Mais Monsanto
A Monsanto é assim como uma espécie de Passos Coelho,
salvaguardadas as devidas proporções. Disparar contra a Monsanto ou uma sessão
de tiro ao boneco com Passos Coelho é um exercício corrente e legitimado pela
esquerda que sabe tudo, incluindo a forma como utilizar ideias e manipular os
veículos dessas ideias, vulgo idiotas.
À míngua e cansaço de falar dos transgénicos, os media
seguem agora uma pista deixada por um movimento brasileiro que dá pelo nome de
MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) que não faz a festa por menos: - A OMS tem experiências que provam que o glifosato (um produto da Monsanto) é um agente potencialmente causador de cancro, seja o que for que esta afirmação
signifique. O «agrotóxico» glifosato (agrotóxico é o nome que a esquerda
resolveu aplicar aos agro-químicos usados numa ciência que dá pelo nome de «protecção
de plantas») é um dos produtos mais usados em agricultura em todo o mundo e a
sua autorização e registo como produto de venda condicionada é necessariamente
consistente com uma das mais extensas bases de dados de todo o mundo, cumprindo
os rigorosos padrões estabelecidos pelas autoridades que regulam o uso dos
produtos químicos em agricultura.
Uma entidade que se afirma ligada à Organização Mundial de
Saúde, a IAPC (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer) também já se
pronunciou afirmando que a substância glifosato é «um provável cancerígeno»
para humanos, o que equivale mais ou menos a dizer que a galinha é um provável agente de mortalidade
por perfuração da parede interna do
estômago (por acaso, aqui, sei bem do que falo), na eventualidade de se engolir,
inadvertidamente, um osso da asa.
O glifosato representa um admirável exemplo de ciência e de
técnica, quando a Monsanto desenvolveu um produto praticamente sem acção
residual no solo, ao contrário de praticamente todos os outros herbicidas,
porque se degrada muito rapidamente e actua no controle da vegetação por
translocação dentro da planta, levando o produto até ao sistema radicular. Uma
acção a que apenas um outro produto, o paraquat, se assemelha, mas que é de muito
mais elevada toxicidade e sem acção de translocação. Por isso, o glifosato é mundialmente
utilizado com uma assinalável responsabilidade pelo aumento e melhoria de
qualidade de colheitas.
Atenta a estas minudências, a União Europeia destacou já uma
comissão para estudar a coisa e não me admiro que venha a achar que deve contribuir
para a virtual assepsia dos europeus. Ouvi eu na TSF, a caminho do almoço, uma
notícia dada com a tonalidade grave e circunspecta que o grito de alerta dos
sem terra merece. Só por isso me decidi a escrever estas linhas.
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Etiquetas: a luta continua, agrotóxicos
1 Comments:
Agradeço este postal por me permitir ter um pouco mais de informação sobre este herbicida, eu explico:
Tenho uma pequena propriedade que por "descuido" do tipo deixa andar, permiti o alastramento em três zonas de um canavial (canas da índia). Como seria de esperar! hoje são uma autêntica mata, estou a tentar com o herbicida glifosato varrer os canaviais, já fiz uma aplicação com resultados mais que medíocres, segundo informações isto vai necessitar de várias pulverizações e com a notícia que surgiu fiquei apreensivo. Este post veio reduzir essa minha apreensão .
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