sábado, março 14, 2009

De um lado chove e do outro faz vento



[3019]


Nesta coisa de manifestações, o normal seria estar do lado dos manifestantes contra o governo, ou do lado do governo contra os manifestantes. Mas este país deve ser realmente muito peculiar. É que, vendo bem as coisas, dou comigo a sentir que não posso estar com este governo porque acho que está a efectuar uma gestão danosa do interesse dos portugueses, através de uma equipa de gente incompetente e com uma atroz falta de “densidade” (para usar um termo que considero feliz e muito apropriado do João Gonçalves), e que usa de uma arrogância provinciana e a raiar o insuportável de cada vez que se dirige aos seus cidadãos. Por outro lado esbarro com uma amostra populacional de gente que continua adormecida e padronizada no "estado providência" que tudo tem de fazer pela sua felicidade, sem que lhes ocorra alguma coisa que possam fazer pelo seu próprio país. É a rapaziada dos "nove às cinco", mais atilada e vivaça que conseguiu emprego para a vida e, com isso, considera ter almejado o seu grande objectivo na vida, e a maioria de gente mal informada e conceitos distorcidos por uma contínua maça de propaganda que lhes martelou uma cartilha redentora das injustiças do mundo. E era vê-los ontem, que a cada pergunta dos repórteres sobre a razão da manifestação balbuciavam que era pela perda dos direitos, pela carreira e porque Sócrates era mentiroso. Não consegui ouvir um argumento sério ou válido que fosse, tudo recaindo nesta ladainha pestilenta que a esquerda retrógrada e persistente foi usando para enformar os simples.

Triste é um país, assim, em que não conseguimos estar de bem com pelo menos uma das partes em conflito. Pela minha parte, começo a pensar que quem está mal sou eu. E nestas coisas, o velho ditado diz, com sabedoria, que quem está mal muda-se.

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