A trapaça
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Meu caro António Gamboa Chaves da Fonseca Ferrão.
A questão de se assinar ou não o próprio nome é questão velha aqui na Blogos. A mim nunca isso me tirou o sono já que sou um modesto “blogger” que, tal como o “template” refere, me entretenho por aqui a dizer o que me vai na cabeça, sem ofender ninguém e com uma caixa de comentários abertos a quem o desejar. Mesmo para os que, como tu, fazem questão de usar o Bilhete de Identidade. Isso não significa que não tenha ideias próprias sobre a responsabilidade de se usar ou não a identidade e até dou de barato que em alguns casos, como dizia há pouco o José Pacheco Pereira, há pelo menos um imperativo moral de assinar por baixo um nome verdadeiro. Mas o Espumante…
Já quanto ao teu argumentário aqui, a verdade é que me passa ao lado a questão de Mário Soares ser de direita (que não é, o que torna a direita mais higiénica) ou de esquerda (que ainda o é menos). A mim o que me fere é a trapaça, o trambique e a ingenuidade dos portugueses ao terem eleito este homem como uma personalidade de referência quando, afinal, ele há o retrato vivo da trapaça, do trambique e da exploração viva da tal ingenuidade dos portugueses. Isso, sim, fere-me, irrita-me e dá-me vontade de bater nas gatas. A actuação de Mário Soares na campanha teve o mérito de ser reveladora quanto a isto mesmo que digo. Mostrou a génese do homem que passou pela nossa história e a quem, contrariamente ao que me disseste ao telefone, eu acho que não devo nada. Para além de uma série da tragédias da descolonização (e dizer-se isto é sempre confundido com o facto de dever ou não ter havido descolonização e é claro que sim, que deveria, mas no respeito de um milhão de portugueses e de muitas dezenas de milhões de africanos) e de um comportamento no governo e na presidência da república que é consabidamente um exemplo vivo de inoperância, de bloqueio (sim, de bloqueio) de medidas de maior bondade e eficiência mas que não eram as dele e, por isso, o irritavam – Mário Soares é assim, irrita-se com o mérito dos outros e isso causou muitos danos aos portugueses.
Por isso, Mário Soares foi, é e queria continuar a ser uma trapaça. O facto de afirmares que ele terá sido, como dizes e em determinada altura, o estandarte de toda a direita carece de fundamento, não concordo. Sobretudo “das direitas” que referes!
O resto é história. E espero bem que a rejeição que se tem notado a Mário Soares ultimamente na campanha tenha a ver com alguma eventual introspecção que se tenha feito à figura deste senhor e não ao pormenor (de somenos, dada a sua reconhecida vitalidade) de ter oitenta e dois anos.
Meu caro António Gamboa Chaves da Fonseca Ferrão.
A questão de se assinar ou não o próprio nome é questão velha aqui na Blogos. A mim nunca isso me tirou o sono já que sou um modesto “blogger” que, tal como o “template” refere, me entretenho por aqui a dizer o que me vai na cabeça, sem ofender ninguém e com uma caixa de comentários abertos a quem o desejar. Mesmo para os que, como tu, fazem questão de usar o Bilhete de Identidade. Isso não significa que não tenha ideias próprias sobre a responsabilidade de se usar ou não a identidade e até dou de barato que em alguns casos, como dizia há pouco o José Pacheco Pereira, há pelo menos um imperativo moral de assinar por baixo um nome verdadeiro. Mas o Espumante…
Já quanto ao teu argumentário aqui, a verdade é que me passa ao lado a questão de Mário Soares ser de direita (que não é, o que torna a direita mais higiénica) ou de esquerda (que ainda o é menos). A mim o que me fere é a trapaça, o trambique e a ingenuidade dos portugueses ao terem eleito este homem como uma personalidade de referência quando, afinal, ele há o retrato vivo da trapaça, do trambique e da exploração viva da tal ingenuidade dos portugueses. Isso, sim, fere-me, irrita-me e dá-me vontade de bater nas gatas. A actuação de Mário Soares na campanha teve o mérito de ser reveladora quanto a isto mesmo que digo. Mostrou a génese do homem que passou pela nossa história e a quem, contrariamente ao que me disseste ao telefone, eu acho que não devo nada. Para além de uma série da tragédias da descolonização (e dizer-se isto é sempre confundido com o facto de dever ou não ter havido descolonização e é claro que sim, que deveria, mas no respeito de um milhão de portugueses e de muitas dezenas de milhões de africanos) e de um comportamento no governo e na presidência da república que é consabidamente um exemplo vivo de inoperância, de bloqueio (sim, de bloqueio) de medidas de maior bondade e eficiência mas que não eram as dele e, por isso, o irritavam – Mário Soares é assim, irrita-se com o mérito dos outros e isso causou muitos danos aos portugueses.
Por isso, Mário Soares foi, é e queria continuar a ser uma trapaça. O facto de afirmares que ele terá sido, como dizes e em determinada altura, o estandarte de toda a direita carece de fundamento, não concordo. Sobretudo “das direitas” que referes!
O resto é história. E espero bem que a rejeição que se tem notado a Mário Soares ultimamente na campanha tenha a ver com alguma eventual introspecção que se tenha feito à figura deste senhor e não ao pormenor (de somenos, dada a sua reconhecida vitalidade) de ter oitenta e dois anos.
1 Comments:
Caro Espumante
É prá mim...
Cada um é livre de optar. O meu desconforto é semelhante ao que sentirias ao cumprimentar um motociclista que não tirasse o capacete, numa concentração de motards com capacetes (os bloggers com pseudónimos), ainda que reconhecesses o teu interlocutor por outros indícios. Soy assí qué.
Aprecio deveras as tuas manifestações literárias e até invejo a tua capacidade de brincar com o quotidiano. Espero poder continuar a disfrutá-las, com o sem assinatura (para mim é irrelevante).
Mas sempre vou dizendo que sou de tal maneira fanático dos textos de autor, que prefiro baboseiras assinadas a tratados apócrifos. Fiquei assim depois de uma overdose de subentendidos desconcertantes, posições não frontais desmentidas no dia seguinte, saque de informações por pessoas interpostas, liberalidade e precipitação na interpretação de atitudes e mais um rol de indignidades que tive o desprazer de assistir ao longo de demasiados anos.
A respeito de Mário Soares não me parece que valha a pena acrescentar o que quer que seja.
Um grande abraço.
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