Hihihihihihihiiiiii....
[997]
Certo que já aqui terei deixado fortes indícios de que nunca trabalhei em Portugal até há nove anos atrás, confesso que quando cá cheguei me choquei, espantei, e pestanejei a pensar, por força de algumas cenas que eu presenciava, à medida que me ia entranhando na paróquia.
Uma das coisas que mais me chocavam, por exemplo, era aquilo que eu chamaria de gozo pueril sempre que se “papava um almocinho” a alguém. Isso era visível aos mais variados níveis, desde gente engravatada até a elementos da equipa de vendedores de uma empresa onde eu trabalhava. Era o sorriso alvar, a expressão a raiar um orgasmo do esófago (sério, que é a expressão que me ocorre), sempre que pingava um almocinho pago por mim. Ao princípio ainda pensei que as risadinhas e expressões felizes tinham mais a ver com uma ponta de humor do que com qualquer outra coisa – até perceber que não. “Aquilo” tinha mesmo a ver com o almocinho “papado à borla”. Assim. Tout-court.
E isto chocava-me porque eu estava habituado a ver cenas semelhantes em países africanos, onde a distribuição de brindes como esferográficas baratas, bonés ou sacos de plástico causava verdadeiras batalhas campais, ainda que no meio de imensas risadas de felicidade.
Eu atribuía este tipo de manifestações ao reconhecido atraso do terceiro mundo. Até ter visto hoje na TV “o pessoal” a assaltar os cachecóis da selecção que hoje começaram a ser distribuídos gratuitamente nas ruas de Lisboa. E a lembrar-me da expressão daqueles que de vez em quando me “papam um almocinho”!
Certo que já aqui terei deixado fortes indícios de que nunca trabalhei em Portugal até há nove anos atrás, confesso que quando cá cheguei me choquei, espantei, e pestanejei a pensar, por força de algumas cenas que eu presenciava, à medida que me ia entranhando na paróquia.
Uma das coisas que mais me chocavam, por exemplo, era aquilo que eu chamaria de gozo pueril sempre que se “papava um almocinho” a alguém. Isso era visível aos mais variados níveis, desde gente engravatada até a elementos da equipa de vendedores de uma empresa onde eu trabalhava. Era o sorriso alvar, a expressão a raiar um orgasmo do esófago (sério, que é a expressão que me ocorre), sempre que pingava um almocinho pago por mim. Ao princípio ainda pensei que as risadinhas e expressões felizes tinham mais a ver com uma ponta de humor do que com qualquer outra coisa – até perceber que não. “Aquilo” tinha mesmo a ver com o almocinho “papado à borla”. Assim. Tout-court.
E isto chocava-me porque eu estava habituado a ver cenas semelhantes em países africanos, onde a distribuição de brindes como esferográficas baratas, bonés ou sacos de plástico causava verdadeiras batalhas campais, ainda que no meio de imensas risadas de felicidade.
Eu atribuía este tipo de manifestações ao reconhecido atraso do terceiro mundo. Até ter visto hoje na TV “o pessoal” a assaltar os cachecóis da selecção que hoje começaram a ser distribuídos gratuitamente nas ruas de Lisboa. E a lembrar-me da expressão daqueles que de vez em quando me “papam um almocinho”!
6 Comments:
Em Milão, onde vivi 5 meses, existe uma espécie de Happy Hour nos bares, chamada de Apperitivo, nas horas mortas até às 21h30, e consiste em petiscar à borla pagando apenas a bebida.
Enquanto qualquer italiano apenas serve um pequeno pratinho enquanto toma o seu cocktail, tudo o que era portugues aproveitava para jantar enchendo pratos e pratos. Porque era de borla.
Está-nos no sangue, não há nada a fazer.
Tive um cliente que teve a distinta lata de me confessar que passava parte do seu tempo a "organizar" os seus "almocinhos" á conta.
Faz parte de uma mentalidade sub-nutrida e pobre onde a refeição é a garantia de chegar ao dia seguinte, se for de borla melhor que a vida está pela hora da morte.
falar nisso, então e o cozido? quando, quando?
Luna
E não é triste?
put of time
é uma tristeza, mesmo
125_azul
Quando quiseres. É só dizeres
:)))
Fico à espera
Enviar um comentário
<< Home