segunda-feira, dezembro 21, 2015

Ser polido e bem agradecido


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De finanças, sei das minhas – e mal. De bancos, banqueiros e bancários sei manejar razoavelmente o multibanco, o cartão de crédito e carregar, com destreza, naqueles botõezinhos para nos abrirem a porta, para serem assaltados só de vez em quando.

Tenho para mim, porém, que o que A. Costa está a fazer é do mais desprezível que se pode imaginar. Fazer da solução que deu ao Banif, uma peça de (má) oratória de propaganda contra o governo transacto é absolutamente perverso, sobretudo vindo de quem vem. De gente que teve anos para resolver ou ajudar ou controlar, ou o raio que os parta, o sistema bancário e que, todos o sabem, se viu envolvido nas mais obscuras manobras ao nível das administrações da Caixa Geral de Depósitos (e outros bancos), para não falar da relação cúmplice com alguns banqueiros agora a contas com a justiça.

Posto isto, resta perceber que levamos mais um entalão de milhares de milhões. Com a agravante de, ainda por cima, parecer que temos de ficar agradecidos a um primeiro-ministro que se alcandorou ao lugar da maneira que se sabe. No que me diz respeito, é uma sensação assim a modos de estar a ser sodomizado e ter de pedir desculpa por estar de costas.


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Da dignidade. Dos outros.


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A confrangedora reacção orgástica que fez estremecer o sistema nervoso central e ferver as hormonas da frente esquerdista/comentarista aqui no FB, a propósito dos resultados das eleições espanholas, sofreu um sério revés, assim que se tornaram conhecidas as declarações de diversos líderes dos Partidos.

Imagine-se que tanto o PSOE como os Ciudadanos reconheceram a vitória de Rajoy e acham que o Partido vencedor deve, naturalmente, encetar as suas negociações no sentido de formar um governo, porque a ele, como ganhador, lhe compete fazê-lo. Vejam bem o despautério que vai ali pela nossa vizinhança, onde os nossos lusos crânios «setenteicísticos» adivinhavam uma reacção «à la A.Costa», prenunciando uma solução «à la mode de chez nous». Claro que o rapazola do Podemos berrou que foi ele que teve uma grande vitória, que o PSOE teve uma estrondosa derrota e que o PP teve o pior resultado desde 1989. 

Mas isso faz parte do mesmo programa que levou Varoufakis aos saltos a Bruxelas e pôs Tsipras a dizer uma série de disparates até a Europa lhe dar nas orelhas, ainda que só depois de os pobres cidadãos gregos ficarem mais tesos e mais endividados. Claro que é triste que 20% do eleitorado espanhol vá atrás da berraria de um aventureiro garotão que achou imensa graça a Chávez e a Maduro e de quem, inclusivamente e ao que parece, recebeu substancial ajuda.

Mas isso são contas de outro rosário. Verdadeiramente o que me deu gozo foi ver a esquerda (????) começar gradualmente a perder o pio, à medida que os espanhóis começaram a manifestar uma dignidade que nós, claramente, não temos. Por isso temos o governo que temos e eles vão ter o governo que vão ter.


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sábado, dezembro 19, 2015

Birras e irresponsabilidade




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Era expectável a maré de bonomia que afaga a «geringonça» em geral e Costa em particular, com a mesma candura que o mar enrola na areia. Leio as coisas mais extraordinárias na imprensa. Desde achar-se que Costa é um tremendo desastre em campanhas eleitorais, ao mesmo tempo que se revela um excelente arquitecto de «pontes políticas, provando que o que ontem era impossível, afinal faz-se, ou comparando a palavra dada, palavra honrada de Costa que havia dito que reverteria a privatização da TAP com a palavra do PSD que havia «jurado» não dar a mão ao PS e, afinal, terem votado ao lado do PS, com a maior desfaçatez. Como se as coisas fossem comparáveis.

Pergunto-me, ainda, se em vez de Costa tivesse sido Passos Coelho a afirmar, tonitruante, que nenhum depositante do Banif seria prejudicado num cêntimo que fosse, na resolução do problema com que o banco se debate. Seria o fim do mundo, com jornais, revistas e televisões a repetirem à exaustão a afirmação de Passos, enquanto que, sobre Costa, deparo com a expressão laudatória das declarações firmes, determinadas e inequívocas do primeiro-ministro.

Não sei explicar bem este fenómeno. Tanto pode ser  «kiss ass mode», como pura estupidez. Qualquer das hipóteses é, todavia, crapulosa. E isso cansa. Tem sido sempre assim e, ao que parece, assim, continuará a ser.

Entretanto, Costa continua a revelar-se uma criatura birrenta e claramente maculada por questões existenciais que o levam a um somatório de disparates, sobretudo sempre que a sua novel capacidade de primeiro-ministro é posta em evidência. A sua última atitude, com declarações relativamente à «reversão» da privatização da TAP, é absolutamente assassina. Seja o que for que aconteça, surgem já no horizonte espessas nuvens carregadas de tempestade, traduzida em milhares de milhões para os portugueses. Sem embargo do prejuízo, quiçá ainda maior, causado pela perda de respeitabilidade, credibilidade e seriedade levada ao conhecimento de eventuais investidores no nosso pobre e maltratado país. Onde passaremos à condição de gente desconfiável que rasga contratos e que, de repente, resolveu regressar à quimera socialista dos anos setenta. Nada que se compagine com a realidade actual da Europa a que nós, sem que ninguém nos obrigasse, quisemos pertencer.


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Ele não resiste, não aguenta, não dá…


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O artigo é substancial e incontroverso. A única coisa que me encanita (com o mesmo direito com que JPP se irrita com atitudes aduzidas no artigo) é que este homem não resiste a meter SEMPRE o PSD na caldeirada. Neste caso, chega até a afirmar que Passos Coelho e Portas protegeram Sócrates, ainda que não explique bem em quê. PP não resiste, é mais forte do que ele. Jamais ele exprobará o PS sem que, a talhe de foice, ele mencione uma qualquer malfeitoria do PSD, mais ou menos relacionada com o que aponta ao PS. Tipo, se alguma vez ele disser que o PS tem mau hálito, é certo e sabido que terá de estabelecer um paralelismo dizendo, por exemplo, que o PSD cheira mal dos pés, ou tem recorrentes ataques de flatulência. É ler o artigo com atenção. Ele explica melhor o fenómeno do que eu...


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