Arrivistas
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Há um jovem chamado Gonçalo Cadilhe que tem corrido o mundo fazendo reportagens para o Expresso.
Devo reconhecer que sempre li as suas reportagens com agrado e com interesse.
Desta vez o Gonçalo foi a África, começou pela África do Sul, teve o cuidado de dizer que era a primeira vez que visitava este continente mas começou muito mal. Referindo-se à África do Sul, terá conhecido um Eddie Silva, filho de um antigo “entertainer” de hotéis, Eduardo Jaime, e diz o seguinte, que cito: “... a sua ascendência portuguesa, na altura das apresentações, não me deixou curioso nem emocionado. Há muitos portugueses na África do Sul e poucos que valha a pena conhecer. Geralmente são ricos, racistas, arrivistas e iletrados...”. E mais à frente: “… o grosso da imigração portuguesa para a África do Sul ocorreu entre meados dos anos 70 e finais dos anos oitenta, incentivada por uma estratégia do Partido Nacional – o mesmo que manteve o país sob a ditadura do «apartheid» - de aumentar a população branca e por arrastamento o próprio eleitorado (...)na altura, o Partido Nacional estava a perder votos e esta onda de imigrantes chegava com a condição tácita de votar PN em troca de um pedaço de terra prometida…”.
O cortejo de mentiras, imprecisões e total ausência de conhecimento da realidade dos factos continua (quase metade é neste registo) pela reportagem adiante.
Este jovem Gonçalo Cadilhe demonstra duas coisas. Uma será uma notável ignorância do que se passou na África do Sul até aos finais dos anos oitenta. Outra, uma grande desonestidade em discorrer sobre factos sobre os quais demonstra uma arrepiante impreparação e um condenável aproveitamento em favor de…uma série de coisas que lhe devem ter metido na cabeça e que ele deve ter aprendido nas cartilhas do costume.
Finalmente, o Expresso, com a responsabilidade inerente a um jornal da sua importância, mostra uma lamentável falta de respeito pelos leitores, pelos “porras” (portugueses imigrados na África do Sul) e por um país que fez pelos portugueses aquilo que Portugal devia ter feito e não fez - recebê-los em condições mínimas em campos apropriados e enviá-los para Portugal. Aos milhares que “não quiseram um pedaço de terra prometida em troco de um voto no PN”.
É vergonhoso, é triste, mas surpresa, já nem tanto..
Há um jovem chamado Gonçalo Cadilhe que tem corrido o mundo fazendo reportagens para o Expresso.
Devo reconhecer que sempre li as suas reportagens com agrado e com interesse.
Desta vez o Gonçalo foi a África, começou pela África do Sul, teve o cuidado de dizer que era a primeira vez que visitava este continente mas começou muito mal. Referindo-se à África do Sul, terá conhecido um Eddie Silva, filho de um antigo “entertainer” de hotéis, Eduardo Jaime, e diz o seguinte, que cito: “... a sua ascendência portuguesa, na altura das apresentações, não me deixou curioso nem emocionado. Há muitos portugueses na África do Sul e poucos que valha a pena conhecer. Geralmente são ricos, racistas, arrivistas e iletrados...”. E mais à frente: “… o grosso da imigração portuguesa para a África do Sul ocorreu entre meados dos anos 70 e finais dos anos oitenta, incentivada por uma estratégia do Partido Nacional – o mesmo que manteve o país sob a ditadura do «apartheid» - de aumentar a população branca e por arrastamento o próprio eleitorado (...)na altura, o Partido Nacional estava a perder votos e esta onda de imigrantes chegava com a condição tácita de votar PN em troca de um pedaço de terra prometida…”.
O cortejo de mentiras, imprecisões e total ausência de conhecimento da realidade dos factos continua (quase metade é neste registo) pela reportagem adiante.
Este jovem Gonçalo Cadilhe demonstra duas coisas. Uma será uma notável ignorância do que se passou na África do Sul até aos finais dos anos oitenta. Outra, uma grande desonestidade em discorrer sobre factos sobre os quais demonstra uma arrepiante impreparação e um condenável aproveitamento em favor de…uma série de coisas que lhe devem ter metido na cabeça e que ele deve ter aprendido nas cartilhas do costume.
Finalmente, o Expresso, com a responsabilidade inerente a um jornal da sua importância, mostra uma lamentável falta de respeito pelos leitores, pelos “porras” (portugueses imigrados na África do Sul) e por um país que fez pelos portugueses aquilo que Portugal devia ter feito e não fez - recebê-los em condições mínimas em campos apropriados e enviá-los para Portugal. Aos milhares que “não quiseram um pedaço de terra prometida em troco de um voto no PN”.
É vergonhoso, é triste, mas surpresa, já nem tanto..
6 Comments:
Toda a gente diz o que lhe apetece, com a total falta de conhecimentos e de respeito idem... E publica onde pagam. A vantagem é que só lês se te apetecer!
Realmente um chorrilho de asneiras e um insulto aos pés rapados dos madeirenses que lá chegaram antes dos anos 70, à procura do que a ilha não lhes dava, emprego, por exemplo...
125_azul
Não ler não branqueia a mantira e o oportunismo. Tenho este péssimo defeito.
Beijinho
IO
Pessoalmente sinto-me ofendido pelo Expresso. Alguém devia explicar ao puto que a maioria dos emigrantes da A do Sul ainda é constituída por madeirenses que construiram ums vida digna e de trabalho sem quaisquer promessas que não fosse isso mesmo, o trabalho.Aquele espécime que manda lá na Madeira que o diga,Alberto João de seu nome, que lida com aquela gente como se estivesse à frente do kinder garten, escreve para os jornais, ralha com eles, dá-lhes conselhos e aguarda, inocentemente, que as "presas" mandem as poupanças para a Madeira. Bem que podia amortizar a dívida ao "contnente" com esses fundos.
Mas também há um grupo considerável de imigrantes oriundos de Angola e de Moçambique que mais não fizeram qe impôr os seus skills. Engenheiros, médicos, professores, agrimensores, cientistas e outros não só contribuem hoje para o tecido social, político e económico da A do Sul como deram um contributo inestimável à imagem que o "proto-boer" tinha dos portugueses, confundindo-os indiscriminadamente com veggy shop owners.
Este puto não tem a mínima noção do que diz no Expresso. Tirou uma foto na Cape province, foi apresentado ao filho do Eduardo Jaime e ficou formado em África Austral!...
É lamentável que parte do dinheiro que gastei com a última edição do expresso (on line) tenha servido para patrocinar a deslocação desse senhor à RSA.
O Expresso, como bastião das boas práticas jornalísticas do nosso Portugal, deveria, no mínimo, espreitar (para não dizer 'copiar') as actuais práticas de 'governance' difundidas por outras grandes instituições lusas, como é o caso do Ministério dos Negócios Estrangeiros. A dita prática consiste em contratar um Controlador de Gestão para análise e acompanhamento das suas contas e já agora, porque é barato (é a crise!) contratar também um Controlador de Cultura Geral. O Expresso era capaz de conseguir desconto e assim poupava algum para o próximo patrocínio.
Que o referido jornalista não percebe absolutamente nada do assunto já ficou claro. Outro aspecto que também ficou claro, e isto sim preocupa-me, é o facto desse jornalista poder representar de certa forma o 'modus pensanti' de Portugal em relação a África. Mais uma vez chego a conclusão que, assim, não vamos mesmo lá...
Como é que os portugueses do continente, do século XXI, podem ainda:
1- Pensar e falar mal dos seus compatriotas. Os 3 maiores grupos bancários portugueses investiram uma fortuna em publicidade para atrair os investimentos dos imigrantes. Vejam os anúncios.
2- Pensar que Portugal está muito bem, e recomenda-se, apenas com a prata da casa, ou seja, com os 9.832.120 cidadãos nacionais e os 543.345 cidadãos estrangeiros a residir no continente. Leiam o professor Hermano Saraiva e certifiquem-se das épocas áureas da nossa história: Portugal só foi 'grande' quando virou as costas à Europa (sem nenhum sentido pejorativo que isto possa ter), descobriu novos mundos e deixou as suas sementes plantadas;
3- Idealizar que África é um bicho papão que come cabeças, engole braços e cospe ossos. Talvez seja por isso que eu, no mês passado e pessoalmente, convidei 3 amigos para trabalhar em África e os 3 em uníssono disseram: "África ???? Uhmmm...Ahmmmm...êpá...África?...estás maluco....deixa lá...desculpa..mas não quero". Ainda estou a analisar o 'Não quero..', o que será que eles quiseram dizer de verdade...???
4- Algo não está correcto!
Bom, enfim, é uma pena. Lastimo imenso que os imigrantes continuem a ser visto como os barrigudos, com pêlos em baixo dos braços, os trolhas, os aldrabões, e os últimos a quem Portugal recorra em caso de precisarem de mais 4 assentos no parlamento de 4 em 4 anos.
Muxanga
Limito-me a repetir (voltar a repetir como dizem os bem-falantes da nossa paróquia)o que já disse.
Quando é que sai esse blog?
Um abração e cuidado com o cacimbo :)
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