quinta-feira, junho 07, 2012

Mau perder

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Pífios, invejosos, pires e com um mau perder fedorento. Foi isso que Manuel José, Carlos Queirós e Toni, três reconhecidas nulidades no futebol português, se encarregaram de nos lembrar, ao fazer o escarcéu que fizeram a propósito dos compromissos publicitários da selecção, dos carros dos jogadores (que, tanto quanto julgo saber, não pediram dinheiro emprestado a nenhum daqueles treinadores para comprar os veículos), do forrobodó contínuo como andar de «charrete» em Óbidos e outras maravilhas próprias de gente ressabiada que gostariam de estar no lugar de Paulo Bento mas não conseguem (um conseguiu, mas não deixou saudades de espécie alguma).

Entretanto, e dada a magnitude da questão, a indigência do nosso jornalismo desportivo encarrega-se de fazer as mesmas perguntas mil vezes sobre este tema. A coisa até passaria despercebida, não fosse a gente ver e ouvir apontamentos de reportagem das outras selecções, com perguntas normais de gente normal, e acabarmos em depressão aguda a ouvir, em «moto-contínuo», os jornalistas perguntando aos jogadores se acham que as afirmações de Queirós, Manuel e José e Toni vão afectar o rendimento da equipa.

Nota para um júnior que já nos vai dando garantia de continuidade a esta pequenez arrepiante em que somos formatados. Dá pelo nome de Sérgio Conceição e também já arranhou forma de repararem nele.
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terça-feira, janeiro 31, 2012

Menoridade

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Almocei com a personagem. E mais uns quantos. A conversa fluía, despretensiosa, trivial e eis senão quando alguém refere qualquer coisa sobre uma coisa qualquer, com uma qualquer importância que não adiantava qualquer coisa sobre coisa nenhuma. A personagem, impante e segura da representatividade de uma nova estirpe de intelectuais, aparentemente de gente que não suporta blogues e, não chegando, verbera com veemência quem os escreve ou lê, pergunta de imediato:

- Mas porque é que diz isso? Ouviu onde? Espera… leu num blogue, não me diga. Era mesmo o que faltava dizer que leu isso na blogosfera. Ainda não percebeu que a blogosfera é uma coisa menor, completamente ultrapassada pelas realidades e uma feira de vaidades, onde um grupo de gente ainda não reparou que ninguém lhes liga nenhuma?

Eu tenho um blogue. Este. Bom ou mau, é meu. Também me palpita ainda no sangue a máxima de que quem não se sente não é filho de boa gente. A diferença é que esta máxima é do tempo em que a boa gente se sentia porque havia má gente, má, mas ainda assim que merecia um desforço, uma descarga mínima de adrenalina, uma desafronta. Todavia, os tempos andam diferentes. Como as gentes. Já não são o que eram, as gentes, nem merecem desforço nem desafronta. Não valem sequer o trabalho do contraditório. Tornam-se uma maçada. Sobretudo porque quando recalcitram entre duas garfadas de um bitoque, espelham uma pretensa classe média, mas não suscitam a ideia de um vestígio de cultura ou polimento na discussão, e tudo tornam em refrega porque se sentem inflados por uma baforada de poder. Mesmo que efémero. Um tédio, esta gente.
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quinta-feira, agosto 11, 2011

Dizem que não temos nada a perder




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Isto já não é uma questão ideológica. Bastaria sê-lo para colher o respeito devido às convicções de cada qual, mesmo quando cada qual faz tábua rasa das convicções dos outros. Mas faz parte do jogo democrático e aqueles que o jogam com convicção acabam por acatar as regras impostas por outros, para quem o jogo democrático é uma mera liberdade poética.

Mas, repito, isto já não é uma questão ideológica. É terrorismo puro, é o desrespeito final pelos direitos e garantias de quem não pensa como eles, tornados prisioneiros dos seus humores episódicos e provavelmente resultantes de inconfessáveis angústias.

Esta rapaziada é mal formada, de má índole e muito, mas muito arrogante. Talvez adoptando este tipo de atitudes consigam a «glorinha» semelhante a uma «miss» acabada de ganhar um concurso e debitar umas vacuidades sobre a paz e a fome; esta gente sente-se emulada no concerto de uma dinâmica que eles, possivelmente, nem compreendem. Daí serem matéria-prima eficaz para qualquer «mocidade portuguesa», «pioneiros», «continuadores» ou mesmo esbirros de qualquer organização que lhes pareça consentânea com os desígnios para que se sentem eleitos.
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quinta-feira, julho 02, 2009

O homem dos túneis?


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O lamiré já me tinha chegado do João Gonçalves. Mas, pouco depois, tive ocasião de perceber ao vivo o que vai na cabecinha desta gente da comunicação social em matéria de pequenez de alma e malevolência militante.

Acabei de ouvir a entrevista a Pedro Santana Lopes, apesar de eu não votar em Lisboa, pela Ana Lourenço e gostei do que ouvi. Santana expressou-se com desenvoltura e, acima de tudo, foi concreto, polido (parecendo que não esta é uma qualidade que cada vez mais começo a valorizar) mas, sobretudo, apresentou uma feixe de ideias, várias, muitas, entre elas uma passagem desnivelada ao Saldanha, do que percebi deixando a superfície aos transportes públicos e a passagem inferior aos que seguem caminho para o Campo grande ou Marquês. Foi o suficiente para que no rodapé da entrevista aparecesse a espaços, curtos, a expressão «Santana quer fazer mais um túnel em Lisboa». Ou seja, de tudo o que Santana falou, aquilo que a SIC achou de maior impacto foi ele querer fazer mais um túnel.

Isto é o que os ingleses chamam presposterous. Ainda por cima, porque se pretende apoucar a acção de Santana como o «homem dos túneis» quando, afinal, o túnel do Marquês provou ser de grande utilidade, apesar das diatribes e prejuízos do «Zé que nos fazia uma falta tremenda». Shame on you, SIC-N.

Já agora. Foi giro saber que as receitas do Casino de Lisboa ao invés de serem canalizadas para a reabilitação do Parque Mayer têm servido para tapar buracos e pagar contas a fornecedores. Deve ter sido para António Costa poder cumprir, como diz no cartaz.

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