quinta-feira, julho 24, 2014

Também querem


[5152]

Ana Drago e Daniel Oliveira são dois exemplos felizes de como a coisa política funciona aqui na paróquia. Ganhar protagonismo em causas e políticas que sabem não chegar alguma vez ao poder. Porque o povo português pode ser politicamente inculto mas não é totalmente estúpido. E isso favorece as Anas e os Daniéis que se vão notabilizando na esquadria mediática onde, queiramos ou não, estamos enfiados. Já que é fácil manter uma berraria mais ou menos controlada sobre o que está mal, havendo tanto o que está mal e sabendo-se como a grei gosta de ouvir essa berraria, ao mesmo tempo que dispomos de uma importante percentagem (sem paralelo?) dos chamados idiotas úteis que ajudam à formatação das personagens.

No caso de Ana (uma cara laroca e simpática e de verbo escorreito) e de Daniel (grosseirão mas hábil na manipulação por via de ideias que ele sabe caírem bem), notava-se algum desgaste de imagem e de ideias. Quer pelas suas frequentes aparições na comunicação social, quer porque ambos perceberam que o terreno lhes fugia debaixo dos seus determinados pés. Daí se terem atirado a um «Manifesto» que pouca gente saberá verdadeiramente o que vai manifestar. Basta-lhes saber que os dois se meteram noutra «estrangeirinha» em que a nossa política é fértil.

Vale-nos que muitos de nós percebemos que o que verdadeiramente os move é a necessidade imperiosa de «irem ao pote», expressão que qualquer deles usou com profusão desde aquela tirada tosca de Passos Coelho, pois Ana e Daniel querem ir ao pote também. Fizeram as contas e acham que o PS será a via mais indicada. Por mim… quantos mais Anas e Daniéis engrossarem as alas socialistas melhor. O problema, esse sim, o problema é eu saber que vou ter de levar com mais uma série de sessões contínuas de Ana Lourenço sobre o assunto – ela própria devota no cumprimento do seu mister, que isto de potes não está fácil e Lourenço não quererá perder o seu.

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quarta-feira, julho 23, 2014

Conversa tão arrepiante como a cerimónia


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Passam-me ali pelas costas os comentários da cerimónia da chegada de quarenta corpos a Eindhoven. É na SIC-N. Eu sei que nestas coisas nem sempre é fácil conjugar um improviso escorreito com a demora de uma cerimónia como esta. Mas o nível do comentador é confrangedor. Não há na estação quem tenha um nível de fluência e aceitável sintaxe para fazer a reportagem? O homem não sabe bem o que diz, vai balbuciando o que lhe vem à cabeça desde que tenha a ver com o ataque ao avião malaio. E perde-se num «mundo» de banalidades, muitas delas sem fazer o menor sentido e num português arrevesado de arrepiar. Uma das expressões que o homem repete vezes sem conta é de que «…ao que parece, o avião foi abatido por um guerrilheiro com falta de treino e falta de habilidade…» (ipsis verbis). Imagino o estrago que teria sido se o atirador tivesse treino e habilidade. Era bem capaz de ter abatido dois aviões com uma tacada. O nosso repórter é que teria a tarefa provavelmente mais complicada.

Triste, mas é a matéria que temos em comunicação social.

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terça-feira, julho 22, 2014

Uma lástima


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Alguém devia explicar a alguns professores que a avaliação de professores é uma sequela do sistema que eles próprios criaram.

Antes de me deixar seduzir pela alheira, pelo clima e pela bica, trabalhei numa multinacional onde a valorização dos seus quadros era uma constante. Seminários, cursos de treino, especializações, pós-graduações em várias universidades, viagens de estudo a vários países, estudos de mercado, aperfeiçoamento no manejo de línguas e muitas outras manifestações de valorização atenta dos seus quadros. Não porque tivéssemos lindos olhos ou tomássemos banho todos os dias, mas porque a própria empresa precisava de gente bem formada, eficiente, competente e, acima de tudo, com uma consciencialização profunda de códigos de trabalho de que todos saíam a lucrar. Na verdade, não me lembro de me fazerem exames nem provas de verificação de conhecimentos mas o meu desempenho, tal como o dos meus colegas era disso mesmo testemunho insofismável e cada um de nós progredia à medida dos seus talentos e na fruição total da formação que nos davam. Também é verdade que essa empresa não admitia quadros porque sim, admitia gente que achava que lhe fazia falta e o resultado disto tudo era um grupo sólido, de grande reputação internacional e onde só condições muito particulares conduziam a que alguém fosse compelido a sair. O que não significava que isso não acontecesse, ainda que fosse geralmente entendido que se uma pessoa fosse despedida é porque haveria fortes razões para isso.

Já os acontecimentos de hoje (não só de hoje, de outros dias também) provocam-me mal-estar e uma náusea profunda. Um pateta energúmeno acometido de funções, responsabilidades e poderes só possíveis numa sociedade a roçar conceitos quase medievais continua a movimentar grupos activistas de pessoas com uma noção distorcida dos seus deveres e direitos como trabalhadores. Sobretudo, malbaratando a virtude das suas atribuições e deveres com uma ideologia já só possível em países da estirpe do nosso. Não é admissível, é mesmo criminoso que grupos de gente como a que observei hoje na televisão continuem a emular um potencial torcionário, esse mesmo, um tal de Mário Nogueira de seu nome, em nome de direitos que acham que têm. Não fazem a mais remota ideia do que atrás referi como política de trabalho, verdadeiramente porque também não lha ensinaram. Enfiaram-lhes Nogueiras pela goela de há quarenta anos a esta parte, colaboraram activamente num sistema destrutivo da génese educadora deste país e dão um exemplo deprimente e vicioso às crianças que deveriam ensinar.

Uma lástima!



Foto do Sol, de hoje

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quarta-feira, julho 16, 2014

Pronto,mãe. Partiste


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Pronto, mãe. Partiste. Serena e bonita, com os filhos todos a mimar-te até aos últimos momentos.

Até há poucas semanas atrás, dizias que um dia destes ias ter com o pai que estava à tua espera. Falavas com a grandiloquência da tua simplicidade e com tanta sinceridade como quando dizias que não eras capaz de terminar uma refeição sem sobremesa. Pois, lá foste tu, mãe. Por isso escolhi esta foto, de resto a foto que fizeste questão de me oferecer como prenda do meu aniversário, há poucos dias atrás, e porque nada, como ela, ilustra o desejo que ias manifestando nos últimos tempos.

Tenho a certeza que foste ao cabeleireiro tratar do cabelo e das unhas, maquilhares-te e pores-te bonita como fizeste durante toda a vida enquanto o pai foi vivo. Não me lembro, jamais, de uma tarde em que não aguardasses por ele, bonita, produzida, «arranjada» como dizias. E assim foste. Arranjada, ter com ele. Porque é que devia ser diferente agora?

Eu cá fico a tentar a veracidade daquela máxima que diz que um homem não chora. Mas sabes? Uma vez por outra, vem uma lágrima por ali abaixo, sem pedir licença, como esta manhã, quando voei para o hospital tentando apanhar-te ainda com vida.

Fica também o legado sem preço que nos deixaste, tu e o pai. Porque esse, por muito que aconteça, ninguém no-lo tira. E a ti e ao pai o devemos.

Descansa em paz, mãezinha (lembras-te que só aos meus cinquenta anos deixei de te chamar mãezinha?)

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segunda-feira, julho 14, 2014

Finalmente, a descoberta


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Após um programa aturado de investigação descobriu-se, enfim, a fonte inspiracional de Cutileiro quando ele nos brindou com o «pirilau» revolucionário, internacionalista e pós-moderno, esteticamente depositado e convenientemente erecto no topo do Eduardo VII.

Sim, eu sei, admito que as Pedras Negras sejam bem mais naturais e com um cunho impressionista que jamais Cutileiro poderia recriar, mas convenhamos que não se pode ter tudo. Se o Pungo-Andongo nos deu a expressão do engenho incomparável da natureza por que carga de água Cutileiro não haveria de nos dar uma réplica pretensamennte condigna na Freguesia de Santo António do Concelho de Lisboa?

Há diferenças de pormenor, de estilo, reconheço, mas cada um sabe com que linhas se coze.


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sexta-feira, julho 11, 2014

E se não nos rimos ainda acham que não temos senso de humor...


o «share» não ajudou...

[5147]

Fico sem entender muito bem se isto de se ser socialista é feitio ou se fomos operados em pequeninos. A coisa é de tal maneira pérfida e de tal maneira bem feita que, frequentemente, as coisas se nos deparam de maneira que quase nos envergonhamos de não ser socialistas como «eles», não porque concordemos com os seus dislates mas porque a dinâmica que se instalou nesta sociedade é de tal maneira transversal (um termo deles…) que nos faz duvidar se em vez dos canários são os gatos que gostam de alpista e comem os canários apenas para despistar.

Ontem calhou ouvir um programa de Ricardo Araújo Pereira no qual ele entrevista Francisco Anacleto Loucã. Não sei se o programa é (pretende) ser humorístico ou se as alarvidades produzidas não fazem mesmo parte de um conteúdo previamente elaborado. E a sensação que fica é que a um disseram-lhe que tinha graça e ao outro disseram-lhe que percebia imenso de economia. Na dúvida, riam-se os dois.

Em todo o caso, a ideia matriz é de que esta rapaziada acha que o desenvolvimento e bem-estar dos povos se faz através da colecta de impostos junto do cidadão que trabalha. Que os bancos são um empecilho e que as famílias que os gerem deviam ser feitas em picado. Os empresários são umas bestas-quadradas e…resumindo, isto devia era toda a gente trabalhar para o Estado que iria pagando as contas. Enquanto houvesse dinheiro, bem entendido, porque ainda ninguém disse a estas luminárias que os Estados não produzem riqueza. Comem-na. E quando ela se acaba… endividam-se junto dos Estados com economias saudáveis (capitalistas, sim, é isso) porque é assim que deve ser. Países limítrofes (este foi o nome que resolvemos dar a nós próprios num senso mais lato que um mero posicionamento geográfico) deveriam ser levados à conta de gente a quem Deus não deu a prerrogativa de saber fazer BMW’s, apenas conduzi-los, e não temos culpa nenhuma que os outros saibam. 

A isto, um psicólogo estagiário chamaria qualquer coisa a roçar uma psicopatia qualquer, mas os socialistas acham que tudo isto de deve à nossa condição de país limítrofe. De vez em quando ensaiamos umas orgias emocionais (assim a modos como o Scolari fez com a camiseta do Neymar), mas acabamos por reconhecer, ainda que considerando uma injustiça divina, que uma sociedade racional, trabalhadora, competente e, sobretudo, séria, acaba por ganhar às emoções. Mas não aprendemos. Ficamos à espera que outro Neymar qualquer se aleije, rezamos uma Ave Maria ou fazemos uma caminhada a Fátima e refilamos imenso enquanto os frios teutónicos não nos mandam o ordenado do mês seguinte. Porque não fazem mais que a sua obrigação.

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quarta-feira, julho 09, 2014

Back to basics


[5146]

Com a derrota do Brasil as coisas voltaram à normalidade. Congratulo-me com a contenção da nossa comunicação social que, pelo visto, se tem cingido criteriosamente às razões desportivas, mas surpreende-me a lassidão do Daniel de Oliveira que ainda não disse que o arrastão de Copacabana foi inventado pela reacção e pela polícia de Carcavelos e que a generalidade dos distúrbios em S. Paulo e no Rio se devem basicamente a Ricardo Salgado e inerentes «tropelias» e dívidas do GES no Brasil e, sobretudo, ao facto de Passos Coelho ter afirmado ontem que o estabelecimento do ordenado mínimo depende do aumento de produtividade. O homem está a perder estamina.

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terça-feira, julho 08, 2014

10 anos


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Um momento particularmente difícil impede-me de proceder ao registo dos 10 anos deste blogue como eu gostaria. Quiçá desfiando alguns dos momentos mais significativos da sua história, sem deslustrar aquela ponta de humor que sempre gostei de usar, melhor ou pior, porque acho que o humor é não só um excelente veículo de entretenimento como uma incontornável manifestação de cultura.

Quem sabe amanhã tudo será diferente e eu possa iniciar o 11º ano do Espumadamente com outra alegria.

A todos os que me privilegiam, ainda, com a sua leitura o meu sincero reconhecimento.

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