terça-feira, março 08, 2005

Medos



Quem tem cu (levará acento?), tem medo. Diz o ditado. Eu não concordo lá muito com ele, pois conheço quem o tenha (o cu) e não tenha medo coisa nenhuma, que isso de ter medo de ter cu é coisa de maricas, embora também haja quem diga que maricas são os que não têm medo de ter cu. Mas isso agora não interessa nada, como diria a Teresa Guilherme que, suponho, terá cu e não parece ter medo do que quer que seja. O que verdadeiramente interessa é que descobri que os pulmões também jogam uma parte considerável nesta coisa de medos e eu, aqui onde me vêem, posso prová-lo.

É que tendo eu pulmões passei recentemente por uma experiência que me fez ter medo. Pior – provou-me que que tenho cu, tenho pulmões, tenho medo e sou profundamente idiota. Senão, vejamos: A ùltima vez que tive uma gripe, assim uma gripe como as pessoas, nariz fungoso, rouquidão, uma febrezita e tal, dores no corpo, um paracetamol três vezes ao dia, um xarope daqueles muito doces que fazem mal ao estômago que se farta, foi para aí há uns quatro ou cinco anos. Naturalmente, gerei um sentimento lógico, qualquer coisa que eu chamaria "síndrome euromilhões", isto é, gripe é coisa que sai sempre aos outros que a mim não há moléstia que chegue.

Pois bem… tive uma gripe que, para além dos tais sintomas de dores de cabeça, febre, rouquidão e o resto do catálogo me provocou uma dor no peito. Remédio santo. Maricas como todos os homens que lhe doem qualquer coisa, rapidamente diagnostei uma de duas situações claras. Teria simplesmente de escolher entre cancro do pulmão e uma angina de peito daquelas que nos atiram horas depois para uma cama de hospital com um enfarte ou com a boca à banda e braço esquerdo paralisado. É que a dor era forte, apertava. Eu, sentadinho num sofá, sem dor, levantava-me para o esforço inaudito de ir buscar um copo de água à cozinha e a dor atacava assim tipo garrote no tronco inteiro. Entre pensamentos testamentários tipo as gatas vão para uma filha, o espelho da casa de banho para o filho, a máquina de lavar para a outra filha e um tapete coçado da casa de banho para a empregada, pus o filme da minha vida a correr retrospectivamente e nem a isso (ao filme) eu achava graça. Estava perdido. Cavalheiro, educado, culto e boas famílias procura forma digna de morrer sem chatear muita gente e sem doer muito. O resultado, claro, foi deixar de fumar. Apesar de que acho uma estupidez deixar de fumar quando o cigarro já nos fez o mal todo, mas enfim, é aquela reacção que achamos "inteligente", parar com o que nos faz mal quando já não há mais mal nenhum a fazer.

A "coisa" evoluiu… mais amigo menos familiar, mais pedido menos telefonema lá acabei num hospital para, basicamente, saber se tinha cancro ou uma cardiopatia à beira de uma manifestação fulminante. E hospital, pela razão única de que se me dispusesse a ir ao médico de família lá teria eu de fazer outro post sobre " a letra de médico" e funcionárias idiotas e não me apetecia fazer posts nenhuns.
Com a cara mais tétrica que pude sacar do meu catálogo de expressões infelizes lá fui observado, radiografado, apalpado (esta parte parece ser apelativa mas posso garantir-vos que, com dores no peito, nem por isso), questionado e rapidamente informado que…"tinha uma gripe". Claro que eu já estava desconfiado mas "prontes" quem mo dizia era um médico e nada como um médico para nos dizer aquilo de que já desconfiávamos. Foi aqui que eu arrisquei: Então e esta dor lancinante no peito que me rói as entranhas? Pois… nada de grave, um pequeno foco pneumónico mas em claro desvanecimento, já que eu tinha feito um curso de antibióticos, etc., a situação está controlada, continue a tomar os anagésicos, os xaropes, umas vitaminas e descanso – muito descanso.

A verdade é que a dor se foi. Acabou. Kaput. Há dois dias que não tenho dores e, apesar de manter uma voz de timbre idiota tipo uma mistura de Francisco Louçã, Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite (imaginem a voz com que estou…) sinto-me bem, estou com ganas de subir escadas a correr e andar ao estalo com o Barnabé inteiro (sem Daniel de Oliveira, que o tipo é big…). E adivinhem o que aconteceu a seguir… os dias que passei sem fumar foram de imediato compensados com o retorno à cadência normal dos vinte cigarros por dia , i.e. 200 mg de alcatrão, 160 mg de nicotina e 200 mg de monóxido de carbono (fumo Marlboro, pronto, não é necessário fazer contas de cabeça…).

E depois disto tudo digam-me se sou estúpido ou se tenho mais medo de ter pulmões do que ter cu…

7 Comments:

At 8:14 da tarde, Blogger Joao Augusto Aldeia disse...

Não, não leva acento. Tanto mais que ele é, por definição, o assento.

 
At 9:30 da tarde, Blogger Madalena disse...

O teu sentido de humor voltou ao normal o que é bom...
Todos temos muito medo e quando nos dói a unha imaginamos logo ficar sem a mão, sem o braço...
Beijinhos e, já agora, envereda pela falta de inteligência de deixar de fumar. Faz bem à carteira, pelo menos!

 
At 10:39 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Meu caro J.A
Assentemos na minha concordância de que assento que se preza não precisa de acento nenhum. Estão os acentos tirados do assento e obrigado :)))

 
At 10:41 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

A tua maneira elegante de me chamares piegas... :)))) Quanto à inteligência... não se pode ter tudo, né? Ou se é inteligente ou se tem humor. Tudo ao mesmo tempo poderia fazer de mim um homem demasiado apetecível para ser verdade :))))) beijinho para ti

 
At 9:36 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

cu


s. m.
(vulg.) extremidade do intestino grosso;
ânus;
nádegas;
rabo;
fundo da agulha de coser;
assento.

(Do lat. culu-, «id.»)

 
At 4:32 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

tudo k disse pode ser verdade ms nem sempre se pode brincar acabei de perder um irmao brincalhao komo o Sº

 
At 4:33 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

tudo k disse pode ser verdade ms nem sempre se pode brincar acabei de perder um irmao brincalhao komo o Sº

 

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