Decência
Cada vez dou mais valor à decência, ao mesmo tempo que cada vez mais acho a decência uma das coisas que menos contam no dia a dia das pessoas. Não que isto seja verdadeiramente novidade para mim, mas tenho sempre aquela ideia (esperança) de que tal como precisamos de uma forma para fazer um bolo, também muitas situações que atravessamos na vida precisam de um forma. De preferência bem untada de manteiga quente para que possamos desenformar o bolo sem calamidades de monta.
A realidade, porém, é bem diversa. A cada dia que passa, a cada hora do dia, há mais e mais situações que me fazem pensar numa total inversão de valores e que a decência é substituída pela necessidade de nos ajustarmos a uma série de situações indecentes. Das mais intrincadas e importantes situações profissionais ao mais simples e comezinho café que se tome com um amigo e colega discutindo “abobrinhas”. Tanto numas como noutras situações, cada vez mais a indecência é uma forma de vida. Mais grave. Não só forma de vida, como absolutamente vital para a sobrevivência. Ontem, então, foi um dia indecente a cada minuto. Cheio de pequeninas coisas, manhas, artimanhas, jogos de cintura, mentirinhas, mentironas, sacanices, hipocrisias e uma tendência quase patológica para o maior desporto nacional –a filhadaputice militante, perdoe-se-me o termo.
Quando este tipo de situações vai incidir sobre terceiros, a coisa então torna-se-me quase insuportável. Ou serei eu que estou a ficar um coração mole?