A «Quadratura do Círculo» está caminhando a passos largos
para uma versão revista, melhorada e tendencialmente intelectualizada do «Eixo
do Mal». Tripas revoltas por tripas revoltas sempre dão mais sainete e
audiências as de Pacheco Pereira que as de Pedro Marques Lopes ou da «Pluma
Caprichosa».
Repare-se como ontem quase todo o programa se resumiu a um
solilóquio de PP do qual, espremendo, se percebeu que:
- A Comissão Parlamentar (BES) esteve bem, de um modo geral,
não fossem as mentiras do governo;
- A Comissão deu uma imagem putrefacta da nossa elite;
- A ministra das finanças, a descarada, tem ambições políticas
o que, como se supõe, é um crime hediondo e um pecado mortal;
- As ambições da ministra das finanças percebem-se pelo
facto de ela ter ido até a uma inauguração, PP lá disse que o ministro da economia
estava no Japão com Passos Coelho, coisital, mas o facto de ela ter ido à
inauguração é a prova acabada que a senhora tem ambições políticas;
- Finalmente, cereja no bolo, PP diz que a ministra das finanças
é tal qual como Sócrates. Goza de benevolência e da simpatia do princípio de
mandato e depois…
Estas afirmações, e sobretudo fazer delas o fio condutor de
um programa de comentário político de uma hora, são condenáveis e
relevam claramente de um ódio visceral que PP nutre por este governo. Que ele
não goste deste governo ou de outro qualquer é uma circunstância com a qual eu
posso conviver tranquilamente, o homem é livre de gostar ou não gostar de quem quiser,
mas a forma acintosa, parcial, raivosa e desonesta como qualquer tema acaba numa sessão
de tiro ao boneco diz bem de algumas ambições que ele verbera nas pessoas que abomina,
açoitando-as e fustigando-as com a autoridade que lhe advém do seu prestígio de
intelectual e da sua facilidade de expressão.
Uma nota final sobre a comparação que ele faz entre Maria
Luís e Sócrates. PP ultrapassou os limites do aceitável, acho que ele próprio
percebeu isso e exercitou umas desculpas esfarrapadas junto de Lobo Xavier, mas
o mal estava feito. A comparação que ele fez, para além de má fé e mau carácter,
revela desígnios absolutamente obscuros. Porque as pessoas sabem que Maria Luís
não é como o 44. E Pacheco Pereira, também.
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