Birras e irresponsabilidade
Era expectável a maré
de bonomia que afaga a «geringonça» em geral e Costa em particular, com a
mesma candura que o mar enrola na areia. Leio as coisas mais extraordinárias na
imprensa. Desde achar-se que Costa é um tremendo desastre em campanhas
eleitorais, ao mesmo tempo que se revela um excelente arquitecto de «pontes
políticas, provando que o que ontem era impossível, afinal faz-se, ou comparando
a palavra dada, palavra honrada de Costa que havia dito que reverteria a
privatização da TAP com a palavra do PSD que havia «jurado» não dar a mão ao PS
e, afinal, terem votado ao lado do PS, com a maior desfaçatez. Como se as coisas
fossem comparáveis.
Pergunto-me, ainda, se
em vez de Costa tivesse sido Passos Coelho a afirmar, tonitruante, que nenhum
depositante do Banif seria prejudicado num cêntimo que fosse, na resolução do
problema com que o banco se debate. Seria o fim do mundo, com jornais, revistas
e televisões a repetirem à exaustão a afirmação de Passos, enquanto que, sobre
Costa, deparo com a expressão laudatória das declarações firmes, determinadas e
inequívocas do primeiro-ministro.
Não sei explicar bem
este fenómeno. Tanto pode ser «kiss ass
mode», como pura estupidez. Qualquer das hipóteses é, todavia, crapulosa. E
isso cansa. Tem sido sempre assim e, ao que parece, assim, continuará a ser.
Entretanto, Costa continua
a revelar-se uma criatura birrenta e claramente maculada por questões existenciais
que o levam a um somatório de disparates, sobretudo sempre que a sua novel
capacidade de primeiro-ministro é posta em evidência. A sua última atitude, com
declarações relativamente à «reversão» da privatização da TAP, é absolutamente
assassina. Seja o que for que aconteça, surgem já no horizonte espessas nuvens
carregadas de tempestade, traduzida em milhares de milhões para os portugueses.
Sem embargo do prejuízo, quiçá ainda maior, causado pela perda de
respeitabilidade, credibilidade e seriedade levada ao conhecimento de eventuais
investidores no nosso pobre e maltratado país. Onde passaremos à condição de gente
desconfiável que rasga contratos e que, de repente, resolveu regressar à quimera
socialista dos anos setenta. Nada que se compagine com a realidade actual da
Europa a que nós, sem que ninguém nos obrigasse, quisemos pertencer.
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Etiquetas: Ai Portugal, António Costa., comunicação social
1 Comments:
Há muitos anos em Moçambique dizia-se que se te encontrares com uma cobra e um molhe, mata o monhé e foge da cobra!
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