quinta-feira, março 31, 2005

I G V



"…o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez deve ser feito com prudência, em calendário que garanta que se consiga que o não ganha nas urnas. O calendário deve ser muito ponderado pela direita e pelos que vão fazer campanha pelo «não» para evitar que uma questão de agenda política estrague o fundamental: grande participação das pessoas e um grande «não»…"

Peço desculpa, enganei-me. Isto não foi dito por nenhum representante da direita retrógrada. Passo a corrigir:

"……o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez deve ser feito com prudência, em calendário que garanta que desta vez se consiga que o sim ganha nas urnas. O calendário deve ser muito ponderado pela esquerda e pelos que vão fazer campanha pelo «sim» para evitar que uma questão de agenda política estrague o fundamental: grande participação das pessoas e um grande «sim»…"

Ipsis verbis. Jorge Coelho dixit (DN, 31/03/05, sem link). Não fosse este um assunto tão delicado e sério e eu quase ficaria com vontade de ir votar «não»

quarta-feira, março 30, 2005

Mário Soares acha que...



Mário Soares está contra o referendo ao aborto em Junho (DN de hoje, não consigo link).

Mário Soares acha que, Mário Soares pensa que, discorda de, concorda com, presume que, aconselha a mas, sobretudo, acha que. Acha muito e, frequentemente, mal. Acho eu de que.

A guarida mediática que dão a um homem que não se notabilizou propriamente por medidas bem tomadas, reconhecidamente medíocre em matérias do governo, consabidamente inconsistente em políticas que extravasassem o lugar comum que sublimou dos seus tempos de oposição, que se viu envolvido (justa ou injustamente...) em conluios e conspirações rasteiras de derrube de opositores e, até, correlegionários, faz-me pensar que vivo num universo especial de cumplicidades e interesses muito para além do que seria desejável num país que se quereria moderno e desenvolvido. Universo para o qual as gentes da comunicação social contribuem decisivamente - tanto quanto os que as lêem ou ouvem. A coisa raia o culto da personalidade, fenómeno que eu julgava de há muito ultrapassado e apenas vivo em locais como alguns países da América Latina, África, Coreia do Norte e Cuba. Mas isto digo eu, que sou suspeito e, provavelmente, não privilegiado pela temperança do «admirável mundo velho»...

terça-feira, março 29, 2005

Os Salpicos da Sanita



A Vieira trouxe-me à lembrança, através de um dos seus hilariantes posts, um fenómeno interessante (e revelador) e que se consubstancia numa simples visita a um urinol macho (de homens, mesmo, daqueles com uns sanitários na vertical, largos e abrangentes, com um ralo no fundo onde os cubinhos de naftalina convivem alegremente com pontas de cigarro – e esta explicação é mais para as mulheres, pois acredito que ainda existam mulheres que jamais tenham entrado num urinol masculino, coisa assim do género da criancinha que nunca viu um repolho na horta e julga que ele nasce no Continente.

Na verdade, visitar, por necessidade já se vê, um urinol, num intervalo de cinema (para os mais desprevenidos, há salas em Cascais onde ainda dão um saudável intervalo durante o filme…) é um espectáculo que fornece mais matéria de reflexão do que cinquenta consultas ao Allen Gomes.

Como todos sabem, presumo… a protuberância final do sistema excretor masculino tem uma grave insuficiência – entre outras que nâo vêm agora ao caso – qual seja a de não saber fungar. O nariz, por exemplo, concede ao homem a confortável prerrogativa de fungar, evitando que uma estúpida e inoportuna constipação provoque a necessidade de sacudir o nariz. Por outras palavras, um homem espirra, ou está «com o pingo no nariz» e pura e simplesmente funga. Não é higiénico, não é polido, mas a verdade é que não há o mínimo perigo de se salpicar seja o que for. Ao contrário do que, consabidamente, acontece com a reles micção masculina, em que o homem tem necessidade de sacudir o… a protuberância… humm… o coiso, «prontes» e, concomitantemente salpicar o colarinho da sanita. É conhecida a cena de cinema em que a argúcia de Bruce Willis lhe permite adivinhar que antes dele teria estado um macho com a sua mulher, pela simples observação do colarinho da sanita estar levantado. Argúcia de polícia, dirão alguns, mas reparem onde podem levar as consequências de um pénis não saber fungar. Se soubesse, o biltre teria estado com a mulher do Bruce e o Bruce via o colarinho da sanita para baixo e tudo estaria na paz dos anjos.

Voltando ao urinol masculino, sou obrigado a chamá-lo de masculinocêntrico (!...), como o outro. «Aquilo» é um exemplo acabado da vaidade e/ou insegurança do androceu. Se é voz corrente que tamanho não é documento (voz corrente, apenas que, cá para mim, é conversa fiada, senão não havia tantas anedotas de pretos…), a verdade é que não há homem que se preze que no posfacio de uma reconfortante micção, de preferência ruidosa, jacto forte…) se iniba de aplicar o melhor das suas energias a abanar o pénis com a maior veemência, ao estilo coisa grande tem de ser sacudida a preceito. Ai do homem que seja visto, num urinol, em delicada e contida sacudidadela. De duas uma: ou eunuco ou sem trabuco. Daí que ( e aqui voltamos à cena do urinol) seja absolutamente imperdível ver um friso de homens a urinar. Vale a pena esperar, ir até ao fim da coisa, ver como eles se saracoteiam violentamente (sim, que sacudir uma coisa daquelas requer força…), preferencialmente ao som de um pigarro testosterónico e de uma abertura (apelativa, claro) das pernas em arco – género, sacudo e tenho de arrumar o equipamento, uma trabalheira, dada a dimensão do conjunto.

segunda-feira, março 28, 2005

Help... este tipo é doido



Socorro... soltem os cães aos idiotas vigilantes de instintos pidescos, mandaretes da machimba (para quem não souber, é merda em xangane...) que adormecem com a política correcta e acordam reconfortados de wet dreams igualmente correctos que, provavelmente, lhes proporcionam a catarse dos outros, os genuínos, que não tiveram na adolescência. Trocado por miúdos: - MACÁRIO CORREIA ataca de novo. Não é que este cidadão anda agora preocupado porque EU fumo quando estou a conduzir? Aduz ele, da cátedra da sua autoridade autárquica, que estou a encher o MEU carro de fumo, que os MEUS olhos ardem e que a mão que segura o MEU cigarro não está pousada na alavanca das mudanças.

Acabei de ouvir Macário Correia no Prós e «Contras da Fatinha». Ele está preocupado por eu fumar dentro do meu carro. Não está preocupado com a falange de assassinos que anda por aí a tentar acertar nos peões e noutros carros. Nem com as estradas mal construídas, rotundas mal paridas ou sinais salganhados (para o que as autarquias contribuem decisivamente, aliás). Não. Ele está preocupado com o ambiente do interior do meu carro, com os meus olhos e não vá eu atropelar alguém por segurar um cigarro entre os dedos. Não lhe ocorreu, por exemplo, que um fumador em stresse por falta de um cigarro é capaz de se desconcentrar mais na condução do que, por exemplo, falar pelo telemóvel. Em definitivo, este homem deve ter beijado uma mulher fumadora e ainda hoje anda a cuspir...

O Fascínio da Blogosfera




Fui visitado por uma prezada blogger que me disse:

-Kiep lu hanh :
Van yeu nhu thuo ay Đêm Trăng Tình Yêu Loi hua mai ko phai noi sau dem vang tin nhan cua anh Mong em se quay ve.

Claro que lhe disse para não ficar preocupada, que o Santana Lopes já foi despedido, que os americanos já deixaram o Vietnam e que quem ganha a Quinta das Celebridades é a Lili Caneças. A nova . A Lili que ordenha.

Espero, sinceramente, que a minha amiga vietnamita durma mais descansada e que continue a honrar-me com as suas longínquas visitas.

domingo, março 27, 2005

Favoritos



Se até os computadores tem uma janelinha a dizer favoritos, onde podemos clicar livremente os programas da nossa preferência, porque é que eu não poderei ter uma estação do ano favorita onde clique sempre que me apetecer?

Não Chegam ao Céu...



O último Portugal vs Canadá ensinou-me:

- Que a bandeira do Canadá é composta de um grande trevo, segundo Carlos Daniel.

- Que substracto não é uma palavra vã. Gabriel Alves usou-a (que eu ouvisse...) três vezes. A equipa portuguesa tem falta dele – do substracto. Porque do Gabriel Alves não tem falta nenhuma. Nem a equipa nem eu nem aqueles que tiraram, pelo menos, o 9º ano;

- Que a defesa da equipa portuguesa precisava de jogar mais atenciosamente. Eu, como não vi «sarrafada» nenhuma, achei que os briosos rapazes não precisavam de deferência nenhuma. Mas depois, pensei, pensei, pensei (este Gabriel Alves é uma trabalheira...) e conclui que a defesa devia jogar com mais atenção. Mas isto digo eu...

- Que um jornalista que se preze não deve fazer perguntas idiotas. Deverá ser assim mais ao estilo de saber se a equipa sempre meteu o pé e, ao treinador, uma rajada de perguntas sobre qual, a equipa que alinhará contra a Eslováquia... era o que faltava não desestabilizar a coisa um bocadinho, saber se é o Ricardo ou o Quim na baliza, o Costinha ou o Manuel Fernandes, etc.;

- Ahhh... claro. E eu que tinha a melhor impressão do Pauleta, rapaz simpático e bem educado e que ainda por cima mete uns golitos... não é que o Gabriel Alves achou que o rapaz era um oportunista só porque meteu um golo aproveitando uma boa oportunidade? Pois... quem vê caras não vê corações. Aquele Pauleta, com aquela carinha de sonso saiu-me um oportunista de todo o tamanho.

Uma pergunta inocente: - Quem quer que mande na RTP não tem a obrigação estrita de zelar pelo desempenho dos seus repórteres? Já agora pela redacção da publicidade para acabar com as «duzentas», «trezentas», «duzentas e cinquenta» e «quatrocentas gramas» de um produto qualquer de um supermercado qualquer?

sexta-feira, março 25, 2005

Lá Traque Ser



... on account of the weather... season...hummm...isso.
Volto soon. A bientôt.

quinta-feira, março 24, 2005

Corda ao Pescoço...



Ontem deixei-me embalar por um provérbio popular e precipitei-me. Está tudo explicado aqui e não custa admitir um equívoco.

Parabéns e longa vida ao Cidade Surpreendente

Povo Solanáceo



Pronto. Era a notícia que me faltava. Na depressão corrente - ele é os texteis chineses, os peixes marroquinos, o pronto a vestir da Zara, os morangos da Estremadura, as laranjas algarvias embaladas na Andaluzia, as deslocalizações, a seca, os combustíveis ( o "gazolzinho" meu deus, o gazolzinho entranhado no portuga que se preza), o défice, o Louçã, o Guterres calado à espera de ser presidente, os árbitros a levarem o Benfica ao colo (esta coisa dos colos pegou mesmo...), enfim, um rosário de desgraças que nem uma penitência aguda poderá devidamente esconjurar. Mas, "prontes", a notícia está aí. Impante, regeneradora e a devolver-nos o brio e a repôr os níveis de testoterona. AS PIZZAS EUROPEIAS SÃO QUASE TODAS FEITAS COM TOMATES PORTUGUESES. Ora se esta notícia não nos põe a assobiar alegremente para o emprego e não nos desperta olhares (ainda ) mais gulosos para o mulherio espalhado pela paróquia, nada mais nos pode ajudar nesta depressão colectiva.

Sempre desconfiei que éramos um povo de tomates. Andavam era dissimulados aí pelo espaço europeu. Espero bem que a nossa predominância tomateira nos dê força e ânimo para que possamos inundar a Euriopa com as nossas azeitonas, o nosso azeite, a nossa pera rocha e as nossas inigualáveis cerejas. Mas para já... não está mau. A continuarmos assim ainda arranjamos uma versão lusa da Tomatina, o que seria uma óptima ideia a levar a efeito ali para o fundo da rua de S. Bento.

Eu sempre disse que Sócrates nos devolvia o orgulho...

quarta-feira, março 23, 2005

Não Há Pachorra...



Que um tipo bem compostinho, escovado, inteligente, que publica livros e crónicas, comenta nas TV’s - mesmo dando de barato que é, frequentemente, azedo e arrogante - publique coisas destas não lembra ao diabo. Ou então, o futebol é realmente enviesante e gerador de doentias paixões; e este bairrismo portuense, a roçar a esquizofrenia. existe mesmo e começa a não haver pachorra para ele. A cidade do Porto não merecia isto...

Quem não se sente...



A última coisa que eu esperaba era que aparcesse um vlogue, inda por cima cum umas fótus lindíssimas cumo aquelas que bemos nas rebistas, a gozar com o sotaque lisvueta. Eu, que sempre pus a veleza do Puorto acima de qualquer idiossincrasia própria destas coisas dos linguajares, que sempre gostei de francesinhas, da ponte da Arrávida e dos Aliados, do Campo Alegre e das tripas e que achei que o Puorto era pátria de luzidas personalidades da cultura do nosso país, quer-se dizer, sempre gostei da Inbicta (tirando lá o Pintinho da Costa, o Narciso Miranda, o Meneses a chamar-me sulista e elitista, a casa da Música em ovras desde a Capital da Cultura, o buzeirão do Balentim Loureiro, as patetices do Nuno Cardoso e prontes, outras pérolas do género), tinha agora que ubir e ler um vlogue, ainda por cima lindíssimo, a gozar com o sotaque dos mouros, carago... ainda por cima com o Blasfémias a vater palmas. Não habia necessidade!

Nota Sotaques fora, o Blog é, realmente, imperdível!

terça-feira, março 22, 2005

2-0



Nada como ter falta de assunto, ou falta de vontade de ter assunto, ter assunto e não apetecer escrever, ou não ter tempo, saber que mais logo à noite vai haver assunto mas não vai haver vontade de lhe pegar, ou tempo e, no meio de todas estas angústias, o Sporting ter ganho. Por isso mesmo, não resisto a um “assuntozinho”:

- Como é que ainda é possível acontecer uma agressão (uma agressão, daquelas com cotovelo e tudo), um corte deliberado de uma bola perigosa com a mão, tudo isto ser visto por umas centenas de milhares de pessoas e motivo para duas expulsões... e depois ter de ouvir e ver um punhado de gente supostamente idónea a dizer que o Sporting ganhou porque os árbitros querem dar o campeonato ao Benfica?

Há coisas na nossa maneira de estar neste mundo que nunca entenderei. Ou se calhar entendo e não entendo como é que os outros não entendem. Será que somos mesmo assim, ou fomos operados em pequeninos? Esta velha escola tuga, esta “postura”(para usar léxico apropriado) continua a provocar-me um insuportável eczema das meninges e sei que vai ser assim até morrer. E, mais grave, esta forma de ser português neste país diminutivo onde JÁ NEM o respeitinho é preciso não é exclusiva do futebol. É assim na política, no emprego, nas empresas, no comércio na nossa vida de todos os dias. Aparentemente, Mourinho terá tentado exportar este “estilo” para a loira Albion mas a verdade é que, mais do que irritados, os ingleses estão surpreendidos pela magna questão: - “Mas como é que há gente assim?”

segunda-feira, março 21, 2005

Dia Bom



Duas notícias que me fizeram acordar bem:

- Apanharam o energúmeno (suspeito, alegadamente, patatipatatá) que abateu os polícias da Amadora. Cerca de vinte e quatro horas depois do crime;

- Começou a chover. Para além do carácter salvífico da coisa, vou deixar de ouvir as locutoras das nossas rádios, ao fim do dia, a anunciarem que “amanhã o dia vai estar cheio de sol, lindo e a chuva nem vê-la”, com aquele ar de adolescente excitada que vai ao cinema com o namoradinho no dia seguinte.

domingo, março 20, 2005

Eles falam falam...

Tou
Tá?
Tou
Era o livro
Qual livro?
O livro
Qual livro?
O livro
Qual livro?
O livro
Qual livro?
O livro
Mas qual livro?
O livro
...
O livro?
A bica
Qual bica?
A bica
Qual bica?
A bica
Qual bica?
A bica
Qual bica?
A bica
Mas qual bica?
A bica
...
A bica?
O beijo
Qual beijo?
O beijo
Qual beijo?
O beijo
Qual beijo?
O beijo
Qual beijo?
O beijo
Mas qual beijo?
O beijo
...
O beijo?
E a bica
A bica?
E o livro
O livro?
Naturalmente
Naturalmente?
Claramente...

Com a devida vénia ao Gato Fedorento

Ó Homem...apareça

Um texto a ler com atenção. Considerando que vem de um neófito na Blogos, há que nos mantermos atentos ao que aí vem...

sábado, março 19, 2005

Contra A Corrente



Provavelmente (como a tal cerveja!...) um dos melhores blogues portugueses. Faz hoje dois anos e daqui lhe envio uma saudação amiga.

Pensamentos Avulso

O Setúbal vai ganhar, o Porto vai perder, o Santana não tinha nada que ir complicar a coisa lá para a Câmara, o Pinto da Costa anda-lhe a saltar o verniz todos os dias (penso eu de que), o PS mantém o estado de graça apesar de ser reconhecidamente o partido mais incompetente, populista (sim, eu disse populista)e manipulador do regime, as gatas estão com cio e eu tenho de ir à farmácia de serviço buscar a pílula (espero que, num futuro próximo eu possa ir comprar a coisa ali à Galp), o Louçã anda calado que nem um rato, um júri de gente esquisita prepara-se para pronunciar um veredicto ali para a Torre do Tombo mais logo, os blogues da coisa política andam sem assunto (vá lá saber-se porquê), os “bloquistas à paisana” lá se vão, finalmente, denunciando e dando a cara (há até quem já tinha substituído fotos de Sócrates pelas do logo do Bloco no blog - logo do bloco do blog... não vejo forma mais elegante de dizer a coisa, Mário Soares anda ressabiadíssimo com aquela história do Carrilho a presidente da Câmara, o Expresso vem impossível, de repente é que descobriram que a transferência de jogadores de e para o FCP é um veículo de movimentação e lavagem de dinheiros sujos e russos, o BES anda excitadíssimo para “dar” o campeonato ao Benfica, as coisas lá pelo Médio Oriente não andam a correr de feição para os “anti-Bush”, o continente africano continua mergulhado na mais trágica hecatombe de vidas inocentes e ninguém dá por isso, a Coreia do Norte (modelo de muito boa gente aqui da paróquia) continua a fazer tiro ao alvo com os desgraçados que pretendem abandonar aquele inferno, Fidel Castro continua a ser nomeado pela Forbes como detentor de uma colossal fortuna, os nossos sindicatos (com a CGTP à cabeça) continuam a cavar a sepultura dos trabalhadores portugueses e, provavelmente, até do país, que já é visto como um sítio mal frequentado e onde os trabalhadores continuam a berrar que a luta continua, Sampaio continua a mandar bitaites inspiradíssimos e didácticos, a minha filha deu-me um grande beijinho do dia do Pai e pirou-se para os cavalos e para o namorado (desconheço o grau de prioridades mas isso é um assunto dela), o bife do almoço estava óptimo, as mulheres continuam a dar cartas aqui pela blogoesfera com os melhores, mais bonitos, inteligentes, elegantes e humorados posts (como se vê, não são precisas quotas coisa nenhuma para meterem os homes num canto...), Miguel Sousa Tavares continua cada vez mais azedo, a ... ?? estou aqui a tentar lembrar-me de alguma mulher que esteja cada vez mais doce, em contraponto ao MST mas juro que não me ocorre... hummm, ele “há-as”, mas não quero ferir susceptibilidades, Camilo teria feito anos há dois dias e a Madalena não registou a efeméride (ou esqueceu-se ou nunca teve um amor de perdição), ela que não deixa passar nada nesta matéria, o Mourinho anda, finalmente, a mostrar lá fora de que cepa é feito o portuga que se preza, o tempo está mais fresco e mais “primeiro mundo” e eu, apesar de tanto pensamento avulso, vou cumprir a promessa que me tinha feito – manter-me estirado todo o fim de semana (ok... darei um pulinho do sofá por cada golo do Sporting) para ver se, em definitivo, debelo esta maldita maleita (gripe??) que me atormenta há quase duas semanas – eu, que a doença mais grave que tive foi uma apendicectomia em pequenino, uma queratotomia (não sei se está bem escrito, mas é a aquela operação dos cortesinhos na córnea e ficamos a ver tão bem, tão bem, que às vezes até vemos de mais) já grandinho e porque achava que as lentes de contacto me estorvavam e retiravam brilho à íris e uma sessão de espirros de dois em dois anos. Há menos de uma dezena de anos atrás eu estava a cerca de três horas de voo daqui:





Standard bungalow



La Terrace Restaurant



Piscina e praia privativa

Era o La Pirogue Hotel nas Maurícias. Um resort espantoso (qualquer comparação com Puntacana e correlativos é um mero exercício de retórica) e onde não havia lugar a pensamentos avulso. Fundiam-se todos num só – estar vivo e gostar de viver. Tudo o mais era acessório.

Mas as mulheres portuguesas continuam, de longe, a ser as mais bonitas e mais interessantes do mundo...

sexta-feira, março 18, 2005

Fui Almoçar ao Barata



A propósito de saudades - e das saudades que gentes nossas têm pelas mais impensáveis bizarrias do nosso País, ocorre-me este singular episódio, fresquinho, do qual fui protagonista e relato com incontido gáudio.

Tendo uma reunião de trabalho num escritório situado na Rocha Conde de Óbidos, telefonei a um dos meus interlocutores a perguntar “como é que se entrava” na zona – na minha inocente e habitual forma de achar que zonas de risco deverão ter adequadas medidas de segurança. Como resposta, foi-me dito que entrava pelas docas de Alcântara, havia uma cancela, uma guarita com um segurança e depois mostraria identificação e dizia o nome da empresa onde me dirigia ou... dizia que ia almoçar ao Barata. Achei que era gozo mas ao chegar à cancela (aberta) e ver a expressão “porreira” do segurança não resisti. Abrandei o carro e disse:
- Boa tarde. Vou almoçar ao Barata.
O segurança sorriu, mandou-me avançar e desejou-me bom proveito...

O Barata parece ser o único restaurante ali da zona restrita, onde se almoça um excelente peixe ,de frescura obscena, grelhado à beira-rio, ao ar livre, entre muitas dezenas de carros particulares estacionados a “trouxe-mouxe”, um navio de guerra ancorado a cerca de 50 metros (da Nato, disse-me o Barata com ar de quem não entendia apenas de besugos e marmotas), dezenas de embarcações entre recreio, marinha mercante e patrulha, contentores, muitos contentores, guindastes, pessoas a circular por tudo o que é sítio, incluindo marinheiros fardados, pessoal de obras (tinha de haver uma obra qualquer, claro...), um formigueiro de gente e de coisas – tudo numa zona supostamente restrita, com cancela e tudo, ainda que aberta, e com um segurança que, aparentemente, conhece o Barata e acha que lá se come muito bem.

Como será possível não ter saudades de um país como este do qual nem Bin Laden parece ter conhecimento? E se um dia tiver, tenho a certeza que acabamos todos juntos a comer um peixe no Barata e a discutir futebol, enquanto o pessoal menor vai colocando umas bombas por ali...

NOTA – O Barata não é um nome fictício, existe mesmo e a frescura do peixe recomenda uma ida urgente ao local, dos amadores de peixe. E à entrada... é só dizer vamos almoçar ao Barata.

Pensamento Do Dia II



"... antes prejudicado e a chupar kompensan (numa bomba de gasolina perto de si) do que idiota..."

quinta-feira, março 17, 2005

Pensamento do Dia



A argúcia pode ser prejudicial e as loiras não fazem úlceras no estômago

quarta-feira, março 16, 2005

Cores



Gostava de te tirar o cinzento.
Esse teu ar pardacento
De quem se zangou com o mundo!
E, num pensamento profundo,
Dar-te a cor mais deslumbrante
De um arco-íris brilhante.
E que o pote de ouro da lenda
Se transformasse numa renda
Suave, meiguça e macia
Que te enfeitasse outro dia...


Espumante

(autoria própria reconhecida, porque achavam que não...)

Panadoidos



Aposto uma caixa de espumante em como:

- Muito em breve alguém, em Portugal, se vai suicidar com Panadol ( e reparem que digo Pa-na-dol, não digo Benuron, Panasorb, Anadin, Panado, Herron, Efferalgan e outros paracetamois menores...). PA-NA-DOL. As massas são assim, actuam por simpatia, como algumas granadas do Exército;

- As vendas de Panadol vão subir em flecha.

Nunca me passou pela cabeça que tantos leigos conhecessem a droga. E mais – que soubessem do letal perigo da mesma.

Abençoado país este, de sábios vigilantes...

Se Eu Tivesse Uma Farmácia...



Se eu tivesse uma farmácia e sentisse que 24% do meu volume de negócio, até aqui assegurado por um escândalo proteccionista de vários governos e lóbis, estava em risco, faria o seguinte:

- Aceitaria as regras do mercado e do bom senso e procuraria ajustar-me à nova situação;

- Procuraria um espaço maior e adequá-lo-ia a algumas alterações que pudessem servir melhor os meus clientes, provavelmente fidelizando-os, gerar clientes novos e alargar a minha gama de oferta de produtos, para além da simples linha de medicamentos, meia dúzia de chás para emagrecer e de frascos de vitaminas;

- Para isso, estabeleceria um espaço próprio com um letreiro bem visível a dizer DISPENSÁRIO ou EXECUÇÃO DE RECEITAS, onde os meus clientes poderiam levantar os medicamentos prescritos e ser devidamente aconselhados, sendo caso disso;

- Complementaria depois o espaço da farmácia com uma série de prateleiras de fácil acessibilidade, onde os medicamentos de venda não condicionada seriam criteriosamente agrupados; por exemplo, antiácidos, analgésicos, pomadas e cremes, artigos de penso, etc. e, ainda, grupos de artigos para os mais variados fins, desde dietéticos a produtos de higiene e beleza (cremes, dentífricos, óleos de banho, sabonetes normais e medicinais, escovas de cabelo, perfumaria, produtos para bebé, etc., etc., etc. - não faltariam produtos que tornassem a minha farmácia atractiva e funcional - de que o cliente se serviria, retirando-os das prateleiras;

- Contrataria um/a assistente simpático/a, bem vestido/a e educado(a que poderia ajudar os clientes na localização dos diferentes produtos, dar aconselhamento básico sobre alguns deles e, até, fazer a promoção da sua venda;

- Contrataria, finalmente, um caixa à saída da farmácia que fizesse os recebimentos. Tanto os das receitas como dos outros artigos expostos;

Tenho a certeza que, fazendo isto, não só estaria a compensar a “quebra” de vendas temida pela benvinda moralização do sistema como, provavelmente, melhoraria até as minhas receitas, tornando a minha farmácia um local aprazível, apetecível, funcional, bem sortida e de garantido sucesso comercial. Certamente preferível a uma grande superfície ou a uma estação de serviço.

De repente, reparo que não criei nada, não inventei nada nem descobri a cana para o foguete. O que atrás escrevo já vi em muitas farmácias, em muitos locais. Infelizmente, não em Portugal – com a honrosa excepção de um par de farmácias amplas, bem localizadas, eficientes e de pessoal educado e com sistema farma-drive. Em Cascais, para que conste. Mas como dizia, não estou a inventar nada. Lembrei-me apenas de sítios e gentes onde servir o cliente e aceitar as regras do mercado são meio caminho andado para o sucesso empresarial. Além, claro, de uma forma de estar na vida... sem necessidade da promiscuidade de lóbis nem da complacência de governos inanes.

terça-feira, março 15, 2005

Internacionalismo Militante...



Enquanto o PSA não sabe se há-de rir ou chorar eu remeto-me à vil tristeza de me saber (ainda) enquadrado numa lógica terceiromundista de um país que se quereria europeu, moderno, pragmático e na senda do bem estar e desenvolvimento dos seus cidadãos.

São fenómenos deste tipo que configuram a nossa espantosa permanência num registo atávico, por razões inextricáveis e consequências imprevisíveis num futuro próximo. É que agora não estamos sozinhos. Pertencemos de facto e de jure a uma comunidade que não se compadece com estas manifestações idiotas e muito menos nelas se revê. Independentemente da bondade que pudessem conter e da genuinidade dos seus propósitos. Embora saibamos que elas radicam apenas em egos obesos e vaidades decorrentes de qualquer problema mal resolvido de pequenino.

Home Alone



Seat belts fasten, seats in upright position... take off !

Lá foi a outra filha. Para o país de que gosta, para o sítio que escolheu para viver. Depois de uns dias de “invasão” voltei à rotina de só ter uma filha. Pelo menos até acabar a faculdade.

Já tenho mais tempo outra vez para trabalhar, ler, ver cinema e dar de comer ao ratinho da saudade a que já me habituei. Eu e o ratinho somos amigos de longa data e ele tem-me ensinado, apesar das roidelas, que ter saudade também é bom.

segunda-feira, março 14, 2005

Sporting 0 Penafiel 2



Isto existe??

domingo, março 13, 2005

A Zelar por Nós...





O chamado corporativismo pode ter um sentido abrangente. De alguma forma todos nós somos algo corporativistas e eu diria mesmo que isso poderá ser aceitável. Afinal, não somos de ferro e até o mais empedernido dos anglosaxões manifesta o seu corporativismo em várias circunstâncias. Agora... o nosso corporativismo é que não consegue emancipar-se do terrível provincianismo e tacanhez que enformam as nossas corporativas reacções – mais ou menos do género de recorrer à mais pueril ou imbecil argumentação, postulando razões que são verdadeiros insultos à inteligência e demonstrando o mais total desrespeito pela cidadania de cada um.

As razões aduzidas pela Ordem dos Farmacêuticos e pela Associação Nacional de Farmácias perante a intenção de José Sócrates em acabar com a vergonha do monopólio das farmácias na venda de produtos sem prescrição são, em si mesmas, um insulto ao consumidor. Ainda se poderia conceder alguma flexibilidade a esta matéria se as farmácias fossem adequadas aos interesses dos consumidores e não o são. Para além da obrigatoriedade de esperarmos em bichas intermináveis para adquirirmos um simples frasco de sais de frutos, ainda temos frequentemente de percorrer quilómetros aos fins de semana para adquirir um baton para o cieiro ou um antiácido para combater uma feijoada mais condimentada. E não são adequadas porque muitas delas funcionam ainda em espaços exíguos, sem quaisquer condições, sendo frequente ver-se longas bichas de clientes fora de portas. Em muitos países ( e não só anglosaxónicos, como algumas almas bem intencionadas e melhor esclarecidas aqui pela blogoesfera já referiram, argumentando que o que é bom para os USA pode não ser para Portugal – os eternos yankees...) as farmácias dispõem de prateleiras onde nos podemos abastecer do que quisermos e pagar no caixa - e de um espaço próprio para a execução de receitas. Isto não tem a ver com costumes anglosaxónicos, tem a ver com mérito, com respeito pelos cidadãos e com eficiência empresarial que são coisas de que temos um acentuado défice.

Que não lhe doam as mãos senhor primeiro ministro e acabe rapidamente com esta treta do exclusivo das farmácias. E depressa, porque ainda há uma série de tretas a corrigir...

Estados...

A Charlotte, anteontem, estava pensativa e a deixar crescer pêra... ou eu percebi mal?

N.B. Provocaçãozinha de quem gosta do BI e está em casa, adoentado e ocioso!

A Mulher Mais Feliz do Mundo



Foto indecendemente roubada de Ferrao.org

Porque:

- Tem 86 anos e é mais saudável (de corpo e da cabeça) do que 4 filhos, 8 netos, 7 bisnetos ( e mais um a rebentar por estes dias...), apesar da intermitência de um cheirinho de diabetes directamente relacionada com a intermitência de uns bolinhos de chantilly que ela não dispensa;

- Conhece meio mundo (em regime de residência e de turismo), conheceu terras e gentes diferentes e disso soube tirar bom proveito;

- Não consegue desgostar de ninguém. Toda a gente é a melhor do mundo e mantém uma invejável relação com filhos e respectivas noras, ex-noras, “noras-to-be”, namoradas, ex-namoradas, ex-futuras, candidatas a, “ex-enteados-netos” (isto existe??), genros, mulheres a dias, guardas-nocturnos, cobradores dos anjos da noite, caixas de supermercados, motoristas de taxi, de um modo geral, toda a sociedade que a rodeia. Só não gosta de comunistas , mas mesmo assim “perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”;

- Não vai á missa, não casou pela igreja mas não consegue (lá está...) não gostar do Papa;

- Foi casada uma vida inteira com um homem com quem teve uma relação “translaminar” e de verdadeiro exemplo para a tribo que geraram;

- Lê praticamente um livro por dia e ainda lhe sobra tempo para novelas, revistas cor-de-rosa e, importante, o Jornal da Região;

- Está sempre a rir ou a sorrir, apesar de uma dor “aqui e ali” que lhe apoquenta o bem estar e que os filhos se esforçam por agravar, num registo de claro excesso de zelo;

- Gera e mantém conversas de interesse, de temas actuais, com invejável clareza e num registo muito agradável de quem demonstra ter as sinapses em bom estado de funcionamento;

- Faz as melhores sopas do mundo e o melhor arroz-doce do hemisfério norte (justiça a um outro arroz-doce do hemisfério sul que provei e não lhe fica atrás);

- Mantém saudáveis rotinas (é capaz de andar quilómetros para “completar a refeição com uma peça de fruta”, se for caso disso), não excluindo uma sessão de espirros ao segundo dia de cada semana que passa, a quantidade exacta de açúcar em cada chá que toma ou o religioso horário da toma de alguns medicamentos que o excesso de zelo dos filhos obriga a tomar;

- Finalmente porque tem a dita de ter os filhos todos por perto e, no entendimento dela, claro, serem os mais bonitos, os mais inteligentes, os mais “tudo” do mundo.

Um exemplo para muita gente “azeda” que conheci ao longo da vida e como tive oportunidade de “roubar” esta foto, é Domingo e estou em gozo merecido de um delicioso ócio de fim de semana, aqui fica este post assim um bocadinho a puxar para o privée...

sábado, março 12, 2005

Porque Hoje é Sábado



Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...

Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...


Álvaro de Campos

Uff... what a relief



G. Bush preocupado, antes de receber o telefonema de Sócrates

Uff... Estou bastante mais descansado. Sócrates já telefonou a Bush para lhe garantir que ia governar sem qualquer reserva mental relativamente às políticas do Estados Unidos e dele próprio, Bush. Deve, até, ter dito umas graçolas do género “you know George, Diogo is cool, he likes you... it´s just that he had to say it to climb the cliff. Otherwise he is mostly sympathetic with the iuessei and he will probably be there to see you this spring”.

Tenho a certeza que Bush dormirá agora bem nais tranquilo e a Condoleeza ainda acaba a tomar um shot com Freitas no Pavilhão Chinês...

Hurra...



Cansado de alguns dias de inusitado desgaste, acordei esta manhã bastante mais tarde que o costume. A tempo de ligar o televisor e ouvir Sócrates dizer - e cito de cor - “não se justificar que medicamentos e outros artigos não carecidos de prescrição médica tenham de ser vendidos necessariamente e apenas em farmácias”. Foi uma coisa boa para começar o dia – pensar que cada vez que preciso de um kompensan ou de um panasorb, um xarope ou um chá para emagrecer ou engordar não terei de passar intermináveis períodos à espera que um cliente leve meia hora a dizer ao balconista “que o bebé se fartou de chorar com gases toda a noite” enquanto outro leva uma eternidade em operações de requintado pormenor a cortar quadradinhos de embalagens de medicamentos com chisatos e colá-los diligentemente num milhão de papéis.

Só por isto, estou quase a gostar de Sócrates...

sexta-feira, março 11, 2005

Grrrrrrrrr...



Por qualquer razão que me escapa, não tenho conseguido comentar no meu próprio blogue. Carrego no "post a comment" e aparece um cínico "Blogger you were looking for not found".

Peço desculpa por não poder corresponder a alguns comentários feitos bem como àqueles que eventualmente tenham experimentado dificuldades em comentar. O meu blogue às vezes dá-lhe destas coisas. Feitios...

quinta-feira, março 10, 2005

Have a nice trip back...



Hillbrow skyline - Johannesburg



Hotel Polana - Maputo

Tá quase... a “invasão” de que fui alvo tem impedido, de todo, que me entretenha a dizer mal de alguém, aqui na Blogoesfera. Entre o caos reinante, a lembrar carga grupada de um contentor despejado aqui em casa, há três criaturas que me trazem, constantemente a ideia de que são legítimos herdeiros dos meu genes de “desarrumação”. Até as gatas estranham e andam por aí, recolhidas, que não há quem lhes ponha a vista em cima. A minha Ucraniana de estimação não põe cá os pés há quatro dias porque “senhor, estou gripe” e eu perdi completamente o controlo da situação. E há por aí tanta coisa que eu gostaria de comentar num postezinho, pequeno e modesto que fosse...

Amanhã há um voo que me leva uns quantos genes para Johannesburg e na Terça há um outro que levará outros tantos para Maputo. Há quem chame a isto a força da diáspora. Eu chamo-lhe um par de filhos teimosos a quem achei por bem abrir horizontes há uns anos atrás e que acham que em Portugal ainda se cospe muito para o chão, há muitas carrinhas comerciais com rede ao meio conduzidas por um bando de energúmenos. No fundo, é um preço como outro qualquer, este, o que estou a pagar por ter tido dois filhos a estudar em países diferentes, em línguas diferentes e a pensar num contexto mais cosmopolita do que o que temos aqui na paróquia. Fica cá a mais nova, o que é óptimo, mas desconfio que não será por muito tempo. Porque o “bichinho” está lá...

Claro que isto é uma desculpa esfarrapada para um grupo de gente, ainda que restrito, que me lê no Espumadamente. É que, modéstia para as urtigas, sei que o fazem com gosto. Desculpa pelo facto de não escrever nada ou muito pouco, sem interesse nem graça. Prometo esforçar-me para a semana. Um abraço a todos.

terça-feira, março 08, 2005

Medos



Quem tem cu (levará acento?), tem medo. Diz o ditado. Eu não concordo lá muito com ele, pois conheço quem o tenha (o cu) e não tenha medo coisa nenhuma, que isso de ter medo de ter cu é coisa de maricas, embora também haja quem diga que maricas são os que não têm medo de ter cu. Mas isso agora não interessa nada, como diria a Teresa Guilherme que, suponho, terá cu e não parece ter medo do que quer que seja. O que verdadeiramente interessa é que descobri que os pulmões também jogam uma parte considerável nesta coisa de medos e eu, aqui onde me vêem, posso prová-lo.

É que tendo eu pulmões passei recentemente por uma experiência que me fez ter medo. Pior – provou-me que que tenho cu, tenho pulmões, tenho medo e sou profundamente idiota. Senão, vejamos: A ùltima vez que tive uma gripe, assim uma gripe como as pessoas, nariz fungoso, rouquidão, uma febrezita e tal, dores no corpo, um paracetamol três vezes ao dia, um xarope daqueles muito doces que fazem mal ao estômago que se farta, foi para aí há uns quatro ou cinco anos. Naturalmente, gerei um sentimento lógico, qualquer coisa que eu chamaria "síndrome euromilhões", isto é, gripe é coisa que sai sempre aos outros que a mim não há moléstia que chegue.

Pois bem… tive uma gripe que, para além dos tais sintomas de dores de cabeça, febre, rouquidão e o resto do catálogo me provocou uma dor no peito. Remédio santo. Maricas como todos os homens que lhe doem qualquer coisa, rapidamente diagnostei uma de duas situações claras. Teria simplesmente de escolher entre cancro do pulmão e uma angina de peito daquelas que nos atiram horas depois para uma cama de hospital com um enfarte ou com a boca à banda e braço esquerdo paralisado. É que a dor era forte, apertava. Eu, sentadinho num sofá, sem dor, levantava-me para o esforço inaudito de ir buscar um copo de água à cozinha e a dor atacava assim tipo garrote no tronco inteiro. Entre pensamentos testamentários tipo as gatas vão para uma filha, o espelho da casa de banho para o filho, a máquina de lavar para a outra filha e um tapete coçado da casa de banho para a empregada, pus o filme da minha vida a correr retrospectivamente e nem a isso (ao filme) eu achava graça. Estava perdido. Cavalheiro, educado, culto e boas famílias procura forma digna de morrer sem chatear muita gente e sem doer muito. O resultado, claro, foi deixar de fumar. Apesar de que acho uma estupidez deixar de fumar quando o cigarro já nos fez o mal todo, mas enfim, é aquela reacção que achamos "inteligente", parar com o que nos faz mal quando já não há mais mal nenhum a fazer.

A "coisa" evoluiu… mais amigo menos familiar, mais pedido menos telefonema lá acabei num hospital para, basicamente, saber se tinha cancro ou uma cardiopatia à beira de uma manifestação fulminante. E hospital, pela razão única de que se me dispusesse a ir ao médico de família lá teria eu de fazer outro post sobre " a letra de médico" e funcionárias idiotas e não me apetecia fazer posts nenhuns.
Com a cara mais tétrica que pude sacar do meu catálogo de expressões infelizes lá fui observado, radiografado, apalpado (esta parte parece ser apelativa mas posso garantir-vos que, com dores no peito, nem por isso), questionado e rapidamente informado que…"tinha uma gripe". Claro que eu já estava desconfiado mas "prontes" quem mo dizia era um médico e nada como um médico para nos dizer aquilo de que já desconfiávamos. Foi aqui que eu arrisquei: Então e esta dor lancinante no peito que me rói as entranhas? Pois… nada de grave, um pequeno foco pneumónico mas em claro desvanecimento, já que eu tinha feito um curso de antibióticos, etc., a situação está controlada, continue a tomar os anagésicos, os xaropes, umas vitaminas e descanso – muito descanso.

A verdade é que a dor se foi. Acabou. Kaput. Há dois dias que não tenho dores e, apesar de manter uma voz de timbre idiota tipo uma mistura de Francisco Louçã, Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite (imaginem a voz com que estou…) sinto-me bem, estou com ganas de subir escadas a correr e andar ao estalo com o Barnabé inteiro (sem Daniel de Oliveira, que o tipo é big…). E adivinhem o que aconteceu a seguir… os dias que passei sem fumar foram de imediato compensados com o retorno à cadência normal dos vinte cigarros por dia , i.e. 200 mg de alcatrão, 160 mg de nicotina e 200 mg de monóxido de carbono (fumo Marlboro, pronto, não é necessário fazer contas de cabeça…).

E depois disto tudo digam-me se sou estúpido ou se tenho mais medo de ter pulmões do que ter cu…

segunda-feira, março 07, 2005

Pedido



O Crónicas Matinais não tem caixa de comentários. Venho assim, por este meio, solenemente e a propósito do seu segundo aniversário pedir à Ana Albergaria que não mande a Blogoesfera às urtigas. Já quanto ao lugar para onde quer mandar o Barnabé... nada a opor. Parabéns.

domingo, março 06, 2005

Para Fim de Fim de Semana



G Klimt

Portrait of a young woman (em castanho...)

A Justiça "Dele"



É meu Karma desmedido
Sair-me tal ministério.
Porque é que fui eu o escolhido,
Será, para mim, um mistério!

Já a polícia me lixou
Que competência não tinha;
Ao desespero me levou
Ná... aquela não era a minha!

Mandam-me outra vez à liça
E espero bem que haja diferença,
Rezando p’ra que a justiça
Seja de minha pertença!

sábado, março 05, 2005

Porque será?



Perdoe-se-me a selecção da foto mas hoje estou mauzinho. Se eu fosse jornalista, diria que a escolha de fotos tem a ver com o momento ou com o sentido do que se escreve. Mas não... é maldadezinha mesmo...

Há coisas que me causam algum espanto, ou nem por isso. Mas vejamos. Quando opino sobre Freitas do Amaral dizendo:

- Que acho o seu percurso político sinuoso, tortuoso, pouco fiável e pouco condizente com o estatuto político que adquirira anteriormente como presidente do CDS e candidato à Presidência da República;

- Que faço uma avaliação, quiçá precipitada mas é a minha, através da qual as suas atitudes e posicionamento terão mais a ver com questões pessoais do que com convicções políticas;

- Que muito do que ele fez e disse tem mais a ver com uma carga emocional que radica em algumas angústias e decepções de carreira política do que propriamente com a análise desapaixonada de factos reais;

- Que a sua ambição remete indisfarçavelmente para o desejo que tem em se afirmar na cena política, independentemente dos meios a que deita mão;

- Que as suas convenientes, apropriadas e politicamente correctas posições sobre a guerra do Iraque oportunamente assumidas, a serem aplicados à letra e à luz da sua desejável honestidade intelectual nos colocarão num plano ainda mais periférico da cena internacional, sobretudo numa altura em que se assiste a um descongestionamento claro entre Washington, Paris e Berlim;

- Que me parece que a sua nomeação como MNE tem a ver mais com o pagamento de um favor do que com mérito, deixando mesmo alguma possibilidade de se resvalar para um plano venal da coisa.

... porque será que me dizem que Freitas do Amaral é um excelente professor de Direito, editou alguns livros e escreveu uma peça ou duas de teatro?

Fico com a sensação que eu poderia muito bem ser convidado para ministro da saúde. Não percebo nada daquilo, mas até sou um excelente técnico de protecção fitossanitária, com trabalhos publicados sobre a ferrugem do cafezeiro nos Camarões ou sobre a aplicação de fitofármacos em ultra baixo volume no algodoeiro no Egipto. E, por acaso, até já escrevi uma peça de teatro. Não foi publicada porque se calhar não tinha graça por aí além nem conheço nenhuma editora.

Mas, como dizia no início deste post, mais do que a nomeação de Freitas do Amaral para MNE o que verdadeiramente me espanta é o argumentário justificativo da sua nomeação por parte de pessoas de QI insuspeito.

Caos de Manhã de Sábado



Hoje tenho:

- Uma filha vestida de Fernando Pessoa (chapéu e tudo) num recital dedicado a Álvaro de Campos às 18:30 no Liceu (já não se diz assim, eu sei...). Roubou-me um casaco, duas gravatas( DUAS, depois vai ver a que “dá” melhor com a Tabacaria), duas notas de 20 Euros que estavam abandonadas em cima do parapeito da lareira, o carro e foi porta fora porque tinha que ensaiar;

- Uma filha que foi ter com uma amiga do peito que ia buscá-la à Marina que se zangou com o namorado que iam almoçar não sei quê não sei aonde depois telefona se calhar vão ao cinema se calhar vão ao Corte Inglês que depois diz qualquer coisa e foi porta fora porque já estava atrasada;

- Um filho que foi ter com um primo, que vai à Quinta e que lhe apetece dar uma de brega, fato de treino e barba de ontem que vão fazer um churrasco que depois avisa não sabe quando vem que o primo o traz ou se calhar não traz depois logo se vê e saiu porta fora com o primo na rua a buzinar o “Terrano” que é um carro porreiro mas o meu filho não percebe porque é que os tugas usam four by four em Portugal;

- Uma casa vazia apenas ocupada por mim com ar de idiota, febre, dores no peito, Expresso tresmalhado (já toda a gente deu uma volta ao Expresso...), cigarros a saberem-me a barbas de milho transgénico (é, já há disso em Portugal, mas acho que as barbas sabem ao mesmo, devem é fazer um mal tremendo à saúde), duas gatas gordas e sornas, uma cozinha que “ó pai, desculpa, nós sabemos que hoje não há empregada mas logo damos um jeito", o terceiro comprimido do antibiótico dos três dias para tomar e um par de filmes para ver.

NOTA IMPORTANTE PARA UMA AMIGA QUE PREZO MUITO: “Ainda não resolvi o caso do Tamiflu. Mea culpa”

Vida difícil esta! Três filhos, todos diferentes, todos iguais.

sexta-feira, março 04, 2005

Surprise Delivery



Não me custa reconhecer alguma surpresa e um sentimento positivo com o anúncio do novo Governo. Receei o pior - e notar a ausência de Edite, M. de Belém, Carrilho, Leonor Coutinho, Ana Gomes, Jorge Coelho, Cravinho, Benavente, Vara, Lello e outras peças da "tralha" faz-me depositar algum capital de esperança em Sócrates ou em quem quer que seja que o tenha carrilado.Há Freitas do Amaral, bem entendido, mas uma eripsela de vez em quando só ajuda a estimular o nosso sistema imunitário.

E assim admito, humildemente, ter tido uma surpresa positiva com o novo elenco do Governo. Esperemos agora que não seja erodido pelas pressões do costume e que tenhamos uma legislatura completa que nos ajude a recuperar os desvios e atrasos causados pela irresponsabilidade de Gueterres e pela inépcia ( e irresponsabilidade, também) de Santana Lopes.

Azenhas do Mar





O Azenhas faz um ano. Obrigado pela leitura e uma saudação amiga de parabéns.

quinta-feira, março 03, 2005

Shhiiuuuuuuuu...



Shhiiiuuuuu...o Governo não diz nada a ninguém. Está a demonstrar credibilidade e sentido de Estado. Vitorino até já “avisou” os media nesse sentido. Já se sabe que não há festa nem festança... e ele acha que estes jornalistas são umas Constanças acabadas. O despautério acabou e o pessoal dos jornais e das televisões tem que se portar bem, até porque quem se meter com o PS ( e o Jorge Coelho venha a saber, num intervalo do Only you ) leva.
Antigamente, a este tipo de atitudes chamava-se tabu. Agora... é credibilidade. Mas o pessoal gosta e alinha.

Outra vez??



Cuidado, porque quando pensamos que o "bicho" se foi, ele volta em força. Bate-nos no peito, instala-se de novo nas vias respiratórias e molda-nos a voz para um execrável falsete que nos faria rir da nossa própria sonoridade se não fosse ridículo. Bem feito para aqueles que, com eu, propalavam aos sete ventos que não tinham gripe há mais de 5 anos.

Já agora... ninguém fala do governo? Há? Vai haver? A "informação" não se zanga com a "D. Constança" por esta os ter mandado dar uma volta ao bilhar grande? E o Santana? Quédele? Mas, afinal, não há assunto?

terça-feira, março 01, 2005

Corrupções, Luvas, Indignações...



Cacém - vista parcial

A esquerda ética e iluminada que agora tanto se assanha contra os autarcas corruptos é rigorosamente a mesma que os colocou no poleiro. O alargamento e enrobustecimento do poder local foi uma bandeira brandida num registo de compêndio e de total (e habitual) irresponsabilidade perante as especificidades dos problemas das nossas pessoas e das nossas coisas. A direita aproveita, claro. Mais tarimbada no trambique, recebe de mão beijada o “avanço” dado pela esquerda e torna-se imparável na criação de sobrinhos suíços ou viaturas de ex-maridos.

Há qualquer coisa de fatalismo, de fado, nesta nossa incontornável maneira de ser e de estar que tão eficiente se mostra na criação de reizinhos, caciques e, até, vulgares pilha-galinhas alcandorados a posições que lhes permitam soltar o tão glosado “eu é que sou o preselidente da junta”.

Mas o que verdadeiramente me irrita é a indignação enfeitada de solenidade que a nossa esquerda cintilante, moralista e bem pensante ostenta, perante os casos que se vão sucedendo. Mais do que a criminosa acção de destruição das nossas condições (únicas) ambientais, de que o litoral é um exemplo rico e bastante, o que verdadeiramente excita a esquerda é encontrar qualquer pormenor, mesmo que de somenos em face dos verdadeiros atentados que por aí proliferam, de índole pessoal que sirva os propósitos da maledicência rasteira. O essencial não interessa, desde que um pormenorzeco sórdido sirva os propósitos de mais uma batalha dos seus desígnios. O caso recente da denúncia feita por Saldanha Sanches (em boa hora...) tem-me dito isto mesmo - tanto quanto a cumplicidade de apropriados e convenientes silêncios. É que enquanto assim for, continuaremos a ter a manutenção do maior estaleiro nacional de que tenho memória e pasto bastante para alimentar as causas estéreis e danosas duma esquerda anquilosada, sem qualquer sentido cívico, inteligência ou dignidade, nem outro desígnio que não seja rezar pela manutenção de “casos” sórdidos e lamentável e coincidentemente da direita que lhe facilite a tarefa. E a Esquerda merecia melhor sorte...

Blasfémias



Os Blasfemos são minha leitura diária, desde os primórdios da minha iniciação na Blogos. Aí por Agosto do ano passado. Faz hoje um ano e daqui lhe envio uma saudação amiga.