quarta-feira, março 25, 2015

Mais Monsanto


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A Monsanto é assim como uma espécie de Passos Coelho, salvaguardadas as devidas proporções. Disparar contra a Monsanto ou uma sessão de tiro ao boneco com Passos Coelho é um exercício corrente e legitimado pela esquerda que sabe tudo, incluindo a forma como utilizar ideias e manipular os veículos dessas ideias, vulgo idiotas.

À míngua e cansaço de falar dos transgénicos, os media seguem agora uma pista deixada por um movimento brasileiro que dá pelo nome de MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) que não faz a festa por menos: - A OMS tem experiências que provam que o glifosato (um produto da Monsanto) é um agente potencialmente causador de cancro, seja o que for que esta afirmação signifique. O «agrotóxico» glifosato (agrotóxico é o nome que a esquerda resolveu aplicar aos agro-químicos usados numa ciência que dá pelo nome de «protecção de plantas») é um dos produtos mais usados em agricultura em todo o mundo e a sua autorização e registo como produto de venda condicionada é necessariamente consistente com uma das mais extensas bases de dados de todo o mundo, cumprindo os rigorosos padrões estabelecidos pelas autoridades que regulam o uso dos produtos químicos em agricultura.

Uma entidade que se afirma ligada à Organização Mundial de Saúde, a IAPC (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer) também já se pronunciou afirmando que a substância glifosato é «um provável cancerígeno» para humanos, o que equivale mais ou menos a dizer que  a galinha é um provável agente de mortalidade por  perfuração da parede interna do estômago (por acaso, aqui, sei bem do que falo), na eventualidade de se engolir, inadvertidamente, um osso da asa.

O glifosato representa um admirável exemplo de ciência e de técnica, quando a Monsanto desenvolveu um produto praticamente sem acção residual no solo, ao contrário de praticamente todos os outros herbicidas, porque se degrada muito rapidamente e actua no controle da vegetação por translocação dentro da planta, levando o produto até ao sistema radicular. Uma acção a que apenas um outro produto, o paraquat, se assemelha, mas que é de muito mais elevada toxicidade e sem acção de translocação. Por isso, o glifosato é mundialmente utilizado com uma assinalável responsabilidade pelo aumento e melhoria de qualidade de colheitas.

Atenta a estas minudências, a União Europeia destacou já uma comissão para estudar a coisa e não me admiro que venha a achar que deve contribuir para a virtual assepsia dos europeus. Ouvi eu na TSF, a caminho do almoço, uma notícia dada com a tonalidade grave e circunspecta que o grito de alerta dos sem terra merece. Só por isso me decidi a escrever estas linhas.


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sábado, junho 30, 2012

Habituem-se

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O facto desta gentalha não ser presa e levada a juízo sempre me fez espécie. Este tipo de energúmenos não tem rigorosamente nada a ver com as pessoas reconhecida e legitimamente descontentes e em dificuldades com as medidas de austeridade implantadas pelo governo. São gente profissional, paga ou beneficiada pelo Partido Comunista que tem algumas centenas de valentões deste tipo a vaiar, e um dia destes agredir, qualquer político que mexa. São acções próprias de um Partido onde a coacção pela força faz parte do seu ADN e que acha legítimo e natural congregar machos latinos para fazer figuras destas.


É consabido o facto de manifestantes descontentes profissionais viverem há décadas desta «agitividade» durante décadas e apenas a habitual dificuldade em delinear uma fronteira clara entre actividade política e a acção criminal impede que estes durões sejam detidos, passem uma noite na cadeia e mandados ao juiz no dia seguinte.


Para o PC esta é uma actividade legítima, lá no ponto de vista dos seus mentores e apaniguados. Mas há outras responsabilidades nesta matéria. Mário Soares, Jorge Sampaio e outras individualidades afins contribuíram decisivamente para este estado de coisas com acções por demais conhecidas e muito aplaudidas e a pedir «encore» pelos luminárias e idiotas úteis do costume. Os resultados estão aí á vista. Agora habituem-se, como dizia o outro.


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terça-feira, agosto 16, 2011

Literaturas



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A Blogoesfera atravessa a sua silly season também. Escreve-se sobre ópera, espectáculos, concertos e, aqui e ali, sobre literatura. Pena que um blogue que se chama a si próprio de literata acabe numa figuração baratucha da vizinha que diz à comadre que ia jurar ter visto o marido dela (da comadre) a sair de um bar e que ia com alguém que ela (a vizinha) não conhecia mas que ia com um vestido assim e assado e daí, podia não ser ele (o marido da comadre), afinal ele não lhe tinha dito (à mulher, à comadre) que tinha um jantar de negócios? Mas estas coisas são assim mesmo, só que um dia acaba mal, a comadre tinha mais era que ter calma e não dar ouvidos à má-língua (que isto de línguas também as há más…), que as pessoas são é mazinhas e andam sempre à coca das coisas e depois só levantam é falsos. Mas que é preciso ter cuidado, é, que isto de bruxas, a gente não acredita nelas, mas que as há, há, daí que ela (a vizinha) achasse que devia dizer à comadre que lhe parecia que era o marido e que a pessoa que ia com ele não sabia quem era, mas o levava um vestido… assim.

Adoro estas literaturas. Ressabiadas, mas literaturas.
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domingo, julho 12, 2009

A salada do José ( * )


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Na questão das candidaturas dúplices do PS, Sócrates informou a vassalagem que está farto (Sócrates farta-se com facilidade, farta-se que se farta…) de explicar. E explica outra vez: «a posição para o Parlamento Europeu teve a ver com o que consideramos de importância política sendo as candidatas que mais se destacaram no Parlamento Europeu e com isso dar à delegação portuguesa uma afirmação superior no contexto do Parlamento Europeu», explicou, cada vez mais farto, que os portugueses (e as portuguesas) são assim meio para o burrote. É que a prioridade política da Ana Gomes e Elisa Ferreira são as candidaturas às câmaras, ou seja, destacaram-se no parlamento europeu mas a prioridade, essa, é das candidaturas e por outro lado esta maçada do intervalo das legislativas e das autárquicas serem com quinze dias de intervalo não ajuda nada, porque a prioridade europeia não ofusca a candidatura vencedora de cada uma das duas socialistas, e depois esta decisão do Partido de não permitir candidaturas em duplicado quando foi tomada, já a decisão das candidatadas estava tomada, uma maçada, uma trapalhada, isto da política é difícil, mas daqui para a frente é que é. A Sanfona não gosta mas não tem outro remédio senão ir afinar o instrumento para Alpiarça ou, então, dar uns concertos em S. Bento, agora tudo ao mesmo tempo não dá, ou há moralidade ou comem todos (neste caso, todas), com a excepção já bem explicadinha da Elisa e da Ana, ainda por cima a Ana já disse que não precisa disto para nada porque já foi embaixadora e se quiser pode ser embaixadora outra vez e a Elisa se perder o Porto sujeita-se ao cinzento de Bruxelas, tudo a bem da Nação. Não pode é haver mal-entendidos e vistas bem as coisas Alegre tem razão porque tem que haver moralidade, mas ao mesmo tempo não tem razão coisa nenhuma porque a Elisa e a Ana foram apanhadas a meio e Alegre está a embirrar, é o que é, ele podia e devia muito bem estar calado porque estas duas … pois, já se explicou lá em cima, além de que, e para que conste, Alegre também foi candidato a PR e não deixou de ser deputado por causa disso, então e o milhão?

Não se percebe bem esta salada? Sócrates tempera-a bem, no Público. Qualquer tergiversação da coisa é pura má vontade. É da oposição. Da reacção (aqui está um termo que cai bem dizer de vez em quando para não se diluir nesta apagada e vil ausência de ideologia do presente). É do governo anterior, é da campanha negra, é do clima, é da tempestade perfeita. E não há nada pior que a coisa tergiversada.

Já devíamos estar habituados, que Vitorino bem nos avisou, a tempo e horas. Se não estiverdes (habituados) ainda vão a tempo. Custa um bocadinho mas não dói por aí além.

(*) Sabem os apreciadores de séries televisivas americanas, cinéfilos, residentes na zona metropolitana de Los Angeles e turistas não acidentais que há restaurantes na cidade que criam e anunciam saladas com o nome de celebridades. Sócrates, não escaparia.

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quarta-feira, setembro 10, 2008

Lutar pelo descrédito


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Os nossos filhos podem ir para a escola de telemóvel, bater nos professores, levar armas, participar em desordens, roubar. Podem não chumbar e acabar o secundário sem saber escrever, nem ler e com uma dificuldade arrepiante em se expressar. Podem não ter lido nada, a não ser meia dúzia de páginas de um par de livros que os professores lhes metam pela inteligência abaixo. Certamente saberão masturbar-se a preceito (frequentemente, uns aos outros, depois de se exercitarem em didácticos bonecos), fumam e começam a organizar-se em gangs que aprimorarão um pouco mais tarde, quando abandonarem a escola. Mas há uma coisa que ninguém pode negar. Serão especialistas em subverter, lutar e conduzir as coisas ao descrédito total. Porque a luta continua e isso é que é importante. Terão bons mentores. E nos intervalos poderão sempre frequentar uns cursos do Bloco onde, entre outras florestrias, aprenderão ainda como desobedecer á autoridade civil.

Para se inteirar e ver o estilo, consultar aqui.

Via ferrão.org

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