Uff... Mas...
Pronto. Aconteceu o esperado, Santana Lopes foi despedido e não me ocorre outra situação em que o aportuguesamento de uma expressão fosse tão aplicável como o conhecido “Princípio de Peter”, que podia bem passar a ser conhecido por “Princípio de Pedro”.
Pela minha parte há um genuíno sentimento de alívio pelo desenlace da coisa, pois não vejo como fosse possível manter por muito mais tempo este clima de guerrilha e uma clara inépcia do governo que tínhamos.
Isto é o “Uff” mas o “Mas” faz-me conter algum sorriso que ingenuamente me assomasse aos lábios. É que prevejo um período (incontornável) de paralisação enquanto durar o governo de gestão - e um outro que não me augura nada de bom. Surpreende-me a exultação que reina nalgumas pessoas, com excepção das claques do costume, claro, pelas eleições que se aproximam, como se elas fossem a barrela salvífica para os nossos males. É que não consigo convencer-me que o PS nos traga de algo de novo em relação à dose que já tivemos com Guterres. Vai ser a época dos chavões, da melhor democracia, da melhor justiça, da melhor saúde, da melhor educação, da melhor justiça social, da melhor tudo e mais Vangelis, mudado de Donas para a Covilhã. Não creio mesmo que nem as tais “fronteiras” gerem um naipe de políticos competentes e rigorosos que nos possam guindar a índices de desenvolvimento desejáveis em face aos desafios da Europa. Vamos provavelmente ter mais do mesmo, o “desfazer” do que estava feito e nada me diz que vá ser melhor. A memória nem sempre é tão curta como se diz e as pessoas lembrar-se-ão de que o Partido Socialista foi o responsável directo pelo descalabro das Contas Públicas ( e não é um anónimo cidadão como eu que o diz, mas sim eminentes vultos da economia, mesmo na esfera do PS) e, consequentemente, por uma recessão de que não sabemos ainda como sair dela. Para não falar na mais descarada teia de cumplicidades de que tenho memória desde que temos democracia. Por desgraça adicional, o PSD está a atravessar um período mau, sem vultos e o mais certo é o mesmo PSL ir a votos. Votemos, pois – e esse acto constitui a mais pura expressão da democracia. O meu problema é saber em quem. Ou, melhor, “ter” em quem. Como diria Chico Buarque, “a coisa aqui está preta” e nem uma Marieta existe para nos mandar um beijo de esperança.