os dedos um guiador automóvel.
Como o labrego nacional não gosta de paneleiros, olha para a mulher/cliente com um ar intermédio de indiferença de quem papa uma gaja todos os dias e, glória suprema, as “despacha” entre três ou quatro minutos sem precisar das paneleirices dos preliminares e um olhito guloso, porque uma pita é uma pita e nunca se sabe quando uma queca lhe cai no prato da sopa. O labrego nacional acha que quem quer que precise de se deslocar á oficina de reparações onde ele é chefe tem a obrigação estrita de o ouvir e não deve, não pode, saber mais do que ele. Muito menos, sugerir que percebe minimamente o que ele lhe diz. A mulher cliente deverá mesmo esboçar um ar de admiração por aquele ser dotado que percebe de embaladeiras, “aparelho” e substituição à razão de €35/hora. O labrego nacional recebe, displicente, o relatório da companhia de seguros que fez a peritagem de um pequeno acidente, agita o relatório numa das mãos, sem ler, e vai ditando umas ordens para o séquito de operários a quem ele há-de ministrar doutos ensinamentos sobre a melhor forma de desvincar um chapa. O labrego nacional lê o relatório da companhia de seguros quando bem lhe apraz e depois de atingir um orgasmo mental (ia a dizer intelectual mas isso seria um total disparate…) por ter feito esperar a cliente uns bons cinco minutos antes de se dignar olhar para o relatório, para, finalmente, lhe dizer, com um ar de quem acabou uma tese de doutoramento em embaladeiras: - “Estes gajos não percebem nada, isto está tudo mal, menina, olhe táver, a grelha tem o suporte partido e eles não puseram a grelha na requisição, aqueles gajos olham para o carro e vêem o que está partido e mainada. Farol e tá andar. É preciso abrir o capô e ver os pormenores derivado à pancada, táver? Como é que vou fazer um trabalho assim? E depois quem é que me paga?”
Se esta gente não tivesse direito a subsídio de desemprego era bem feito que fossem para casa arranjar as embaladeiras da carrinha dos biscates e meterem imigrantes a trabalhar. Podem não perceber tanto de embaladeiras mas são, frequentemente, mais bem educados. E não são labregos.
Protocolos
[1002]
Não consigo entender a relação entre a laicidade do Estado com a necessidade intestina que os nossos zelosos guardiães do progresso mostram de alterar o protocolo de Estado, retirando os lugares destinados ao Clero.
Eu não tenho dificuldade em compreender o simbolismo da coisa, mas acho a medida eivada de um profundo desrespeito pelas figuras da Igreja e pelos cidadãos que independentemente da bondade do fenómeno, continuam a rever-se numa sociedade cristã e católica. A menos que tenha soado a hora de iniciar um regime de esclarecimento do povo ignaro através de medidas de longo alcance come esta de retirar a cadeira ao Cardeal Patriarca.
Só não percebo é porque é que acabamos com o protocolo mas ainda benzemos auto-estradas, chafarizes, barragens, pontes, estações de metro e outras benfeitorias que, sem a bênção divina, nos servirão em pecado e, provavelmente em precárias condições de segurança, maugrado a aturada vigilância dos nosso diligentes especialistas e inspectores.
Esta de retirar a cadeira ao Patriarca é ridícula. E D. José Policarpo merecia mais respeito.
Não consigo entender a relação entre a laicidade do Estado com a necessidade intestina que os nossos zelosos guardiães do progresso mostram de alterar o protocolo de Estado, retirando os lugares destinados ao Clero.
Eu não tenho dificuldade em compreender o simbolismo da coisa, mas acho a medida eivada de um profundo desrespeito pelas figuras da Igreja e pelos cidadãos que independentemente da bondade do fenómeno, continuam a rever-se numa sociedade cristã e católica. A menos que tenha soado a hora de iniciar um regime de esclarecimento do povo ignaro através de medidas de longo alcance come esta de retirar a cadeira ao Cardeal Patriarca.
Só não percebo é porque é que acabamos com o protocolo mas ainda benzemos auto-estradas, chafarizes, barragens, pontes, estações de metro e outras benfeitorias que, sem a bênção divina, nos servirão em pecado e, provavelmente em precárias condições de segurança, maugrado a aturada vigilância dos nosso diligentes especialistas e inspectores.
Esta de retirar a cadeira ao Patriarca é ridícula. E D. José Policarpo merecia mais respeito.
ADENDA:
Declaração de interesse (ainda gosto mais desta do que da "é assim"): Sou laico, republicano e só não sou socialista porque tive a sorte de viver de perto, durante uns anitos, as manhãs que cantavam muito mas era só no dia seguinte e não era para todos, além de que comecei a reparar que a pauta estava muito viciada. Mas estive quase... Tive, assim, a sorte de me curar antes da maleita. Portanto, estou à vontade para escrever o post que escrevi.
Pena
[1001]
Não me apetece descolar do post anterior, tanto eu gosto da foto. Mas terá que ser. Há 24 horas que ando em regime de contemplação permanente e isso é prejudicial, sabemo-lo todos!...
Não me apetece descolar do post anterior, tanto eu gosto da foto. Mas terá que ser. Há 24 horas que ando em regime de contemplação permanente e isso é prejudicial, sabemo-lo todos!...
terça-feira, maio 16, 2006
Número mil
Go, went, gone!
Foto "Light on Pacific" de Chip Hooper
[1000]
1000 posts... Nunca me passaria pela cabeça há 22 meses atrás que eu seria capaz de escrever 1000… sei lá… como é que vou chamar a isto… textos, acho que isso são – textos. Como não me passaria pela cabeça que o Espumadamente se haveria de tornar um verdadeiro instrumento de entretenimento e um veículo surpreendente de novas amizades, algumas delas que me merecem mesmo um especial apreço. Só por isso foi bom.
Outra coisa é perceber que sou lido. Quase todos os dias ultrapasso as trezentas visitas o que, mesmo descontando as minhas próprias batidas quando posto, comento ou abro o blog, configura um número que me envaidece e apraz.
Quero agradecer do coração a todos os que por aqui passam e me lêem. Sem falsa modéstia, às vezes pergunto-me porquê… afinal sou um blog light (IO, não te perdôo essa) sem quaisquer preocupações editoriais, temáticas ou de estilo. Quem me lê sabe que o faço de acordo com o que me vem à cabeça. A isto posso juntar o facto de um post me levar 4 ou 5 minutos a escrever, daí que não saiam aquelas peças com um princípio elaborado, meio oleado e fim primoroso, sai o que sai e, aparentemente, algumas vezes sai bem, senão também não tinha visitas. E isso dá-me gozo, porque não dizê-lo?
Obrigado a todos. Um beijo e um abraço para aqueles que conheço pessoalmente e um agradecimento especial a todos os que, não fazendo eu a mínima ideia de quem sejam, me privilegiam com a sua visita. Muitos deles diariamente.
1000 posts... Nunca me passaria pela cabeça há 22 meses atrás que eu seria capaz de escrever 1000… sei lá… como é que vou chamar a isto… textos, acho que isso são – textos. Como não me passaria pela cabeça que o Espumadamente se haveria de tornar um verdadeiro instrumento de entretenimento e um veículo surpreendente de novas amizades, algumas delas que me merecem mesmo um especial apreço. Só por isso foi bom.
Outra coisa é perceber que sou lido. Quase todos os dias ultrapasso as trezentas visitas o que, mesmo descontando as minhas próprias batidas quando posto, comento ou abro o blog, configura um número que me envaidece e apraz.
Quero agradecer do coração a todos os que por aqui passam e me lêem. Sem falsa modéstia, às vezes pergunto-me porquê… afinal sou um blog light (IO, não te perdôo essa) sem quaisquer preocupações editoriais, temáticas ou de estilo. Quem me lê sabe que o faço de acordo com o que me vem à cabeça. A isto posso juntar o facto de um post me levar 4 ou 5 minutos a escrever, daí que não saiam aquelas peças com um princípio elaborado, meio oleado e fim primoroso, sai o que sai e, aparentemente, algumas vezes sai bem, senão também não tinha visitas. E isso dá-me gozo, porque não dizê-lo?
Obrigado a todos. Um beijo e um abraço para aqueles que conheço pessoalmente e um agradecimento especial a todos os que, não fazendo eu a mínima ideia de quem sejam, me privilegiam com a sua visita. Muitos deles diariamente.
Depois ficamos muito admirados
[999]
- Peça-me à Odete que me mande aquilo que lhe pedi ontem.
- A Odete não veio, pediu para faltar hoje, parece que tem uns assuntos a tratar fora de Lisboa…
- OK… olhe, então ligue para o Artur, que ele deve ter cópias lá na fábrica.
- Claro…
- O Artur não veio, hoje está nas aulas.
- Aulas? Mas… tudo bem, olhe veja então com a Margarida porque ele tem acesso ao sistema e ela que faça um print.
- Claro.
- A Margarida tem acesso mas não sabe a password.
- E quem é que tem a passaword?
- A Fernanda.
- Então a Margarida que peça a password à Fernanda…
- …
- A Fernanda está com licença de parto.
- Ainda???? Poça, então fale com o Fonseca, explique que está difícil e ele que avance com a coisa assim mesmo e depois tratamos da papelada.
- O Fonseca está de baixa…
- …
- Mas deixe que eu falo com o Sousa, talvez ele resolva
- …
- O Sousa está em formação!
- …
- Olhe, estou no cinema, se o filme acabar a horas decentes ainda aqui passo, se não passar é porque estou de baixa até amanhã de manhã!
Hihihihihihihiiiiii....
[997]
Certo que já aqui terei deixado fortes indícios de que nunca trabalhei em Portugal até há nove anos atrás, confesso que quando cá cheguei me choquei, espantei, e pestanejei a pensar, por força de algumas cenas que eu presenciava, à medida que me ia entranhando na paróquia.
Uma das coisas que mais me chocavam, por exemplo, era aquilo que eu chamaria de gozo pueril sempre que se “papava um almocinho” a alguém. Isso era visível aos mais variados níveis, desde gente engravatada até a elementos da equipa de vendedores de uma empresa onde eu trabalhava. Era o sorriso alvar, a expressão a raiar um orgasmo do esófago (sério, que é a expressão que me ocorre), sempre que pingava um almocinho pago por mim. Ao princípio ainda pensei que as risadinhas e expressões felizes tinham mais a ver com uma ponta de humor do que com qualquer outra coisa – até perceber que não. “Aquilo” tinha mesmo a ver com o almocinho “papado à borla”. Assim. Tout-court.
E isto chocava-me porque eu estava habituado a ver cenas semelhantes em países africanos, onde a distribuição de brindes como esferográficas baratas, bonés ou sacos de plástico causava verdadeiras batalhas campais, ainda que no meio de imensas risadas de felicidade.
Eu atribuía este tipo de manifestações ao reconhecido atraso do terceiro mundo. Até ter visto hoje na TV “o pessoal” a assaltar os cachecóis da selecção que hoje começaram a ser distribuídos gratuitamente nas ruas de Lisboa. E a lembrar-me da expressão daqueles que de vez em quando me “papam um almocinho”!
Certo que já aqui terei deixado fortes indícios de que nunca trabalhei em Portugal até há nove anos atrás, confesso que quando cá cheguei me choquei, espantei, e pestanejei a pensar, por força de algumas cenas que eu presenciava, à medida que me ia entranhando na paróquia.
Uma das coisas que mais me chocavam, por exemplo, era aquilo que eu chamaria de gozo pueril sempre que se “papava um almocinho” a alguém. Isso era visível aos mais variados níveis, desde gente engravatada até a elementos da equipa de vendedores de uma empresa onde eu trabalhava. Era o sorriso alvar, a expressão a raiar um orgasmo do esófago (sério, que é a expressão que me ocorre), sempre que pingava um almocinho pago por mim. Ao princípio ainda pensei que as risadinhas e expressões felizes tinham mais a ver com uma ponta de humor do que com qualquer outra coisa – até perceber que não. “Aquilo” tinha mesmo a ver com o almocinho “papado à borla”. Assim. Tout-court.
E isto chocava-me porque eu estava habituado a ver cenas semelhantes em países africanos, onde a distribuição de brindes como esferográficas baratas, bonés ou sacos de plástico causava verdadeiras batalhas campais, ainda que no meio de imensas risadas de felicidade.
Eu atribuía este tipo de manifestações ao reconhecido atraso do terceiro mundo. Até ter visto hoje na TV “o pessoal” a assaltar os cachecóis da selecção que hoje começaram a ser distribuídos gratuitamente nas ruas de Lisboa. E a lembrar-me da expressão daqueles que de vez em quando me “papam um almocinho”!
segunda-feira, maio 15, 2006
Uma hora na vida de um homem
[995]
10:43 am – Hi dad. Stella is crying
10:46 am – Hi dad. Stella is not crying
10:51 am – Hi dad. Stella is about to cry
10:59 am – Hi dad. Stella did not cry
11:03 am – Hi dad. I’m feeding Stella
11:07 am – Hi dad. She farts
11:12 am – Hi dad. She farts again. Shall I take her to doc?
11:16 am – Hi dad. Stella stopped farting.
11:17 am – Hi dad. Passed wind again
11:18 am – Hi dad. Stella’s sneezing.
11:21 am – Hi dad. Three times…
11:29 am – Hi dad. Five times. U think she’s getting flu?
11:34 am – Hi dad. Stella’s sleeping
11:43 am - Hi dad. Well… not exactly
11:46 am - Pi pi pi " sem espaço para novas mensagens"
10:43 am – Hi dad. Stella is crying
10:46 am – Hi dad. Stella is not crying
10:51 am – Hi dad. Stella is about to cry
10:59 am – Hi dad. Stella did not cry
11:03 am – Hi dad. I’m feeding Stella
11:07 am – Hi dad. She farts
11:12 am – Hi dad. She farts again. Shall I take her to doc?
11:16 am – Hi dad. Stella stopped farting.
11:17 am – Hi dad. Passed wind again
11:18 am – Hi dad. Stella’s sneezing.
11:21 am – Hi dad. Three times…
11:29 am – Hi dad. Five times. U think she’s getting flu?
11:34 am – Hi dad. Stella’s sleeping
11:43 am - Hi dad. Well… not exactly
11:46 am - Pi pi pi " sem espaço para novas mensagens"
Barrigada de barrigas
[994]
Mas não há televisão nas zonas onde o Governo vai fechar blocos de partos? Ele é Barcelos, ele é Lamego, ele é Elvas ele é tudo onde o ministro da Saúde resolveu fechar. Está "tudo grávido".
E uma pessoa acorda, vem para a sala tomar café e acabar de acordar e de três em três minutos é só reportagens com grávidas. E que grávidas! Depois dos ângulos convenientes dos operadores de câmara a mostrarem barrigas cheias de filhos, sai a entrevista relâmpago do costume, com a pergunta inesperada e inteligente:
- E acha que seria melhor tratada (eu cá diria mais bem tratadas, mas eles é que tiraram o curso de comunicação social, eu fui para ciências, contrariado, mas fui…) aqui na sua terra?
Eu sustenho a respiração, digo cá para mim "é desta", à espera de uma resposta redentora da opinião que vou tendo dos meus paroquianos, mas a resposta é sempre a mesma:
- Claro, nós aqui temos tudo, os serviços são muitos bons, o pessoal é excelente e patatipatatá.
De repente as nossa unidades de saúde são óptimas. Andávamos era distraídos. E os nossos repórteres que não há meio de engravidarem...
Mas não há televisão nas zonas onde o Governo vai fechar blocos de partos? Ele é Barcelos, ele é Lamego, ele é Elvas ele é tudo onde o ministro da Saúde resolveu fechar. Está "tudo grávido".
E uma pessoa acorda, vem para a sala tomar café e acabar de acordar e de três em três minutos é só reportagens com grávidas. E que grávidas! Depois dos ângulos convenientes dos operadores de câmara a mostrarem barrigas cheias de filhos, sai a entrevista relâmpago do costume, com a pergunta inesperada e inteligente:
- E acha que seria melhor tratada (eu cá diria mais bem tratadas, mas eles é que tiraram o curso de comunicação social, eu fui para ciências, contrariado, mas fui…) aqui na sua terra?
Eu sustenho a respiração, digo cá para mim "é desta", à espera de uma resposta redentora da opinião que vou tendo dos meus paroquianos, mas a resposta é sempre a mesma:
- Claro, nós aqui temos tudo, os serviços são muitos bons, o pessoal é excelente e patatipatatá.
De repente as nossa unidades de saúde são óptimas. Andávamos era distraídos. E os nossos repórteres que não há meio de engravidarem...
domingo, maio 14, 2006
Execrável
[993]
"...É seguramente a mais obscena de toda a publicidade que actualmente se vê na televisão e ouve na rádio. Na primeira, um rapaz atravessa um jardim e dirige-se a acolhedora casa. Leva nos braços uma bela mulher. Toca a campainha. Um senhor mais velho abre a porta. O rapaz diz: "Depois de três dias de casamento, acho que a sua filha não é mulher para mim... Por isso...". E entrega a mulher, bonita, passiva, dócil, com o ar doce de animal de estimação e tão expressiva como um electrodoméstico. O senhor recebe a mulher. O rapaz vai-se embora. O publicitário ataca: "Era bom se pudesse sempre experimentar primeiro... O Opel Astra oferece-lhe um teste... E manutenção durante dois anos e 60.000 quilómetros...". E mostra o carro...
Na rádio, a mesma marca de automóveis opta mais directamente pela pura grosseria. Um senhor vai a um comércio de animais protestar. Quer devolver o cão que comprara. Afinal, diz ele, não se trata realmente de um "fiel amigo". O cão em causa "Roubou-me o lugar na cama e tomou banho com a minha mulher"! A conclusão moral é evidente: fiel, só o carro...Já ouço a gargalhada boçal de alguns amantes da modernidade e de outros tantos lusitanos marialvas, que não se impedirão de tratar de politicamente correctos os que não gozam com o gosto dos ordinários. Mas gostaria mais de ouvir uma mulher, um homem, indignar-se perante tal vulgaridade. Ou de ver uma estação de televisão ou rádio recusar este género de publicidade. Não sei se este anúncio passa noutros países, é possível. Mas tenho a certeza de que nalguns, democráticos e sem censura, não passaria.
Foi a isto que as mulheres chegaram? Depois de uma meia existência pública e legal, depois de serem donas de casa, criadas e concubinas sem direitos, passaram a ser profissionais e empregadas, que acumularam com a maternidade e a educação. Faltava-lhes serem animais de estimação, mercadoria e electrodoméstico. E serem usadas à experiência. Já está. Ou, melhor dizendo, foi a isto que os homens chegaram..."
"...É seguramente a mais obscena de toda a publicidade que actualmente se vê na televisão e ouve na rádio. Na primeira, um rapaz atravessa um jardim e dirige-se a acolhedora casa. Leva nos braços uma bela mulher. Toca a campainha. Um senhor mais velho abre a porta. O rapaz diz: "Depois de três dias de casamento, acho que a sua filha não é mulher para mim... Por isso...". E entrega a mulher, bonita, passiva, dócil, com o ar doce de animal de estimação e tão expressiva como um electrodoméstico. O senhor recebe a mulher. O rapaz vai-se embora. O publicitário ataca: "Era bom se pudesse sempre experimentar primeiro... O Opel Astra oferece-lhe um teste... E manutenção durante dois anos e 60.000 quilómetros...". E mostra o carro...
Na rádio, a mesma marca de automóveis opta mais directamente pela pura grosseria. Um senhor vai a um comércio de animais protestar. Quer devolver o cão que comprara. Afinal, diz ele, não se trata realmente de um "fiel amigo". O cão em causa "Roubou-me o lugar na cama e tomou banho com a minha mulher"! A conclusão moral é evidente: fiel, só o carro...Já ouço a gargalhada boçal de alguns amantes da modernidade e de outros tantos lusitanos marialvas, que não se impedirão de tratar de politicamente correctos os que não gozam com o gosto dos ordinários. Mas gostaria mais de ouvir uma mulher, um homem, indignar-se perante tal vulgaridade. Ou de ver uma estação de televisão ou rádio recusar este género de publicidade. Não sei se este anúncio passa noutros países, é possível. Mas tenho a certeza de que nalguns, democráticos e sem censura, não passaria.
Foi a isto que as mulheres chegaram? Depois de uma meia existência pública e legal, depois de serem donas de casa, criadas e concubinas sem direitos, passaram a ser profissionais e empregadas, que acumularam com a maternidade e a educação. Faltava-lhes serem animais de estimação, mercadoria e electrodoméstico. E serem usadas à experiência. Já está. Ou, melhor dizendo, foi a isto que os homens chegaram..."
Tanto tempo a discutir quotas que depois não se repara nste tipo de coisas!
Ordem e Progresso
[991]
As trágicas horas que se vivem em S. Paulo com a rebelião das cadeias trouxeram Lula da Silva a público, para dizer que a culpa da situação é dos anteriores governos e das grandes diferenças entre pobres e ricos e as histórias do costume.
A esquerda é descarada, mas torna-se insuportável sempre que os seus arautos usam este tipo de argumentos de cartilha. Lula não é excepção. Quase cumpriu um mandato, está para iniciar outro e ainda não conseguiu dar um jeito na coisa para acabar com essas injustiças sociais de que ele fala e que fazem com que grupos organizados, ricos, bem armados, bem apetrechados e bem posicionados continuem a fazer gato sapato da Polícia.
Há alturas em que não há mesmo paciência…
As trágicas horas que se vivem em S. Paulo com a rebelião das cadeias trouxeram Lula da Silva a público, para dizer que a culpa da situação é dos anteriores governos e das grandes diferenças entre pobres e ricos e as histórias do costume.
A esquerda é descarada, mas torna-se insuportável sempre que os seus arautos usam este tipo de argumentos de cartilha. Lula não é excepção. Quase cumpriu um mandato, está para iniciar outro e ainda não conseguiu dar um jeito na coisa para acabar com essas injustiças sociais de que ele fala e que fazem com que grupos organizados, ricos, bem armados, bem apetrechados e bem posicionados continuem a fazer gato sapato da Polícia.
Há alturas em que não há mesmo paciência…
Venham mais
Foto Record
[990]
O FCP ganhou a Taça. Uma coisa que me saltou à vista foi que a equipa está mais simpática, mais humana. Os jogadores riem, saltam e mostram uma alegria genuína pelas conquistas que vão obtendo.
Reparando melhor, vejo que são quase todos brasileiros. Talvez por isso a equipa tenha perdido aquele ar de que do Douro para baixo está o país todo de caçadeira para os abater.
Entretanto Pinto da Costa e aquela cinzenta figura que não fala mas “está” sempre (Reinaldo Teles, parece chamar-se assim a criatura) encarregam-se de manter aquele ar de filme de terror e pose de regedor a que nos habituaram .
O FCP ganhou a Taça. Uma coisa que me saltou à vista foi que a equipa está mais simpática, mais humana. Os jogadores riem, saltam e mostram uma alegria genuína pelas conquistas que vão obtendo.
Reparando melhor, vejo que são quase todos brasileiros. Talvez por isso a equipa tenha perdido aquele ar de que do Douro para baixo está o país todo de caçadeira para os abater.
Entretanto Pinto da Costa e aquela cinzenta figura que não fala mas “está” sempre (Reinaldo Teles, parece chamar-se assim a criatura) encarregam-se de manter aquele ar de filme de terror e pose de regedor a que nos habituaram .
Futebóis 2
[989]
A Suiça está definitivamente a apanhar o resto da Europa. A acertar o passo, so to speak.
Num país em que em muitas vilas e pequenas cidades ainda se namora à janela, se vai virgem para o casamento e não se puxa o autoclismo durante a noite para não incomodar o vizinho, não é que os adeptos do F.C. Basileia se pegam à pêra com o Zurich no último jogo da Liga? Ainda se fosse em Zurich, mas não, foi em Bâle, terra pacata, de gente que sussurra nos eléctricos e passa a tarde ao longo do Reno a comer bradworst e a discutir as cotações do ouro e da platina…
A Suiça está definitivamente a apanhar o resto da Europa. A acertar o passo, so to speak.
Num país em que em muitas vilas e pequenas cidades ainda se namora à janela, se vai virgem para o casamento e não se puxa o autoclismo durante a noite para não incomodar o vizinho, não é que os adeptos do F.C. Basileia se pegam à pêra com o Zurich no último jogo da Liga? Ainda se fosse em Zurich, mas não, foi em Bâle, terra pacata, de gente que sussurra nos eléctricos e passa a tarde ao longo do Reno a comer bradworst e a discutir as cotações do ouro e da platina…
Futebóis (size matters)
[988]
- Mas acha que é bonita?
- Bonita… é, mas podia ser maior, acho que é um pouco pequena demais.
- Eu não acho, não acho que o tamanho tenha a ver. O que interessa é o significado, o valor.
- Sim, mas exactamente por isso podia ser um pouquinho maior, a gente olha, gosta, mas acha que podia ser maior.
Entrevista há pouco no Jornal da Tarde a Fernando Gomes e Jaime Magalhães sobre a Taça de Portugal, cuja edição de 2006 se disputa hoje.
- Mas acha que é bonita?
- Bonita… é, mas podia ser maior, acho que é um pouco pequena demais.
- Eu não acho, não acho que o tamanho tenha a ver. O que interessa é o significado, o valor.
- Sim, mas exactamente por isso podia ser um pouquinho maior, a gente olha, gosta, mas acha que podia ser maior.
Entrevista há pouco no Jornal da Tarde a Fernando Gomes e Jaime Magalhães sobre a Taça de Portugal, cuja edição de 2006 se disputa hoje.
Como é que há gente que gosta de andar de bicicleta?
[987]
Quando eu era miúdo tive uma bicicleta que me proporcionava um confortá-
vel “assento”, pelo menos que me lembre. Horas seguidas na “burra” ou na “jinga” não me causavam o menor desconforto. Era uma Hércules, roda 26, com o equipamento básico mínimo para andar, ou seja um par de pedais, uma roda pedaleira, uma roda cremalheira, corrente, quadro, travões e guiador e um selim onde me cabia o rabo todo.
Hoje tenho uma bicicleta especial de corrida, daquelas que só lhe falta fazer tostas mistas. Com um intrincado sistema de 3 x 7 velocidades proporciona-me 21 andamentos diferentes, tem amortecedores à frente, peso pluma e patatipatatá e um selim ergonómico, anatomicamente elaborado, design concebido por especialistas da arte de bem cavalgar todo o selim, mas onde claramente não me cabe o rabo todo como quando era miúdo, há apenas aquela “peça” minúscula e agressiva que ergonómica e anatomicamente me provoca uma dor lancinante ali pelas partes compreendidas entre o sacro, as extremidades dos ilíacos, toda a massa muscular circundante, cavidades e estimáveis protuberâncias. Tudo dói, depois de meia hora de pedalanço.
Como vivemos numa época cheia de recursos tecnológicos, já me dirigi “à melhor casa de bicicletas de Cascais” onde expus o problema. Ou me arranjavam um selim ou eu tinha que parar com a bicicleta.
Tem sido um rosário. Primeiro, venderam-me uma “capa”, uma coisa com uma forma obscena, com gel e fibras especiais que não sei quê, supostamente destinada a proporcionar-me um aconchego recto-sacro-nádego-ilíaco-escrotal. Quando lá voltei e disse que a coisa não adiantava, recomendaram-me uns calções de licra com uns almofadados estrategicamente distribuídos e que, supostamente, me dariam o máximo conforto.
Não dá. Ando sentado num complexo sistema de almofadados, gel, fibras, espumas de poliuretanos (eu seja ceguinho…) e uma pipa de massa e continuo a sentir-me vítima da mais dolorosa violação ao fim dos primeiros 10 km da praxe. Já me lembrei que este tipo de selins que agora fazem poderão ter a ver com muitas coisas, incluindo o respeito pelas minorias, mas palavra de honra eu não consigo perceber porque é que não consigo arranjar um selim como havia antigamente, largo, espaçoso, cómodo, forrado a pele e com duas molinhas por baixo. Tão simples e cómodo como isso…
Quando eu era miúdo tive uma bicicleta que me proporcionava um confortá-
vel “assento”, pelo menos que me lembre. Horas seguidas na “burra” ou na “jinga” não me causavam o menor desconforto. Era uma Hércules, roda 26, com o equipamento básico mínimo para andar, ou seja um par de pedais, uma roda pedaleira, uma roda cremalheira, corrente, quadro, travões e guiador e um selim onde me cabia o rabo todo.
Hoje tenho uma bicicleta especial de corrida, daquelas que só lhe falta fazer tostas mistas. Com um intrincado sistema de 3 x 7 velocidades proporciona-me 21 andamentos diferentes, tem amortecedores à frente, peso pluma e patatipatatá e um selim ergonómico, anatomicamente elaborado, design concebido por especialistas da arte de bem cavalgar todo o selim, mas onde claramente não me cabe o rabo todo como quando era miúdo, há apenas aquela “peça” minúscula e agressiva que ergonómica e anatomicamente me provoca uma dor lancinante ali pelas partes compreendidas entre o sacro, as extremidades dos ilíacos, toda a massa muscular circundante, cavidades e estimáveis protuberâncias. Tudo dói, depois de meia hora de pedalanço.
Como vivemos numa época cheia de recursos tecnológicos, já me dirigi “à melhor casa de bicicletas de Cascais” onde expus o problema. Ou me arranjavam um selim ou eu tinha que parar com a bicicleta.
Tem sido um rosário. Primeiro, venderam-me uma “capa”, uma coisa com uma forma obscena, com gel e fibras especiais que não sei quê, supostamente destinada a proporcionar-me um aconchego recto-sacro-nádego-ilíaco-escrotal. Quando lá voltei e disse que a coisa não adiantava, recomendaram-me uns calções de licra com uns almofadados estrategicamente distribuídos e que, supostamente, me dariam o máximo conforto.
Não dá. Ando sentado num complexo sistema de almofadados, gel, fibras, espumas de poliuretanos (eu seja ceguinho…) e uma pipa de massa e continuo a sentir-me vítima da mais dolorosa violação ao fim dos primeiros 10 km da praxe. Já me lembrei que este tipo de selins que agora fazem poderão ter a ver com muitas coisas, incluindo o respeito pelas minorias, mas palavra de honra eu não consigo perceber porque é que não consigo arranjar um selim como havia antigamente, largo, espaçoso, cómodo, forrado a pele e com duas molinhas por baixo. Tão simples e cómodo como isso…
sábado, maio 13, 2006
Deep thoughts for the week-end
O contorcionismo pode ser sempre uma opção válida...
[986]
Nos fins de semana, há quem faça ioga, se plasme com o budismo ou se dedique à transcendental tarefa da meditação, em vez de ir à praia, andar de bicicleta, queimar calorias numa partida de ténis ou repor calorias com um cozido à portuguesa.
Para aqueles mais dados à coisa meditativa (so to speak, no hard thoughts), sugiro três pensamentos profundos que certamente os ajudarão a encarar a próxima semana de trabalho com outra disposição:
- On the other hand, you have different fingers.
- Depression is merely anger without enthusiasm.
- Support bacteria. They’re the only culture some people have.
Bom fim de semana para todos
Nos fins de semana, há quem faça ioga, se plasme com o budismo ou se dedique à transcendental tarefa da meditação, em vez de ir à praia, andar de bicicleta, queimar calorias numa partida de ténis ou repor calorias com um cozido à portuguesa.
Para aqueles mais dados à coisa meditativa (so to speak, no hard thoughts), sugiro três pensamentos profundos que certamente os ajudarão a encarar a próxima semana de trabalho com outra disposição:
- On the other hand, you have different fingers.
- Depression is merely anger without enthusiasm.
- Support bacteria. They’re the only culture some people have.
Bom fim de semana para todos
sexta-feira, maio 12, 2006
As vicissitudes e a psicologia
[985]
…e agora que eu ia escrever outro post pequenino sobre a reportagem da peregrinação a Fátima, apareceu o Gabriel Alves a falar. E “…como há momentos de sorte e há momentos em que se pode equacionar o sortilégio porque a equipa sadina é fortíssima e o que aconteceu é que as vicissitudes e a psicologia da questão da ida a Europa das equipas à Europa é um factor a considerar…” e já não apanhei mais! Alguém que decifre isto se estiver interessado.
Bom trabalho para todos.
…e agora que eu ia escrever outro post pequenino sobre a reportagem da peregrinação a Fátima, apareceu o Gabriel Alves a falar. E “…como há momentos de sorte e há momentos em que se pode equacionar o sortilégio porque a equipa sadina é fortíssima e o que aconteceu é que as vicissitudes e a psicologia da questão da ida a Europa das equipas à Europa é um factor a considerar…” e já não apanhei mais! Alguém que decifre isto se estiver interessado.
Bom trabalho para todos.
Petite fleur
[984]
Sou “lincado” por um apreciável número de blogues. Na maior parte das vezes, o Espumadamente aparece listado entre outra gente ilustre, sendo que o único critério de alojamento é a ordem alfabética. Outras vezes, a coisa torna-se mais sofisticada. Há blogues que agrupam os linques de acordo com o seu critério de apreciação, seja pela presumível qualidade, seja pelo grau de amizade. É assim que eu tanto posso aparecer placidamente situado onde a ordem alfabética me ordena, como ser agrupado em categorias que vão desde o “vale a pena ler”, até ao “para sorrir e outras coisas”, passando pelo “second flush” e até por um “quando há tempo para isso”. Ou seja, há gente que acha que sou bom, outra que nem por isso e há ainda aqueles que acham, mesmo lendo o Espumadamente, que não mereço um linque.
Ora este estado de coisas não é nada mais que a liberdade de cada um me julgar de acordo com os seus parâmetros e tudo bem. Agora, que uma amiga e vizinha que muito prezo me classifique num grupo de “petite fleur” é que me suscita as mais lancinantes angústias e me faz questionar os porquês de tal classificação. Habituei-me a ouvir dançar aquele soberbo solo de clarinete quando era miúdo, nos chamados bailes particulares, gozando (e abusando) de cada uma daquelas notas que convidavam ao êxtase e me levavam pelas nuvens dos prazeres e dos atrevimentos da adolescência.
Uns bons anos depois, a Chuinga classifica-me de “petite fleur”, quando eu julgava ser assim mais “Mack the knife” ou encarnava o Frank Sinatra no “one for the road”.
Pagava para saber porquê, mas mesmo que ela não mo diga, fica aqui um beijinho pelo mimo. É que só pode ser mimo, espero…
Sou “lincado” por um apreciável número de blogues. Na maior parte das vezes, o Espumadamente aparece listado entre outra gente ilustre, sendo que o único critério de alojamento é a ordem alfabética. Outras vezes, a coisa torna-se mais sofisticada. Há blogues que agrupam os linques de acordo com o seu critério de apreciação, seja pela presumível qualidade, seja pelo grau de amizade. É assim que eu tanto posso aparecer placidamente situado onde a ordem alfabética me ordena, como ser agrupado em categorias que vão desde o “vale a pena ler”, até ao “para sorrir e outras coisas”, passando pelo “second flush” e até por um “quando há tempo para isso”. Ou seja, há gente que acha que sou bom, outra que nem por isso e há ainda aqueles que acham, mesmo lendo o Espumadamente, que não mereço um linque.
Ora este estado de coisas não é nada mais que a liberdade de cada um me julgar de acordo com os seus parâmetros e tudo bem. Agora, que uma amiga e vizinha que muito prezo me classifique num grupo de “petite fleur” é que me suscita as mais lancinantes angústias e me faz questionar os porquês de tal classificação. Habituei-me a ouvir dançar aquele soberbo solo de clarinete quando era miúdo, nos chamados bailes particulares, gozando (e abusando) de cada uma daquelas notas que convidavam ao êxtase e me levavam pelas nuvens dos prazeres e dos atrevimentos da adolescência.
Uns bons anos depois, a Chuinga classifica-me de “petite fleur”, quando eu julgava ser assim mais “Mack the knife” ou encarnava o Frank Sinatra no “one for the road”.
Pagava para saber porquê, mas mesmo que ela não mo diga, fica aqui um beijinho pelo mimo. É que só pode ser mimo, espero…
quinta-feira, maio 11, 2006
Chora que logo bebes
O rio que a Madalena gosta
[983]
A Madalena é um doce. Escreve deliciosamente, com a suavidade do veludo, a sabedoria dos velhos e a frescura de uma jovem a apanhar cerejas em Maio. Sai-lhe tudo bem… e nós lemos, lemos, lemos e os mais atrevidos estão sempre na vã esperança de que ela um dia se venha a zangar com alguém. Mas isso não acontece. A Madalena é assim e ainda bem.
E o Chora faz dois anos. Um beijo grande muito amigo deste teu leitor diário, desconchavado, que começa posts sem saber bem sobre o que vai escrever e que, talvez por isso mesmo, lê os teus posts com deleite e uma sensação de estranha tranquilidade.
Parabéns.
Tchin Tchin
A Madalena é um doce. Escreve deliciosamente, com a suavidade do veludo, a sabedoria dos velhos e a frescura de uma jovem a apanhar cerejas em Maio. Sai-lhe tudo bem… e nós lemos, lemos, lemos e os mais atrevidos estão sempre na vã esperança de que ela um dia se venha a zangar com alguém. Mas isso não acontece. A Madalena é assim e ainda bem.
E o Chora faz dois anos. Um beijo grande muito amigo deste teu leitor diário, desconchavado, que começa posts sem saber bem sobre o que vai escrever e que, talvez por isso mesmo, lê os teus posts com deleite e uma sensação de estranha tranquilidade.
Parabéns.
Tchin Tchin