Os "tudólogos" a piar com alacridade e violentos fluxos hormonais
Não sou obrigado a simpatizar
pessoalmente com Cavaco para admitir, sem rebuço, que foi um homem sério, não
me roubou (como aconteceu com inúmeros casos de socialistas), produziu obra
válida (mau grado a corrente que o acusa das maiores malfeitorias relativamente
às pescas e à agricultura) e demonstrou sempre um elevado sentido de Estado, ao
mesmo tempo que era frequentemente acossado, como uma lebre perseguida por uma
matilha de cães treinados e respectivos caçadores, tocando cornetas e montando
cavalos ajaezados de hipocrisia e mau perder.
Cavaco fez um discurso na Universidade
de Verão. Li, reli e tornei a reler. Não consegui encontrar qualquer mentira,
num discurso meio pobre, num estilo conhecido (mas é o seu estilo) e sem
ofensas, mas com evidentes referências a factos que todos nós conhecemos mas
que todos nós parecemos perdoar ou, até, achar graça.
O Carmo caiu, a Trindade ruiu. O
homem usou o termo “piar”, o homem não citou nomes e estabeleceu paralelismos
com outros políticos, incluindo Macron (um presidente de quem ainda não se sabe
o que sai dali, Daniel Oliveira dixit)), o homem foi grosseiro e, heresia provinciana,
não guardou o respeito institucional devido à forma de referência a sucessores
e a antecessores.
Em dois programas de ontem, o
Governo Sombra e o Eixo do Mal, Cavaco foi atacado com ferocidade e, que me
lembre, apenas Luís Pedro Nunes achou o discurso apropriado e isento dos
pecados que os companheiros da alegria do Eixo apontaram com mesquinhez, maldade
e evidente parvoíce. Pedro Marques Lopes, um homem que me faz questionar a minha
secreta dose de masoquismo por conseguir, ainda, vê-lo ou ouvi-lo, esse então
estava possesso e com o seu grau de fúria, se comparado a uma bebedeira, era de
coma alcoólico. No Governo Sombra a coisa não foi tão mazinha, até porque razoavelmente
disfarçada pelo toque de humor sempre presente, mas isso não amenizou a verrina
do RAP, genuinamente embevecido por malhar em Cavaco.
Num país em que abundam a má
criação, o mau perder, o vernáculo, a mesquinhez, a ameaça de uns murros, a fraude e a chocarrice
idiota de um primeiro-ministro a que se convencionou chamar de hábil, acolitado
por uma colecção de “kiss-asses” sem pudor, é estranho ver um grupo de personalidades
de televisão explanar uma crítica tão virulenta e com sanha e rancor contra
quem mais não fez que um comentário político, em que o pecado maior parece ter
sido dizer que os revolucionários “piavam”.
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Etiquetas: a cena do costume, cavaco silva, eixo do mal, governo sombra
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