sexta-feira, junho 15, 2007

De alguma forma



[1807]

"Aqui, do local onde de alguma forma se pensa que poderá existir uma nova pista sobre o paradeiro de Madeleine, devido ao jornal holandês que de alguma forma noticiou o local de alguma forma exacto onde a menina pode estar, nota-se já de alguma forma um imenso movimento de jornalistas que percorrem os montes onde a polícia de alguma forma vai colocando já vedações que de alguma forma limitam os movimentos dos jornalistas que de alguma forma vieram de todo o mundo e estão prestes a ver como de alguma forma as investigações vão prosseguir, depois da notícia que o jornal holandês, de alguma forma, avançou".

Por entre as múltiplas formas em que a nossa correspondente de televisão, de alguma forma se deixa enredar na descrição penosa (verdadeiramente penosa, o que diz bem da dificuldade de expressão dos nossos profissionais da palavra) do novo cenário da polícia judiciária, ressalta ainda o pormenor de a jovem que nos faz a reportagem não ter um dos dentes incisivos. Ou, se tem, existe ali um grande espaço vazio, que a desfigura e, sobretudo, lhe causa evidentes dificuldades de dicção, como se não lhe bastasse a, de alguma forma, deficiente oralidade.

Palavra de honra que este tipo de situações me eriça o grande simpático. Porque é que um chefe de reportagem, ou um chefe qualquer não diz à menina que é necessário que ela se submeta a um treino intensivo de oratória ao mesmo tempo que a manda ao dentista? É que não entendo porquê. A menos que a falta de dentes, tão frequente nas populações rurais, aparentemente porque muitas dessas pessoas não sabem sequer o que é um dentista, reflicta a tendência natural de um povo a quem Deus tem, realmente, dado muitas nozes. Mesmo não tendo os dentes que, pelo menos e de alguma forma, mesmo que não fossem necessários para mais nada, serviriam para a jornalista não assobiar os esses e não soltar os perdigotos que, de alguma forma, lhe respingam o microfone.


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