segunda-feira, janeiro 23, 2012

A frase infeliz do presidente



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Há duas pessoas em Portugal, com responsabilidades políticas, que têm uma manifesta dificuldade em se exprimir e em «estar» em público. Cavaco e Silva e Ferreira Leite. Só um comentador/crítico/paineleiro/analista/politólogo mal intencionado poderia escrever «…Mas não, Cavaco Silva preferiu muito simplesmente gozar com o seu povo…». Que é uma afirmação que até podia ir muito bem no cenário obsceno de um programa como o «Eixo do Mal» mas não no contexto desejavelmente sério e credível de um jornal de grande circulação.

Repugna o arraial que vai por aí, dos blogues aos jornais, passando pelas televisões, verberando o discurso de um homem que só mesmo se tivesse perdido o juízo faria as afirmações que fez, no contexto objectivo em que é acusado.

Choca ainda ver João Soares, filho de um ex-presidente que, quiçá, mais vezes se expressou com total desrespeito pelo seu país e pelos portugueses, vir com seus ademanes habituais referir-se a Cavaco Silva. Que bom seria que o João reparasse bem no que vai lá por casa do papá, antes de debitar as patetices do costume.

ADENDA:

Já agora, como diz hoje o Torquato da Luz:

Navegamos num mar de enredos:
mal a onda se esvai, logo outra vem
entre limos, enigmas e segredos
a que não escapa ninguém.
Por mais absurdo que o caso seja,
há sempre quem, por despeito ou inveja,
lhe dê sequência e atenção
para rapidamente o abandonar
em troca do que tome o seu lugar
na infindável sucessão.
E assim vamos gastando os dias
em novelos e ninharias.

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quinta-feira, agosto 11, 2011

Dizem que não temos nada a perder




[4379]

Isto já não é uma questão ideológica. Bastaria sê-lo para colher o respeito devido às convicções de cada qual, mesmo quando cada qual faz tábua rasa das convicções dos outros. Mas faz parte do jogo democrático e aqueles que o jogam com convicção acabam por acatar as regras impostas por outros, para quem o jogo democrático é uma mera liberdade poética.

Mas, repito, isto já não é uma questão ideológica. É terrorismo puro, é o desrespeito final pelos direitos e garantias de quem não pensa como eles, tornados prisioneiros dos seus humores episódicos e provavelmente resultantes de inconfessáveis angústias.

Esta rapaziada é mal formada, de má índole e muito, mas muito arrogante. Talvez adoptando este tipo de atitudes consigam a «glorinha» semelhante a uma «miss» acabada de ganhar um concurso e debitar umas vacuidades sobre a paz e a fome; esta gente sente-se emulada no concerto de uma dinâmica que eles, possivelmente, nem compreendem. Daí serem matéria-prima eficaz para qualquer «mocidade portuguesa», «pioneiros», «continuadores» ou mesmo esbirros de qualquer organização que lhes pareça consentânea com os desígnios para que se sentem eleitos.
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sábado, agosto 02, 2008

As botas do "botas"


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Mais um facto relevante a juntar à excelência do currículo de Mário Soares. Realmente, quantos de nós teremos tido o privilégio de ver as botas (com atilhos) do Dr. Salazar?

É por estas e por outras que eu acho que há predestinados. Ou, como diz a Helena Matos, isto está a começar a ficar penoso. E pegajoso, digo eu!

Chiça!

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domingo, março 18, 2007

Espaços onde é difícil respirar *



* Título do post com a devida vénia ao Abrupto

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Pressionada pelos populares, a mãe, Isaura Pinto, trouxe-a duas vezes à janela, para júbilo da população, que batia palmas e gritava pelo seu nome. Algumas horas, críticas e alguns insultos depois, os pais acabaram mesmo por levar Andreia ao local da festa. "Tinha de ser, tinha de ser!", reclamava Mariana Augusta...

...até de Chaves, gente que "fazia muito gosto em ver-lhe a carinha". Foguetes, "tocadores de cantares típicos", comes e bebes e curiosos fizeram de Cernadelo uma espécie de santuário, com Andreia como atracção.

De Fafe chegou mesmo um vidente, que apregoava a previsão do regresso da menina e aproveitou para distribuir panfletos. "Os avós foram lá depois do rapto e eu disse: “Vai demorar, mas não está em perigo e vai aparecer"

...mal conseguia falar "com os nervos" a mulher que "não conhecia ninguém", mas viu o caso na televisão e ficou "doente". "O povo fazia gosto que a menina viesse aqui", contou, esbaforida, alguns momentos depois de se empoleirar junto à janela onde a bebé foi mostrada: "Estou aqui com uma dor como se a tivessem roubado a mim".

Pedro Santos, um dos muitos que se fizeram ouvir durante o dia, veio de Chaves. "Porque tenho sentimento", disse o homem, que trouxe uma embalagem de 12 litros de leite.

"Vamos comer! Vamos comer!", gritou Pedro Santos.

Tudo isto e mais no DN de hoje


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