Puta de vida
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Quase sem dar por isso, tive o privilégio de conhecer e vir a gostar de um punhado de gente amiga aqui pela Blogos. Porque é que foram estes e não outros é assunto que não interessa – terão certamente existido algumas afinidades que assim o determinaram.
Pois deste grupo de amigos, há um considerável número delas (porque é delas que se trata) que emanam no momento presente uma onda de tristeza, zanga, depressão, descrença e muito mais do mal que a vida, puta como é, gosta de causar sem aviso nem remissão. É que a vida é puta, sim. Fina, porque é cara, não demasiado fácil e não tão fútil quanto se possa pensar. Não aceita cheques, nem American Express (como dizia a "private dancer" da Tina Turner), é tudo a contado. Dinheiro e tempo. Dinheiro para cobrar os salpicos de bem estar que nos proporciona e tempo para demarcar bem que o prazer acabou e que devemos todos voltar ao vale de lágrimas, para continuarmos uma penitência qualquer a que todos somos obrigados. Não que eu tenha muita experiência de putas, aliás nem muita nem pouca, mas estas coisas sabem-se e nós, os rapazes da minha idade, ainda nos lembramos de como era. E vi alguns filmes franceses, claro.
Voltando à actual onda de mal estar que eu sinto reinar por entre um grupo de pessoas a quem quero bem, gostaria de lhes dizer que de há muito deixei de pagar serviços à vida. Consegui descobrir nichos de prazer e bem estar, sem necessidade de os comprar. É uma questão de procurarmos bem e não perdermos aquela centelha que a vida, quando não é puta, nos dá. Porque se começamos a achar que isto é tudo uma chatice que a vida é "unfair", que quem guia uma determinada marca de automóvel só pode ser filho/a de uma senhora mal comportada, que o chocolate fugiu, "agora que me preparava para autorizar 200 g à cintura e mais uns pingos de celulite", que os homens são todos iguais, que a vida (quando é puta) é uma sequência infindável de desgostos, misérias, incompreensões e chicotadas, que isto só vai mesmo com a ajuda divina e pior que nós só a hiena que come m…, f… uma vez por ano e ainda se ri, então estamos a fazer o jogo dela, da vida quando é puta e a desperdiçar muito do bom que ela tem para nos dar, quando o não é.
Às vezes basta acreditar um pouquinho em nós próprios e, mais importante ainda, acreditarmos também naqueles que achamos que nos querem bem. É uma questão delicada, eu sei, mas vale a pena arriscar. E mesmo quando alguma coisa nos corre mal, é sempre melhor guardarmos o que de bom ficou do que nos remetermos a uma contínua autoflagelação, como se fôssemos culpados de a puta da vida ser, frequentemente, puta e filha de um comboio de putas.
Beijos a todas (porque é de todas que se trata e a quem objectivamente dirijo estas linhas) e não se zanguem comigo pela aparente superficialidade do tema. Façam de conta que se por acaso vos consegui arrancar, pelo menos, um sorriso, desta vez não foi a pagar. Foi por amor, mesmo!
Quase sem dar por isso, tive o privilégio de conhecer e vir a gostar de um punhado de gente amiga aqui pela Blogos. Porque é que foram estes e não outros é assunto que não interessa – terão certamente existido algumas afinidades que assim o determinaram.
Pois deste grupo de amigos, há um considerável número delas (porque é delas que se trata) que emanam no momento presente uma onda de tristeza, zanga, depressão, descrença e muito mais do mal que a vida, puta como é, gosta de causar sem aviso nem remissão. É que a vida é puta, sim. Fina, porque é cara, não demasiado fácil e não tão fútil quanto se possa pensar. Não aceita cheques, nem American Express (como dizia a "private dancer" da Tina Turner), é tudo a contado. Dinheiro e tempo. Dinheiro para cobrar os salpicos de bem estar que nos proporciona e tempo para demarcar bem que o prazer acabou e que devemos todos voltar ao vale de lágrimas, para continuarmos uma penitência qualquer a que todos somos obrigados. Não que eu tenha muita experiência de putas, aliás nem muita nem pouca, mas estas coisas sabem-se e nós, os rapazes da minha idade, ainda nos lembramos de como era. E vi alguns filmes franceses, claro.
Voltando à actual onda de mal estar que eu sinto reinar por entre um grupo de pessoas a quem quero bem, gostaria de lhes dizer que de há muito deixei de pagar serviços à vida. Consegui descobrir nichos de prazer e bem estar, sem necessidade de os comprar. É uma questão de procurarmos bem e não perdermos aquela centelha que a vida, quando não é puta, nos dá. Porque se começamos a achar que isto é tudo uma chatice que a vida é "unfair", que quem guia uma determinada marca de automóvel só pode ser filho/a de uma senhora mal comportada, que o chocolate fugiu, "agora que me preparava para autorizar 200 g à cintura e mais uns pingos de celulite", que os homens são todos iguais, que a vida (quando é puta) é uma sequência infindável de desgostos, misérias, incompreensões e chicotadas, que isto só vai mesmo com a ajuda divina e pior que nós só a hiena que come m…, f… uma vez por ano e ainda se ri, então estamos a fazer o jogo dela, da vida quando é puta e a desperdiçar muito do bom que ela tem para nos dar, quando o não é.
Às vezes basta acreditar um pouquinho em nós próprios e, mais importante ainda, acreditarmos também naqueles que achamos que nos querem bem. É uma questão delicada, eu sei, mas vale a pena arriscar. E mesmo quando alguma coisa nos corre mal, é sempre melhor guardarmos o que de bom ficou do que nos remetermos a uma contínua autoflagelação, como se fôssemos culpados de a puta da vida ser, frequentemente, puta e filha de um comboio de putas.
Beijos a todas (porque é de todas que se trata e a quem objectivamente dirijo estas linhas) e não se zanguem comigo pela aparente superficialidade do tema. Façam de conta que se por acaso vos consegui arrancar, pelo menos, um sorriso, desta vez não foi a pagar. Foi por amor, mesmo!
10 Comments:
SP simply preposterous :D
Apesar de bem saber que não me encontro no rol das destinatárias, não me abstenho de dizer que a ler este teu - excelente! - post, não só esbocei um sorriso, como também larguei umas gargalhadas.
Sou pouco dada a tristezas, descrenças ou depressões (e quando as tenho guardo-as bem para mim), mas acho que vou pôr este teu post nos meus favoritos para um qualquer dia turbulento em que esteja de mal com a vida.
Beijolas
O Espumante no seu melhor
IL
Saiu um assim: http://photos1.blogger.com/blogger/3391/755/1600/sorriso.jpg
Na minha opinião, o assunto é demasiado sério. Não me faz sorrir.
Tal como a Carlota, não estou no rol das destinatárias, por isso não vou dissertar sobre a matéria.
Mas se o Espumante, brilhante escritor e lúcido analista neste mundo dos blogs, emprega, neste texto, dez vezes a mesma palavra (se contei bem), não tenho dúvida que, para muita gente, a vida é isso mesmo. E é pena!
Beijinhos
Anónimo
Eu diria (simplesmente) mais: - Preposterous!
Carlota
És uma querida de palavras simpáticas! Espero que nunca precises de reler o texto, sinal de que a turbulência não te atinge. Não foste vacinada?
:)
beijolas (paga direitos, eu sei, mas gosto do termo, que fazer?
:)
I...lzinha
Desvaneces-me.
Beijoca
Luna
Ficaste um bocado blogger ponto blogger na foto, não ficaste?
Ou foi a sopa que te caiu mal?
:)
Laura lara
O Post era abrangente e lone de estar fulanizado. Por outro lado, eu sei que sware words não é coisa bem quista nos teus pârametros. Mas o palavrãozinho, aqui, estava devidamente contextualizado. Para a próxima só o emprego 5 vezes, tá?
Olha, agora a sério, um grande beijinho para ti e obrigado pela crítica.
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