terça-feira, março 09, 2010

Sabor de Maboque



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A Dulce escreveu um belo livro. É uma narrativa serena, simples, na primeira pessoa e com o mesmo espírito dos dezasseis anos da altura, de um tempo de que a maioria dos portugueses não tem um conhecimento adequado.

A Dulce não recorre nunca a clichés de política, saudosismos ou partidarismo, deixa-se levar com a simplicidade que lhe enforma a alma pelos acontecimentos que a enovelam no pós 25 de Abril em Angola, consegue mesmo romanceá-los numa história de amor de adolescente e culmina num dos episódios mais dramáticos, analisados hoje à distância de trinta e seis anos, qual fosse o de estar num aeroporto à espera de um avião que a levasse… para onde o avião fosse. Brasil, Portugal ou África do Sul.

O livro não encerra ressentimentos, ressabiamentos, nem ressuma ódios, porventura legitimáveis pelo desprezo e desrespeito que um grupo de gente no poder em Portugal atribuiu aos “incómodos retornados”. O livro é tão singelo como a autora, e limita-se à narrativa fluida e fiel de um período muito curto mas muito importante para muitos que, como a Dulce, aguardaram aviões sem conhecer o destino final. Não acusa, não se zanga, não odeia, tão-somente conta a história de uma adolescente nascida e criada em Angola e apanhada no torvelinho dos acontecimentos.

Aconteceu à Dulce ir para o Brasil. Por lá se fixou, por lá se enraizou e lá se estabeleceu, constituindo família, terminando a sua licenciatura, trabalhando, sem precisar de “jobs for the boys” a €2.5 M /ano sustentados por currículos tão improváveis como o lançamento de campanhas com T-shirts do Che e poemas do Manuel Alegre, que foi nisso que os portugueses parecem ter-se especializado. A Dulce, como a grande maioria dos retornados (uma filha de beirões, nascida em Angola e “retornada” no Brasil, só pode ser uma piada de mau gosto…) fez pela vida e é uma mulher feliz e empresária de sucesso.

Resolveu escrever um livro que editou no Brasil e em Portugal. Nalgumas livrarias de Paris, também. Em Portugal o impacto foi modesto. Sem lançamento, sem lóbis, o livro foi depositado em duas livrarias lisboetas e vendeu umas centenas de exemplares. Já no Brasil, a situação tem sido diferente. Lançado há cinco meses, mantém-se na dianteira do pelotão dos livros mais vendidos na semana e prepara-se a segunda edição.

Parabéns à Dulce pela sua lição de vida e pelo livro. Que pena que muita gente não saiba que o livro está á venda em Lisboa


Sabor de Maboque

Book House

Edifício Monumental

Praça Duque de Saldanha - Lisboa

T: 213 193 450


Book House

Galerias Saldanha Residence - Lisboa

T: 213 151 873

Pode ser também encomendado através do site da Bertrand

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4 Comments:

At 7:09 da tarde, Blogger estouparaaquivirada disse...

Não sabe ...mas se passar por aqui fica a saber e com vontade de ler o livro....

 
At 11:12 da tarde, Blogger Dulce Braga disse...

Obrigada pela amabilidade Espumante!
Há certos momentos pós publicação, como este especificamente, que emudeço...um pouco por timidez e muito porque adoraria ter formas muito além das palavras para agradecer tamanha generosidade. ***

 
At 3:37 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

papoila

Vai comprar papoila. Par quem como tu andou porÁfrica, vais gostar, tenho a certeza.

 
At 3:39 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Dulce BRaga

Não é amabilidade nenhuma, Dulce. É genuino, tão genuíno como a história que contas. Por isso me chamou a atenção... quanto mais não não seja porque a genuinidade é um dos valores que mais prezo...
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