Uma lástima
Alguém devia explicar a alguns professores que a avaliação
de professores é uma sequela do sistema que eles próprios criaram.
Antes de me deixar seduzir pela alheira, pelo clima e pela
bica, trabalhei numa multinacional onde a valorização dos seus quadros era uma
constante. Seminários, cursos de treino, especializações, pós-graduações em
várias universidades, viagens de estudo a vários países, estudos de mercado,
aperfeiçoamento no manejo de línguas e muitas outras manifestações de valorização
atenta dos seus quadros. Não porque tivéssemos lindos olhos ou tomássemos banho
todos os dias, mas porque a própria empresa precisava de gente bem formada,
eficiente, competente e, acima de tudo, com uma consciencialização profunda de
códigos de trabalho de que todos saíam a lucrar. Na verdade, não me lembro de
me fazerem exames nem provas de verificação de conhecimentos mas o meu desempenho,
tal como o dos meus colegas era disso mesmo testemunho insofismável e cada um
de nós progredia à medida dos seus talentos e na fruição total da formação que
nos davam. Também é verdade que essa empresa não admitia quadros porque sim,
admitia gente que achava que lhe fazia falta e o resultado disto tudo era um
grupo sólido, de grande reputação internacional e onde só condições muito
particulares conduziam a que alguém fosse compelido a sair. O que não significava
que isso não acontecesse, ainda que fosse geralmente entendido que se uma
pessoa fosse despedida é porque haveria fortes razões para isso.
Já os acontecimentos de hoje (não só de hoje, de outros dias
também) provocam-me mal-estar e uma náusea profunda. Um pateta energúmeno
acometido de funções, responsabilidades e poderes só possíveis numa sociedade a
roçar conceitos quase medievais continua a movimentar grupos activistas de
pessoas com uma noção distorcida dos seus deveres e direitos como
trabalhadores. Sobretudo, malbaratando a virtude das suas atribuições e deveres
com uma ideologia já só possível em países da estirpe do nosso. Não é
admissível, é mesmo criminoso que grupos de gente como a que observei hoje na
televisão continuem a emular um potencial torcionário, esse mesmo, um tal de
Mário Nogueira de seu nome, em nome de direitos que acham que têm. Não fazem a
mais remota ideia do que atrás referi como política de trabalho, verdadeiramente
porque também não lha ensinaram. Enfiaram-lhes Nogueiras pela goela de há
quarenta anos a esta parte, colaboraram activamente num sistema destrutivo da
génese educadora deste país e dão um exemplo deprimente e vicioso às crianças
que deveriam ensinar.
Etiquetas: Ai Portugal, avaliação de professores, brincar com coisas sérias, fenprof, Mário Nogueira
1 Comments:
Infelizmente, tenho que concordar consigo Nelson!... :(
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