Fui Almoçar ao Barata
A propósito de saudades - e das saudades que gentes nossas têm pelas mais impensáveis bizarrias do nosso País, ocorre-me este singular episódio, fresquinho, do qual fui protagonista e relato com incontido gáudio.
Tendo uma reunião de trabalho num escritório situado na Rocha Conde de Óbidos, telefonei a um dos meus interlocutores a perguntar “como é que se entrava” na zona – na minha inocente e habitual forma de achar que zonas de risco deverão ter adequadas medidas de segurança. Como resposta, foi-me dito que entrava pelas docas de Alcântara, havia uma cancela, uma guarita com um segurança e depois mostraria identificação e dizia o nome da empresa onde me dirigia ou... dizia que ia almoçar ao Barata. Achei que era gozo mas ao chegar à cancela (aberta) e ver a expressão “porreira” do segurança não resisti. Abrandei o carro e disse:
- Boa tarde. Vou almoçar ao Barata.
O segurança sorriu, mandou-me avançar e desejou-me bom proveito...
O Barata parece ser o único restaurante ali da zona restrita, onde se almoça um excelente peixe ,de frescura obscena, grelhado à beira-rio, ao ar livre, entre muitas dezenas de carros particulares estacionados a “trouxe-mouxe”, um navio de guerra ancorado a cerca de 50 metros (da Nato, disse-me o Barata com ar de quem não entendia apenas de besugos e marmotas), dezenas de embarcações entre recreio, marinha mercante e patrulha, contentores, muitos contentores, guindastes, pessoas a circular por tudo o que é sítio, incluindo marinheiros fardados, pessoal de obras (tinha de haver uma obra qualquer, claro...), um formigueiro de gente e de coisas – tudo numa zona supostamente restrita, com cancela e tudo, ainda que aberta, e com um segurança que, aparentemente, conhece o Barata e acha que lá se come muito bem.
Como será possível não ter saudades de um país como este do qual nem Bin Laden parece ter conhecimento? E se um dia tiver, tenho a certeza que acabamos todos juntos a comer um peixe no Barata e a discutir futebol, enquanto o pessoal menor vai colocando umas bombas por ali...
NOTA – O Barata não é um nome fictício, existe mesmo e a frescura do peixe recomenda uma ida urgente ao local, dos amadores de peixe. E à entrada... é só dizer vamos almoçar ao Barata.
2 Comments:
Conheço o restaurante e esse Barata faz uma fortuna. Quanto à rebaldaria é o costume, mas é assim que gostamos de viver lol
jp
caro amigo. me passe com detalhes o endereço do barata, pois vou sempre a portugal e gostaria de conhecer. sou brasileiro e barata de sobre nome, grato
um abraço
barata
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