sábado, dezembro 19, 2015

Birras e irresponsabilidade




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Era expectável a maré de bonomia que afaga a «geringonça» em geral e Costa em particular, com a mesma candura que o mar enrola na areia. Leio as coisas mais extraordinárias na imprensa. Desde achar-se que Costa é um tremendo desastre em campanhas eleitorais, ao mesmo tempo que se revela um excelente arquitecto de «pontes políticas, provando que o que ontem era impossível, afinal faz-se, ou comparando a palavra dada, palavra honrada de Costa que havia dito que reverteria a privatização da TAP com a palavra do PSD que havia «jurado» não dar a mão ao PS e, afinal, terem votado ao lado do PS, com a maior desfaçatez. Como se as coisas fossem comparáveis.

Pergunto-me, ainda, se em vez de Costa tivesse sido Passos Coelho a afirmar, tonitruante, que nenhum depositante do Banif seria prejudicado num cêntimo que fosse, na resolução do problema com que o banco se debate. Seria o fim do mundo, com jornais, revistas e televisões a repetirem à exaustão a afirmação de Passos, enquanto que, sobre Costa, deparo com a expressão laudatória das declarações firmes, determinadas e inequívocas do primeiro-ministro.

Não sei explicar bem este fenómeno. Tanto pode ser  «kiss ass mode», como pura estupidez. Qualquer das hipóteses é, todavia, crapulosa. E isso cansa. Tem sido sempre assim e, ao que parece, assim, continuará a ser.

Entretanto, Costa continua a revelar-se uma criatura birrenta e claramente maculada por questões existenciais que o levam a um somatório de disparates, sobretudo sempre que a sua novel capacidade de primeiro-ministro é posta em evidência. A sua última atitude, com declarações relativamente à «reversão» da privatização da TAP, é absolutamente assassina. Seja o que for que aconteça, surgem já no horizonte espessas nuvens carregadas de tempestade, traduzida em milhares de milhões para os portugueses. Sem embargo do prejuízo, quiçá ainda maior, causado pela perda de respeitabilidade, credibilidade e seriedade levada ao conhecimento de eventuais investidores no nosso pobre e maltratado país. Onde passaremos à condição de gente desconfiável que rasga contratos e que, de repente, resolveu regressar à quimera socialista dos anos setenta. Nada que se compagine com a realidade actual da Europa a que nós, sem que ninguém nos obrigasse, quisemos pertencer.


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1 Comments:

At 7:34 da tarde, Anonymous Lufra disse...

Há muitos anos em Moçambique dizia-se que se te encontrares com uma cobra e um molhe, mata o monhé e foge da cobra!

 

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