domingo, agosto 25, 2013

Nem as moscas mudaram…


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Nunca fui a Cuba nem nisso estou particularmente interessado. Sobretudo assim que me apercebi de que Cuba era um dos vários países com políticas sociais repugnantes, particularmente ao nível da manipulação de gerações sucessivas, conseguindo mesmo que muitos dos seus jovens achassem que viviam na sociedade perfeita e que gentes de outras latitudes haviam tido a desgraça de nascer em territórios malditos por Deus e infectados por políticas fascistas, capitalistas e de latifundiários corruptos.

Mas o tempo passou e eu julgava que, finalmente, alguns dos mais repugnantes aspectos das políticas cubanas haviam sido ultrapassadas ou, pelo menos, ajustadas à realidade dos tempos, pelo menos a avaliar pelos comentários excitados de muitos progressistas da nossa praça socialista, sempre pronta a louvaminhar cada «abertura» do Castro em gestão corrente. Afinal, eis que o Brasil vai receber 4.000 médicos cubanos para colmatar as suas faltas no interior, mau grado a notícia corrente de que o Brasil é um dos países com mais médicos por habitante. O Brasil pagará $R10.000 por médico, o que para os standards cubanos é um excelente salário. Acontece que os médicos receberão apenas 7% desse salário (vou repetir, 7%), talvez para que não adquiram hábitos decadentes das sociedades capitalistas, mesmo que geridas por socialistas de segunda colheita, como será o caso de Dilma. Os 93% restantes vão direitinhos para o Estado, porque é assim que deve ser.

Afinal, nada de muito diferente de quando conheci excelentes pilotos agrícolas cubanos, que conheci em Moçambique, que trabalhavam o mesmo que os seus colegas capitalistas que auferiam cerca de $5.000 mensais, ou mais, enquanto eles recebiam o equivalente em moeda local a PTE5.000 escudos portugueses. Mas, hélas, tinham direito a «pontos». Pontos, assim como aqueles que a gente recebe aqui, nas bombas da BP. E quando voltavam a Cuba, esses pontos eram contabilizados para algumas excentricidades como uma torradeira, um aspirador ou, em casos muito especiais, um carro usado dos anos cinquenta.

No caso do Brasil não sei se há pontos. O que sei é que, pelo que leio e vejo, continua tudo na mesma. Ou seja, em Cuba nem as moscas mudam. Ah! E há outra coisa que eu não sei se a Dilma sabe. Mas eu sei que ela sabe que muita gente sabe que ela deve saber. Muitos destes médicos não são médicos. São estudantes de medicina a quem é passado um certificado político para poderem praticar. Que era o que acontecia em Moçambique. Mas no Brasil, que é um terceiro mundo assim a puxar para cima, Cuba é mesmo capaz de ter mandado médicos a sério. E para cobrir a falta que os 4.000 médicos emigrados vão fazer (a não ser que houvesse desemprego em Cuba e houvesse médicos a mais…) estes serão substituídos por estudantes finalistas ou técnicos de saúde. E se isto der muito nas vistas, um dia destes aparecem por aí mais umas notícias no Expresso ou no Público dando conta de uns quantos presidentes de câmaras alentejanas que mandam uns quantos doentes a Cuba para fazer um qualquer tratamento, provavelmente difícil de obter em Portugal, pretexto para  mais umas loas comoventes sobre a qualidade da medicina cubana e das «aberturas» do regime.

Pelo sim pelo não, as famílias dos médicos que forem para o Brasil serão devidamente protegidas pelo Estado cubano. Não vá algum maluquinho gostar imenso de água de coco ou duma baiana atrevida e resolva render-se à degradação capitalista. 

Entretanto, a imprensa progressista brasileira vai dando já um jeitinho também, a avaliar pelas fotos!

Informações colhidas em fontes via O Insurgente
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4 Comments:

At 10:55 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Olá Pessoal! Escrevo do Brasil, e agradeço o terem escrito este post. Passamos, cotidianamente, por imensos absurdos. Foi muito bem lembrado que a relação de médicos por habitante, no Brasil, já é maior que a aconselhada pela OMS; tanto assim que - e isso parecerá um absurdo, mas é real - o então eleito presidente da Câmara de Deputados do Brasil, Arnaldo Chinaglia, do PT, em 2003, propôs a proibição, por lei, da expansão de cursos de medicina no país, bem como a redução de contratados de fora, com o objetivo de valorizar os profissionais locais e garantir qualidade, e agora, dez anos depois, o mesmo partido, que não fez absolutamente nada pela saúde, trás seus camaradas do "Foro de São Paulo"... estou convencido de que corremos mesmo algum risco de nos tornarmos uma grande - no tamanho - Venezuela...

 
At 10:59 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Agora, ainda essa semana, os agentes do governo - e são muitos! - já começaram uma verdadeira campanha de difamação dos médicos locais. E, no entanto, uma grande quantidade dos médicos contratados por esse programa - os que são livres para escolher, vale dizer, portugueses, chilenos e brasileiros que se formaram no exterior, já desistiram, em razão das péssimas condições dos hospitais Brasil a fora... e sabe o que consegue ser ainda pior? Nós não temos oposição! O PSDB é um PT envergonhado... muito triste! Flávio

 
At 11:00 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Dito isto, parabéns pelo Blog. Os acompanho sempre. O português de vocês é o melhor, e espero que não só não adiram ao tal "acordo ortográfico" como ainda nos ajudem a adotar seu padrão linguístico... um abraço! Flávio

 
At 11:02 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Correção: no trecho a seguir, escrevi "Trás", ao invés de "Traz"... que vergonha! "absolutamente nada pela saúde, trás seus camaradas do "Foro de São Paulo"..."

 

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