domingo, setembro 24, 2017

Gone South



[6184]

Mais uma corrida, mais uma viagem. Lá onde as mulheres são lindas e as praias feíssimas. Por acaso, os media só falam nas praias, vá lá saber-se porquê. Lá onde o trânsito é tão mau como o de Luanda, o calor bem pior e os restaurantes caros e vulgares. Onde os hotéis são surpreendentemente acessíveis em preço. Onde o artesanato é pobre e as mangas são, simplesmente, as melhores do mundo. 

Lá onde as entranhas de África se mantêm bem firmes mas onde, curiosamente, se nota uma particular atracção por questões caras à Europa como a ecologia, o ambiente, a equalização do género (isto cheira a Bloco, mas não sei dizer de outra maneira) e outras “europeíces”. Sem embargo de uma irresistível megalomania que levou à construção de um enorme monumento comemorativo dos cinquenta anos de independência do país, conhecido como o monumento da Renascença Africana e que é, simplesmente, maior que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro.

É lá que vou. Onde vou com alguma regularidade. On va partir ce soir. A bientôt


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Uma opinião



[6183]

Pessoalmente, embirro com estes espasmos de independência dos Catalães. Não que não lhes faltem fortes argumentos nesse sentido, sobretudo nos capítulos económico e financeiro, com a sua poderosa indústria e peculiar agricultura. E o turismo, sim, já me esquecia, apesar da Sagrada Família (convenientemente as obras de Santa Engrácia do burgo), de Miró, Dali, Caballé e do “catalunhado” Picasso que, vistas bem as coisas era de de Málaga. Disto isto, não nego haver razões poderosas para uma desejada secessão.

Mas a minha pergunta é: Porquê? Para quê? Não vivemos hoje uma época cuja realidade não se compraz com romantismos independentistas quando, afinal, há inquestionáveis razões para o estabelecimento de uma União Europeia, sem fronteiras, com moeda única e com culturas diferentes sim, mas, no fundo, com um substrato semelhante,  tudo junto e somado capaz de contribuir para um bloco económico e cultural capaz de ombrear (e, eventual, vencer) os blocos americano, inglês e asiáticos?

Posta a situação nesta base simplista, e aceito haver questões de acuidade e densidade que a destroem, promover e/ou apoiar a independência da Catalunha é dar guarda a meia dúzia de loucos do "Podemos", tão interessados na Catalunha como nos supermercados e farmácias de Caracas e uma elite razoavelmente idiota portuguesa, que se esforçam agora por emular a “justiça” incontornável de conferir à Catalunha o estatuto de país independente. Esquecem-se, uns e outros, que o regime por que tão arduamente lutam agora, não permitia quaisquer veleidades de autodeterminação e muito menos de independência não a regiões autonómicas, mas a países a sério, como a Hungria, a Roménia a Bulgária, a antiga Checoslováquia, metade da Alemanha e outros de onde os cidadãos eram sumariamente abatidos a tiro de cada vez que tinham a fantasia de abandonar o paraíso. E muitos deles lutaram mesmo pela restituição da independência (coisa distinta de lha conferirem ideologicamente) ao que a sinistra União Soviética respondia com tanques, espingardas e granadas. Mas isso para a esquerda pós-moderna são outros quinhentos.

Esta esquerda moderna, mesmo dando de barato que muita dela é composta por jovens que porventura desconhecerão até estas minudências de países subjugados pela URSS, revê-se em tudo que possa reduzir a cacos o sistema actual, perigosamente neoliberal, aquele que lhes dá carros, telemóveis, cultura, bem-estar e dinheiro para gastos. Tudo em nome de complexos indefiníveis e de um ódio estranho que lhes eriça as vísceras. Não hesitando em se aproveitar seja do que for, desde que razoavelmente posicionado para a cacaria.

Este aproveitamento oportunista de uma Esquerda intrinsecamente desonesta, ignorante, pestilenta e de má índole, na parte que me diz respeito é uma razão suficiente para se tentar resolver a questão catalã. Não desminto que não tenho qualquer experiência dos mecanismos que norteiam a resolução destes conflitos, mas acho que Madrid está a morder um isco envenenado. Esta coisa de pagamentos directos, envio de polícia e de prisões são exactamente coisas que interessam aos “Podemos” e correlativos que encontram aí combustível para a fogachada. Creio que ainda existe gente com suficiente formação intelectual, para conduzir as coisas a bom termo, entendendo-se por bom termo a manutenção da Catalunha como uma região autónoma, mas parte integrante de uma Espanha forte, unida e democrática. Coisas que, com o andar da carruagem, a Catalunha parece começar a deixar de ser.


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quarta-feira, setembro 20, 2017

Não é que sonhei com ele?



[6182]

Isto está grave. Por muito estranho que pareça, acordei estremunhado, saído de um sonho onde eu percorria várias ruas de Lisboa, pedindo que alguém me desse uma razão, UMAZINHA que fosse para se dar o voto a Medina nas autárquicas. Já acordado, reflecti, entre os golos do meu habitual e delicioso café, que pagaria de bom grado um almoço a quem me explicar a razão pela qual as sondagens, os jornais, as TV’s, a opinião publicada, são unânimes em considerar Medina o natural e legítimo (???) vencedor das autárquicas.

O que terá feito este genro feliz, este ajustador directo de obras urgentíssimas, este afortunado herdeiro da Câmara mais importante do País, este jovem de sonsa expressão e verbo trivial, este aprendiz de político hábil, este protegée das televisões que o entrevistam amiúde, com temas e perguntas inócuas e de respostas óbvias, este trapalhão de estratégias eleitorais que transformou Lisboa numa cidade caótica para se circular e estacionar, tudo em nome do sacrossanta doutrina de acabar com os malditos carros, em linha com o pensamento idiota de que devemos todos andar de bicicleta ou caminhar em extensos e largos passeios desoladoramente vazios, criando até curvas e nós onde algumas viaturas, como os transportes públicos, não conseguem sequer circular, este homem sem ideias, de fala mansa e expressão submissa, atenta, veneradora e obrigada, este candidato, enfim, a merecer o estatuto de inevitável vencedor das autárquicas em Lisboa?

Vão por mim. Pago mesmo um almoço num restaurante agradável, perto do mar e cardápio excelente a quem me souber explicar este fenómeno. Mas quem me manda a mim sonhar com Medina?


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quarta-feira, setembro 13, 2017

País estranho... que nem de plástico é



[6181]

Ora "bamoláver” se eu consigo entender este país estranho.

Há uma greve de enfermeiros cuja adesão se situou entre os 80 e 90% e que não vi ninguém desmentir.

Há um ministro que acha que esta greve é imoral, ilegal e mais não sei quê, qualquer coisa que, se dita por outra individualidade faria cair o Carmo, a Trindade e espoletaria cordões de cidadãos a defender a greve, o estado democrático e a exigir a demissão do ministro (ou, pelo menos, as “fuças partidas”, como diria o saudoso e bonzinho Guterres, agora dedicado a estabelecer a paz no mundo, de preferência sem partir as fuças a ninguém).

Apesar da imoralidade anunciada por Adalberto (o impoluto ministro), Costa decidiu reunir com ele e com quem? Adivinhem: com a CGTP que é o único sindicato que não concorda com a greve

Quando eu pensava que à reunião haviam faltado os outros sindicatos, eis que a bastonária dos enfermeiros e várias outras personalidades ligadas ao protesto afirmam, alto claro e bom som, que só a CGTP tinha sido convocada para a reunião.

Se bem me lembro da aritmética que dantes ensinavam nas escolas antes da matemática ser considerada uma disciplina mais ou menos aleatória, se há 80% de adesão à greve, há apenas 20% de enfermeiros simpatizantes ou sócios, o aficionados ou adeptos (é, parece que estamos a falar de futebol…) da CGTP, o tal sindicado que foi convidado, em exclusivo por Costa e Adalberto.

Ainda não vi qualquer destes factos desmentidos ou questionados por ninguém. Muito menos pela comunicação social, que tem andado ocupada com os mails do Benfica denunciados pelo senhor Jota, do Porto, e com aquela performance esquisita do Bruno de Carvalho explicando, com mímica apropriada, como é que manda o fumo do cigarro para a cara não sei de quem. E que não estivesse, não vejo a comunicação social a achar muito estranho o que aqui expresso.

Eu acho. Acho que este é um país no mínimo estranho, governado (????) por gente estranha e pouco confiável. E acho que isto um dia vai acabar não sei bem como, mas mal. Muito provavelmente não sem antes perdermos de vez a credibilidade residual que eventualmente nos resta no concerto europeu e que nos vai garantindo umas massas para aumentar o rendimento das famílias, dos idosos, dos reformados, dos inválidos e, já agora, de algumas famílias que não tenham viaturas que valham mais de €25.000.



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terça-feira, setembro 12, 2017

A culpa é dos acontecimentos



[6180]

Uma parte considerável do território americano foi atingida por uma catástrofe (parece ter sido o maior furacão de sempre) que causou elevadas perdas materiais e perda de vidas humanas. O Presidente fez uma curta declaração onde assegurou aos cidadãos um plano federal de ajuda aos atingidos e enalteceu o facto de ser na desgraça e na contingência que os cidadãos americanos se sentem unidos e proud of it.

Em Portugal, uma catástrofe semelhante mereceria uma declaração do nosso sorridente primeiro-ministro (ladeado pela ministra Constança fungando e de olhos tristes) explicando os porquês da situação a que não seriam estranhos um elevado número de malfeitorias e desmazelos do governo anterior, as alterações climáticas que os americanos se recusam a subscrever em Paris, as injustiças sociais (apesar de tudo minoradas pelo aumento de rendimento das famílias a que ele, claramente, não era alheio), as dificuldades na resposta à catástrofe pela infernização a que o governo PSD/CDS submeteu as famílias, os pensionistas e os reformados, ao descalabro de uma oposição sem liderança, sem propostas, respostas ou planos e outras singularidades muito próximas daquilo que Maduro diria aos infelizes venezuelanos, numa situação semelhante. Tudo acompanhado de um sorriso e de uma catadupa de “orabamoslaber” ou, até, de uma vaca de brinquedo com asas e Costa aos pulos num palco improvisado, com o pessoal a bater palmas.

Após o que teríamos Catarina e Jerónimo a dizer mais ou menos as mesmas alarvidades - ela com a tacha razoavelmente arreganhada e ele com o mento reflectindo as heroicidades do passado e as certezas venturosas dos amanhãs. No fim, o habitual cotejo de comentários políticos, todos eles dizendo a mesma coisa e, assim, não cotejando coisa nenhuma e um remate obsceno dum “Eixo do Mal”, de uma “Quadratura” e de uma Constança Cunha e Sá à maneira.

O pano cairia com declarações alarves mais ou menos ao estilo de que "no limite" não teria havido furacão (sem acusação e sem confissão), na pronta resposta do governo, na abertura de seis inquéritos e nas culpas de um punhado de instituições. Para além das de Passos Coelho, naturalmente.


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segunda-feira, setembro 11, 2017

No limite...



[6179]

Que Costa estabeleça um nexo de causalidade entre o aumento do número de entradas no ensino superior e a sua acção governativa no aumento do rendimento das famílias não me incomoda mais do que um simples episódio, parecido ou igual aos muitos episódios a que a “geringonça” nos tem vindo a habituar, ainda que reflicta um estado já bem apurado de um lamentável  primitivismo demagógico. Coisa a que de resto, este primeiro-ministro parece ser o grau máximo das suas competências.

Restam duas dúvidas. Se o homem é um demagogo inato e vive no conforto de se sentir iluminado por tamanha benfeitoria, quiçá divina, e acredita piamente no que diz, reforçando a minha convicção de que é apenas uma criatura limitada, ou se sabe que está a ser demagogo e o usa em seu proveito pessoal, achando que pode, impunemente, tratar os cidadãos como estúpidos de pai e mãe.

Qualquer destas dúvidas me inquieta. E pouco haverá a fazer senão aguardar que uma qualquer trovoada seca solte um raio que lhe corte o pio – para usar o léxico em moeda corrente.

Ouvir aqui as barbaridades (e a berraria habitual) de Costa sobre o assunto.


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sexta-feira, setembro 08, 2017

Aí estão eles, outra vez



[6178]

A Quadratura do Círculo regressou ontem e com ela a consolidação da certeza que em Portugal, o único problema corrente é Passos Coelho. Tudo o mais corre sobre rodas. Do brilhantismo do verbo de Lobo Xavier e Pacheco à vulgata versio da bíblia socialista martelada na cabeça dura de Jorge Coelho todos se apostaram em abrir a época com o mais destemperado ataque a Passos Coelho. A coisa atingiu o delírio quando se “descascou” uma tese científica justificativa e laudatória da greve da AutoEuropa, após o que Jorge Coelho espumou de raiva contra a greve dos enfermeiros. Extraordinário. No mais, aquele ódio visceral de Pacheco ao “meu partido” e alguma surpresa na retórica sem defeito de Lobo Xavier, que também não se coibiu de partir Passos aos bocadinhos.

Começo a desconfiar que Passos tem mesmo mais mérito e virtudes do que eu julgava tivesse. Só isso explica tanto rosnar.


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quinta-feira, setembro 07, 2017

As blocas ainda não se lembraram disto...



[6177]

Está aí o Eco-sexo. Já um dia destes vi por aí um par de malucos que se apaixonou por um brócolo e resolveu adoptá-lo. O brócolo encontrou um lar feliz e o casal nem se fala. E devem ter ido a correr a uma loja de agro-químicos comprar produtos azotados, fosforados e potássicos para lhe assegurar uma boa alimentação. Mais uns aminoácidos ou, até, alguns oligoelementos para o brocolinho não morrer de fome e para que não murchasse depressa. Quem sabe lhe terá dado banho com “vacinas” que lhe previnam a alternaria, o míldio ou mesmo alguma xantomona.

E quando eu julgava que este era uma caso isolado de um par de malucos a adoptar um brócolo, eis que surge o Eco-sexo. Em traços largos, as pessoas, rebolam-se na lama, lambem árvores e esfregam-se na erva. Nus, está bem de ver. Fiquei sem saber se as pessoas também se esfregam e rebolam umas nas outras ou se é só na lama e nas ervas e se só lambem as árvores.

Não li o artigo todo, porque tenho uma planta linda aqui ao meu lado, junto ao computador e não quero começar a olhar para a planta de soslaio, inundar-me de maus pensamentos e ter vontade de lhe dar uma trinca carinhosa… mas acredito que a rebaldaria da lambidela nas árvores e as reboladelas nas ervas e na lama sejam meros preliminares. E, pour cause, as mulheres devem muito provavelmente incrementar o cultivo das cenouras, dos pepinos ou mesmo das cherovias da Covilhã. Já os homens… fenece-me a imaginação. Mas um dia destes rebolo-me por aí num milharal, num campo de morangos ou, mesmo, no mato agreste duma “anhara” angolana, fantasio com um par de maboques e alguma coisa me há-de vir à ideia.

It’s a mad, mad, mad world, lá diz a canção.

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quarta-feira, setembro 06, 2017

É chamar um contabilista e um fiel de armazém



[6176]






Isto confrange, isto é uma vergonha, isto revela bem que se um governo não sabe gerir sequer uma operação de donativos populares para uma tragédia (de que é objectivamente culpado), perguntamo-nos sobre o que saberá gerir, para além do patuá habitual de inanidades com que nos vai azucrinando, por via da TV e dos (poucos que restam) jornais.

Mais do que ter havido alguém que se tenha “abotoado” com umas massas pelo caminho (coisa a que desgraçadamente, já vamos estando habituados) a mim o que realmente me descoroçoa e envergonha é o facto de, aparentemente, o Governo não ser capaz de gerir uma campanha de recolha de donativos. Coisa simples, parece-me. Tudo para uma conta aberta para o efeito, uma comissão (coisa em que o governo é exímio) a gerir a conta, obrigatoriedade de todo o dinheiro recebido reverter para essa conta e, a partir dela, fazer a distribuição adequada das verbas.

Mas não. Uma miríade de organizações sociais, da Santa Casa à Cáritas, passando pela Defesa Civil, autarquias e aquele grupo de gente que aparece sempre nestas situações (os portugueses adoram meter-se nestas coisas…) apoderou-se dos louros da nobreza da função.

Ao ponto de hoje parecer ser impossível, ao menos, saber quanto há. Isto é um desaforo para os necessitados e um desrespeito para todos os que contribuíram. E a certeza de que a geringonça nem uma campanha de solidariedade sabe gerir.


Vergonha. E espanto. Mesmo com Marcelo, "de verbo frenético" dizendo que precisamos de ser esclarecidos. Porque parece que vamos ter geringonça por uns tempos. Com os eleitores que votam nela a dizer que a culpa é do Passos Coelho.


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segunda-feira, setembro 04, 2017

Quando as crianças ganham voz grossa



[6175]

Sou pai, conheço muitos pais, sei que há níveis de tolerância para com as crianças mais ou menos gradativas com o desenvolvimento da idade. O que se desculpa a um garoto de 2 anos, pode ser já motivo de reprimenda aos seis ou sete mas, ainda, a tolerância mantém-se para episódios aceitáveis aos sete, mas já reprováveis aos 15 e por aí fora. E chega a altura em que os filhos são adultos e as asneiras que fazem, por muito que custe aos pais, são da sua inteira responsabilidade.

De alguma forma isto aplica-se, erradamente, aos políticos. Esta faixa de gente, razoavelmente inútil do ponto e vista de saberem fazer alguma coisa de produtivo, a que se convencionou chamar políticos, pintam a manta, dizem asneiras, pegam-se à bulha, são intrinsecamente maus uns ou para os outros e muitas vezes cúmplices em tropelias, quase todas em prejuízo daqueles que supostamente deviam representar e defender. Mas a bonomia da grei é semelhante à dos pais que desculpam a criança que fez um disparate. O que está, claramente errado. Os políticos são homenzinhos (e mulherzinhas, “prontes”) já formados. O problema é que são maioritariamente mal formados. O que poderia não ser muito grave se fosse possível baixar-lhes as calças e dar-lhes umas palmadas. Mas não podemos, é um mau aspecto. E isso faz que vivam em permanente imunidade e cometam toda a sorte de dislates e se cinjam a conceitos que têm pouco ou nada a ver com a moral, a justiça e o interesse dos cidadãos.

O resultado são estes Galambas de trazer por casa que dizem o que lhes apetece, o que é uma nobre e estimável liberdade, mas que eles não merecem. Pintam a manta com os pincéis que têm à mão e com as cores quer lhes vêm à cabeça. E não hesitam em ser malcriados, abusivos, mesquinhos e até violentos. E o resultado é não passarmos um dia sem ouvirmos uma frase alarve ou observarmos gestos ou atitudes que são objectivamente lesivos dos nossos interesses individuais e colectivos.

Como se cura “isto”, não sei. Lá está, se fossem as tais crianças, um par de palmadas  no rabo poderiam ser efectivas, benfazejas  e terapêuticas. Já um par de palmadas num traste como este dava-lhe mais lenha para a sua fogueira privada de parvoíces.

Assim como assim, vamos andando. Na esperança que um dia alguma coisa muda. Mas a esperança é ténue.


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domingo, setembro 03, 2017

Os "tudólogos" a piar com alacridade e violentos fluxos hormonais



[6174]

Não sou obrigado a simpatizar pessoalmente com Cavaco para admitir, sem rebuço, que foi um homem sério, não me roubou (como aconteceu com inúmeros casos de socialistas), produziu obra válida (mau grado a corrente que o acusa das maiores malfeitorias relativamente às pescas e à agricultura) e demonstrou sempre um elevado sentido de Estado, ao mesmo tempo que era frequentemente acossado, como uma lebre perseguida por uma matilha de cães treinados e respectivos caçadores, tocando cornetas e montando cavalos ajaezados de hipocrisia e mau perder.

Cavaco fez um discurso na Universidade de Verão. Li, reli e tornei a reler. Não consegui encontrar qualquer mentira, num discurso meio pobre, num estilo conhecido (mas é o seu estilo) e sem ofensas, mas com evidentes referências a factos que todos nós conhecemos mas que todos nós parecemos perdoar ou, até, achar graça.

O Carmo caiu, a Trindade ruiu. O homem usou o termo “piar”, o homem não citou nomes e estabeleceu paralelismos com outros políticos, incluindo Macron (um presidente de quem ainda não se sabe o que sai dali, Daniel Oliveira dixit)), o homem foi grosseiro e, heresia provinciana, não guardou o respeito institucional devido à forma de referência a sucessores e a antecessores.

Em dois programas de ontem, o Governo Sombra e o Eixo do Mal, Cavaco foi atacado com ferocidade e, que me lembre, apenas Luís Pedro Nunes achou o discurso apropriado e isento dos pecados que os companheiros da alegria do Eixo apontaram com mesquinhez, maldade e evidente parvoíce. Pedro Marques Lopes, um homem que me faz questionar a minha secreta dose de masoquismo por conseguir, ainda, vê-lo ou ouvi-lo, esse então estava possesso e com o seu grau de fúria, se comparado a uma bebedeira, era de coma alcoólico. No Governo Sombra a coisa não foi tão mazinha, até porque razoavelmente disfarçada pelo toque de humor sempre presente, mas isso não amenizou a verrina do RAP, genuinamente embevecido por malhar em Cavaco.

Num país em que abundam a má criação, o mau perder, o vernáculo, a mesquinhez, a ameaça de uns murros, a fraude e a chocarrice idiota de um primeiro-ministro a que se convencionou chamar de hábil, acolitado por uma colecção de “kiss-asses” sem pudor, é estranho ver um grupo de personalidades de televisão explanar uma crítica tão virulenta e com sanha e rancor contra quem mais não fez que um comentário político, em que o pecado maior parece ter sido dizer que os revolucionários “piavam”.


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sexta-feira, setembro 01, 2017

Sad



[6173]

A CS hoje exulta e transborda a excitação com a popularidade (a maior de sempre) de Costa no pedaço, o que o poderá levar a uma segunda legislatura consecutiva e a um lugar de destaque na nossa História.

De duas, uma: ou estamos sob um qualquer fenómeno cósmico que condiciona o status doméstico ou estamos definitivamente infantilizados por anos consecutivos de submissão a um regime castrador.

Seja como for, daqui resultará que, muito provavelmente, Costa poderá, impune e de sorriso alarve, continuar a ser um rematado malcriado, um compulsivo mentiroso e um meio eficaz de levar ao colo um grupelho de loucos furiosos que não descansam enquanto não reduzirem a nossa economia a cacos. E Costa não estará lá para os apanhar. Eventualmente, para apenas levar com algum na cabeça.

Apetecia-me ser Trump por uns segundos, para dizer: SAD.


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