quarta-feira, setembro 06, 2017

É chamar um contabilista e um fiel de armazém



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Isto confrange, isto é uma vergonha, isto revela bem que se um governo não sabe gerir sequer uma operação de donativos populares para uma tragédia (de que é objectivamente culpado), perguntamo-nos sobre o que saberá gerir, para além do patuá habitual de inanidades com que nos vai azucrinando, por via da TV e dos (poucos que restam) jornais.

Mais do que ter havido alguém que se tenha “abotoado” com umas massas pelo caminho (coisa a que desgraçadamente, já vamos estando habituados) a mim o que realmente me descoroçoa e envergonha é o facto de, aparentemente, o Governo não ser capaz de gerir uma campanha de recolha de donativos. Coisa simples, parece-me. Tudo para uma conta aberta para o efeito, uma comissão (coisa em que o governo é exímio) a gerir a conta, obrigatoriedade de todo o dinheiro recebido reverter para essa conta e, a partir dela, fazer a distribuição adequada das verbas.

Mas não. Uma miríade de organizações sociais, da Santa Casa à Cáritas, passando pela Defesa Civil, autarquias e aquele grupo de gente que aparece sempre nestas situações (os portugueses adoram meter-se nestas coisas…) apoderou-se dos louros da nobreza da função.

Ao ponto de hoje parecer ser impossível, ao menos, saber quanto há. Isto é um desaforo para os necessitados e um desrespeito para todos os que contribuíram. E a certeza de que a geringonça nem uma campanha de solidariedade sabe gerir.


Vergonha. E espanto. Mesmo com Marcelo, "de verbo frenético" dizendo que precisamos de ser esclarecidos. Porque parece que vamos ter geringonça por uns tempos. Com os eleitores que votam nela a dizer que a culpa é do Passos Coelho.


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