O golpe escafedeu-se...
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A Dulce escreveu um belo livro. É uma narrativa serena, simples, na primeira pessoa e com o mesmo espírito dos dezasseis anos da altura, de um tempo de que a maioria dos portugueses não tem um conhecimento adequado.
A Dulce não recorre nunca a clichés de política, saudosismos ou partidarismo, deixa-se levar com a simplicidade que lhe enforma a alma pelos acontecimentos que a enovelam no pós 25 de Abril em Angola, consegue mesmo romanceá-los numa história de amor de adolescente e culmina num dos episódios mais dramáticos, analisados hoje à distância de trinta e seis anos, qual fosse o de estar num aeroporto à espera de um avião que a levasse… para onde o avião fosse. Brasil, Portugal ou África do Sul.
O livro não encerra ressentimentos, ressabiamentos, nem ressuma ódios, porventura legitimáveis pelo desprezo e desrespeito que um grupo de gente no poder em Portugal atribuiu aos “incómodos retornados”. O livro é tão singelo como a autora, e limita-se à narrativa fluida e fiel de um período muito curto mas muito importante para muitos que, como a Dulce, aguardaram aviões sem conhecer o destino final. Não acusa, não se zanga, não odeia, tão-somente conta a história de uma adolescente nascida e criada em Angola e apanhada no torvelinho dos acontecimentos.
Aconteceu à Dulce ir para o Brasil. Por lá se fixou, por lá se enraizou e lá se estabeleceu, constituindo família, terminando a sua licenciatura, trabalhando, sem precisar de “jobs for the boys” a €2.5 M /ano sustentados por currículos tão improváveis como o lançamento de campanhas com T-shirts do Che e poemas do Manuel Alegre, que foi nisso que os portugueses parecem ter-se especializado. A Dulce, como a grande maioria dos retornados (uma filha de beirões, nascida em Angola e “retornada” no Brasil, só pode ser uma piada de mau gosto…) fez pela vida e é uma mulher feliz e empresária de sucesso.
Resolveu escrever um livro que editou no Brasil e
Parabéns à Dulce pela sua lição de vida e pelo livro. Que pena que muita gente não saiba que o livro está á venda em Lisboa
Sabor de Maboque
Book House
Edifício Monumental
Praça Duque de Saldanha - Lisboa
T: 213 193 450
Book House
Galerias Saldanha Residence - Lisboa
T: 213 151 873
Pode ser também encomendado através do site da Bertrand
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Não consigo entender bem o bruáá que vai por aí por causa do vídeo de Maité Proença, tentando fazer humor com algumas portuguesices, nem sequer das mais típicas. Um número de porta ao contrário (ninguém explicou a Maité o significado esotérico da inversão do algarismo 3, naquela região), achar os portugueses esquisitos e cuspir numa fonte dos Jerónimos não tem graça por aí além, mas cada um ri-se do que gosta e não temos nada com isso. De resto, o vídeo até enaltecia a qualidade dos pastéis de Belém (apesar de haver um trocadilho qualquer com as claras que as freiras usavam para engomar os colarinhos, mas há coisas que só os brasileiros entendem), a arquitectura manuelina (o velho «Mánoeu» portuga que os brasileiros não se cansam de glosar e incensar como «a piada de português») e não faltou mesmo o momento de recolhimento perante os túmulos de Vasco da Gama, Camões e Pessoa ou a referência ao monumento dos descobrimentos, ali onde o Tejo vai dar ao mar, pois os rios em Portugal, tal como Brasil, vão dar no mar. Também houve uma pontinha da proverbial cultura brasileira quando Maité se referiu a Salazar como um ditador que governou Portugal por mais de vinte anos. Vinte anos, mágine…
De qualquer maneira nem o insuportável cinzentismo português nem o espírito de padeira de Aljubarrota resistiram à «invectiva» da actriz brasileira e só faltou montar a táctica do quadrado para nos defendermos do opróbrio que emanava do vídeo. Respingámos, fizemos até abaixo assinados e a actriz, inexplicavelmente, acabou a pedir desculpa, não faltando sequer o avô português que todos os brasileiros tiram da gaveta, de cada vez que cá vêm ou precisam de vender a última imagem de uma telenovela.
No final da história fica um programinha sem graça (Maité é bonitinha djimais para ser de programa sem graça) e uma alma tuga que ganharia muito em se libertar deste horrível provincianismo que, aqui sim, Maité poderia ter explorado em favor do humor do Saia Justa, em vez de chamar esquisitos aos portugueses ou de cuspir numa fonte dos Jerónimos. Imagine-se eu ir fazer um xixi do alto do Cristo Redentor, dizendo com um megafone que os brasileiros são um conjunto de caipiras que usam gravata em S. Paulo e chinela, daquelas de enfiar o dedão, no Calçadão do Rio de Janeiro. Mi chamavam de Mánuéu ou Juáquim, não?
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